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QUE dia negro!… A tempestade ronca
Sobre o modesto lar;
E, chicoteando a penedia bronca,
Zune o vento do mar.
Voam gaivotas céleres, em bando,
De outras plagas em pós…
E o mar ulula e geme, inflando, inflando
O seu dorso feroz.
Fogem barcas de pesca uma pós uma,
Risca, rápido, o céu,
Um fulgurar de luz, rompendo a bruma.
Do túrbido escarcéu.
E na casinha humilde, ai! que temores,
Quantos suspiros vãos!
A mãe esconde o olhar, pleno de dores,
No côncavo das mãos.
Voa-lhe ansioso o coração do peito
Buscando, entre o negror
Do mar, a vela do barquinho estreito
Do esposo pescador,
A vela branca, que nos outros dias
Aponta e surge além,
Ligeira e mansa, cheia de alegrias,
Mensageira do bem,
A pequenina barca, o seu tesouro,
Tão novinha e tão boa!
Que tanto à noite, como ao brilho louro
Do sol, nos mares voa,
Donde lhe vem aos lares a abstança,
Que enche os celeiros nus,
E que, leve, nas águas se balança,
Se o pescador conduz…
Tenta sair, num desespero fundo,
Entre perigos mil…
Mas os filhinhos vê sós neste mundo
E esconde o olhar febril…
Pela janela aberta olha-se um braço
Do mar negro e feroz;
Longe, as gaivotas vão cortando o espaço,
Veloz, veloz, veloz…
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