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RAUL não sabe ler;
É um traquinas, que vive toda a hora
Pela campina em fora
A correr, a correr…
Desde pela manhã,
Salta do leito em fraldas de camisa,
E por tudo deslisa
Numa alegria sã.
Nada de livros, não;
Para ele a campina, os passarinhos,
Os assaltos aos ninhos,
A pesca ao ribeirão
E as corridas em pós
Dos bezerros e cabras e novilhas,…
Rasgando ásperas trilhas,
Veloz, veloz, veloz!
Mas, um dia, ele viu
A irmãzita no livro debruçada,
E o som de uma risada
O ouvido lhe feriu.
Que teria, meu Deus!
Aquele grande livro tão pesado,
Ali dentro guardado,
Longe dos olhos seus?
E aproximou?se mais.
Ceci, toda entretida na leitura,
Mostrava, rindo, a alvura
Dos dentinhos iguais.
E o pequenito a olhar,
Mas debalde; no livro, aberto em frente,
Letras, letras, somente…
Raul pôs?se a chorar.
Pois não estava ali
Um livro injusto e mau, que até escondia
A causa da alegria
Da risonha Ceci?
Mas a irmã, tal e qual
Uma bondosa mãe ao filho amado,
Fê?lo assentar?se ao lado
E explicou?lhe o seu mal.
E com tanta razão
Que, abrindo atento o livro misterioso,
Raul pediu, ansioso,
A primeira lição.
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