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História
Zeus – Deus Grego
Zeus era o deus do céu e governante dos deuses do Olimpo.
Ele derrubou seu pai, Cronos, e depois tiraram a sorte com seus irmãos Poseidon e Hades, a fim de decidir quem iria suceder seu pai no trono.
Zeus ganhou o sorteio e se tornou o governante supremo dos deuses, bem como senhor do céu e da chuva.
Sua arma era um raio que ele atirou para aqueles que desagradou ou o desafiou, especialmente mentirosos e Perjuros. Ele era casado com Hera.
Zeus, a deidade que preside o universo, régua dos céus e da terra, foi considerado pelos gregos como o Deus de todos os fenômenos naturais no céu; a personificação das leis da natureza; o governante do estado; e, finalmente, o pai dos deuses e dos homens.
Usando seu escudo, o Aegis, Zeus poderia criar todos os fenômenos naturais relacionados com o ar eo céu, como tempestades, tempestades e intensa escuridão.
Ao seu comando, fortes trovões e relâmpagos seria flash, causando estragos; ou o céu se abriria para rejuvenescer a terra com água que dá vida.
Como a personificação das operações da natureza, ele representou as grandes leis da ordem imutável e harmoniosa, pela qual tanto o natural eo mundo espiritual foram governados.
Ele era o deus do tempo regulamentado, marcado pela mudança das estações e da sucessão regular de dia e de noite, em contraste com o que seu pai Cronus representado diante dele; tempo absoluto, isto é, a eternidade.
Como o governante do estado, ele era a fonte de poder real, o sustentador de todas as instituições ligadas ao Estado, eo amigo e patrono dos príncipes, que ele guardava e assistidos com a sua palavra e conselho. Ele também era o protetor do povo, e vigiava o bem-estar de toda a comunidade.
Como o pai dos deuses, Zeus verificado que cada divindade cumprir seu dever indivíduo, punindos os seus malefícios, resolviam suas disputas, e agia em relação a eles em todas as ocasiões como seu conselheiro onisciente e poderoso amigo.
Como o pai de homens, ele tomou um interesse paternal nas ações eo bem-estar dos mortais. Ele observou por cima deles com solicitude, a verdade gratificante, caridade e justiça, punindo severamente enquanto perjúrio e crueldade. Até mesmo o andarilho mais pobres e desamparados poderia encontrar um poderoso defensor de Zeus, para ele, como uma figura paternal sábio e misericordioso, exigiu que os habitantes ricos da terra ficasssem atentos às necessidades de seus concidadãos menos afortunados.
Zeus – Divindade
Como divindade suprema do Olimpo, chamado “pai dos deuses e dos homens”, Zeus simbolizava a ordem racional da Civilização Helênica.
Zeus é o personagem mitológico que, segundo Hesíodo e outros autores, nasceu de Réia e de Cronos, o qual engolia os filhos para evitar que se cumprisse a profecia de que um deles o destronaria.
Após o nascimento de Zeus, Réia ocultou a criança numa caverna, em Creta, e deu uma pedra envolta em faixas para o marido engolir.
Quando chegou à idade adulta, Zeus obrigou o pai a vomitar todos os seus irmãos, ainda vivos, e o encerrou sob a terra.
Transformou-se então no novo senhor supremo do cosmo, que governava da morada dos deuses, no cume do Monte Olimpo.
A esposa de Zeus foi sua irmã Hera, mas ele teve numerosos amores com deusas e mulheres mortais, que lhe deram vasta descendência.
Entre as imortais, contam-se Métis, que Zeus engoliu quando grávida para depois extrair Atena da própria cabeça; Leto, que gerou Apolo e Ártemis; Sêmele, mãe de Dioniso; e sua irmã Deméter, que deu à luz Perséfone.
Com Hera concebeu Hefesto, Hebe e Ares.
O deus assumia com freqüência formas zoomórficas – cisne, touro – ou de nuvem ou chuva, em suas uniões com mortais, que deram origem a uma estirpe ímpar de heróis, como os Dióscuros (Castor e Pólux), Héracles (Hércules) e outros que ocupam lugar central nos ciclos lendários.
Os templos e estátuas em honra a Zeus dominavam todas as grandes cidades, embora seu culto fosse menos popular do que o das respectivas divindades locais.
Era representado comumente como homem forte e barbado, de aspecto majestoso, e com essa imagem foi adotado pelos Romanos, que o identificaram com Júpiter.
Zeus – Monte Olimpo
Zeus – Mitologia Grega
Zeus (Jupiter) era filho de CRONOS e REA que eram Titas e detinham o controle do mundo.
Zeus com seus irmaos e irmas revoltaram-se contra o reino de Cronos e destronaram-no assim como seus outros deuses.
Zeus tomou posse do trono e dividiu os dominios de Cronos entre seus irmaos.
Como rei dos deuses, Zeus governava o mundo e as outras divindades. Era mais poderoso que todos os outros deuses juntos. Insistia para que todos obedecessem a suas leis e punia imediatamente todos aqueles que as violavam. Podia provocar tempestades e disparar seus trovoes para punir os homens.
Zeus usava um escudo, chamado Aegis, no centro do qual estava a cabeca de Medusa. Medusa era uma das tres irmas cujo aspecto era tao horripilante que aquele que a encarasse virava pedra. Para livrar o mundo dessa criatura, Perseus conseguiu apanha-la em seu sono e, usando um espelho para evitar de olha-la, arrancou-lhe a cabeca. Perseus usou-a contra os seus inimigos mas, no final, Zeus a pegou e a colocou em seu escudo.
Zeus era tambem acompanhado por uma aguia que carregava seus trovoes.
HERA (Juno) era a esposa de Zeus e rainha do Olimpo. Era considerada como a protetora das mulheres e especialmente do casamento. Era muito orgulhosa e sensivel e seus ciumes provocavam varias brigas com seu marido. Em certa ocasiao, para mante-la calma, Zeus amarrou-a com correntes e pendurou-a pelas nuvens, apos ter amarrado uma bigornas em seus pes.
Quando ela se casou com Zeus, recebeu de GAIA (= Terra), mae de todas as criaturas, uma arvore que dava macas de ouro. As HESPERIDAS, filhas de ATLAS, que carregava o mundo em seus ombros, eram as guardias dessa arvore.
Zeus – Quem era
Filho mais novo dos titãs Cronos e Réia, neto de Urano e Gaia. Gaia proteizou que Cronos perderia seu trono para um de seus filhos, levando-o a engolir todos os filhos que nasciam. Quando Réia estava para ter Zeus, fugiu para a ilha de Creta, onde o teve e o deixou sob os cuidados das ninfas.
Para Réia não ser punida por Cronos, pegou uma pedra, enrolou em um pano, e deu para Cronos engolir como se fosse o filho que estava esperando.
Zeus quando cresceu, com o auxílio de sua avó Gaia, preparou uma poção para Cronos beber e quando ele bebeu, vomitou os outros filhos são e salvos, tendo assim o auxílio dos irmãos.
Esse ato gerou uma guerra entre os deuses e os titãs. Zeus libertou os Ciclopes e os Heucatônquiros que lutaram a seu favor.
Os deuses venceram a guerra e Zeus foi nomeado o rei dos deuses e dos homens. Recebeu dos Cíclopes o trovão e o raio divino, tornando-se o Senhor do Céu, o Deus das Chuvas e das Nuvens.
Zeus teve Métis como primeira esposa, e depois casou-se com Hera, mas não foi fiél à ela, sendo vítima, juntamente com suas amantes, da enorme fúria e vingança da esposa.
Teve vários filhos, com várias deusas e mortais. Seus filhos com Hera são Ares, Hebe e Efesto (apesar desse por várias vezes ser considerado apenas filho de Hera).
Com as deusas, ele teve Ártemis e Apolo com Leto, com Deméter teve Perséfone, com Maia teve Hermes, com Mnemósine teve as Musas e as Graças com Eurínome.
Com as mortais Zeus teve Épafo com Io, Perseu com Dânao, Éaco com Egina. Héracles com Alcmena, com Sêmele teve Dioniso. com Leda teve Helena e Pólux.
Tem Hermes como seu mensageiro.
Armas: escudo.
Animal: águia.
Planta: carvalho, oliva, pinho, aloé, sálvia, salsa, trigo, figo, margarida, visco, hortelã- pimenta, violeta.
Oráculo: Dodona
Fonte: www.greekmythology.com/www.nomismatike.hpg.ig.com.br/br.geocities.com
Zeus
Zeus era o primeiro dos deuses e uma figura muito imponente.
Muitas vezes referido como o “pai dos deuses e dos homens”, ele é um deus do céu que controla relâmpago (muitas vezes usá-lo como uma arma) e trovões.
Zeus é o rei do Monte Olimpo, o lar dos deuses gregos, onde ele governa o mundo e impõe sua vontade sobre deuses e os mortais igualmente.
Historia de Zeus
No começo não havia nada, nem luz nem trevas.
O Grande Espírito existia sem ter o conhecimento de sua própria existência, assim permanecendo até que no Nada despertou e ao despertar começou a se expandir. Desta expansão, surgiu Nix e seu irmão Érebo. Os dois irmãos coexistiam opostos, no Nada, no Caos, até que esta oposição explodiu em luz. Érebo mergulhou para sempre nas trevas e Nix envolvido de luz, curvou-se até transformar-se numa esfera que continuou a se expandir ainda mais.
Assim foram criadas a luz e as trevas, o dual, o positivo e o negativo, o mais e o menos, Luz e Escuridão. Nix pulsava e expandia na Luz até que se partiu em duas partes iguais. As duas metades de Nix converteram-se, uma no céu, em Urano e a outra na Terra, em Gaia.
Os dois uniram-se. Gaia tornou-se mãe e seus filhos eram seis Titãs: Oceano, Crio, Ceos, Hiperião, Jápeto e Cronos.
Suas filhas foram as seis Titãnidas: Téia, Réia, Themis, Mnemosina, Febe e Tétis.
Hiperião uniu-se a Téia e dessa união nasceram: Hélio – o Sol, Selene – a Lua, e Éos – a Aurora.
Cronos uniu-se a Réia e nasceram: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Posseidon. Cada filho ao nascer, era devorado por Cronos, pois este temia perder o poder para algum deles. Réia, grávida novamente, decidida a não entregar este filho a Cronos, foi para a Ilha de Creta onde poderia dar à luz em segurança.
Quando Zeus nasceu, Réia o entregou aos cuidados das Ninfas e partiu levando consigo uma pedra no formato de uma criança recém nascida, embrulhada em panos. Assim que Cronos viu Réia aproximar-se, segurando o que para ele era, sem dúvida, seu sexto filho, não tardou a pegá-lo e engoli-lo. Réia expressou tristeza e se afastou. Tão logo Réia deixou Creta com a falsa criança de pedra, Gaia, mãe de Cronos, surgiu.
Tomou o pequeno Zeus nos braços e falou:
Eu as convoco, Ninfas, para reunirem-se em torno desta divina criança. Façam com que ela cresça em meio a paz, amor e alegria. Sua existência não poderá ser conhecida pelos Deuses, até o momento adequado. O destino dos Deuses está em suas mãos, Ninfas. E eu, estarei velando por vocês.
Gaia partiu. Zeus começou a chorar.
As Ninfas fizeram de tudo, mas a criança não parava, até que uma delas, Amaltéia inspirada por Gaia, teve a idéia:
Algumas vezes, vi a cabra Aix amamentando seus filhotes. Talvez o pequeno Zeus esteja com fome.
Zeus é um Deus e Aix uma cabra. Deuses tomam leite de cabra?
Vamos tentar, é isso que temos de fazer.
Trouxeram Aix para dentro da gruta, retiraram o leite e o aqueceram em uma tigela de barro. Recolheram o vapor no bojo de uma flor e a aproximaram do pequeno nariz de Zeus que, sentindo o cheiro, logo se acalmou. Assim, a criança cresceu forte e saudável, alimentando-se de leite e mel. Aix era um animal tão feio que os Titãs haviam anteriormente pedido a Gaia que a encerrasse em uma caverna, bem longe de seus olhares. Desta forma a cabra foi ter na Ilha de Creta e recebeu o privilégio de amamentar o filho de Cronos.
Ao menino Zeus não importava a fealdade do animal. Adorava correr com ela pelos campos e, certa feita, em meio às brincadeiras arrancou-lhe um dos chifres.
Deu-o então à ninfa Amaltéia, prometendo-lhe que todos os frutos que desejasse ali encontraria. Era a Cornucópia, o corno da eterna abundância. Quando Aix morreu, Zeus retirou o couro da cabra e com ele fez fez para si uma couraça impenetrável, a égide.
Depois, apontou para os céus e desejou que a lembrança de Aix fosse permanente. Surgiram, então, as estrelas da constelação de Capricórnio.
Gaia apareceu e disse:
Zeus, chegou a hora de você ocupar o lugar de seu pai.
Zeus e Gaia partiram de Creta. Chegando nos céus, Gaia entregou a Zeus uma porção mágica, preparada por Métis, a Prudência.
Tratava-se de uma beberagem milagrosa: Cronos deveria bebe-la para devolver os filhos devorados, que viviam dentro dele, vivos, crescidos e adultos.
Quando Réia viu Zeus, logo o reconheceu como seu filho e se abraçaram. Réia perguntou o que era preciso fazer para destituir Cronos.
Temos que dar-lhe esta porção para que liberte meus irmãos.
Crono não percebeu o ardil e bebendo a porção, desmaiou. Do seu corpo saíram, intatos, os cinco irmãos que logo se reuniram em volta de Zeus e o elegeram seu Rei.
A batalha entre Cronos e Zeus parecia não ter fim até que Gaia procurou Zeus e disse-lhe:
Vá até as Trevas em um lugar chamado Tártaro. Lá você encontrará aprisionados os Hecatônquiros e os Cíclopes. Eles o ajudarão.
Zeus foi e libertou os Hecatônquiros e os Cíclopes.
A batalha foi grande: trovões, relâmpagos, a água do mar ferveu, explodiram vulcões e terremotos. Vencidos, Cronos e seus irmãos foram lançados ao Tártaro. Gaia não desejando ver seus filhos desterrados pediu a Zeus que os libertasse. Não sendo atendida, ajudou os Titãs na luta contra o novo poder. Mas Zeus e seus aliados triunfaram em todas as batalhas. Os Gigantes foram vencidos e destruídos em combate, exceto Atlas e Menécio. Menécio foi atirado ao Tártaro e Atlas condenado a carregar a abóbada da Terra nas costas, pela eternidade. Zeus reuniu todos os deuses e diante deles recebeu dos Cíclopes o trovão e o raio divino. Hades foi presenteado com um capacete capaz de torná-lo invisível e a Posseidon foi ofertado um tridente mágico com o poder de rachar a terra e o mar.
Irmãos – disse Zeus, neste momento assumo o reino dos céus. Meu irmão Posseidon, a você entrego o reino dos mares e a meu irmão Hades, confio o reino do Tártaro.
Os raios e relâmpagos cortavam os céus. Hades se dirigiu às profundezas infernais. Zeus e os outros irmãos, Héstia, Deméter, Hera e Posseidon partiram para a Terra.
Lá chegando, Zeus dirigindo-se aos outros deuses, afirmou:
Neste lugar eu nasci e cresci; a ele sou grato e nele fixarei meu reinado. No alto daquele monte, o Monte Olimpo, ficará a nossa eterna morada.
Do Olimpo, Zeus comandou, altíssimo e absoluto, a terra e o céu, os homens e os deuses.
Fonte: www.mauxhomepage.com
Zeus
Estátua de Zeus em Olímpia
Filhos com Temis: Horas – Moiras
Filhos com Medusa: Crisaor – Pégaso
Filhos com Eurínome: Cárites
Filhos com Demeter: Core (a figura jovem da deusa) / Perséfone (a figura madura, rainha do hades);
Filhos com Leto: Apolo – Artemis
Filhos com Hera: Hebe, Ares, Ilítia – Hefesto
Filhos com Maia: Hermes
Filhos com Sêmele: Dioníso
Filhos com Alcmena: Heracles
Filhos com Dânae: Perseu
Filhos com Europa: Minos – Sarpédon – Radamanto
Filhos com Io: Épafo
Filhos com Leda: Helena – Castor – Polux – Clitemnestra
Obs.: (Lista conta apenas com os princípais e mais importantes filhos de Zeus para o mito)
Etimologia
Em grego (Zeús), divindade suprema da maioria dos povos indo-europeus.
Seu nome significa o que ele sempre foi antes de tudo: “o deus luminoso do céu”.
A flexão (Dzeús), (Diós) pressupõe dois radicais: dy-eu, dy-êu, fonte de “e” (Dzeús) e do ac. (Dzên), que se origina de dye(u)m a que corresponde o sânscrito dyauh; o segundo radical é “deiw>deiuos>”dei(u)os> deus e com alternância diw-, como se vê no gen. (pater) gerou Iuppiter, “pai do céu luminoso”, que possui o mesmo significado que Dyãus pitar. No a.a. alemão Tiu>Ziu se tornou o deus da guerra, aparecendo o mesmo nome igualmente em inglês, sob a forma Tuesday, ” dia de Zeus”. em francês, “o dia de Júpiter” surgiu primeiramente com a forma juesdi, depois jeudi, que é o latim iouis dies, “dia de Júpiter”.
Aliás, os inúmeros epítetos gregos de Zeus atestam ser ele um deus tipicamente da atmosfera: ómbrios, hyétios (chuvoso); úrios (o que envia ventos favoráveis); astrápios ou astrapaîos (o que lança raios); brontaîos (o que troveja). Nesse sentido, diz Teócrito que Zeus ora está sereno, ora desce sob a forma de chuva.
Num só verso Homero sintetiza o caráter celeste do grande deus indo-europeu; Zeus obteve por sorte o vasto céu, com sua claridade e suas nuvens.
Zeus – Mitologia Grega
Antes de penetrarmos no mito de Zeus e sua conquista definitiva do Olimpo, voltemos brevemente a Crono, para que se possa colocar uma certa ordem didática no assunto. Depois que se tornou senhor do mundo, Crono converteu-se num tirano pior que seu pai Urano. Não se contentou em lançar no Tártaro a seus irmãos, os Ciclopes e os Hecatonquiros, porque os temia, mas, após a admoestação de Urano e Geia de que seria destronado por um de seus filhos, passou a engoli-los, tão logo nasciam.
Escapou tão somente o caçula, Zeus: grávida desde último, Réia refugiou-se na ilha de Creta, no monte Dicta dou Ida, segundo outros, e lá, secretamente, deu à luz o futuro pai dos deuses e dos homens, que foi, logo depois escondido por Geia nas profundezas de um antro inacessível, nos flancos dos monte Egéon. Em seguida, envolvendo em panos de linho uma pedra, ofereceu-a ao marido e este, de imediato, a engoliu.
No antro do monte Egéon, Zeus foi entregue aos cuidados dos Curetes e das Ninfas. Sua ama de leite foi “a ninfa”, ou, mais canonicamente, “a cabra” Amaltéia.
Quando, mais tarde, a cabra morreu, o jovem deus a colocou no número de constelações. De sua pele, que era invulnerável, Zeus fez a égide, cujos efeitos extraordinários experimentou na luta contra os Titãs.
Atingida a idade adulta, o futuro senhor do Olímpo iniciou uma longa e terrível refrega contra seu pai. Tendo-se aconselhado com Métis, a Prudência, esta lhe deu uma droga maravilhosa graças à qual Crono foi obrigado a vomitar os filhos que havia engolido. Apoiando-se nos irmãos e irmãs, devolvidos à luz pelo astudo Crono.
Zeus, para se apossar do governo do mundo, iniciou um duro combate contra o pai e seus tios, os Titãs.. .
Caverna onde Zeus nasceu
Zeus veio ao mundo na matrilinear ilha de Creta e, de imediato, foi levado por Geia para um antro profundo e inacessível. Trata-se, claro está, em primeiro lugar, de uma encenação mítico-ritual cretense, centrada no menino divino, que se torna filho e amante de uma Grande Deusa. Depois, seu esconderijo temporário numa gruta e o culto minóico de Zeús Idaios, celebrado numa caverna do monte Ida, têm características muito nítidas de uma iniciação nos Mistérios. Não é um vão, além do mais, que se localizou, mais tarde, o túmulo do pai dos deuses e dos h omens na ilha de Creta, fato que mostra a assimilação iniciática de Zeus aos deuses dos Mistérios, que morrem e ressuscitam.
Conta-se ainda que o entrechocar das armas de bronze dos Curetes abafava o choro do recém-nascido, o que traduz uma projeção mítica de grupos iniciáticos de jovens que celebravam a dança armada, uma das formas da dokimasía grega. A dança desses demônios, e Zeus é cognominado “o maior dos Curetes”, é um conhecido rito da fertilidade. A maior e a mais significativa das experiências de Zeus foi ter sido amamentado pela cabra Amaltéia.
A luta de Zeus e seus irmãos contra os Titãs, comandados por Crono, durou dez anos. Por fim, venceu o futuro grande deus olímpico e os Titãs foram expulsos do Céu e lançados no Tártaro. Para obter tão retumbante vitória, Zeus, a conselho de Geia, libertou do Tártaro os Ciclopes e os Hecatonquiros, que lá haviam sido lançados por Crono.
Agradecidos, os Ciclopes deram a Zeus o raio e o trovão; a Hades ofereceram um capacete mágico, que tornava invisível a quem o usasse e a Posídon presentearam-no com o tridente, capaz de abalar a terra e o mar.
Terminada a refrega, os três grandes deuses receberam por sorteio seus respectivos domínios: Zeus obteve o Céu; Posídon, o mar; Hades Plutão, o mundo subterrâneo ou Hades, ficando, porém, Zeus com a supremacia do Universo. Geia, todavia, ficou profundamente irritada contra os Olímpicos por lhe terem lançado os filhos, os Titãs, no Tártaro, e excitou contra os vencedores os terríveis Gigantes, nascidos do sangue de Urano, Vencidos os formidáveis Gigantes, Uma derradeira prova, a mais terrível de todas, aguardava a Zeus, a seus irmãos e aliados, Geia, num derradeiro esforço, uniu-se a Tártaro, e gerou o mais horrendo e terrível dos monstros, Tifão ou Tifeu.
As lutas de Zeus contra os Titãs (titanomaquia), contra os Gigantes (Gigantomaquia), episódio, aliás, desconhecido por Homero e Hesíodo, mas abonado por Píndaro, e contra o horrendo Tifão, essas lutas, contra forças primordiais desmedidas, cegas e violentas, simbolizam também uma espécie de reorganização do Universo, cabendo a Zeus o papel de um “re-criador” do mundo. E apesar de jamais ter sido um deus criador, mas sim conquistador, o grande deus olímpico torna-se, com suas vitórias, o chefe inconteste dos deuses e dos homens, e o senhor absoluto do Universo. Seus inúmeros templos e santuários atestam seu caráter pan-helênico. O deus indo-europeu da luz, vencendo o Caos, as trevas, a violência e a irracionalidade, vai além de um deus do céu imenso, convertendo-se, na feliz expressão de Homero em (patér andrônite theônte), o Pai dos deuses e dos homens. E foi com este título que o novo senhor do Universo, tendo reunido os imortais nos píncaros do Olimpo, ordenou-lhes de não participarem dos combates que se travavam em Ílion entre aqueus e troianos.
O teor do discurso é forte e duro, como convém a um deus consciente de seu poder e que fala a deuses insubordinados e recalcitrantes.
Após ameaçá-los de espancamento, ou pior ainda, de lençá-los no Tártaro brumoso, conclui em tom desafiante:
Suspendei até o céu uma corrente de ouro, e, em seguida, todos, deuses e deusas, pendurai-vos à outra extremidade: não podereis arrastar do céu à terra a Zeus, o senhor supremo, por mais que vos esforceis. Se eu, porém, de minha parte, desejasse puxar ao mesmo tempo a terra inteira e o mar, eu os traria, bem como a vós, para junto de mim. Depois, ataria a corrente a um pico do Olimpo, e tudo ficaria flutuando no ar. E assim sabereis até que ponto sou mais forte do que os deuses e os homens.
O religiosíssimo Ésquilo, num fragmento de uma de suas muitas tragédias perdidas, vai além de Homero na proclamação da soberania de Zeus: Zeus é o éter, Zeus é a terra, Zeus é o céu.
Sim Zeus é tudo quanto está acima de tudo.
E era relamente assim que os gregos o compreendiam: um grande deus de quem dependiam o céu, a terra, a pólis, a família e até a mântica.
Alguns outros de seus epítetos comprovam sua grandeza e soberania: Senhor dos fenômenos atmosféricos, dele depende a fertilidade do solo, dái seu epíteto de Khthónios; protetor do lar e símboo da abundância, ele é ktésios; defensor da pólis, da família e da lei, é invocado como polieús; deus também da purificação, denomina-se kathársios e deus ainda da mântica, em Dodona, no Epiro, onde seu oráculo funcionava à base do tartalhar dos ramos de um carvalho gigante, árvore que lhe era consagrada.
É conveniente, no entanto, deixar claro que o triunfo de Zeus, embora patenteie a vitória da ordem sobre o Caos, como pensava Hesíodo, não reundou na eliminação pura e simples das divindades primordiais. Algumas deleas, se bem que desempenhando um papel secundário, permaneceram integradas no novo governo do mundo e cada uma, a seu modo, continuou a contribuir para a economia e a ordem do Universo.
Até mesmo a manutenção de Zeus no poder, el a deve, em parte, à admoestação de Geia e Urano, qu elhe predisseram o nascimento de um filho que o destronaria. Foi necessário, para tanto, que engolisse sua primeira esposa, Métis. Nix, a Noite, uma das mais primordiais das divindades, continou a ser particularmente respeitada e o próprio Zeus evitava irritá-la.
A ela zeus ficou devendo seus primeiros rudimentos de cosmologia, quando perguntou à deusa das trevas como firmar seu “soberbo império sobre os imortais” e como orbanizar o Cosmo, de modo a que “se tivesse um só todo com partes distintas”. As Erínias continuaram a desempenhar seu papel de vingadoras do sangue parental derramdado; Pontos, o mar infecundo, permaneceu rolando suas ondas em torno da Terra; Estige, que ajudou Zeus na luta contra os Titãs, foi transformada não apenas em rio do Hades, mas na “água sagrada” pela qual juravam os deuses; Hécate, a deusa dos sortilégios, teve seus privilégios ampliados por Zeus, e Oceano há de tornar-se uma divindade importante e um aliado incondicional de Zeus. Em síntese, o novo senhor, alijados os inimigos irrecuperáveis, ao menos temporariamente, buscou harmonizar o Cosmo, pondo um fim definitivo à violenta sucessão das dinastias divinas.
Até mesmo as divindades pré-helênicas, através de um vasto sincretismo, tiveram funções e algumas muito importantes na nova ordem do mundo. O exemplo começou pelo próprio Zeus, que, apesar de ser um deus indo-europeu, “nasceu” em Creta; lá teve seus primeiros ritos iniciáticos e lá “morreu”.
A marca minóica permaneceu inclusive na época clássica: a arte figurada nos mostra a estátua de um Zeus jovem e imberbe, o jovem deus dos mistérios do monte Ida, o feus da fertilidade, o Zeus ctônio.
Atena, a importantíssima Atena, deusa da vegetação, transmutou-se na filha querida das meninges de Zeus. Perséfone tornou-se, além de filha da Grande Mãe Demeter, sua companheira inseparável nos Mistérios de Elêusis. Poder-se-ia ampliar a lista, mas o que se deseja ressaltar é que uma sábia política religiosa, em que certamente teve papel de relevência o dedo de Delfos com sua moderação e indiscutível patrilinhagem, fez que deusas locais pré-helências, algumas divindades primordiais e certos cultos arcaicos se integrassem no novo sistema religioso olímpico, dando à religião grega seu caráter específico e sua extensão pan-helênica sob a égide de Zeus.
Tão logo o pai dos deuses e dos homens sentiu consolidados o seu poder e domínio sobre o Universo, libertou seu pai Crono da prisão subterrânea onde o trancariara e fê-lo rei da Ilha dos Bem-Aventurados, nos confins do Ocidente. Ale ele reiunou sobre muitos heróis que, mercê de Zeus, não conheceram a morte.
Esse destino privilegiado é, de certa forma, uma escatologia: os heróis não morrem, mas passar a viver paradisiacamente na Ilha dos Bem-Aventurados.
Trata-se de uma espécie de recuperação da Era de ouro, sob o reinado de Crono.
Os Latinos compreenderam bem o sentido dessas aetas aurea (Era de Ouro), pois fizeram-na coincidir com o reino de Saturno na Itália.
Zeus é, antes do mais, um deus da “fertilidade”, é úmbrios e hyétios, é chuvoso. É deus dos fenômenos atmosféricos, por isso que dele depnde a fecundidade da terra, enquanto khthómios. É o protetor da família e da Pólis, daí seu epíteto de polieús. Essa característica primeira de Zeus explica várias de suas ligações com deusas de estrutura ctônia, com Europa, Sêmele, Deméter e outras. Trata-se de uniões que refletem claramente hierogamias de um deus, senhor dos fenômenos celestes, com divindades telúricas. De outro lado, é necessário levar em conta que a significação profunda de “tantos casamentos e aventuras amorosas” obedece antes do mais a um critério religioso (a fertilização da terra porum deus celeste), e, depois, a um sentido político; unindo-se a certas deusas locais pré-helênicas, Zeus consuma a unificação e o sincretismo que hão de fazer da religião grega um calidoscópio de crenças, cujo chefe e guardião é o próprio Zeus.
A maioria das regiões gregas se vangloriava de ter possuído um herói epônimo nascido dos amores do grende deus. O mesmo se diga das grandes famílias lendárias que sempre apontavam um seu ancestral como filho de Zeus.
Mas, que representa, afinal esse deus tão importante para os gregos, dentro de um enfoque atual? Após o governo de Urano e Crono, Zeus simboliza o reino do espírito. Embora não seja um deus criador, ele é o organizador do mundo exterior e interior. Dele depende a regularidade das leis físicas, sociais e morais.
Consoante Mircea Eliade, Zeus é o arquetipo, é o pai dos deuses e dos homens. Enquanto deus do relâmpago, configura o espírito, a inteligência iluminada, a intuição outorgada pelo divino, a fonte da verdade. Como deus do raio, simbolizou a cólera celeste, a punição, o castigo, a autoridade ultrajada, a fonte de justiça.
A figura de Zeus, após ultrapassar a imagem de um deus olímpico autoritário e fecundador, sempre às voltas com amantes mortais e imortais, até tornar-se um deus único e universal, percorreu um longo caminho, iluminado pela crítica filosófica e pela evolução lenta, mas constante da purificação do sentimento religioso.
A concepção de Zeus como Providência única só atingiu seu ápice com os Estóicos, entre os séculos IV e III a.e.c., quando então o filho de Crono surge como símbolo de um “deus único”, encarnando o Cosmo, concebido como um vasto organismo animado por uma força única. É indispensável, todavia, deixar bem patente que os Estóicos concebiam o mundo como um vasco organismo animado por uma força única e exclusiva, Deus, também denominado Fogo, Pneuma, Razão, Alma do Mundo… Mas, entre Deus e a matéria a diferença é meramente acidental, como de substância menos sutil a mais sutil. A evolução desse Teocosmo, desse deus-mundo, é necessariamente fatalista, pois que obedece a um rigoroso detrminismo. Desse modo, aos imprevistos do acaso e ao governo da Providência divina se substitui a mais absoluta fatalidade.
As teorias cosmológicas dos Estóicos estão, na realidade, fundamentadas no panteísmo, fatalismo e materialismo. O belíssimo Hino a Zeus, do filósofo estóico Cleantes (Séc. III a.e.c.), marca o ponto culminante da ascensão do deus olímpico no espírito dos gregos de sua época e estampa bem claramente o que se acabou de dizer.
Os “modernos”, todavia, denunciaram em determinadas atitudes do poderoso pai dos deuses e dos homens o que se convencionou chamar de Complexo de Zeus. Trata-se de uma tendência a monopolizar a autoridade e a destruir nos outros toda a promissora que seja. Descobrem-se nesses complexos as raízes de um manifesto sentimento de inferioridade intelectual e moral, com evidente necessidade de uma compensação social, sua dignidade de autoritarismo. o temo de que sua autocracia, sua dignidade e seus direitos não fossem devidamente acatados e respeitados tornaram Zeus extremament sensível e sujeito a explosões coléricas, não raro calculadas.
Para Hesíodo, no entanto, Zeus simboliza o termo de um ciclo de trevas e o início de uma era de luz. Partindo do Caos, da desordem primordial, para a justiça, cifrada em Zeus, o poeta sonha com um mundo novo, onde haveriam de reinar a disciplina, a justiça e a paz.
Tipo e atributos de Zeus
Zeus (Júpiter), filho de Crono (Saturno) e de Reia, irmão de Posídon e Hades, esposo de Hera, rei dos deuses e dos homens, representa, na ordem moral o laço das sociedades humanas, o guarda dos tratados, o protetor dos pobres, dos suplicantes e de todos aqueles cujo único refúgio é o céu:
“Vês tu, diz um fragmento de Eurípides, essa imensidão sublime que envolve a terra por toda parte? É Zeus, é o deus supremo.” Também Ênio afirma : “Olha essas alturas luminosas que por toda parte se invocam com o nome de Zeus.” Varrão, que cita tal trecho, acrescenta : “Eis porque são abertos os tetos dos templos, para deixarem ver o divino, isto é, o céu; dizem também que só devemos tomá-lo por testemunha a céu descoberto.”
Com efeito, os templos de Zeus eram sempre descobertos no alto. Somente os templos dos deuses da terra é que têm tetos fechados.
Sendo Zeus fisicamente a abóbada celeste personificada, julgavam todos não serem vistos por ele em lugares fechados. Aristófanes ri-se de tais crenças populares, quando, na sua comédia das Aves, mostra Prometeu, que, participando de uma conspiração contra o rei dos deuses, inventa um modo de não ser visto
“Silêncio, diz ele, não pronuncies o meu nome; estou perdido, se Zeus me vê aqui. Mas se queres que eu te diga o que se passa lá no alto, pega este pára-sol e mantém-no sobre a minha cabeça, para que me não percebam os deuses.”
Era difícil à arte representar sob forma humana o caráter de abóbada celeste de que se reveste, para falarmos corretamente, Zeus. Entretanto, uma antiga pedra gravada nos mostra o rei dos céus sentado num trono que descansa sobre um véu inflado pelo vento e seguro por Posídon posto embaixo.
Sendo Posídon a personificação do mar, .é como se dissesse: o espírito de Deus paira sobre as águas. O céu que Zeus representa está aqui caracterizado pelos sinais do Zodíaco colocados em torno da composição, e Zeus, ademais, vê-se escoltado por duas divindades, Ares e Hermes.
Embora, tomado isoladamente, Zeus represente mais especialmente a abóbada celeste, é, como já o dissemos, o deus supremo de que as demais divindades representam apenas qualidades personificadas.
Creuzer, para patentear o caráter de universalidade de Zeus, apoia-se num hino órfico conservado por Estobeu: “Zeus foi o primeiro e o último, Zeus é a cabeça e o meio; dele provieram todas as coisas. Zeus foi homem e virgem imortal. Zeus é o fundamento da terra e dos céus; Zeus é o sopro que anima todos os seres; Zeus é a origem do fogo, a raiz do mar; Zeus é o sol e a lua. Está geralmente nu desde a cabeça até a cintura; os cabelos caem-lhe como crina nos dois lados da testa, que é clara e radiosa na parte superior, mas convexa na parte inferior. Tem os olhos fundos, apesar de bem abertos, uma barba espessa, peito amplo, mas não as proporções de atleta. A atitude é sempre majestosa e a arte jamais o representou em movimento violento. Zeus recebeu vários apelidos que correspondem a diferentes facetas do seu aspecto divino, e se caracterizam por atributos especiais
Zeus tonante
Não compreendiam os antigos que pudesse haver força comparável à do raio. O raio que Zeus empunha é, pois, a imagem da força repentina e irresistível.
Todos os que tentaram lutar contra ele, homens ou deuses, foram fulminados. Assim, as moedas o representam montado num carro do alto do qual fere os que ousam resistir-lhe. Vemo-lo representado assim numa moeda da família Pórcia, cunhada em honra de uma vitória conquistada contra Antíoco por Cipião, o Asiático.
Mas entre os monumentos do gênero, não há nenhum tão célebre como a bela pedra gravada do museu de Nápoles, onde o vemos fulminando os gigantes, e que reproduzimos.
O culto de Zeus tonante imperava em toda a Grécia. Augusto ordenou que lhe erguessem um templo em Roma. Um raio caíra durante a noite sobre a sua liteira e um escravo morrera, sem que o imperador fosse atingido. Foi em memória de tal fato que se construiu no Capitólio um templo de Zeus tonante, cujos vestígios ainda existem e que está representado em várias medalhas.
Virgílio, nas Geórgicas, descreve os terrores inspirados pelo raio de Zeus quando tomba no meio das tempestades. “Muitas vezes, diz ele, amontoam-se no céu torrentes de chuva, e, nos seus lados sombrios, as nuvens guardam espantosas tempestades. O céu funde-se em água e, sob um dilúvio de chuva, arrasta as risonhas colheitas e o fruto do trabalho dos bois.
Os fossos enchem-se, os rios crescem ruidosamente, e nos estreitos o mar se agita e turbilhona. Zeus, no seio da noite das nuvens, lança o raio. A terra trepida até os fundamentos; os animais fogem e o espanto abala o débil coração dos mortais. O deus, com os seus dardos chamejantes, abate o Atos, o Rodope, ou os montes Acrocerâunios ; os ventos redobram, a chuva se intensifica, e o estrondo do furacão faz estremecer bosques e margens.” Quando Zeus é moço, e se prepara a lutar contra os Titãs, vemo-lo às vezes sob uma forma diferente da que lhe é dada, quando ê rei dos deuses.
Assim é que uma bela pedra gravada antiga no-lo apresenta, contrariamente ao costume, nu e desprovido de barba. Acompanhado da sua águia, prepara-se para a grande luta que lhe vai assegurar o império do mundo.
Zeus nicéforo
Nice, a Vitória, aparece uma vez ou outra na mão de Ares ou de Atena, mas quase sempre na de Zeus. É um atributo que não pode estar melhor colocado do que na companhia do rei dos deuses. A Vitória não tem nenhuma lenda especial na mitologia, mas surge freqüentemente na arte. Colocada em moedas, parece ter por missão perpetuar a recordação de um fato glorioso para o país. Numa medalha parta, vemos uma imagem de Zeus nicéforo, no reverso do retrato do rei, cujo exército vencera Crasso.
A Vitória está sempre caracterizada por asas, sem dúvida para indicar o seu caráter fugidio. Entretanto, os atenienses ergueram um templo à Vitória sem asas, querendo, assim, demonstrar que se fixara entre eles. Em Roma, havia no Capitólio uma célebre estátua da Vitória arrebatada várias vezes na luta do cristianismo e do paganismo e que acabou por desaparecer definitivamente em 382, por ordem de Graciano que, com tal medida, se tornou odioso aos romanos e se viu abandonado dos súditos, mal se soube que Máximo se fizera proclamar imperador na Grã-Bretanha. Os pagãos eram ainda numerosíssimos em Roma, e é fácil compreender a indignação deles, ao verem retirar a Vitória, no mesmo momento em que os bárbaros invadiam por todas as partes o império.
A Vitória segura quase sempre na mão uma palma ou coroa de louro; vemo-la muitas vezes coroando um herói ou pairando no ar sobre ele. Às vezes, eleva os troféus, ou grava num escudo os feitos dos guerreiros. As pedras gravadas a representam também conduzindo um carro.
A arte dos últimos séculos não modificou sensivelmente o tipo deixado pela antiguidade, e, em vários dos nossos monumentos, vemos a Vitória sob a forma de jovens aladas, que seguram coroas ou palmas.
Zeus aetóforo
A águia, segundo os gregos, é a ave que voa mais alto e, por conseguinte, a que melhor corresponde à majestade divina. É por isso que se representa umas vezes aos pés de Zeus, outras sobre o seu cetro.
Às vezes, segura com as poderosas garras o raio do deus: vemo-lo sob esse aspecto no reverso de uma moeda macedônia.
A águia de Zeus, aliás, desempenhou um papel importante na mitologia. É ela que leva a Zeus criança o néctar de que as ninfas a embebem na ilha de Creta.
Mas é sobretudo ela que arrebata o jovem pastor Ganimedes para dele fazer escanção do rei dos deuses.
O belo adolescente era filho de Tros, rei de Tróada; segundo Homero, Zeus ordenou que o raptassem para dar aos céus um ornamento de que a terra não era digna. Uma linda estátua antiga nos mostra o pastor Ganímedes inteiramente nu e apoiado contra uma árvore. Usa o gorro frígio e segura com a mão o seu cajado de pastor.
Ganímedes guiava os seus rebanhos no promontório dardânico, quando se verificou o rapto sobre o qual não dão os poetas nenhum pormenor.
Mas quando o rapto se verificou. o rei de Tróada ficou inconsolável com a perda do filho: Zeus aliviou-lhe a dor mostrando-lhe que endeusara Ganímedes e o colocara no céu, onde se tornou efetivamente o sinal do Zodíaco a que chamamos aquário. Ademais, o rei dos deuses doou a Tros um magnífico cepo de ouro e uma parelha de cavalos que corriam mais depressa que o vento.
O rapto de Ganímedes constitui o assunto de uma bela estátua antiga do museu Pio-Clementino ; considera-se repetição de um grupo esculpido por Leocares, famosíssimo na antiguidade.
A estátua de Leocares é citada na obra de Plínio, e acredita-se que foi ela que Nero mandou buscar para ornamento do templo da Paz. É de notar o cuidado da águia para não ferir de maneira nenhuma o jovem que foi incumbida de raptar ; às vezes, Ganímedes é representado sentado nas costas da águia.
De resto, narra Luciano pormenorizadamente as circunstâncias do rapto; é Hermes quem fala:
“Prestava eu, diz ele, os meus ofícios a Zeus que, disfarçado de águia, se aproximou de Ganímedes e pairou por algum tempo atrás dele. Depois, aplicando docemente as garras aos membros delicados do rapaz, e pegando com o bico o seu gorro, raptou o belo jovem que, surpreendido e perturbado, voltava a cabeça e os olhos para o raptor.”
Uma medalha de Geta, cunhada na cidade de Dárdanos em Tróada, e várias pedras gravadas representam o fato de maneira aproximadamente conforme à narração de Luciano. Numa antiga pintura do museu de Nápoles, é um Amor quem conduz a águia para perto de Ganímedes sentado ao pé de uma árvore. Um grande número de pedras gravadas O rapto de Ganímedes constitui o assunto de uma bela estátua antiga do museu Pio-Clementino ; considera-se repetição de um grupo esculpido por Leocares, famosíssimo na antiguidade.
Numa pedra gravada do museu de Florença, vê-se Afrodite acariciando Ganímedes a quem explica, sem dúvida, as funções que lhe hão de caber: um vaso posto ao pé do belo adolescente indica a natureza. Em lugar do gorro frígio, Ganímedes usa dessa vez casquete de caçador, e Zeus, que deseja contemplá-lo à vontade, sem que ele o perceba, está quase inteiramente oculto pela águia de asas abertas.
Não conhecemos monumentos célebres que representem Ganímedes nas suas funções de escanção ao pé do rei dos deuses. Mas uma linda estátua do museu Pio-Clementino no-lo apresenta segurando na mão uma taça de ambrósia que ele apresenta à águia de Zeus, posta ao seu lado.
Zeus hospitaleiro
Zeus é o protetor dos anfitriões, e percorre incessantemente a terra para verificar como praticam a hospitalidade os homens. Achava-se um dia na Frigia, acompanhado do fiel Hermes, que tivera o cuidado de se desfazer das asas para não ser reconhecido. Após visitar grande número de casas em busca de hospitalidade, o que sempre lhe foi recusado, chegou a uma choçazinha coberta de palha, e de caniços; ali foram ambos acolhidos com cordialidade por Filemon e Báucis. Os dois esposos tinham a mesma idade, haviam contraído núpcias muito moços e haviam envelhecido naquela choça. Pobres, tinham sabido mediante a virtude diminuir os rigores da indigência. Sozinhos, eram eles mesmos os seus criados e compunham toda a família.
Quando Zeus e Hermes entraram, abaixando-se, por ser a porta baixíssima, Filemon apresentou-lhes cadeiras para que descansassem, e Báucis nelas acomodou um pouco de palha para que os estranhos se sentissem mais a vontade. Em seguida, pôs-se a fazer fogo reavivando algumas fagulhas que brilhavam sob as cinzas; para aumentá-lo e fazer ferver a marmita, reuniu alguns gravetos e arrancou ramos que serviam de apoio à cabana. Enquanto limpava a verdura que o marido fora colher no horto, Filemon pegou toucinho velho pendente cio forro e, cortando um pedaço, o colocou na marmita. Depois, à espera de que o almoço ficasse pronto, começou a conversar com os hóspedes para que estes se não entediassem.
Num canto do quarto pendia um vaso de faia que Filemon encheu de água quente, para lavar-lhes os pés.
No meio, via-se uma mesa de madeira cujo único enfeite eram algumas folhas de árvores; para decorá-la, estenderam sobre ela um tapete do qual somente se serviam nas grandes festas, e o tapete, digno ornamento de tal mesa, era um velho hábito muito comum: foi ali que eles arrumaram o lugar para que Zeus e Hermes pudessem comer.
Entretanto, Báucis preparava a mesa; como esta tivesse um dos pés mais curto que os outros, remediou a situação colocando sob ele um tijolo. Após enxugá-la bem, colocou sobre ela azeitonas, chicórea, rabanetes e queijo branco. Formava o prato do meio um bolo de mel. A refeição era frugal, mas tinha bom aspecto e era dada de todo o coração. No entanto, o bom casal desconfiou que não era bastante; a sua única riqueza era um ganso que guardava a choça. Quiseram pegá-lo para o matar, e puseram-se ambos a correr atrás do pobre animal que, desejoso de lhes escapar, os fez perder a respiração e terminou por se refugiar entre as pernas de Zeus, o qual lhes rogou o não matassem. O ganso passara a ser seu protegido.
Os dois esposos notaram que as taças se enchiam por si próprias à medida que se esvaziavam e que o vinho aumentava em vez de diminuir. Assombrados com tal prodígio, ergueram as mãos trêmulas para o céu, pedindo perdão aos hóspedes por lhes ter oferecido tão pobre refeição Zeus deu-se, então, a conhecer e ordenou-lhes o seguissem à montanha vizinha, o que eles mal conseguiram fazer, valendo-se dos seus cajados. O rei dos deuses perguntou-lhes, depois, o que almejavam, e prometeu que os satisfaria. Após se consultarem, os dois esposos suplicaram-lhe a graça de não sobreviver um ao outro.
Chegados à montanha, Filemon e Báucis voltaram-se e viram que toda a região estava coberta de água, com exceção da choça. E como se admirassem de, no meio de tão grande calamidade, lhes ter sido poupada a habitação, notaram que se revestia de aspecto diverso. Magníficas colunas se erguiam no lugar das forquilhas de madeira que antes a sustentavam; a palha que a cobria convertera-se em ouro; a terra que lhe servia de soalho estava pavimentada de mármore, a porta ornada de esculturas e baixos-relevos; a humilde choupana transformara-se num resplendente templo.
Zeus fez dos dois esposos sacerdotes do novo templo, e eles viveram unidos na prosperidade, como haviam vivido na indigência, e chegaram isentos de enfermidades à mais extrema velhice. Quando soou a hora marcada pelo destino, Filemon e Báucis achavam-se sentados diante dos degraus do templo. Báucis percebeu de repente que o corpo de Filenon se ia cobrindo de folhas e este, por sua vez observou o mesmo fenômeno em sua mulher.
Vendo, em seguida, ambos que a casca começava a atingir a cabeça, disse Filemon: “Adeus, minha querida esposa”, e ela: “Adeus meu querido esposo”. Mal haviam proferido tais palavras, fechou-se-lhes para sempre a boca. As duas árvores colocadas lado a lado sombrearam a entrada do templo, e a piedade dos povos lhes cobriu de ramalhetes e grinaldas os ramos.
Zeus olímpico
Era perto do templo de Olímpia, em Élida, que os gregos se reuniam para celebrar os jogos olímpicos instituídos por Heracles, o maior dos heróis, em honra de Zeus, seu pai, o mais poderoso dos deuses.
Uma antiga medalha (de Prúsias) nos apresenta Zeus segurando a coroa destinada aos vencedores.
Zeus olímpico era considerado deus nacional helênico. O templo de Olímpia continha a famosa estátua de Fídias que passa por obra-prima da estatuária na antiguidade. Era de marfim e ouro. Apesar de sentada, a estátua se erguia até o teto; com a mão direita o deus sustentava uma vitória e com a esquerda um cetro enriquecido de metais preciosos e encimado por uma águia. O trono estava ornado de baixos-relevos. Essa estátua já não mais existe, mas julga-se ter imitações, numa medalha dos selêucidas. Um belíssimo camafeu do museu de Florença, conhecido com o nome de Zeus olímpico, apresenta o deus segurando o raio, e tendo aos pés uma águia.
Entre os bustos de Zeus, o mais famoso é o conhecido pelo nome de Otrícoli.
Zeus pan-helênico
O culto de Zeus pan-helênico remonta a uma Fábula relativa à ilha de Egina. A ninfa Egina era filha do rio Asopo.
Foi amada por Zeus, que a visitou sob a forma de chama. Seu pai, encolerizado com o rapto da filha, procurou-a por toda parte; chegando a Corinto, soube de Sísifo o nome do raptor e pôs-se a persegui-lo.
Zeus atingiu-o com um raio, e transportou a ninfa para a ilha que, desde então, tem o seu nome.
A união de ambos deu nascimento de Éaco que, antes de ser juiz no inferno, reinou na ilha de Egina. Mas não podendo Hera permitir que uma ilha tivesse o nome da rival, resolveu vingar-se despovoando aquela porção de terra. Nuvens sombrias cobriram o céu, reinou um calor sufocante, os lagos e as fontes contaminaram-se. O mal atacou a princípio os cães, as ovelhas, os bois, as aves e todos os animais. O agricultor consternado viu morrer diante dos seus olhos, no meio dos sulcos, os touros que trabalhavam. As ovelhas, despojadas da lã, magras e descarnadas, enchiam os campos de gritos lúgubres. O vigoroso corcel, desdenhando os combates e as vitórias, languescia. O javali esquecera a sua ferocidade natural; a corça já não tinha a habitual ligeireza; o urso não ousava atacar os rebanhos. Tudo morria; as florestas, os campos e os grandes caminhos estavam juncados de cadáveres que infeccionavam o ar com o seu mau cheiro; os próprios lobos não ousavam tocá-los, e eles apodreciam na terra espalhando por toda parte o contágio.
Dos animais, espalhou-se o mal às aldeias, entre os moradores dos campos e daí penetrou nas cidades. Todos sentiram a princípio as entranhas arder com um fogo cujos reflexos, que apareciam no rosto, denotavam a força. Respiravam com dificuldade, e a língua seca e inchada obrigava-os a manter a boca aberta.
Certos de que morreriam desde que fossem contagiados, abandonavam os remédios, e faziam tudo quanto a violência do mal os impelia a desejar. Todos corriam aos poços, às fontes, aos rios, para matar a sede que os devorava; mas só a matavam, morrendo, e o langor impedia os que a tinham saciado de pôr-se novamente de pé e afastar-se da água em que expiravam. Por onde quer que se relanceassem os olhos, percebiam-se montes de mortos; era inútil oferecer sacrifícios; os touros conduzidos aos altares para ser imolados caíam mortos antes de feridos. Não se viam lágrimas pela morte dos entes mais queridos; as almas das crianças e das mães, dos jovens e dos velhos desciam, sem ser choradas, às margens infernais. Não havia lugar para sepulturas, não havia lenha para as fogueiras. (Ovídio).
Havia na ilha de Egina um velho carvalho consagrado a Zeus, a semente que o produzira vinha da floresta de Dodona. Éaco, debaixo de tal árvore, sagrada, invocou Zeus, e, enquanto rogava, contemplava uma multidão de formigas que subiam e desciam pela casca do tronco; vendo-lhe o número incalculável, chorava lembrando-se do seu reino despovoado. Quando terminou a invocação, o rei Éaco adormeceu à sombra do carvalho sagrado.
No entanto, o deus ouvira-lhe o rogo: as formigas transformadas em homens se aproximaram dele e renderam-lhe as homenagens devidas à sua posição. Éaco deu graças ao rei dos deuses; depois, distribuiu os novos habitantes pela cidade e pelos campos. Para conservar a recordação da origem deles, chamou-os mírmidos.
Mantiveram eles as mesmas inclinações que as formigas: laboriosos, ativos, ardentes no amontoamento de bens, empregavam o maior cuidado em conservar o que haviam adquirido. (Ovídio).
Os descendentes dos mírmidos foram os soldados de Aquiles, pois Éaco é pai de Peleu, pai de Aquiles. Entretanto, os mírmidos de Aquiles não habitavam a ilha de Egina; mas tais confusões, tão freqüentes na idade heróica, podem originar-se de migrações e de colônias que guardavam as mesmas tradições, em regiões diferentes.
Aliás, a lenda de Éaco apresenta variantes: teria sido em conseqüência das suas preces que uma espantosa fome seguida de peste cessou não somente na ilha de Egina, senão também na Grécia inteira. Foi depois de tal fato que ele fundou um templo e cerimonias às quais todos os gregos deviam assistir. Zeus recebeu nessa ocasião o apelido de pan-helênico (adorado por todos os gregos).
Zeus pan-helênico possuía na ilha de Egina um templo conhecidíssimo, onde se celebravam festas em sua honra. Adriano ergueu-lhe também um templo em Atenas.
Zeus cretense
A ilha de Creta passava na antiguidade por lugar de nascimento de Zeus, e uma multidão de tradições locais se prendia à sua primeira infância. Foi nas grutas do monte Dicto que Reia o ocultou, e foi ali que o protegeram os coribantes e o criaram as ninfas. Foi ali que ele sugou o leite da cabra Amaltéia e comeu o mel que lhe levavam as abelhas. E foi para as recompensar que Zeus deu às abelhas o privilégio de desafiar o vento e a tormenta, e lhes tingiu os delicados corpos de uma formosa cor de ouro.
Além disso, os cretenses tinham tido por rei e legislador Minos, filho de Zeus e de Europa.
O rapto de Europa por Zeus é uma das fábulas que os artistas da antiguidade, e notadamente os gravadores de pedras finas, mais freqüentemente representaram.
Um poderoso rei de Tiro, Agenor, tinha uma filha, chamada Europa, cuja formosura era célebre em toda a terra.
Zeus, que do alto do céu via todos os mortais, até os que habitam a Ásia, apaixonou-se pela jovem e valeu-se de um estratagema para atraí-la: abandona o cetro e toda a grandeza que o cerca para assumir o aspecto de um touro, e, mesclando-se a um rebanho que pastava à beira do mar, no reino de Agenor, caminha e muge. Não diferia dos demais companheiros senão pela brancura de neve; tinha o pescoço musculoso e a papada graciosa; os seus cornos, pequenos e limpos, possuíam o brilho das pérolas, e dir-se-ia que um hábil obreiro se dera o trabalho de os modelar.
A testa não possuía nada de ameaçador, os olhos nada de feroz ; era doce e acariciante. A filha de Agenor admirava-lhe a beleza e a mansidão; no entanto, a princípio, não ousou aproximar-se-lhe; finalmente, animou-se e apresentou-lhe flores que o deus comeu andando de um lado a outro, saltando em torno da jovem e deitando-se, a seguir, sobre a areia. Europa, tranqüilizada, acaricia-o com a mão, enfeita-lhe os cornos de grinaldas de flores, e senta-se sobre ele, rindo. As companheiras dispunham-se a imitá-ta, mas o touro, subitamente, a leva para o mar, Europa, voltando-se para as amigas, chama-as e estende-lhe os braços. O touro precipita-se no mar, afasta-se com rapidez de um delfim e pisa com segurança as enormes vagas; todas as Nereidas abandonam as grutas, e, sentadas nas costas dos monstros marinhos, desfilam em ordem, O próprio Posídon, tão ardente nos mares, amansa as ondas e guia o irmão na viagem. Em volta dele se amontoam os Tritões, habitantes dos abismos, os quais, com as suas conchas recurvas, fazem ao longe ressoar o canto nupcial.
Europa, sentada no divino touro, segura-se com uma das mãos a um dos majestosos cornos, e com a outra abaixa as pregas ondulantes da sua veste de púrpura, de sorte que a extremidade fica molhada pela onda. O seu amplo véu, inflado pelos ventos, cobre-lhe os ombros como vela de navio e ergue docemente a jovem virgem.
Já estava distante das margens da pátria; as praias batidas pelas ondas, as altas montanhas não tardaram em sumir; no alto, ela só via a imensidão dos céus, embaixo apenas a imensidão dos mares; relanceando, então, um olhar em volta, profere as seguintes palavras:
“Para onde me levas, ó divino touro? Quem és? Como podes fender as vagas com esses teus pés tão pesados e porque não tens medo dos mares? Os navios vogam leves sobre as águas, mas os touros temem expor-se à superfície líquida. Os delfins não andam na terra, nem os touros nas ondas; tu corres igualmente na terra e nas ondas .. . Ai de mim, infeliz que sou! Abandonei o palácio de meu pai, segui este touro, e por uma estranha navegação, erro sozinha sobre o mar. Mas, ó Posídon ! Tu que reinas sobre as águas, favorece-me; espero conhecer enfim o que me dirige a viagem, pois não é sem o auxílio de uma divindade que atravesso assim estes caminhos úmidos.”
Disse, e o touro majestoso responde-lhe:
“Ânimo, jovem virgem, não temas as ondas do mar. Sou o próprio Zeus, embora pareça aos teus olhos um touro. Posso tomar as formas que desejo. A ilha de Creta não tardará em acolher-te. Foi ali que passei a infância, e ali celebraremos o nosso himeneu. Terás filhos famosos que reinarão sobre os povos” Cala-se, e tudo se realiza como afirma. A ilha de Creta já aparece e Zeus readquire a forma primitiva.” (Mosco).
Num quadro existente em Veneza, Paolo Veronese fixou os principais incidentes do rapto de Europa e, seguindo o seu hábito, revestiu as personagens de soberbos costumes fantasiosos e de tecidos brilhantes como se usavam em Veneza, na época em que ele viveu. Europa, no meio das companheiras, senta-se no touro cujos cornos estão ornados de grinaldas, e os Amores que volteiam nas árvores indicam o motivo da metamorfose. No segundo plano, vê-se Europa montada no animal, ainda rodeada das companheiras; no fundo o touro rapta a jovem levando-a para o mar. Rubens pintou também sobre o tema um quadro que se contempla no museu de Madri, e o holandês Berghen achou na lenda um pretexto para representar um soberbo touro e uma gorda lavradora em que os gregos teriam dificilmente reconhecido a esposa de um deus. Na escola francesa, Lemoyne fez uma graciosa composição sobre o rapto de Europa.
Zeus árcade
Seguindo as tradições dos árcades, Zeus nascera no monte Liceu, no país deles, e não na ilha de Creta, como exige a tradição mais conhecida.
Portanto era sagrado aquele monte, e nele se erguia um templo de Zeus, velhíssimo e inspirador da maior veneração.
Era, aliás, notável por vários títulos: fosse qual fosse o homem ou animal que nele entrasse, via-se uma coisa estranha, pois ele não mais produzia sombra, mesmo quando o corpo estivesse exposto aos raios do sol! (Pausânias).
Fora o templo erguido por Licaonte, primeiro rei da Arcádia, na época em que cessaram os sacrifícios humanos; querendo Licaonte honrar Zeus de maneira bárbara, o deus apressou-se em puni-lo cruelmente. Como estivesse o rei dos deuses a percorrer a Arcádia, Licaonte acolheu-o em sua casa e ofereceu-lhe um festim. Julgando ser-lhe agradável, mandou degolar um dos reféns que os Molossos lhe tinham enviado; depois de fervida uma parte do corpo e assada outra, foi o prato levado ao deus.
Mas um fogo vingador, criado por Zeus, reduziu a cinzas o palácio. Licaonte, espantado, foge; e quando se acha no meio do campo, e quer falar e queixar-se, só consegue bradar; fora de si de cólera e sempre ávido de sangue e de carnificina, volta o furor contra todos os animais que se lhe deparam. As vestes se lhe mudam em pelos, os braços adquirem a mesma forma que as pernas; numa palavra, ele se transforma em lobo, e com essa nova aparência, conserva ainda o ar feroz que possuía outrora. (Ovídio).
Pausânias narrando essa maravilhosa história, procura dar-lhe uma data. “Quanto a Licaonte, diz, creio que reinava na Arcádia, na época em que Cécrops reinava em Atenas; mas Cécrops regulou o culto dos deuses e as cerimônias da religião com muito mais sabedoria. Foi o primeiro em chamar Zeus de deus supremo e proibiu se sacrificassem entes animados aos deuses; quis que o povo se contentasse em lhes oferecer dádivas do país.
Pelo contrário, Licaonte imolou uma criança a Zeus e manchou as mãos no sangue humano; assim, diz-se que em pleno sacrifício foi transformado em lobo, e que não é inacreditável, pois, além de o fato passar por verídico entre os árcades, nada possui contra a verossimilhança. Com efeito, esses primeiros homens eram muitas vezes anfitriões e comensais dos deuses; era a recompensa da sua justiça e piedade, os bons eram honrados pela visita dos deuses e os maus conheciam imediatamente a cólera divina…”
Seja como for, a Fábula de Licaonte assinala um marco curioso na história, a época em que os sacrifícios humanos, em vez de considerados honra prestada aos deuses, foram tidos por crime que atraía a ira.
Zeus árcade está caracterizado pela coroa de oliveiras silvestres.
Zeus dodonense
O mais antigo oráculo da Grécia era consagrado a Zeus e se encontrava em Dodona, no Épiro, onde o deus era especialmente honrado.
As sacerdotisas de Dodona narraram o seguinte a Heródoto em torno da origem de tal oráculo:
“Duas pombas negras, saídas de Tebas do Egito voaram uma para a Líbia, outra para Dodona; esta empoleirou-se num carvalho e, com voz humana, disse aos dodonenses ser preciso estabelecer naquele lugar um oráculo de Zeus; o povo compreendeu a divindade daquela mensagem e apressou-se em obedecer. As sacerdotisas acrescentam que a outra pomba ordenou aos líbios que fundassem o oráculo de Ammon; mais um oráculo de Zeus. As sacerdotisas de Dodona me narram tais coisas.”
Segundo outra versão, teria sido Deucalião que, chegando a esse lugar após fugir ao dilúvio, houvera consultado o carvalho profético de Zeus, e dado ao país o nome de Dodona. A floresta sagrada de Dodona continha os carvalhos proféticos, e os oráculos se verificavam de acordo com o roçar das folhas. Parece, contudo, que também a madeira daquelas árvores era profética, pois os mastros do navio Argos, cortados na floresta de Dodona, prediziam o futuro aos navegantes. Os sacerdotes de Dodona entregavam-se a todas as austeridades da vida monástica e dormiam sobre a terra nua.
Zeus dodonense está caracterizado pela coroa de carvalho.
Zeus capitolino
Provém este nome do templo que o rei dos deuses tinha no Capitólio.
O Zeus dos romanos se origina da confusão entre o deus etrusco do raio, Tinia, e o Zeus dos gregos.
Zeus capitolino está figurado num antigo monumento, empunhando o cetro e uma pátera, e tendo sobre os joelhos a coroa que os triunfadores ali iam depositar.
Além do templo de Zeus, havia no Capitólio um templo dedicado a Hera e outro a Atena. As três divindades ligam-se freqüentemente na arte romana, e eram conhecidas sob o nome das três divindades do Capitólio. Assim é que estão representadas numa antiga medalha.
Os romanos consagravam a Zeus os despojos opimos, isto é, os despojos que um general romano arrebatara ao general inimigo; e o deus tomava, então o nome de feretriano. Rômulo foi o primeiro que ergueu um templo a Zeus feretriano, depois de matar pessoalmente Acron, rei dos cenínios; o templo foi ampliado por Anco Márcio e, em seguida, restaurado durante o império de Augusto.
Zeus Ammon
Ammon é uma divindade egípcia que os gregos assimilaram a Zeus; e eles imaginaram uma explicação para os cornos de carneiro que, no Egito, constituem atributo essencial desse deus. Dioniso, perdido nos desertos da Líbia, e morrendo de sede, dirigiu-se a Zeus que acorreu em seu auxílio sob a forma de um carneiro e lhe apontou uma fonte.
É por isso que Zeus aparece nos monumentos com cornos de carneiro; vemo-lo assim em várias medalhas dos reis ptolemaicos. Quando Alexandre visitou o oásis de Ammon, recebeu do grão-sacerdote o título de filho de Zeus Ammon. Devemos a isso grande número de pedras gravadas e belíssimas medalhas em que Alexandre e os seus sucessores, os reis da Síria e da Cirenaica, estão representados com cornos de carneiro, símbolo do seu domínio sobre a Líbia.
Segundo Heródoto, a tradição que dá cornos a Zeus arenoso se prenderia a Heracles e não a Dioniso.
“Os habitantes do nomo de Tebas, no Egito, abstêm-se de ovelhas, e sacrificam cabras; dizem que tal costume foi estabelecido da seguinte maneira : quis Heracles, por bem ou por mal, ver Zeus que se recusava a aparecer-lhe; finalmente, percebendo Zeus que Heracles insistia, teve a idéia de tirar a pele de um carneiro, de lhe cortar a cabeça, e de a segurar diante do rosto, após ter-se revestido do velocino. Nesse estado, apresentou-se a Heracles; por tal motivo, os egípcios esculpem a estátua de Zeus com rosto de carneiro. Os tebanos, portanto, não sacrificam carneiros, e em virtude dessa tradição, os consideram sagrados; uma única vez por ano, no dia da festa de Zeus, sacrificam um; esfolam-no, e com a sua pele revestem a estátua do deus, diante da qual colocam a de Heracles. Finda a cerimônia, todos os sacerdotes do templo infligem golpes a si próprios, em sinal de luto pela morte do carneiro; finalmente, inumano numa sala sagrada.” (Heródoto) .
O oráculo de Zeus Ammon gozava na Grécia de enorme celebridade. O templo do deus, colocado num oásis, a nove dias de marcha de Alexandria, era servido por cem sacerdotes dentre os quais somente os mais idosos é que tinham a missão de transmitir os oráculos.
O culto de Zeus somente desapareceu diante do cristianismo; mas a filosofia já abalara o prestígio do rei dos deuses e, zombando das suas múltiplas funções, mostra-nos Luciano a época em que o seu poder foi desprezado e os templos abandonados:
“ó Zeus, protetor da amizade, deus dos anfitriões, dos amigos, do lar, dos raios, dos juramentos, das nuvens, do trovão, ou sob qualquer outro nome que te invoque o cérebro ardido dos poetas, sobretudo quando se vêem embaraçados com o metro (pois aí te dão toda espécie de nomes, a fim de sustentar a queda do sentido e preencher o vazio do ritmo), onde está o estrondo dos teus raios, o longo ribombar do trovão, a chama branca e temível dos relâmpagos? O homem prestes a cometer um perjúrio temeria mais o pavio de uma lâmpada da véspera que a chama do raio que domina o universo… Dormes como que entorpecido pela mandrágora, e dormes tão bem que não ouves os que perjuram, não vês mais os que cometem injustiças, e os teus ouvidos são duros como os dos velhos… Recebeste o prêmio do teu descaso: ninguém mais te oferece sacrifícios, ninguém te coroa as estátuas, a não ser às vezes, por mero acaso; e o que assim procede não julga estar cumprindo um dever rigoroso, mas simplesmente prestar um tributo a um velho costume… Não direi quantas vezes roubaram os ladrões os teus templos; chegaram até a pôr as mãos sobre ti em Olímpia, e tu, que lá no alto fazes tanto barulho, não te deste o trabalho de despertar os cães, nem de chamar os vizinhos os quais, acorrendo aos teus gritos, pudessem deter os ladrões que, de sacola cheia, procuravam fugir; pelo contrário, tu, o exterminador dos gigantes, tu, o vencedor dos Titãs, tu permaneceste sentado, permitindo que os bandidos te cortassem os cabelos de ouro; e isso, tendo na mão direita, como sempre tiveste, um raio de dez cúbitos. Quando deixarás, ó deus maravilhoso, de vigiar o mundo com tamanha negligência?…” (Luciano).
Odsson Ferreira
Referência Bibliográfica
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Greva Vol I. Petrópolis, Vozes, 2004
GENNEP. Arnold Van. Op. cit., VI, p. 74sqq.
Fonte: www.templodeapolo.net
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