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O teatro foi uma das mais ricas formas de arte. A representação teatral originou-se e se desenvolveu a partir das Dionisíacas festas em honra ao Deus Dionísio, que incluiu o espectáculo de mímica, dança, música, poesia, etc..
Em Atenas, celebrava-se o culto de Dionísio, acontecimento muito apreciado pela população camponesa. Já as Grandes Dionisíacas eram as celebrações urbanas, quando se realizavam os famosos concursos entre autores dramáticos (cada participante concorria com três peças Trilogia).
A encenação das peças era feita exclusivamente por actores masculinos que usavam máscaras e representavam também personagens femininos, que deram origem às grandes obras do teatro ateniense.
As Grandes Panatenéias, em honra da Deusa Atena, eram celebradas de quatro em quatro anos, com concursos de música e canto, corridas de cavalos e outras competições desportivas; finalizavam com uma procissão que percorria a via sagrada, para oferecer à Deusa o manto luxuoso. Era a festa mais importante da Cidade-Estado de Atenas.
Do ponto de vista cultural, Atenas não era superada por nenhuma outra cidade grega. Lá viveram os maiores pensadores e artistas do mundo grego; alguns deles da própria humanidade.
No período clássico, o teatro tornou-se uma manifestação artística independente, embora os principais temas permanecessem ligados à religião e à mitologia. Os dois géneros básicos do drama teatral foram a tragédia e a comédia.
Tragédia
Dentre os principais autores e obras podem ser mencionados: Ésquilo (525 – 456 a.C.), que escreveu a trilogia Oréstia, Prometeu Acorrentado, etc.;
Sófocles (495 – 405 a.C.), que se destaca com as peças Édipo Rei, Antígona e Electra;
Eurípedes (480 – 406 a.C.), autor de Medéia, Hipólito, Andrómaca, As Troianas, etc.
Comédia
A comédia foi um género mais voltado para o quotidiano, para os costumes, que são tratados sobre tudo como objecto de crítica e sátira. Dentre os principais comediógrafos destacam-se: Aristófanes (445 – 385 a.C.), autor de A Paz, Lisístrata, A Assembléia de Mulheres, Os Cavaleiros e Plutos;
Menandro (340 – 292 .C.), autor de O Intratável.
Um dos grandes acontecimentos do ano para os gregos era a ida ao teatro. As peças só eram apresentadas durante dez dias e cada peça representada apenas uma vez. Como todos queriam ver os espectáculos, o teatro tinha que ser grande.
A população ia para o teatro muito cedo, logo após o nascer do sol. Pagava dois óbolos (moeda grega equivalendo a um terço de uma dracma) para entrar. O Estado mantinha um fundo especial para subsidiar quem não pudesse pagar.
A maior diferença entre o teatro grego e o teatro moderno consiste no facto de que as peças gregas faziam parte de um festival religioso em honra dos deuses. O teatro então nasceu com um festival de cânticos narrando as histórias dos deuses. Um autor dava um passo à frente do coro de cantores para desempenhar o papel do personagem principal. Mais tarde apareceu um segundo actor e, gradualmente a representação foi se desenvolvendo.
Ésquilo
Ésquilo, o primeiro grande autor trágico, nasceu em Elêusis no ano de 525 a.C., participou da batalha de Maratona no ano de 490 a.C. e, por muitas vezes, esteve na Sicília, onde morreu no ano de 456 a.C. Ésquilo acreditava que o Autor era, antes de tudo um educador.
Ele acreditava que se os atores sofressem em cena, isso despertaria os sentimentos de terror e piedade dos espectadores proporcionando-lhes o alívio ou purgação desses sentimentos. Ocorreria assim a purificação das paixões – Catarse.
Ésquilo foi o primeiro autor a introduzir um segundo ator nas representações, escreveu mais de oitenta obras dentre as quais destacam-se Os Persas (472), Os Sete Contra Tebas(467), As suplicantes (acredita-se que seja de 463), Prometeu Acorrentado (de data desconhecida e autenticidade duvidosa) e as três peças da Oréstia (458): Agamenon, As Coéoras e As Eumênides.
A única trilogia completa de Ésquilo que conhecemos é a Oréstia. Por meio dela pode-se tentar compreender um pouco o pensamento desse autor, sobretudo porque ela foi escrita pouco antes de sua morte.
Eurípedes
Pouco se sabe da origem de Eurípedes. Acredita-se que ele era filho de um mercador de legumes e que viveu entre os anos de 485 a.C. a 406. Eurípedes é considerado por muitos como o homem que revolucionou a técnica teatral.
Sobreviveram ao tempo muito mais obras de Eurípedes do que dos outros autores trágicos. Isso aconteceu porque, apesar de Eurípedes não obter muito sucesso junto ao seu povo, pois poucas vezes conseguiu vencer os concursos que participou, sua obra, por abordar temas petéticos e idéias abstratas, foi muito apreciada no século IV.
Devido a essa preferência é possível a elaboração de uma lista de obras com datas quase precisas, são elas: Alceste(438), Medéia(431), Hipólito(428), Hécuba, Os Heráclidas, Andrômaca, Héracles, As Suplicantes, Íon, As Troianas(415), Eletra, Ifigênia em Táurida, Helena(412), As Fenícias, Orestes (408), As Bacantes, Ifigênia e Áulis, Ciclope (com data desconhecida). A obra Medéia, uma das mais conhecida entre nós, é um drama de amor e paixão.
E essa é a grande diferença que existe entre as obras de Eurípedes e as de Ésquilo e Sófocles. Na obra de Ésquilo o amor é praticamente nenhum. Em Sófocles ele geralmente fica em segundo plano. No entanto, em Eurípedes ele é essencial e chega às últimas conseqüências, ou seja, a vingança e a morte. Em Eurípedes ainda encontramos a loucura, que pode ser vista na obra Héracles.As obras de Menandro foram quase todas consumidas pelo tempo. Somente em 1958 foi encontrado um papiro egípcio contendo a obra Misantropo, que conta a história de um homem, cujo nome é emprestado a obra, e sua filha, Cnemon.
Aristófanes
Nasceu em Atenas, Grécia em 457 a.C. e faleceu em 385 a.c. Viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de Péricles. Testemunhou o início e o fim daquela grande Atenas. Viu o início da Guerra do Peloponeso, em que Atenas foi derrotada.. Ele, da mesma forma, viu de perto o papel nocivo dos demagogos (especialmente Cléon) na destruição econômica, militar e cultural de sua cidade-estado.
À sua volta, à volta da acrópole de Atenas, florescia a sofística -a arte da persuasão-, que subvertia os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua civilização.Sua primeira comédia, Os Convivas, estreou em -427 sob o nome de Calístrato, o ensaiador da peça, e obteve de saída o segundo prêmio.
Dois anos depois, no ano de 425 ac, nas Leneanas, Aristófanes apresentou a comédia Os Cavaleiros, o que motivou um segundo processo em -424, resolvido aparentemente através de acordo realizado fora dos tribunais Esta peça, felizmente, chegou até nós.
Ela representa o mais violento ataque pessoal de Aristófanes a Cleon Foi considerada tão agressiva que nenhum ator da época teve a coragem de representar o papel de Panflagônio (Cleon).Da primeira época são: Os Acarnenses, na qual manifesta a sua atitude antibélica (1º lugar nas Dionísias); Os Cavaleiros, ataque contra o demagogo Cléon, que o Salsicheiro, demagogo mais hábil do que ele, e os cavaleiros da aristocracia derrotam (1º lugar nas Dionísias); As Nuvens, sátira das novas filosofia e pedagogia, em que ataca Sócrates e os sofistas (3º lugar nas Dionísias); As Vespas, sobre a paixão que os atenienses mostram pelos processos judiciais (1º lugar nas Dionísias); Paz, obra antibelicista (2º lugar nas Dionísias); As Aves, em que descreve o fantástico reino dos pássaros, que dois atenienses dirigem e que, na forma como agem, conseguem suplantar os deuses ( 2º lugar nas Dionísias); Lisístrata, obra especialmente alegre, em que as mulheres de Atenas, dado que os seus maridos não acabam com a guerra, resolvem fazer uma greve sexual (1º lugar nas Dionísias); Mulheres Que Celebram as Tesmofórias, paródia das obras de Eurípides (1º lugar nas Dionísias); e As Rãs, novo ataque contra Eurípides (1º lugar nas Dionísias). Para sublinhar mais esta excelência entre os gregos, é bom citar que a comédia As Rãs foi tão bem recebida pelo público que teve a sua reapresentação pedida pela platéia. Na época, a reapresentação de uma peça era privilégio da tragédia.
Do acervo de 40 peças de Aristófanes, somente 11 peças nos restaram.Restaram também numerosos fragmentos de suas outras comédias, que permitiram reconstituir, ao menos em parte, o argumento de algumas delas. Embora toda sua vida intelectual tenha transcorrido em Atenas, apresentou certa vez uma de suas peças no teatro de Elêusis.
Sófocles
Nasceu em Colono, perto de Atenas em 495 a.C. Viveu sempre em Atenas e lá morreu, nonagenário, entre 406 a.C. e 405 a.C. Sófocles era de família abastada, porém não era aristocrática.
O mais bem sucedido autor de tragédias da Grécia, estreou nas Dionísias Urbanas em 468 a.C., no século de Péricles, com a tragédia Triptolemos, concorrendo com Ésquilo (venerado pelos atenienses) e recebendo o primeiro prêmio aos 28 anos de idade.
Venceu os concursos 18 ou 24 vezes, e nunca obteve menos que o segundo lugar. Foi ele quem obteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas e homenageado como o maior dos poetas trágicos. Consta que Sófocles teve intensa vida política em Atenas.
Segundo a tradição, liderou o coro de jovens que celebrou a vitória de Salamina e, graças ao seu prestígio, foi tesoureiro da Liga de Delos em 443 a.C., estrátego em 441a.C. (ao lado de Péricles) e por volta de 428 a.C. (na época de Nícias).
Em 413 a.C., após o desastre da Sicília, foi um dos dez próbulos que governaram provisoriamente a cidade. Era devoto de Asclépio e, enquanto o asclepieion de Atenas era construído, a estátua do deus ficou acomodada em sua casa.
Era bem apessoado e afável; consta que foi amigo de Péricles e de Heródoto e que Íofon, seu filho, e Áriston, seu neto, foram tragediógrafos de renome. Diz-se que alguns meses antes de sua morte, ao saber que Eurípides morrera, vestiu o coro de preto e, em lágrimas, deu ao público a notícia.
Os testemunhos antigos atribuem-lhe cerca de 120 tragédias e dramas satíricos, dos quais cerca de 18 eram tetralogias, um hino a Apolo e alguns poemas. Somente sete tragédias chegaram até nós: Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona, Electra, Ajax, As Traquinias, Filoctetes. Os enredos de todas as tragédias provêm da mitologia grega; o drama satírico Cães de Caça foi inspirado em um antigo hino a Apolo tradicionalmente atribuído a Homero.
Das tragédias sobreviventes, as cinco mais antigas não podem ser datadas com precisão. Ájax e As Traquinianas foram apresentadas em algum momento entre 450 a.C. e 430 a.C.; Antígona, possivelmente, em 442 a.C.; Édipo Tirano (mais conhecida pela tradução incorreta, Édipo Rei) entre 429 a.C. e 425 a.C., Electra entre 420 a.C. e 410 a.C.
A tragédia Édipo em Colono foi encenada por seu neto Áriston e apresentada postumamente. De um drama satírico intitulado Os Cães de Caça, de data incerta, temos cerca de 400 versos. Sófocles inovou a construção e a técnica teatrais de seu tempo: aos dois atores usados por Ésquilo acrescentou um terceiro, recurso utilizado posteriormente por Ésquilo na Orestia, e aumentou ainda mais os diálogos dos personagens e reduziu as falas do coro, embora tenha elevado o número de seus componentes. O Coro atua como um personagem coletivo, dialogando com o protagonista.
Em sua época as tetralogias não eram mais compostas de tragédias interligadas, e os enredos tornaram-se mais complexos. Alguns eruditos sustentam mesmo que, com Sófocles, a tragédia grega atingiu a perfeição. O grande filósofo Aristóteles afirma que, Édipo Rei, é a tragédia mais perfeita já escrita, modelo para todas as outras.
Fonte: Universidade de Pernambuco – UPE
Teatro Grego
O teatro grego atingiu todo o seu esplendor durante o período que vai do século V a.C. ao século IV a.C. Esse período também é conhecido como o Século de Ouro, porque foi durante esse intervalo de tempo que a cultura grega atingiu o seu apogeu. A cidade de Atenas foi o centro dessas manifestações e reuniu autores e intelectuais de toda a Grécia. O teatro grego pode ser dividido em três partes: Tragédia, Comédia antiga, e Comédia nova.
Ruínas do teatro grego em Epidauro
Tragédia
Tragédia é a expressão desesperada do homem, que luta contra todas as adversidades, mas não consegue evitar a desgraça. Ela é um gênero característico da Atenas clássica, fundamentada na temática mitológica. Sua raiz está nas festas dionisíacas, consagradas a Dionisio, deus do vinho.
As Dionisíacas eram três:
As Dionisíacas Urbanas
Consideradas as mais importantes de todas, eram realizadas nas primaveras e duravam sete dias;
As Leneanas
Realizadas nas montanhas durante o inverno;
As Dionisíacas Rurais
Realizadas também no inverno no fim do mês de dezembro.
Nessa época, os grandes autores e atores tinham um grande destaque social. Muitos deles eram sustentados pelas cidades em que viviam. Durante o Festival Dionisíaco ou Dionisíacas eles apresentavam três tragédias, seguidas de uma peça satírica.
Essas obras eram julgadas por cidadãos escolhidos entre as famílias aristocráticas e por pessoas que ocupavam um lugar de destaque na sociedade ateniense. Pertencer ao júri da tragédia era uma espécie de distinção. Os grandes autores trágicos foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.
Comédia Antiga
A origem da Comédia é a mesma da tragédia, ou seja, às festas dionísiacas, consagradas ao deus Dionisio. A palavra comédia vem do grego Komoidía e sua origem etimológica, Komos, remete ao sentido de procissão. Nessa época havia na Grécia dois tipos de procissão denominadas Komoi: na primeira os jovens saiam às ruas, fantasiados de animais, batendo de porta em porta pedindo prendas. Nessa Komoi era comum zombar dos habitantes da cidade; já no segundo tipo de procissão, era celebrado a fertilidade da natureza. Essa Komoi escoltava uma escultura, que representava um pênis.
Durante essa procissão os participantes trocavam palavras grosseiras entre si. Esses palavrões, por conterem conotações religiosas, não eram considerados uma ofensa. Eles eram uma forma de desejar ao próximo fertilidade e fartura.
Acredita-se que essas procissões aconteciam porque a Grécia tinha grandes problemas com a fertilidade da terra também com a das mulheres. Existe ainda uma outra possível origem para a comédia. Segundo Aristóteles ela originou-se nos cantos fálicos.
Nesses cantos uma prostituta liderava um cordão e os demais participantes cantavam obscenidades, porém, a primeira definição parece ser a mais concreta. Acredita-se que a comédia, apesar de também ser representada nas festas dionísiacas, era considerada um gênero literário menor, se comparada a tragédia. Isso se dá porque o júri que apreciava a tragédia era nobre, enquanto que o júri da comédia era simplesmente escolhido entre as pessoas que faziam parte da platéia.
A encenação da Comédia Antiga era dividida em duas partes com um intervalo. Na primeira, chamada agón, prevalecia um duelo verbal entre o protagonista e o coro. Depois dessa parte, havia o intervalo, parábase, no qual o coro retirava ás máscaras e falava diretamente com o público.
O objetivo da parábase era definir uma conclusão para a primeira parte. Depois do intervalo vinha a segunda parte da comédia. Seu objetivo era esclarecer os problemas que surgiram no agón.
A Comédia Antiga, por fazer alusões jocosas aos mortos, satirizar personalidades vivas e até mesmo os deuses, teve sempre a sua existência muito ligada à democracia. A rendição de Atenas na Guerra de Peloponeso no ano de 404 a.C. levou consigo a democracia e, consequentemente, pôs fim a Comédia Antiga. O autor que mais se destacou nesse período foi Aristófanes. Outros nomes, como os de Magnes, Cratino Crates etc., são conhecidos apenas por referências em textos e fragmentos de peças.
A Comédia Nova
Após a capitulação de Atenas frente à Esparta surge a Comédia Nova, que iniciou-se no fim do século IV e durou até o começo do século III. Nesse período a mentalidade dos gregos mudou muito. Eles já não tinham o ideal guerreiro e patriótico do século anterior e, por causa da derrota na guerra de Peloponeso, voltaram-se para o lar.
A Comédia Nova e a Comédia Antiga possuem muitas diferenças. Na Comédia Nova o coro já não é um elemento atuante, sua participação fica resumida à coreografia dos momentos de pausa da ação. Na Comédia Nova a política já quase não é discutida.
O seu tema são as relações humanas, como por exemplo as intrigas amorosas. Na Comédia Nova não temos mais as sátiras violentas, ela é mais realista e procura, utilizando uma linguagem bem comportada, estudar as emoções do ser humano.
Até meados do século XX a Comédia Nova só era conhecida pelas imitações latinas (Plauto e Terêncio). No entanto, algumas descobertas “papirológicas” resgataram a arte de Menandro. Sabe-se ainda que existiram os autores Filémone e Difilo, porém, não existem indícios da existência de suas obras.
Ésquilo
Ésquilo, o primeiro grande autor trágico, nasceu em Elêusis no ano de 525 a.C., participou da batalha de Maratona no ano de 490 a.C. e, por muitas vezes, esteve na Sicília, onde morreu no ano de 456 a.C. Ésquilo acreditava que o Autor era, antes de tudo um educador.
Ele acreditava que se os atores sofressem em cena, isso despertaria os sentimentos de terror e piedade dos espectadores porporcionando-lhes o alívio ou purgação desses sentimentos. Ocorreria assim a purificação das paixões – Catarse.
Ésquilo, o primeiro autor a introduzir um segundo ator nas representações, escreveu mais de oitenta obras dentre as quais destacam-se Os persas(472), Os sete contra Tebas(467), As suplicantes (acredita-se que seja de 463), Prometeu acorrentado (de data desconhecida e autenticidade duvidosa) e as três peças da Oréstia (458): Agamenon, As coéoras e As eumênides.
Durante muito tempo acreditou-se que as trilogias ou tetralogias articuladas, ou seja, três tragédias de uma mesma lenda seguidas de um drama satírico, existiram desde a origem do teatro. Essa teoria começou a ser questionada a partir do momento em que As suplicantes não foram mais consideradas como a mais antiga obra de Ésquilo.
Por isso, alguns estudiosos acreditam que foi Ésquilo quem instituiu as trilogias ou tetralogias articuladas. A única trilogia completa de Ésquilo que conhecemos é a Oréstia. Por meio dela pode-se tentar compreender um pouco o pensamento desse autor, sobretudo porque ela foi escrita pouco antes de sua morte.
Sófocles
Sófocles (496 a 405 a.C.) nasceu em Epidauro e, além de exercer uma brilhante carreira dramática, dedicou parte de sua vida às atividades atléticas, à música, à política, ao militarismo e, por fim, à vida religiosa (foi sacerdote do herói-curador Amino, e, nessa condição, contribuiu para a introdução do culto de Asclépio na Ática.
Sófocles, considerado o continuador da obra de Ésquilo, concentrava em suas obras a ação em um só personagem destacando o seu caráter e os traços de sua personalidade.
Ele sempre se preocupou em descobrir uma solução mais profunda para os problemas que as peças anteriores não resolviam por completo. Sófocles, que segundo Aristóteles mostrava o homem como ele deveria ser, escreveu várias peças dentre as quais destacam-se Filoctetes(409), Édipo em Colona (401), Édipo Rei, que, segundo Freud representa o “drama de todos nós”, Antígona, Traquinianas, Os investigadores e Ajax.
Fonte: www.mundocultural.com.br
Teatro Grego
O ENIGMA DAS MÁSCARAS
De utensílios ritualísticos à psicologia moderna, a história das máscaras está ligada à própria história do homem
Carnaval hoje é sinônimo de pouca roupa, gente bonita e muito barulho. No Nordeste, especialmente na Bahia, a festa fica por conta dos blocos e o traje oficial é o abadá. Já no Sudeste, influenciado pelo carnaval carioca, ocorre o tradicional desfile de escolas de samba que, apesar de ainda preservar alguns elementos dos antigos carnavais, deixou de ser uma festa popular há muito tempo para se tornar evento comercial no calendário turístico do país.
Capitano e Pantalone: personagens da commedia dell’arte italiana, a origem dos bailes carnavalescos
Até a década de 1950, contudo, eram nos bailes à fantasia onde se encontravam os foliões. O costume de se mascarar no carnaval se acentuou no Brasil em meados do século XIX, mas a tradição não é tupiniquim. Os bailes de máscara surgiram na Renascença Italiana, no século XIV, influenciados pela popular Commedia Dell’Arte . Foram os personagens deste gênero teatral, como o Arlequim e a Colombina, que serviram de inspiração para as máscaras carnavalescas que conhecemos.
O uso da máscara como elemento cênico surgiu no teatro grego, por volta do século V a.C. O símbolo do teatro é uma alusão aos dois principais gêneros da época: a tragédia e a comédia. A primeira tratava de temas referentes à natureza humana, bem como o controle dos deuses sobre o destino dos homens, enquanto a última funcionava como um instrumento de crítica à política e sociedade atenienses.
Durante um espetáculo, os atores trocavam de máscara inúmeras vezes, cada uma delas representava uma emoção ou um estado do personagem.
No Japão do século XIV, nasceu o teatro Nô, que também utilizou a máscara como parte da indumentária. Um dos objetivos era não revelar para a platéia as características individuais dos atores. Como as mulheres eram proibidas de atuar, as máscaras femininas eram usadas pelos homens, assim como as infantis.
Atualmente, em pleno século XXI, as máscaras ainda são objeto de estudo e trabalho de diversas companhias teatrais em todo o mundo. Aqui no Brasil, o Grupo Teatral Moitará trabalha há 17 anos com a linguagem da máscara teatral e é coordenado pelos artistas e pesquisadores Venício Fonseca e Érika Rettl. O nosso propósito é pesquisar a Máscara enquanto linguagem, sendo ela um instrumento fundamental para o treinamento do ator e desenvolvimento de um teatro essencial. Neste estudo que realizamos, o que mais nos interessa é revelar o que temos de verdadeiro e humano, demolindo os preconceitos para assim compartilhar com o público uma relação plena em sua potencialidade de vida , diz Venício.
O grupo trabalha com o conceito de máscara teatral e explica que, para ela ganhar vida, é necessário que o ator se desfaça de sua máscara cotidiana . Diferente da máscara cotidiana que busca ocultar e proteger, a máscara teatral revela a essência da persona representada, imprimindo uma identidade especial e genuína.
Ao representar com uma máscara, o ator forçosamente entende como elevar o personagem para uma dimensão teatral, para além do cotidiano, então ele compreende o que é um verdadeiro personagem de teatro, inventado da vida e não um personagem da vida.
Assim, quando a Máscara Teatral está viva em cena ela é, em si, o próprio Teatro, pois os princípios básicos que regem sua vida são os alicerces fundamentais da arte teatral. Ela é um arquétipo que propõe ao ator a criação de um estado, com qualidade de energia específica, representando uma natureza que está além do convencional, diz o artista.
Sob o ponto de vista ritualístico, o uso desse objeto é ainda mais antigo. As primeiras máscaras surgiram na pré-história e representavam figuras da natureza. Nas cerimônias religiosas, as tribos indígenas desenhavam uma máscara no próprio rosto, utilizando pigmentos.
Os egípcios tinham o costume de confeccionar máscaras funerárias, para que o morto fosse reconhecido no além. Uma das mais famosas é a do faraó Tutankhamon, que data do século XII a.C e se encontra atualmente exposta no Museu do Cairo. A máscara acompanha a história da humanidade desde os primórdios.
Quando o homem primitivo ia caçar se mascarava para poder se aproximar de sua caça ou para ganhar poder sob sua presa. Ela era utilizada, também, para se aproximar dos deuses e das forças da natureza. A máscara sempre esteve ligada a uma necessidade vital e comunitária, explica Venício que, além de ator e diretor, também trabalha na confecção de máscaras teatrais.
FETICHE
Em um conto intitulado O Estratagema do Amor, Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade, narra a trajetória da jovem libertina Augustine de VilleBranche e de um rapaz enamorado que resolve conquistá-la. O encontro dos dois ocorre em um baile de máscaras carnavalesco, onde a Menina de VilleBranche se veste de homem e o jovem Franville disfarça-se de mulher.
Do século XVIII até hoje, o conceito de proibido vem se tornando cada vez mais distante. Vivemos numa época em que as lojas de produtos eróticos não necessariamente se encontram em pontos isolados. As sex shops podem ser vistas em locais públicos e os clientes, cada vez mais jovens, não se sentem mais tão constrangidos como antigamente. As máscaras, se vistas dessa forma, são sem dúvida um fetiche. Nada mais sadista do que a Tiazinha (vocês lembram dela, não?).
Fetiche que vai além de quatro paredes, a máscara faz parte da nossa cultura. Os super-heróis, ícones do inconsciente coletivo da sociedade, sempre andam disfarçados. O propósito deles talvez seja mais nobre que o da Menina de VilleBrache. Enquanto a jovem Augustine apenas ia procurar aventuras, os super-heróis têm a missão de salvar os inocentes. Não poderiam, portanto, arriscar sua identidade e comprometer uma causa maior.
Outro personagem clássico no universo das máscaras é o Fantasma da Ópera, do musical homônimo de Andrew Lloyd Webber. O protagonista é um compositor de rosto desfigurado que vive enclausurado no subsolo de um teatro de Paris e se apaixona pela jovem de voz promissora Christine Daae. Será que a história teria a mesma graça sem a máscara que, diga-se de passagem, é a logomarca do musical?
Pulando para as comédias, não poderia deixar de citar O Máskara . Dos quadrinhos para as telonas, o personagem Stanley Ipkiss colocou o comediante Jim Carrey no estrelato e ainda lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator de comédia. O filme mostra o que acontece com bancário Ipkiss ao colocar a máscara do deus escandinavo Loki. De tímido e desajeitado, ele passa a fazer tudo o que antes não tinha coragem, além de ganhar poderes sobre-humanos.
A MÁSCARA COTIDIANA
Na vida real, fora do universo dos rituais, bem longe dos bailes de carnaval, dos palcos e do cinema, também nos mascaramos. A palavra personalidade vem do grego persona , que significa máscara. Na psicologia existem diversos estudos sobre a personalidade humana e uma das principais é a do suíço Carl Gustav Jung, que sugere a existência de oito tipos de personalidade.
Outro estudo que vem chamando a atenção é o Eneagrama . O conhecimento tem aproximadamente 4.500 anos e sua origem é desconhecida. A teoria divide em nove as máscaras, ou personalidades, humanas. De acordo ela, a personalidade funciona como uma máscara invisível, uma casca que criamos para nos adaptarmos ao meio social. Para despir a máscara, é preciso contrariar os hábitos, vícios e paixões que cada tipo de personalidade adquire desde a primeira infância.
Algo que não é nada fácil. Mas uma das funções desse estudo é exatamente a de nos dizer qual é o número da caixa onde nos empacotamos para que possamos sair da prisão da mecanicidade e despertar o nosso verdadeiro ser, que é consciente e não mecânico , explica o estudioso em Eneagrama Mário Margutti.
Além de ser um instrumento de auto-conhecimento, o estudo das máscaras cotidianas também serve como fonte para a criação teatral. Quando se conhece bem os nove tipos básicos de personalidade do ser humano, temos um manancial de informações que pode ser transposto com facilidade para o trabalho de construção ou interpretação de personagens, além de ser um apoio para o improviso , afirma Margutti.
Para a antropóloga e pesquisadora Zuleica Dantas, o ato se mascarar é uma forma de se ir de encontro à moralidade estabelecida pela sociedade sem comprometimento do reconhecimento . Trata-se de uma necessidade de proteção, privacidade ou talvez da tentativa de ver, reconhecer, ouvir sem ser reconhecido, diz. O mundo é capitalista, competitivo.
Devemos nos mostrar fortes, inteligentes, bonitos, bem sucedidos. Se expressarmos nossos sentimentos abertamente nos fragilizamos , completa. Desde que o primeiro homem das cavernas resolveu cobrir o rosto, as coisas jamais foram as mesmas.
O fato é que, ao contrário dos outros animais, nem sempre podemos manifestar nossos sentimentos, o que acaba por tornar a máscara útil para a convivência. Mas nem os super-heróis resistem ao anonimato. Assim como nos bailes de carnaval, sempre há o momento em que as máscaras caem. Cedo ou tarde, nossas verdades serão reveladas e nossos verdadeiros rostos serão mostrados. Resta saber de quem será a iniciativa.
Natália Klein
Fonte: www.rabisco.com.br
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