Roma Antiga

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Roma Antiga – Definição

Alguns dizem que a cidade de Roma foi fundada no Monte Palatino por Rômulo, filho de Marte, o deus da guerra.

Outros dizem que Enéias e alguns de seus seguidores escaparam da queda de Tróia e estabeleceram a cidade. Independentemente de qual dos muitos mitos se prefira, ninguém pode duvidar do impacto da Roma Antiga na civilização ocidental. Um povo conhecido por suas instituições militares, políticas e sociais, os antigos romanos conquistaram vastas extensões de terra na Europa e no norte da África, construíram estradas e aquedutos e espalharam o latim, sua língua, por toda parte.

Outras lendas afirmam que a cidade recebeu o nome de uma mulher, Roma, que viajou com Enéias e os outros sobreviventes de Tróia após a queda da cidade. Ao pousar nas margens do rio Tibre, Roma e as outras mulheres se opuseram quando os homens quiseram seguir em frente. Ela liderou as mulheres na queima dos navios de Tróia e, assim, efetivamente prendeu os sobreviventes de Tróia no local que mais tarde se tornaria Roma. Enéias de Tróia é apresentado nesta lenda e também, notoriamente, na Eneida de Virgílio, como fundador de Roma e ancestral de Rômulo e Remo, ligando assim Roma à grandeza e poder que já foi Tróia.

Ainda outras teorias sobre o nome da famosa cidade sugerem que ela veio de Rumon, o antigo nome do rio Tibre, e era simplesmente um nome de lugar dado ao pequeno centro comercial estabelecido em suas margens ou que o nome derivou de uma palavra etrusca que poderia ter designado um de seus assentamentos.

Roma Antiga – História

Roma Antiga

Roma localiza-se na região central da península Itálica, às margens do rio Tibre.

Entrando pelo mar Mediterrâneo, a península Itálica situa-se entre a península Balcânica, à direita, e a península Ibérica, à esquerda.

Apresenta a costa leste banhada pelo mar Andriático e costa oeste banhada pelo mar Tirreno. Ao sul, localiza-se o mar Jônio.

O relevo da península Itálica é constituído ao norte pela cordilheira dos Alpes, cuja altitude vai diminuindo em direção ao sul, até a planície do rio Pó. Daí até o extremo sul, na direção norte-sul, estende-se a região montanhosa dos Apeninos, que separa as duas planícies litorâneas paralelas.

Toda essa região, extremamente fértil, sempre permitiu à população local, principalmente das planícies, produzir em seu próprio alimento.

Essa era uma condição indispensável para a sobrevivência dos povos que habitavam o território, pois as montanhas de um lado e o mar de outro provocavam um relativo isolamento de toda a Itália.

Entre os primitivos habitantes da península Itálica encontravam-se, ao norte, os ligures e ao sul, os sículos (ou sicilianos).

A partir de 2000 a.C., povos indo europeus, aparentados com os arianos gregos, deslocaram-se para o centro e para o sul da península.

Esses povos conhecidos como italiotas ou itálicos, formavam vários núcleos de povoação: latinos, samnitas, úmbrios, volscos e sabinos.

Os latinos fixaram-se na planície do Lácio, às margens do rio Tibre, onde praticavam a agricultura e o pastoreio.

Viviam em comunidades primitivas, tendo como chefe o mais velho do grupo: o pater-família.

Na época da colonização pelos latinos, Roma era nada mais que um forte militar, construído para evitar a invasão de povos vizinhos.

A partir do século VIII a.C., enquanto o nível de vida das tribos italiotas era ainda muito rudimentar, os gregos que começaram a colonizar o sul já apresentavam notável desenvolvimento econômico e cultural.

Nessa mesma época chegaram também os etruscos, vindos provavelmente da Ásia Menor, que ocupavam a planície a oeste do Tibre.

Distribuídos em doze cidades, os etruscos formavam uma confederação. A partir de sua área de ocupação inicial, estenderam seus domínios para o sul, até chegar às planícies do Lácio e de Campânia. Ao norte, expandiram-se em direção ao vale do Pó. Ao sul chegaram a competir com os gregos, principalmente depois de se aliarem aos fenícios de Cartago.

Ocupando toda região do Lácio, os etruscos conseguiram dar à cidade de Roma uma nova estrutura. Empregaram novas técnicas, desconhecidas pelos latinos, e fizeram da agricultura a atividade econômica predominante. Desenvolveram também atividades tipicamente urbanas como o comércio e o artesanato, contribuindo para a transformação da aldeia em cidade.

As mudanças econômicas ocorridas em Roma conduziram a transformações na organização social.

Com o surgimento da propriedade privada, a comunidade primitiva teve fim e as famílias ligadas ao páter-família apropriaram-se das melhores terras, formando uma aristocracia de patrícios (palavra cujo significado se aproxima de “pai”, ou pater em latim). Constituindo a camada social dominante, os patrícios eram denominados gentes por estarem agrupados numa única unidade básica, o gens ou clã

Os membros de gens reuniam-se em torno do mesmo chefe e cultuavam o mesmo antepassado.

Essa unidade compreendia os parentes pobres ou clientes e os patrícios agrupavam-se em associações religiosas chamadas cúrias.

Todos os que não pertenciam ao gens eram considerados plebeus. Em geral a camada dos plebeus era formada por estrangeiros, comerciantes, artesãos e pequenos proprietários de terras pouco férteis.

Os plebeus que conseguiram enriquecer, podiam reivindicar a condição de clientes, desde que se colocassem sob a proteção legal de uma família patrícia. Em troca, prestavam determinados serviços e adotavam o mesmo culto religioso da família. Desse modo, conseguiram assegurar seu direito à propriedade perante as leis romanas.

Tais plebeus que enriquecidos compunhas a clientela que, dependendo da família patrícia, poderia tornar-se hereditária.

Havia, ainda, os escravos que, em pequeno número, limitavam-se aos serviços domésticos ou a atender as necessidades pessoais dos patrícios.

O período da monarquia

Durante o século VI a.C., o regime de governo era monárquico e o poder real apresentava caráter divino. O rei acumulava a chefia militar, administrativa, jurídica e religiosa.

Era eleito pelo Senado e governava durante toda vida.

Para governar, apoiava-se em duas instituições: O Senado, um conselho de anciãos composto pelos patrícios mais importantes, e a Assembléia Curiativa, que reunia todos os patrícios adultos, membros das trinta cúrias romanas.

Os patrícios estavam divididos em três tribos e estas em dez cúrias. Cada tribo contribuía para defesa do Estado com cem cavaleiros e dez centúrias (unidade básica do exército romano).

A eleição do rei envolvia um complexo sistema, onde cabia ao Senado selecionar um membro de cada tribo e à Assembléia Curiata escolher um entre os três selecionados para o cargo.

A partir de 625 a.C., Roma passou a ser governada por reis etruscos. O último deles, Tarquínio, o Soberbo, foi deposto e expulso da cidade em 509 a.C., Tarquínio teria se aproximado das classes mais baixas da sociedade, provocando a ira do patriciado. Mas o império etrusco já estava em decadência, principalmente pelos constantes ataques dos gauleses e da forte presença dos gregos na Sicília.

O nascimento da República romana foi uma reação dos patrícios, que procuravam reaver o poder político perdido para os reis etruscos.

A República Romana

A substituição da Monarquia pela República foi um ato reacionário dos patrícios, que afastaram a realeza, cada vez mais comprometida com as classes empobrecidas.

O monopólio do poder voltou às mãos dos patrícios, com as instituições romanas assegurando a manutenção desse poder.

Plebeus e escravos continuaram sem direitos políticos, mas alguns plebeus, enriquecidos com o comércio, chegaram a Ter certos privilégios resultantes de sua condição de clientes. Entretanto, dependiam inteiramente dos benefícios concedidos pelos patrícios.

A base da República romana era o Senado, formado por trezentos patrícios, com a responsabilidade de propor leis.

Os cargos eram vitalícios, abrigando outras funções: garantir a integridade da tradição e da religião, supervisionar as finanças públicas, conduzir a política externa e administrar as províncias.

A presidência do Senado era exercida por magistrado, que o convocava, podendo ser um cônsul, um pretor ou tribuno.

Existiam duas assembléias encarregadas de votar as leis sugeridas pelo Senado. A Assembléia Curiata, que perdeu quase toda sua importância durante a República, e a Assembléia Centuriata, formada pelas centúrias (divisões políticas e militares compostas de cem cidadãos), a quem cabia de fato discutir e votar as propostas.

O poder executivo era exercido pelos magistrado, pertencentes na maioria das vezes à classe dos patrícios. Com exceção do censor, todos os magistrados eram eleitos pela Assembléia Centuriata para um mandato de um ano. Coletivas, as magistraturas exigiam a presença de dois ou mais magistrados para cada cargo.

Os magistrados eram os seguintes:

Cônsules: Detinham o maior poder, equivalente ao dos antigos reis. Eram dois eleitos para o período de um ano. Tinham como atribuições comandar o Exército, convocar o Senado e presidir os cultos. Nos períodos de crise, indicavam um ditador, que exercia o poder de forma absoluta durante o período máximo de seis meses.
Pretores:
 Ministravam a justiça, existindo dois: uma para as cidades, chamado de urbano, e outro para o campo e para estrangeiros, chamado de peregrino.
Censores:
 Sua função era fazer o recenseamento dos cidadãos. Calculavam o nível de riqueza de cada um e vigiavam a conduta moral do povo.
Questores:
 Encarregados de administrar as finanças públicas.

Tribunos da plebe

Surgiram em decorrência das lutas da plebe por seus direitos. Os Tribunos podiam vetar todas as leis contrárias aos interesses dos plebeus, menos em época de guerras ou graves perturbações sociais, quando todas as leis ficavam sob controle exclusivo do ditador. Os tribunos da plebe eram considerados invioláveis em quem os agredisse era condenado à morte.

As lutas de classe na República

A marginalização política da plebe vinha desde os tempos da Monarquia continuando até a República. Como conseqüência, os plebeus sofriam sérias discriminações. Nas guerras, ficavam com os piores despojos; quando se endividavam e não podiam pagar suas dívidas, tornavam-se escravos. Nessa época, as leis não eram escritas, mas orais, baseadas na tradição, o que concedia grandes privilégios ao patriciado devido à sua complexa interpretação.

O monopólio do poder pelos patrícios (que controlavam o Senado, a Assembléia Centuriata e as principais magistraturas), impedindo que os plebeus fossem nomeados cônsules ou censores, levou a sucessivas revoltas.

Na primeira delas, ocorrida em 494 a.C., os plebeus de Roma realizaram a primeira greve da história. Retirando-se para o Monte Sagrado, ameaçaram formar ali uma nova república, deixando a cidade totalmente desprotegida e à mercê de possíveis invasores. Os patrícios foram obrigados a ceder, criando-se então os Tribuno da Plebe, cargo exercido exclusivamente por plebeus para defender os interesses de classe.

Como os tribunos eram eleitos pelas Assembléias Centuriatas, onde os patrícios tinham maioria absoluta de votos, a ação dos Tribunos da Plebe ficou bastante limitada. Por isso os plebeus continuaram a lutar e, em 471 a.C., foi criada a Assembléia da Plebe, composta exclusivamente por membros das camadas inferiores para escolher seus próprios tribunos.

Como não havia nenhuma legislação escrita que garantisse os direitos dos plebeus, estes novamente se revoltaram em 450 a.C.,

Desta vez, o resultado da revolta foi a criação dos decênviros com a finalidade de redigir novas leis que, prontas, receberam o nome de Lies das Doze Tábuas:

Mas, quando a Lei das Doze Tábuas ficou pronta, os plebeus perceberam que a situação anterior pouco havia mudado. Entre as proibições mantidas, continuava vetado o casamento entre patrícios e plebeus, cuja finalidade era preservar a pureza do sangue patrício e, portanto, fixar seu direito exclusivo ao poder. Certos de que com os casamentos mistos poderiam quebrar a hegemonia patrícia, os plebeus passaram a exigir o fim dessa lei, o que foi atendido através da instituição da Lei Canuléia. Mas seu efeito ficou bastante reduzido, já que só beneficiou apenas os plebeus ricos.

Os plebeus revoltaram-se pela última vez em 247 a.C., quando retornaram para o Monte Sagrado. Dessa vez, os patrícios concordaram que as leis votadas para a plebe na sua Assembléia tivesses validade para todo Estado. Essas decisões foram chamadas plebiscito, o que significa “a plebe aceita”.

Embora os progressos entre a primeira e a última revolta tivesses sido grandes, essa leis, na prática, continuaram a beneficiar apenas os plebeus ricos, principalmente os comerciantes, que, por casamento, podiam almejar os melhores cargos da República. A exploração dos pobres, no entanto, continuou, não havendo a mínima condição de alcançarem o poder.

Apesar disso, por volta do século III A.C., a República de Roma se caracterizava pelo equilíbrio de poder entre as classes, o que, no fundo, escondia o fato de que havia um Estado Patrício e um Estado Plebeu.

O Imperialismo Romano

República romana foi marcada por conquistas que expandiram seu domínio por toda a bacia do Mediterrâneo.

Em Roma, escravos e terras constituíam riqueza, e a forma de os grandes proprietários e comerciantes romanos conseguí-los era por meio de guerras e conquistas. Assim, o imperialismo romano manifestou-se como uma política de conquista de novos territórios, para aumentar a mão-de-obra escrava e atender aos interesses dos grandes proprietários de terras e de escravos.

A conquista da Itália

Os romanos levaram 230 anos para conquistar toda Itália.

As primeiras guerras tiveram um caráter diferente: a prosperidade de Roma atraía a cobiça dos vizinhos e, para defender-se, os romanos acabavam ocupando novos territórios.

Nessa fase inicial foram vencidos os volscos e sabinos; as cidades latinas foram tomadas em 338 a.C..

No outro lado do rio Tibre estavam os etruscos, dominadores dos romano durante vários séculos. Cinqüenta anos depois da conquista das cidades latinas, os romanos anexaram toda a Etrúria Meridional. Entretanto, a expansão romana pelo continente foi interrompida pelos gauleses, que chegaram a saquear Roma.

Após a saída dos gauleses, que ainda eram seminômades, os romanos continuaram sua campanha.

O passo seguinte foi a conquista da fértil planície de Campânia. Mas a presença romana ao sul da península alertou os gregos da Magna Grécia, principalmente Tarento, que pediram ajuda a Pirro, rei do Epiro, e seu exército de mercenários e elefantes.

A derrota de Pirro e seus aliados abriu aos romanos a possibilidade de conquistar toda Itália, o que foi confirmado com a anexação da Etrúria, em 265 a.C., e a vitória sobre os gauleses da costa do Andriático.

Os territórios conquistados pelos romanos na Itália não apresentavam uma organização uniforme. Havia uma imensa variedade de culturas e sistemas de governo, e em toda parte os romanos procuravam manter os vencidos unidos numa confederação. Tentavam, assim, estabelecer uma ligação permanente entre o Estado romano e o resto da Itália. Além disso, adotaram uma hábil política diplomática, concedendo o direito de cidadania a muitos povos conquistados.

A construção de um sistema de estradas também permitiu o rápido deslocamento e a presença do seu forte exército em qualquer parte da Itália.

Roma contra Cartago: as guerras púnicas

Cartago, colônia fundada pelos fenícios no século VIII a.C., era grande rival de Roma na região do Mediterrâneo Ocidental. Os mercadores cartagineses dominavam o comércio, transformando Cartago num grande entreposto, que contava com uma poderosa força naval e um exército composto de mercenários.

Primeira Guerra Púnica: Os cartagineses ocupavam parte da Sicília. Aproveitando-se de uma disputa que envolveu piratas italiotas e habitantes cartagineses da Sicília, Roma entrou em guerra contra Cartago em 264 a.C. Depois de várias lutas, que duraram 23 anos, Roma venceu a batalha decisiva, realizada na ilha de Égales. Lideradas por Amílcar Barca, as forças cartaginesas tiveram que pagar um pesado tributo aos vencedores e entregar a Roma as ilhas da Sicília, da Córsega e da Sardenha.

Segunda Guerra Púnica: Para compensar as perdas no mar Tirreno, Cartago passou a explorar intensamente as minas de prata da Espanha. Era uma forma de conseguir recursos para a desforra. Na tentativa de evitar novas guerras, uma delegação romana chegou a ser enviada a Cartago, com o objetivo de delimitar as áreas de influência dos dois contendores. Mas a iniciativa não obteve êxito e, em 216 a.C., Aníbal Barca, filho de Amílcar, partiu de Cartago com uma formidável força de sessenta mil homens, mais de dez mil cavalos e grande número de elefantes.

O Exército cartaginês rumou na direção norte e, depois de atravessar os Alpes, derrotou os romanos, conseguindo chegar perto de Roma. Entretando, a rebelião das cidades gregas contra a Macedônia privou Aníbal de um precioso aliado. Aos poucos, o Exército romano foi reconquistando posições até que, na Batalha de Zama. em 202 a.C., os cartagineses foram finalmente vencidos.

O resultado da guerra foi doloroso para os cartagineses: perderam a Espanha e o resto da Península Ibérica e tiveram que entregar sua esquadra naval aos romanos.

Terceira Guerra Púnica: Na terceira e última guerra (150-146 a.C.), um exército de oitenta mil homens, liderados pelo general Cipião Emiliano, foi enviado à África e reduziu Cartago a uma simples província. A cidade foi totalmente destruída, seus quarenta mil habitantes escravizados e as terras conquistadas divididas entre os invasores. Assim, Roma completou seu domínio sobre todo o Mediterrâneo Ocidental.

A conquista do Mediterrâneo Oriental

Como a Macedônia auxiliara os cartaginesess em sua luta contra Roma durante a Segunda Guerra Púnica, os romanos decidiram intervir na Macedônia e em todo Oriente Médio. Assim, em pouco mais de trinta anos foram respectivamente ocupadas a Macedônia, a Grécia, a Síria e a Palestina. O Egito foi o último império Mediterrâneo a ser conquistado, sendo ocupado pelas tropas romanas em 30 a.C. Finalmente, com as vitórias dos exércitos de Júlio César nas campanhas da Gália, completou-se o quadro de conquistas romanas na fase da República.

Roma passou a dominar toda bacia do Mediterrâneo. Estabeleceu sua própria administração nas regiões conquistadas e em cada província colocou um governador (procônsul), designado para o cargo por um ano mas que, na maioria das vezes, permanecia durante vários anos. O poder do procônsul era absoluto, exercendo tanto funções militares como civis.

Roma, respeitava as instituições e os costumes locais, e o tratamento dispensado a cada província variava muito. Em geral, limitava-se a tomar escravos e a cobrar impostos.

Consequências do imperialismo

O domínio na bacia do Mediterrâneo resultou em grandes transformações econômicas, sociais e políticas, que conduziram à crise e ao fim da República, formando-se o Império.

A economia romana passou a se fundamentar na venda de escravos capturados entre os povos vencidos e na cobrança de tributos das regiões conquistadas.

Um dos reflexos dessa mudança foi a formação de uma classe de ricos comerciantes, os cavaleiros.

O trabalho escravo passou a ocupar todas as atividades profissionais, sobretudo nas grandes propriedades, que chegavam a atingir a extensão de 80.000 hectares. Entretanto, na Grécia, durante o período clássico, o escravismo coincidiu com a estabilização da pequena propriedade e a formação de um grupo de cidadãos composto principalmente por pequenos proprietários, em Roma o resultado foi o latifúndio e o domínio de uma poderosa aristocracia.

Com o progresso econômico resultante do imperialismo ocorre o surgimento de uma nova classe social, a dos homens novos ou cavaleiros. Eram antigos plebeus que possuíam algum capital e que, aplicando-o em atividades rendosas — cobrança de impostos, fornecimento de víveres para o exército durante as campanhas militares, arrendamento da exploração de minas e florestas pertencentes ao poder público, construção de pontes, estradas, etc. — obtinham grandes lucros, tornando-se imensamente ricos.

Porém, a classe plebéia, sustentáculo do exército, tendia a desaparecer.

A agricultura em grande escala exigia cada vez mais capital e tanto o escravo quanto os pequenos proprietários estavam sendo totalmente arruinados. Como o trabalho livre praticamente não existia (a maioria das tarefas era executada pelos escravos), os plebeus proletarizados, cada vez em maior número passaram a viver em torno de Roma com o pão e o circo fornecido pelo Estado.

Essas mudanças, resultantes da exploração imperialista, abriram um novo quadro em Roma, marcado por violentas lutas políticas e sociais. Inicialmente ocorreram conflitos entre patrícios e plebeus e, depois, entre patrícios e cavaleiros, que reivindicavam o direito de ocupar cargos na magistratura e no Senado, pois isso lhes aumentaria o poder econômico.

Essas lutas iriam destruir as bases da República romana e formar o Império.

A Crise da República

A plebe proletarizada tinha seus tribunos no Senado para defender seus interesses. O tribuno Tibério Graco propôs, em 133 a.C., a Lei Agrária, destinada a realizar em Roma a redistribuição de terras inativas (não cultivadas) entre os plebeus desempregados.

De origem nobre e rica, Tibério Graco teve educação esmerada, sendo influenciado pela cultura grega. Seu modelo de conduta era a democracia ateniense, principalmente os ensinamentos de Péricles.

Como tribuno da plebe, retomou antigas leis, que nunca haviam sido postas em prática, referentes ao uso de terras públicas por particulares. Propôs um limite à propriedade de 125 hectares.

As que ultrapassassem esse número, voltariam ao Estado e seriam redistribuídas aos mais pobres. Uma comissão agrária composta por três membros faria o cadastramento.

A reforma agrária não interessava aos patrícios proprietários de terras, que começaram a boicotar as propostas de Tibério Graco. Com fim do mandato, o tribuno candidatou-se novamente (o que não era permitido por lei). Mas apesar de sua vitória na reeleição, sem i apoio dos camponeses presos à terra e da plebe urbana desinteressada, tornou-se presa fácil dos inimigos.

Cercado no Capitólio por senadores em membros do partido dos nobres, Tibério foi massacrado junto com trezentos partidários.

A semente da revolta plebéia brotou novamente com Caio Graco, irmão de Tibério, em 123 a.C.

Caio Graco reivindicou melhores condições de vida para a plebe e conseguiu que o Senado aprovasse a Lei Frumentária, que distribuía pão à plebe.

Mais Caio Graco pretendia radicalizar o movimento, conseguindo terras para plebe. Os cavaleiros, que também eram proprietários, retiraram o apoio a Caio, impedindo assim a sua reeleição como tribuno.

Tentando impor sua proposta pela força o movimento foi reprimido e os principais discípulos de Caio decapitados. Caio pediu a um escravo que o matasse.

O movimento dos plebeus, liderado pelos irmãos Graco, não alcançou seu objetivos. O proletariado romano, sustentado pelo Estado, relutou em apoiar o movimento, prejudicando também a união entre patrícios e cavaleiros.

A luta entre patrícios e plebeus

A aliança entre cavaleiros e patrícios era frágil, principalmente porque existia, entre eles uma incansável luta pelo poder.

Depois da morte dos irmãos Graco, a plebe, órfã de liderança política, aliou-se ao Partido Democrata, formado por ricos comerciantes — os cavaleiros —, que lutavam para tirar o poder dos patrícios.

Os patrícios, por sua vez, eram incapazes de resolver os graves problemas que ameaçavam a República. Enquanto isso, generais vitoriosos em inúmeras batalhas alcançavam enorme popularidade e usavam seu prestígio para fazer carreira política.

Mário era um exemplo desse novo homem político, depois de vencer muitas batalhas na África, aliou-se a facção radical do Partido Democrata, o Partido Popular, elegendo-se ilegalmente cônsul por seis vezes consecutivas (105-100 a.C.). Devido a sua origem plebéia, Mário era destacado pelo Senado. Mas sua popularidade cresceu ainda mais depois da vitória sobre os teutões.

Sila, grande rival de Mário e seu subalterno na África, tornou-se famoso quando, a serviço dos patrícios, reprimiu com violência as guerras sociais que eclodiam em toda Itália.

Da rivalidade entre os dois resultou uma violenta guerra civil que só terminaria com a morte de Mário em 86 a.C. Com o apoio do Senado, Sila alcançou um poder quase absoluto. Entretanto, o Domínio de Sila durou pouco. Depois de derrotar os últimos partidários de Mário, abandonou a vida pública.

Com a perda de expressão política e econômica dos patrícios, desenvolveu-se um novo período de lutas, solucionado com um acordo entre as classes dominantes.

Esse acordo permitiu a formação do primeiro triunvirato, em 60 a.C.., composto por Crasso, rico cavaleiro, Pompeu representante dos patrícios, e Caio Júlio César político de origem nobre mas com enorme prestígio entre a população pobre.

As guerras que envolveram Roma, desde Sila a Mário, demonstraram que a República dos patrícios chegava ao fim e que lhe surgiam novos instrumentos do poder, como a plebe urbana e o exército profissional.

Dos triunviratos à formação do Império

As forças adversas e a morte de Crasso na luta contra os partas (53 a.C.) conseguiram derrubar o precário equilíbrio do primeiro triunvirato. Sob o pretexto de reprimir os grupos armados, formados por exércitos particulares que espalhavam o terror em Roma, o Senado nomeou Pompeu cônsul, com a missão de restabelecer a ordem.

Para evitar uma nova crise de poder, Júlio César propôs que todos os exércitos particulares fossem desmobilizados. Além de recusar a proposta, o Senado exigiu que ele próprio desmobilizasse suas tropas e abandonasse seus títulos.

No entanto, ao conquistar a Gália, importante fonte de fornecimento de escravos, César ganhou forte simpatia dos cavaleiros, assim como do proletariado protegido pela política do pão e circo.

Sentindo-se suficientemente forte para enfrentar Pompeu e o Senado, César, auxiliado por suas tropas da Gália, cruzou o rio Rubicão e invadiu a Itália. Após o assassinato de Pompeu, no Egito, César instaurou a ditadura.

Como ditador, César limitou o poder do Senado, acumulou cargos e restringiu a influência do patriciado. Armado de poder quase absoluto, iniciou amplas reformas.

Pôs fim ao longo período de guerra civil e restabeleceu a paz em todo império. Distribuiu terras aos soldados, obrigou os proprietários a empregar homens livres e reformou o calendário romano.

Júlio César pretendia tornar seus poderes hereditários, o que significava o fim do Senado e da República. Isso foi suficiente para que, liderada por Cássio e Bruto a aristocracia conspirasse.

Aproveitando-se de uma visita de César ao Senado, um grupo de senadores aristocratas o assassinou a punhaladas (44 a.C.).

Mas Cássio e Bruto não conseguiram ascender ao poder. Marco Antônio, general e amigo pessoal de César, sublevou o povo de Roma contra os conspiradores, que foram perseguidos e mortos.

Temeroso e seguindo o conselho de Cícero — advogado famoso, defensor do regime republicano e da Constituição — o, Senado entregou o poder a Caio Otávio, sobrinho e herdeiro legítimo de César.

Apesar de Otávio atacar Marco Antônio em Módena, os dois litigantes chegaram a um acordo e, com Lépido, formaram segundo triunvirato. Otávio ficou com as províncias da Sicília e da África; Marco Antônio com a Gália Cisalpina; Lépido com a Gália Harbonesa e Hispânia. Mais tarde, uma nova divisão estabeleceu que Lépido ficava com a África, Marco Antônio com o Oriente e Otávio com o Ocidente.

Em conseqüência da nova divisão do poder e do enfraquecimento dos patrícios, realizou-se um numero expurgo no Senado. Milhares de inimigos foram presos e cassados. Cícero foi um deles. Suas mãos cortadas; depois acabou assassinado por Herênio.

Como ocorreu no primeiro triunvirato, o novo acordo durou pouco. Lépido foi rapidamente afastado e indicado para a anódina função religiosa e sumo-sacerdote. Marco Antônio deixou-se ficar no Oriente, onde acostumou-se com os hábitos e o luxo locais. Essa atitude deu liberdade a Otávio que, depois de fortalecer sua posição em Roma, sob a alegação de que queria criar um império romano no Oriente, atacou Marco Antônio, derrotando-o na Batalha de Ácio. Marco Antônio fugiu com Cleópatra para o Egito, perseguidos pelos exércitos de Otávio. Quando as tropas romanas tomaram Alexandria, Antônio e Cleópatra suicidaram-se (30 a.C.).

Com a vitória no Egito e a posse dos imensos tesouros do faraó, Otávio acumulou uma fortuna que lhe permitiu formar um imenso exército, composto de setenta legiões, e abastecer de trigo a plebe de Roma.

Tendo sob seu controle as principais fontes de poder ( o Exército e a plebe), Otávio procurou disfarçar seu próprio poder, mantendo nas aparências o regime republicano.

Com receio de perder seus privilégios, o Senado cumulou Otávio de títulos: Poder Tribunício (que o tornava sacrossanto e inviolável); Imperador Consular (que lhe confiava o poder supremo do exército em todas as províncias); Pontífice Máximo (que o tornou chefe da religião romana); Princeps Senatus (que lhe dava o direito de governar o Senado); Imperador título reservado aos generais vencedores)e, finalmente, Augusto (título reservado aos deuses). Marcando o início do Império e o final da República, formou-se um regime político caracterizado pelo absolutismo teocrático, muito semelhante aos antigos impérios orientais.

O Alto Império

Ao assumir o Império, Otávio — agora Otávio Augusto –, reforçando a base de poder, passou a Ter um papel mais importante que o do Senado. Entretanto isso, os antigos magistrados passaram a desempenhar funções puramente civis e o Senado a Ter apenas o controle administrativo de Roma.

O Exército estabeleceu armas em todas as províncias, passando também a cobrar impostos — cujo sistema foi totalmente “reorganizado” — e impondo pela força a chamada Pax Romana.

Devido à grande extensão do Império Romano e à variada composição de povos e costumes, havia um clima de permanente instabilidade que cabia ao Exército reprimir.

Augusto estendeu os Domínios de seu Império aos países situados ao sul do rio Danúbio, delimitando novas fronteiras para a região setentrional. No Oriente, anexou a Galácia e a Judéia, estabelecendo também sua soberania sobre os armênios.

No campo administrativo, criou novos impostos sobre as heranças e sobre as vendas para aumentar a arrecadação do Estado. Aperfeiçoou o sistema de justiça e desenvolveu um correio especial, o que lhe permitiu um controle mais eficaz da administração pública.

No campo social, modificou a estrutura da sociedade. Em substituição ao critério de nascimento, que era usado até então para hierarquizar a sociedade, introduziu uma escala econômica, pela qual os cidadãos teriam direitos políticos proporcionais ao bens.

Com a morte de Augusto (14 d.C.), a dinastia Júlio-Claudiana teve continuidade com Tibério, filho adotivo de Augusto e seu herdeiro. Tibério foi um administrador eficiente, mas sua participação na morte do general germânico tornou-o impopular.

Calígula, seu sucessor, com sintomas de desequilíbrio mental, passou a perseguir senadores e tentou criar um estilo oriental de governo. Foi assassinato por um guarda pretoriano em 41 d.C.

Ao assumir o poder no meio de uma conspiração palaciana, Nero (56-68 d.C.), o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana, depois de um início feliz de governo, foi obrigado a renunciar no meio de uma revolta popular (68 d.C.) Nero perdeu seu prestígio após Ter sido acusado de haver provocado o incêndio de Roma. Nesse período, a grande extensão territorial do império dificultava cada vez mais a sua administração, que passava a depender da fidelidade dos generais que controlavam as províncias. Esses, fortalecidos, também começaram a participar ativamente da luta pelo, poder, o que serviu para aumentar a instabilidade em Roma.

Com o fim da dinastia Júlio-Claudiana, três generais – Galba, Otão e Vitélio — assumiram provisoriamente o poder. Vespasiano (68-79 d.C), rico comerciante originário da classe dos cavaleiros italianos e não da aristocracia romana, corou-se imperador e fundou uma nova dinastia, a Flaviana.

No auge do escravismo e da expansão romana, essa nova dinastia representava os senhores donos de escravos. Os imperadores da dinastia Flaviana caracterizaram-se, sobretudo, por serem administradores competentes, que melhoraram as condições gerais do Império. Vespasiano restaurou a paz e as finanças; Tito (79-81 d.C.) foi ótimo governante, mas Domiciano (81-96 d.C.) quis governar como soberano absoluto e foi assassinado numa conspiração palaciana (96 d.C).

O período em que a dinastia dos Antoninos esteve no poder (96-192 d.C) marcou o apogeu de Roma. O Império atingiu sua maior extensão territorial, conheceu grande prosperidade econômica, gozou de paz interna e foi administrado com eficiência.

Entre os imperadores que mais se destacaram nesse período merecem ser lembrados: Trajano (98-117 d.C.); excelente administrador e respeitador das instituições civis e do Senado; Adriano (117-138d.C.), homem pacífico que contribuiu para melhorar o direito romano, e Marco Aurélio (161-180 d.C.) que se destacou pelo grande espírito de justiça.

Com a morte de Cômodo (180-192 d.C.) que se divertia combatendo gladiadores na arena, teve fim a dinastia dos Antoninos. O Império de Roma entrou em gradativa crise e estagnação. Os Severos, substitutos dos Antoninos, procuraram dar um caráter ainda mais oriental ao Império, apoiados na burocracia e no exército. Duraram apenas quarenta anos.

O Baixo Império

A economia de Roma, baseada quase exclusivamente no uso de trabalhadores escravos, passou a ressentir, a partir do século II d.C., com falta desse tipo de mão-de-obra.

O longo período de paz afetou a oferta de escravos (fornecidos principalmente pelas guerras), que não pôde ser devidamente superada com a compra de novos contingentes nas regiões de fronteira.

Como esse tipo de população apresentava um baixo índice de natalidade e crescimento demográfico, o preço dos escravos começou a subir acentuadamente. Em menos de um século, seu preço chegou a representar mais de dez vezes o seu custo inicial. Como era considerada uma mercadoria perecível e de alto risco, tornou-se cada vez mais oneroso para os proprietários rurais fazerem esse tipo de investimento.

Assim, a produção dos grandes latifúndios começou a declinar, caindo também o lucro dos proprietários.

Com menos impostos a receber, em conseqüência da crise econômica, O Estado romano viu-se obrigado a tomar uma série de medidas: deixou de sustentar a plebe urbana (que foi trabalhar no campo) e limitou os gastos com a corte imperial; aumentou também o valor dos impostos (quem não pudesse pagá-los fugiria para o campo) e, finalmente, reduziu os contingentes militares.

Como saída para a crise, os proprietários rurais escolheram um novo sistema de arrendamento. Pelo novo sistema, os trabalhadores sustentavam-se com o próprio trabalho, nos pedaços de terra fornecidos pelos donos.

Em troca, tinham que trabalhar uns dias por semana para o proprietário. Esse tipo de arranjo tornava auto-suficiente a produção de alimentos, mas dificultada a produção de excedentes para o comércio.

Desse modo, foram gradativamente transformados em colonos plebeus da cidade, bárbaros que fugiam das guerras no mundo germânico, pequenos proprietários agrícolas e escravos que conseguiam obter seu pedaço de terra.

A cidade deixou de ser o centro do Império. O núcleo econômico passou a ser a vila, onde os grandes proprietários de terras, em uma ou mais construções protegidas dirigiam a vida econômica, social e militar de toda a propriedade.

Esse processo de ruralização econômica e de descentralização política enfraquecia o império e preparava o surgimento do feudalismo. Por outro lado, à medida que o império se enfraquecia, suas dificuldades aumentavam. Povos bárbaros, na fronteira ocidental como os germânicos e os gauleses, ameaçavam invadir. O mesmo ocorria no Oriente com os persas, berberes e mauritânios.

A partir de 235 d.C., o Império Romano passou a ser governado por imperadores-soldados. Eram comandantes do exército que tinham como prioridade a defesa do território.

Para melhorar a eficiência administrativa do Estado, Dioclessiano introduziu, em 284 d.C., a tertrarquia, sistema pelo qual o Império seria governado ao mesmo tempo por quatro imperadores.

Mas essa forma de governo logo entrou em crise, após a morte de Diocleciano.

Por outro lado, o cristianismo, seita religiosa que começava a se expandir pelo Império, com adesão de plebeus, mulheres e escravos, minava as bases do regime, já que o caráter pacifista e monoteísta, negava o militarismo e a configuração divina do imperador. Em 313 d.C., o imperador Constantino, pelo Edito de Milão, deu liberdade de culto aos seus seguidores.

Sessenta anos mais tarde, outro imperador, Teodósio, oficializaria o cristianismo, tentando criar uma nova base ideológica para o governo, e dividiria definitivamente o Império Romano em duas partes: o Império Romano do Ocidente que, ficou com seu filho Honório; e o Império Romano do Ocidente, com a capital em Constantinopla, que passou para seu outro filho, Arcádio (395 d.C.).

O Império do Ocidente, depois de enfrentar e sofrer sucessivas invasões de povos bárbaros, foi finalmente destruído por Odoacro, rei dos hérulos, em 476 d.C.

Como conseqüência do esfacelamento do Império do Ocidente, acentuou-se o processo de descentralização econômica, dando origem ao feudalismo, que marcaria a Idade Média. No outro lado do mundo, porém, desenvolveu-se no Império Romano do Oriente a civilização bizantina, que duraria mais de mil anos.

Roma Antiga – Legiões Romanas

Não só o terror das armas, mas também os estandartes com a águia e a inscrição SPQR das legiões romanas, davam peso e dignidade à moderação dos imperadores.

Eles preservavam a paz mediante uma constante preparação para a guerra; e ao mesmo tempo em que regulavam sua conduta pelos ditames da justiça, anunciavam às nações dos seus confins que estavam tão pouco dispostos a suportar quanto a cometer uma injúria.

A força que Adriano e o Antonino mais velho se haviam contentado em apenas exibir foi empregada contra os partos e os germanos pelo imperador Marco Aurélio.

As hostilidades dos bárbaros suscitaram o ressentimento desse filosófico monarca, e na busca de uma justa reparação ele e seus generais alcançaram muitas vitórias notáveis tanto no Eufrates quanto no Danúbio.

A organização das forças militares do império romano, que de tal modo lhe asseguravam ou a tranqüilidade ou o êxito, vai-se tornar agora o objeto, adequado e importante, de nossa atenção.

Nas épocas mais singelas da república, o uso das armas ficava reservado àquelas classes de cidadãos que tinham um país para amar, uma propriedade a defender e alguma participação na feitura das leis que eram do seu interesse e da sua obrigação manter. Mas à medida que se foi perdendo a liberdade pública pelo alargamento das conquistas, a guerra se aperfeiçoou gradualmente numa arte e se degradou em negócio. As próprias legiões, ao tempo em que eram recrutadas nas províncias mais remotas, deviam supostamente consistir em cidadãos romanos.

Tal distinção, de modo geral, era considerada ou como uma qualificação legal ou como uma recompensa justa para o soldado; todavia, maior atenção se dava ao mérito essencial da idade, do vigor físico e da estatura militar. Em todos os recrutamentos avultava uma justificada preferência pelos climas do norte em relação aos do sul; a classe de homens mais adequados para o exercício das armas era antes buscada nos campos que nas cidades, e com muito boa razão se supunha que as rudes ocupações de ferreiro, carpinteiro e caçador dariam a seus praticantes mais vigor e intrepidez do que os ofícios sedentários a serviço do luxo. Apesar de todas as qualificações de propriedade terem sido deixadas de parte, os exércitos dos imperadores romanos eram não obstante comandados, na maior parte dos casos, por oficiais de nas­cimento e educação liberal; os soldados rasos, como as tropas mercenárias da Europa moderna, recrutavam-se contudo entre as camadas mais baixas e com muita freqüência mais vulgares da sociedade.

A virtude pública conhecida entre os antigos pelo nome de patriotismo advém de uma firme consciência de nosso interesse próprio na preservação e prosperidade de um governo livre do qual sejamos membros.

Um sentimento desses, que havia tornado quase invencíveis as legiões da república, só podia causar fraquíssima impressão nos servidores mercenários de um príncipe despótico, pelo que se tornou necessário compensar tal deficiência com outros motivos de natureza diversa, mas não menos convincente honra e religião.

O camponês ou o artífice se imbuia do útil preconceito de que fora promovido à honrosa profissão das armas, na qual o seu posto e a sua reputação dependeriam do seu próprio valor; e conquanto a intrepidez de um soldado raso escapasse comumente à atenção da fama, o seu comportamento podia por vezes trazer glória ou desonra à companhia, legião ou mesmo exército a cuja reputação estivesse ligado. Quando do seu ingresso no serviço militar, via-se ele obrigado a um juramento que se revestia de toda a solenidade.

Jurava jamais desertar do seu estandarte curvar a própria vontade às ordens dos seus chefes e sacrificar a vida pela segurança do imperador e do império.

A lealdade das tropas romanas aos seus estandartes era inspirada pela influência conjunta da religião e da honra. A águia que rebrilhava à frente da legião tornava-se objeto da sua mais profunda devoção; era considerado tão ímpio quão ignominioso o abandono dessa insígnia sagrada numa hora de perigo. Tais motivos, cuja força advinha da imaginação, eram reforçados por temores e esperanças de natureza mais substancial. Soldo regular, donativos ocasionais e uma recompensa fixa após o devido tempo de serviço aliviavam as durezas da vida militar1, ao passo que, de outro lado, era impossível escapar à mais severa das punições por covardia ou desobediência. Os centuriões estavam autorizados a castigar com espancamento, os generais tinham o direito de punir com a morte; era uma máxima inflexível da disciplina romana que um bom soldado tinha muito mais a temer dos seus oficiais que do inimigo. Por via de tais louváveis recursos, o valor das tropas imperiais alcançou um grau de firmeza e docilidade que as paixões impetuosas e irregulares dos bárbaros jamais poderiam alcançar.

No entanto, os romanos eram tão sensíveis à imperfeição do valor quando não secundado pela destreza e prática que, na sua língua, o nome ?exército? deriva da palavra usada para designar exercício.

Os exercícios militares eram o objeto mais relevante e contínuo de sua disciplina. Os recrutas e soldados novos recebiam adestramento constante de manhã e à tarde; nem a idade nem o conhecimento serviam de desculpa para eximir os veteranos da repetição diária daquilo que já haviam aprendido completamente.

Grandes telheiros eram erguidos nos quartéis de inverno das tropas para que os seus úteis treinamentos não sofressem nenhuma interrupção mesmo na mais tempestuosa das quadras; tinha-se, outrossim, o cuidado de prover, para tal imitação de guerra, armas com o dobro do peso das usadas na ação real. Não é propósito deste texto entrar na descrição pormenorizada dos exercícios romanos.

Diremos apenas que compreendiam quanto pudesse conferir vigor ao corpo, atividade aos membros ou graça aos movimentos.

Os soldados eram diligentemente instruídos a marchar, correr, saltar, nadar, carregar grandes pesos; manejar qualquer espécie de arma que fosse usada para ataque ou defesa, quer no combate à distância, quer na luta corpo a corpo; fazer variadas evoluções; e mover-se ao som de flautas na dança pírrica ou marcial.

Em tempos de paz, as tropas romanas se familiarizavam com as práticas de guerra, e com propriedade observa um antigo historiador que contra elas lutara, ser o derramamento de sangue a única circunstância que diferenciava um campo de batalha de um campo de exercícios. Os generais mais capazes, e os próprios imperadores tinham por norma encorajar tal preparação militar pela sua presença e exemplo; sabemos que Adriano, tanto quanto Trajano, freqüentemente condescendia em instruir os soldados inexperientes, em premiar os diligentes, e às vezes em disputar com eles torneios de destreza ou força. No reinado desses monarcas, a ciência da tática foi cultivada com sucesso, e enquanto o império logrou manter o seu vigor, sua instrução militar era respeitada como o modelo mais perfeito da disciplina romana.

A Vida na Roma Antiga

Em “família”

Na sociedade romana as mulheres ocupavam uma posição de maior dignidade que na Grécia. A mulher, quando casada, era a verdadeira dona da casa, em vez de permanecer reclusa nos aposentos das mulheres.

Ela tomava conta dos escravos e fazia as refeições com o marido, podia sair (usando a stola matronalis), e era tratada com profundo respeito, tendo acesso ao teatro e aos tribunais. O casamento ? justum matrimonium ?, sancionado pela lei e pela religião, era nos tempos mais antigos uma cerimônia solene, e resultava da transferência da mulher do controle (potestas) do pai para o de seu marido (manus).

O casamento tomava a forma de coemptio, uma modalidade simbólica de compra com o consentimento da noiva. Ele também podia consumar-se mediante o usus, se a mulher vivesse com o marido durante um ano sem ausentar-se por mais de três noites.

Teve início no Século II a.C. um processo de emancipação das mulheres. Abandonaram-se gradualmente as formas mais antigas de casamento e adotou-se uma na qual a mulher permanecia sob a tutela de seu pai, e retinha na prática o direito à gestão de seus bens. Temos notícias de mulheres versadas em literatura. A freqüência do divórcio aumentou. Podemos ver mulheres inteligentes e ambiciosas como Clódia, e Semprônia (mulher de D. Júnio Bruto), que participou da Conspiração de Catilina.

Aparentemente as mulheres atuavam às vezes nos tribunais: “Jurisperita” é o título de uma fabula togata escrita por Titínio, e Valério Máximo menciona uma certa Afrânia no Século I a.C. como sendo uma litigante habitual, que cansava os tribunais com seu clamor.

Na época imperial o casamento passou a ser impopular, e foram tomadas medidas para encorajá-lo mediante a imposição de penalidades aos não-casados.

Já em 131 a.C. Q. Cecílio Metelo Macedônico havia proferido como censor um discurso famoso, mais tarde relembrado com aprovação por Augusto, sobre a necessidade de aumentar-se a taxa de natalidade.

Cecílio Metelo disse: “Se pudéssemos passar sem uma esposa, romanos, todos evitaríamos os inconvenientes, mas como a natureza dispôs que não podemos viver confortavelmente sem ela, devemos ter em vista nosso bem-estar permanente e não o prazer de um momento” (Suetônio, “Augusto”, 89).

As “Sátiras” de Juvenal mostram-nos a desmoralização de parte da sociedade feminina. Por outro lado, há evidências na literatura (p. ex., Estácio, e Plínio em suas cartas) e em epitáfios, de que os casamentos felizes não eram raros.

O exemplo mais marcante é o elogio preservado numa inscrição, presumivelmente de um certo Lucrécio Vespílio que serviu sob o comando de Pompeu em 48 a.C. e foi cônsul na época de Augusto (em 19 a.C.), a propósito de sua esposa Túria. O elogio registra a coragem e a fidelidade de Túria em meio às aventuras românticas e perigosas com Lucrécio Vespílio, tanto durante o noivado como ao longo de quarenta anos de vida conjugal.

Aparência pessoal

As mulheres nobres desfrutavam de um certo prestígio e tinha de pagar especial atenção pela sua aparência.

Sendo que o mais importante era o estilo de cabelo: muito bem elaborado, com diversos tipos de enfeites, e complementando com brincos e pulseiras de pedras preciosas, colares ou gargantilhas. Os vestidos eram sempre longos combinando com um manto bordado com cores variadas.

Maternidade

Nos textos de Soranus (por volta do século I), lemos que a prática do aborto era usada naquela época (sempre em casos de perigo para a criança ou a mãe) com o uso de abortivos.

Em comparação com os métodos adotados nos dias de hoje as mulheres provocavam o aborto de diversas maneiras: apertando os seios exageradamente, tomando bebidas extremamente geladas, consumindo mel em grandes quantidades, ingerindo óleo de quinino, inserindo um feixe de palha na uretra para perfurar o útero, ou tomando certas misturas preparadas com o uso de vinhos.

O homem

O mundo dos antigos romanos era dividido em duas macro-categorias: homens livres e escravos, cidadãos Romanos e estrangeiros (“peregrini”).

Os escravos viviam por toda parte, na maioria prisioneiros de guerra e em alguns casos cidadãos livres que eram vendidos para pagar dívidas. Os escravos eram os ideais para serem vendidos. Sem nenhum direito, desempenhavam trabalhos pesados bem como tarefas intelectuais, dependendo do nível de instrução de cada um. E raramente podiam ganhar a liberdade de seus senhores.

Todos os cidadãos livres tinham três nomes: o “praenomen” (nome de batismo), o “nomen” (nome de família) e o “cognomen” (último nome). Usualmente se vestiam com simplicidade; uma túnica que ia até os joelhos e uma espécie de sapatilha de cano alto. Em ocasiões especiais vestiam uma “toga”, um manto bordado semicircular feito de lã.

Os cidadãos comuns trajavam uma túnica branca enquanto os senadores, soldados e membros da cavalaria usavam túnicas com uma púrpura bordada. Esta última também era usada por homens com menos de 17 anos de idade.

O homem era o “pater familias”, ou o cabeça da família.

O conceito de família tinha grande significado para os romanos: consistia não somente de marido, esposa e filhos, mas também de avós, netos, e bisnetos.

Desse modo a sucessão familiar mantinha o patrimônio protegido.

Fonte: www.geocities.com/www.arqueologyc.hpg.ig.com.br/www.nomismatike.hpg.ig.com.br/www.nationalgeographic.org

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Um comentário

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