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Pentecostalismo – O que é
Grupos religiosos cristãos, originário no seio do protestantismo baseando na crença na presença do Espírito Santo na vida do crente através de sinais, denominados por estes como dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas (glossolalia), curas, milagres, visões etc.
Pentecostalismo é como se chama a doutrina de grupos religiosos cristãos, originários do seio do protestantismo, que se baseia na crença do poder do Espírito Santo na vida do crente após o Batismo do Espírito Santo, através dos dons do Espírito Santo, começando com o dom de línguas (glossolalia).
O pentecostalismo é o movimento que mais influencia, hoje, as manifestações de religiosidade em muitas partes do mundo.
O movimento surgiu praticamente dentro da Igreja metodista, cujo fundador é Jonh Wesley.
Partindo da constatação de que os metodistas estavam se afastando dos ensinamentos de seu fundador, iniciou, no século XIX, o movimento chamado Holiness (santidade), que visava reavivar a fé de seus membros.
Ensinava que, para a salvação, era necessária a conversão e, em seguida, uma nova e mais profunda experiência religiosa: o batismo no Espírito Santo.
O pastor Charles Pharam, nos Estados Unidos, foi quem mais aceitou as idéias do Holiness, e as ensinou na escola de estudos bíblicos em Topeka, Kansas. Os alunos, que concordavam com essas idéias, acreditavam ter recebido o Espírito Santo e sentiam-se guiados em suas vidas pelo mesmo Espírito.
Segundo uma interpretação ao pé da letra de alguns trechos dos Atos dos Apóstolos (2, 1-12; 10, 44-48; 19,17), eles acreditavam que o sinal característico por ter recebido o Espírito Santo era o dom das línguas e, posteriormente, o dom da cura das doenças.
Surgiram assim comunidades de pessoas que aspiravam a esses dons do Espírito e que, sem pretender fundar uma nova denominação religiosa, desejavam levar um pouco de renovação às comunidades metodistas e protestantes em geral.
No início, sua vida não foi fácil. Seu entusiasmo exagerado levantou suspeitas entre as comunidades batistas e metodistas, que acabaram se afastando do movimento.
Sentindo-se rejeitadas pelas denominações tradicionais, as novas comunidades acabaram formando um movimento próprio, passando a serem chamadas pentecostais pelo fato do ponto central do movimento ser o batismo no Espírito, recebido como num segundo Pentecostes.
Fundamentalmente, vemos nesse movimento, além do entusiasmo e da exaltação, o mesmo anseio que está na origem do protestantismo nos Estados Unidos: o desejo de liberdade, de não depender de uma Igreja institucionalizada, de formar comunidades mais livres, justamente o que fizeram os que, em 1620, fugiram da Inglaterra no navio Mayflower, pois se sentiam sufocados pela Igreja do Estado, a anglicana.
A breve história do movimento, que ainda não completou um século de vida, mostra que nenhuma denominação protestante está sujeita a divisões e subdivisões como os pentecostais.
Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus, todas muito conhecidas no Brasil, são algumas das muitas denominações que surgiram tendo como base os princípios do pentecostalismo.
Alguns aspectos, apesar dessa divisão, caracterizam o movimento pentecostal e estão presentes em muitas denominações que vieram em seguida:
A importância dada à revelação direta do Espírito Santo, que consistiria em graças concedidas às pessoas para entenderem as verdades e os mistérios da fé contidos nas Escrituras;
A prática de batizar somente adultos;
A crença numa iminente segunda vinda de Cristo;
Um rigor moral que proíbe o que pode parecer fútil e mundano, como beber, fumar, dançar, assistir à televisão e, sobretudo para as mulheres, a frivolidade no vestir, no corte dos cabelos, o uso de calças compridas, etc;
Grande facilidade em interpretar como avisos ou revelações divinas certos acontecimentos da vida;
Visão das doenças como punições divinas pelo pecado. Não que Deus envie diretamente a doença, mas permite que o diabo a cause como castigo para o crente;
A busca da cura da doença especialmente pela oração, a ponto de evitarem de ir ao médico ou de tomar remédios;
A freqüente presença de Satanás e, como cura, a prática do exorcismo.
Estatísticas recentes dizem que 70% dos protestantes do Brasil pertencem a denominações ligadas ao pentecostalismo e o número de seus adeptos continua crescendo.
Calcula-se que os membros de todas as denominações pentecostais do mundo chegam a 250 milhões, com maior incidência no Terceiro Mundo.
As explicações desse extraordinário crescimento são complexas.
Elas podem ser:
De ordem sociológica
Vivemos numa época de transição, de uma sociedade agrária, tradicional e autoritária, para uma sociedade urbana e, portanto, industrial, moderna e democrática.
Para alguns autores, a adesão a uma comunidade pentecostal representaria a recusa dessa urbanização forçada por parte de pessoas que acabam de deixar o campo e se sentem confusas.
Elas optariam assim pela segurança que uma religião autoritária, como são as pentecostais em geral, lhes garante.
Um gesto, portanto, de afirmação pessoal, uma escolha democrática contra um sistema tradicional imposto, rígido, como era o estilo de vida da cultura camponesa. Os dois motivos, que tentam explicar uma mesma situação, parecem contraditórios. Talvez o primeiro sirva para explicar a adesão ao pentecostalismo de algumas pessoas, o segundo, de outras.
De ordem psicológica
Sempre tendo como pano de fundo a urbanização e a vida nas grandes metrópoles que massificam e despersonalizam, essas novas religiões oferecem a possibilidade de viver em comunidades menores, onde as pessoas se conhecem, onde é claro o papel de cada um e onde o senso de pertença a um grupo é muito forte, o que significa proteção contra o isolamento e as ameaças da grande cidade.
Toda pessoa humana precisa de uma comunidade que a escute, lhe dê calor humano e ofereça sustento, especialmente nos momentos de crise.
De ordem pastoral
As religiões pentecostais valorizam a dimensão religiosa da cultura popular, a sede de Deus que o povo tem.
As práticas religiosas do pentecostalismo estão muito enraizadas na cultura popular e em sua maneira de expressar-se religiosamente. Usando uma linguagem popular, verbal como não-verbal, oferecem a todos a possibilidade de realizar uma experiência de Deus particularmente profunda, onde todos podem sentir-se sujeitos e não simples espectadores.
A Igreja católica não teria respondido a essa sede de Deus de muitos de seus membros.
Isso por muitos motivos: pela escassez de clero e de agentes de pastoral suficientemente preparados, pela falta de um sentido comunitário na estrutura paroquial, pela frieza e pelo formalismo que se nota freqüentemente na liturgia, pelo pouco ardor missionário de seus membros, por uma formação bíblico-catequética, geralmente superficial, de muitos fiéis, por uma catequese muitas vezes teórica e desatenta à vida de todos os dias.
O fenômeno é complexo e vários são os fatores que podem explicá-lo. Possivelmente, nenhuma das causas acima expostas, isoladamente, consiga explicá-lo de forma suficiente. Ao mesmo tempo, talvez nenhuma dessas mesmas causas seja totalmente alheia ao mesmo fenômeno.
Poderíamos, portanto, dizer que, em proporção diferente e conforme os lugares, todas essas causas juntas oferecem a explicação mais completa sobre o fenômeno do vertiginoso crescimento das seitas pentecostais.
Pentecostalismo – Movimento
Com cultos muito concorridos e entusiásticos, em que a par da leitura de textos bíblicos usam-se linguagem e música populares, o pentecostalismo tornou-se na segunda metade do século XX o movimento religioso de maior expansão no mundo ocidental.
Pentecostalismo é o movimento de renovação carismática evangélica baseado na crença de que a experiência do batismo no Espírito Santo deve ser normativa para todos os cristãos.
São muitas as denominações pentecostais, mas todas têm em comum o batismo no Espírito Santo, a crença nos dons e a oração não-convencional.
O nome pentecostalismo provém da festa judaica de Pentecostes, pois foi por ocasião dessa festa, após a morte de Jesus, que o Espírito Santo desceu sobre os discípulos reunidos em assembléia, conforme está descrito nos Atos dos Apóstolos (At 2:1-4).
Os pentecostais acreditam que as pessoas batizadas pelo Espírito Santo poderão ser agraciadas não só com o carisma de falar outras línguas (glossolalia), mas também com pelo menos um dos demais dons sobrenaturais: a profecia, a cura, a interpretação de línguas, as visões etc. Ao contrário da profecia, a glossolalia não tem por fim edificar nem instruir, mas apenas confirmar a presença do Espírito divino.
Pentecostalismo – Origem
Tradicionalmente reconhece-se o começo do movimento pentecostal como tendo início no ano 1906 em Los Angeles nos Estados Unidos na Rua Azuza, onde houve um grande avivamento caracterizado principalmente pelo batismo com o Espírito Santo evidenciado pelos dons do Espírito (glossolalia, curas milagrosas, profecias, interpretação de línguas e discernimento de espíritos).
No entanto o batismo com dons do Espírito Santo não era totalmente novo no cenário protestante. Existem inúmeros relatos de pessoas que clamam ter manisfestado dons do Espírito em muitos lugares, desde Martin Lutero (apesar de controversos quanto a veracidade) no século XVI até de alguns protestantes a Rússia no século XIX.
Devido à projeção que ganhou na mídia, o avivamento na Rua Azuza rapidamente cresceu e, subitamente, pessoas de todos os lugares do mundo estavam indo conhecer o movimento. No começo, as reuniões na Rua Azuza conteciam informalmente, eram apenas alguns fiéis que se reuniam em um velho galpão para orar e compartilhar suas experiências, eram liderados por William Seymour (1870-1922).
Rapidamente, grupos semelhantes foram formados em muitos lugares dos EUA, mas com o rápido crescimento do movimento o nível de organização também cresceu até o grupo se denominar Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza.
Surgiram grupos independentes que emergiram em denominações. Também algumas denominações já estabelecidas adotaram doutrinas e práticas pentecostais, como é o caso da Igreja de Deus em Cristo.
Mais tarde, alguns grupos ligados ao movimento pentecostal começaram a crer no unicismo invés da triunidade (trindade).
Com o crescimento da rivalidade entre os que criam no unicismo e os que criam na trindade geram um cisma e novas denominações nasceriam como a Igreja Pentecosta Unida (unicista) e as Assembleias de Deus (trinitária).
Pentecostalismo Brasileiro
No Brasil o Pentecostalismo chegou em 1910-1911 com a vinda de missionários originários da América do Norte: Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, originando a Congregação Cristã no Brasil; Daniel Berg e Gunnar Vingren inciaram suas missões na Amazônia e Nordeste, consequentemente nascendo as Assembleias de Deus.
O movimento pentecostal pode ser dividido em três ondas. A primeira, chamada pentecostalismo clássico, abrange o período de 1910 a 1950 e vai de sua implantação no país, com a fundação da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, até sua difusão pelo território nacional. Desde o início, ambas as igrejas caracterizam-se pelo anticatolicismo, pela ênfase na crença no Espírito Santo, por um sectarismo radical e por um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida moral.
A segunda onda começa a surgir na década de 1950, quando chegam a São Paulo dois missionários norte-americanos da International Church of The Foursquare Gospel (Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular). Na capital paulista, eles criam a Cruzada Nacional de Evangelização e, centrados na cura divina, iniciam a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil.
Em seguida, fundam a Igreja do Evangelho Quadrangular. No seu rastro, surgem O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da Bênção, Igreja Unida e diversas outras menores.
A terceira onda, a neopentecostal, tem início na segunda metade dos anos 70. Fundadas por brasileiros, a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992) e a Renascer em Cristo (São Paulo, 1986) estão entre as principais.
Utilizam intensamente a mídia eletrônica e aplicam técnicas de administração empresarial, com uso de marketing, planejamento estatístico, análise de resultados, etc. Algumas delas pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual o cristão está destinado à prosperidade terrena, e rejeitam os tradicionais usos e costumes pentecostais. O neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce.
Também são mais liberais em questões de costumes.
Paralelamente ao Pentecostalismo, várias denominações protestantes tradicionais experimentaram movimentos internos, com manifestações pentecostais, assim foram denominados Renovados, como a Igreja Presbiteriana Renovada, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico e Igreja Cristã Maranata.
A doutrina de renovação do Pentecostalismo passou até mesmo as fronteiras do Protestantismo, surgindo movimentos de renovação pentecostal Católica Romana e Ortodoxa Oriental, como a Renovação Carismática Católica.
Pentecostalismo – História
Pentecostalismo
O movimento de reforma carismática que fundou o pentecostalismo originou-se em Topeka, Kansas, nos Estados Unidos, em 1901, quando vários fiéis, sob a liderança do pastor Charles Fox Parham, passaram a falar em outras línguas. Já no século XIX haviam ocorrido fenômenos semelhantes nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas os pentecostais foram os primeiros a dar primazia à doutrina prática.
O pentecostalismo cresceu principalmente dentro do movimento mundial de santidade (Holiness), que se desenvolveu a partir do metodismo americano do século XIX. Dos Estados Unidos e Inglaterra, o movimento espalhou-se pelo mundo, levado por missionários metodistas e pregadores itinerantes.
Sua pregação enfatizou a experiência consciente do batismo no Espírito Santo e a esperança de uma restauração da igreja no Novo Testamento. Do pentecostalismo dito clássico, originado do movimento americano, surgiu nas últimas décadas do século XX o chamado pentecostalismo autônomo, dissidente do primeiro, formado em torno de novas lideranças e baseado na tríade cura, exorcismo e prosperidade.
Os principais pioneiros do pentecostalismo foram o pastor metodista norueguês Thomas Ball Barratt, que fundou movimentos na Noruega, Suécia e Inglaterra; o líder do movimento da Santidade, Jonathan Paul, na Alemanha; Lewi Pethrus, na Suécia; e Ivan Voronaev, na Rússia, que em 1920 começou um ministério em Odessa que se espalhou pelas nações eslavas e fundou mais de 350 congregações na Rússia.
HISTORIOGRAFIA PENTECOSTAL: UMA PRÁTICA A PARTIR DO POVO
Parece-me que estamos construindo a historia do movimento pentecostal de fora para dentro, isto é, por meio de pesquisas históricas, sociológicas, psicológicas, sem uma participação ativa da comunidade neste processo, estamos utilizando técnicos e técnicas para estudar o movimento, que na realidade refletem as dimensões da marginalização histórica, alias uma historia que é construída das bordas da historia, isto causado peculiarmente pela falta de documentos, que possam dar ao pesquisador uma ampla visão do movimento.
As pesquisas de campo é um ótimo instrumento de trabalho, mas sem a apropriação das técnicas metodológicas, elas poderão nos fornecer uma visão unilateral e pessoal do movimento.
Historiografar a igreja é uma elaboração sistemática do povo cristão, assimilando as grandes questões sociais, políticas, econômicas e culturais no caminhar da libertação.
A analise do processo histórico do pentecostalismo de libertação/cura tornou-se nos últimos vinte anos, um fenômeno religioso que unificaria as crenças populares com os conceitos religiosos das classes populares, em busca da libertação da opressão política, econômica, social e da religiosidade tradicional.
Como movimento popular, o pentecostalismo elabora os mais diversos símbolos e praticas devocionais que se identifica com as necessidades básicas do homem latino-americano.
No movimento é identificado três praticas principais que irão caracterizar as suas ações, em primeiro lugar a Bíblia tem vital importância, porém não há uma preocupação acadêmica na sua interpretação, consequentemente a hermenêutica e a exegese são irrelevantes, o importante mesmo é a interpretação literal, neste caso o pastor profissional não existe no movimento.
Em segundo lugar torna-se imprescindível o ministério do leigo, ele é a mola mestre para o crescimento do movimento.
O leigo tem participação ativa no processo de conversão, por não ter formação acadêmica religiosa, o clérico é uma pessoa do povo, necessariamente carismático, que seguiu todos os passos propedêuticos do movimento: batismo com o Espírito Santo, dom de línguas (estática e não glossolalia), exerceu o ministério leigo de evangelização e discipulado, passou pelo diaconato e presbiterato. O clérico é um ancião no sentido literal da palavra.
Em terceiro lugar é identificado um universo simbólico que legitima o movimento, os principais são o batismo com o Espírito Santo e o dom de línguas.
Estes símbolos por sua vez tornaram-se a porta de entrada dos salvos na comunicação e comunhão com Deus.
Na praticidade a religiosidade pentecostal a partir do povo nem sempre são coerentes, devido ao surgimento de lideranças ideológicas partidárias que com a bandeira de Deus decretam uma ?batalha espiritual?, contra todas as demais denominações e seitas cristãs e/ou não cristãs, contribuindo para a formação de um estruturalismo sincrético, adquirindo formas históricas e sociológicas diferentes em momentos e lugares distintos.
Praticamente todo o movimento religioso pentecostal, possuem característica de seitas, até aqueles grupos que são classificados estruturalmente em denominações (Assembléia de Deus, Congregação Cristã, Brasil para Cristo, Igreja do Evangelho Quadrangular, Comunidade Evangélica da Graça, Igreja do Nazareno, etc.), radicalizam-se, assumindo formas sectárias e revolucionárias contra os demais grupos religiosos.
Nossa proposta é Historiografar o movimento pentecostal a partir de 1945, analisando suas contribuições, rupturas e dissenções na caminhada do crescimento da Igreja Evangélica na América Latina, a partir da práxis religiosa popular.
HISTORIOGRAFIA DA HISTÓRIA PENTECOSTAL
A historiografia está preocupada com os eventos e as pessoas na historia.
Portanto seu objetivo principal é compreender como os eventos e os fenômenos da historia ontem e hoje podem ser agrupados de tal maneira a indicar o processo pelo qual os eventos futuros irão ocorrer.
Neste processo, a filosofia da historia tornar-se o marco redundante de toda historiografia.
Na conjuntura atual dos fatos vividos pela Igreja na América Latina, ressalta a crise pela qual passa a humanidade moderna em todos os campos das ciências humanas. A própria crise ela qual atravessa a filosofia da historia moderna, uma vez que essa está intimamente endividada para com a dogmática cristã, para compreender aquela crise è necessário rever os principais pontos da teologia cristã da historia.?
Para o cristão pentecostal o apocaliptismo moderno determina o agir evangelístico e pastoral da igreja hoje na América Latina, principalmente nos da Teologia da Prosperidade e a Batalha Espiritual.
O apocaliptismo não è vivido numa dimensão fatalística, mas sim como escapísmo, por isso, as pseudepígrafias são também testemunhos importantes das dimensões sociais do povo Latino Americano, surgiram crises sociais, políticas e religiosas (que) refletem sofrimento decorrentes da perda de valores, regras, normas sociais e também da opressão.
O processo histórico do pentecostalismo de libertação/cura não tem dimensões concretas, reais, mensuráveis, mas a condição apocalíptica intensificada, é capaz de determinar um escape da realidade, para uma condição espiritosférica de viver em um lugar sem dor, sem desespero, sem sofrimento, sem opressão. O apocaliptismo é capaz de desenvolver nos adeptos do pentecostalismo, o esquecimento da barriga vazia, do desemprego, das doenças, das questões familiares, da ingerência e do marionetamento.
Para o cristão pentecostal a historia da humanidade reflete o plano de Deus visando a salvação humana, e, por isso, o elemento providência fornece a unidade para os eventos históricos ela é uma marcha da humanidade, guiada por Deus, para a sua realização.
O processo histórico
O movimento pentecostal surgiu, nos Estados Unidos da América originário dos movimentos reavivalístas presbiterianos, metodistas, batistas e outras denominações tradicionais, no final do século passado.
Numa época o cristianismo era caracterizado por rupturas e inquietações e devido as intensas crises vivida pela sociedade americana pós-guerra da secessão, são as campanhas de reavivamento espiritual apoiadas nas classes baixas da sociedade que não consegue projeção.
Basicamente o que denominas hoje de pentecostalismo, tornou-se uma atividade de grandes proporções no campo das ciências religiosas, que nos últimos vinte anos, apresenta-se de forma difusa, contraditória e bastante incoerente entre o que disse, o que se diz e as ações do movimento pentecostal. Com características das igrejas tradicionais reformadas, o pentecostalismo ampliam o desenvolvimento evangelístico/missionário. È introduzido no Brasil no inicio do século pelos missionários Americanos em Belém (Igreja Pentecostal Assembléia de Deus) e em São Paulo (Congregação Cristã), este pentecostalismo è denominado de clássico ou tradicional.
O novo pentecostalismo que aqui chamo de pentecostalismo de divisão, tem sua origem no pentecostalismo tradicional, cujo alicerce está fundamentado numa tríade: a cura, o exorcismo e a prosperidade. Nela conjugam-se, fatores sócio-religioso, que responderiam à interpretação simbólica que as classes populares realizam de suas adversidades existenciais, geralmente de forma inconsciente e difusa.
Enquanto o pentecostalismo tradicional é espiritocêntrico, dando ênfase as manifestações e atuações do Espirito Santo na vida do cristão, principalmente o dom de revelação. A palavra grega para revelação significa ? descobrir, desvendar, da mesma forma que seu equivalente latino revelação, se refere à descoberta dalguma verdade oculta este gênero constitui uma espécie de resistência procuram revelação divina para explicar a natureza intolerável das suas vidas debaixo da dominação cultural estrangeira, (e nacional) e procuram compreender o plano de Deus para a sua libertação.
O pentecostalismo de ruptura, ou divisão, é o pentecostalismo denominado por Bittencourt de ?pentecostalismo autônomo? é um movimento que tem características espiritocentríca, mas também simbólico/ magicocentríco, no qual destaca-se principalmente uma dualidade cósmica, gerando muita confusão, porém transmitindo uma sintonia da Batalha Espiritual ou guerra santa entre: Deus e o Diabo, anjos e demônios, unidade e unificação, zelo com legalismo, escuridão e luz, retidão e maldade, bênção e maldição, espiritualidade e espiritualização.
?È fato inédito no Brasil uma Igreja evangélica manter uma oferta permanente de bens simbólicos(rosa ungida, óleo de oliva do monte das oliveiras, água do rio Jordão, lenço santificado, milho ungido, água fruidificada, unção com o sangue do cordeiro, corredeira do sal, os trezentos gideões, etc.) dos quais as pessoas podem se apropriar a qualquer hora do dia e da noite.
Isto cria uma modalidade religiosa compatível com o ritmo acelerado e ate caótico dos centros urbanos, que se assemelha às compras num supermercado.
Na historia construída pelo movimento pentecostal, não existe uma finalidade no processo de conscientização humana, o próprio materialismo evidenciado nas postulações de seus lideres, constitui um determinismo social, principalmente no discursos da prosperidade, Siepierski cita Marx: o materialismo histórico parece postular um determinismo social quando afirma que as relações sociais não são livros e que o curso dos acontecimentos regula-se fora das decisões humanas.
A CAMINHADA DO PENTECOSTALISMO NA AMÉRICA LATINA
Esta caminhada é caracterizada por uma historia de crescimento, rupturas e dissensões.
Crescimento o movimento pentecostal è aquele que mais tem contribuído, na elevação da taxa percentual, no processo de conversão ao protestantismo no Brasil e na América Latina, também é o responsável pelo surgimento da maioria das seitas proféticas cristãs. O seu crescimento tem características megalomaníaca, isto é, sem uma estrutura configurada, sem uma historia escrita, ideologicamente alienante, sem expressão na sociedade, legitimando-se em contraposição à tradição majoritária da sociedade latino-americana.
O significativo crescimento dos pentecostais no Brasil e na América Latina deve-se provavelmente ao fato da nova fé ter encontrado uma Igreja Católica enfraquecida e uma Igreja histórica tradicional acomodada, que não conseguiram reverter o quadro de suas lutas internas, e por isso, tiveram poucas condições de reação.
No Brasil o fenômeno religioso do pentecostalismo acentuou sua participação no processo histórico, pois seria interessante traçar uma conexão entre o crescimento do fenômeno e os problemas vividos pelo brasileiro, a restrição de liberdade política se a liberdade política for limitada por razões econômicas, como ocorreu no período pòs-64, as igrejas pentecostais tendem a retomar seu crescimento e a condição dos marginalizados, dos miseráveis nordestinos, dos desesperados operários, das crianças abandonas, do trabalho escravista dos cortadores de cana-de-açúcar, do problema indígena, dos políticos demagogos, da institucionalização da corrupção. Assim no movimento pentecostal, os instrumentos simbólicos são reais, palpável, e, que pode oferecer um mundo melhor.
No nordeste do Brasil o fenômeno acentuou sua participação no processo histórico dessa região, porem o que precisa ser melhor entendido qual è a diferença do universo simbólico entre os grupos pentecostais e tradicionais que afeta a prática (ética) dos seus adeptos.
São os tradicionais que teoricamente estariam mais próximos do perfil clássico de protestantismo. Portanto, Regina Novaes, no estudo que faz sobre a Igreja Evangélica tradicional que já existia ali, não chegou a alterar as relações no campo religioso, portanto parece-nos estranho, como sabemos, o universo simbólico do pentecostalismo é bem mais místico e ate magico, portanto menos racionalista, e menos aberto para a racionalização do processo histórico e social, então porque eles foram os responsáveis pelas alterações ocorridas na região, uma vez que são os tradicionais que possuem este universo simbólico.
Parece-me que o pentecostalismo não se enquadra tão bem dentro daquela categoria de ?religiões místicas que seguem um caminho oposto ao da racionalização da economia (Weber:1984:461).
Ela se encaixa melhor na categoria de religiosidade ascética intramundana.
Hoje, o que destoa no neopentecostalismo, são as agências de curas e milagres (inclui aqui os aspectos de magia), que apesar de usarem uma linguagem das Igrejas Protestantes tradicionais, em geral se estruturam de modo diferente, não se preocupam em formar comunidades estáveis, não sistematizam uma ética cotidiana e nem um corpo doutrinário uniforme.
Isso pode ser apenas uma fase do processo de passagem da manifestação religiosa sectária para o eclesial. Mais próximos do eclesial, as agências da cura divina se perfilariam como Igrejas Protestantes pentecostais.
O caráter autóctone dessas igrejas estariam gerando um perfil doutrinário sui-generes, é proibido proibir.
A ênfase doutrinário desses grupos é uma só: a santificação pela ação do Espirito Santo com o batismo e outorgação do dom de línguas, que basicamente são características dos movimentos de santidade puritano-pietista.
Hoje è o maior grupo religioso da América Latina, no Brasil são os responsáveis pela elevação estatística no processo de conversão do povo brasileiro de 1940 a 1980, saindo da casa de 2,7% para 10,77% de protestantes em relação a população do país.
Desses 10,77%: 7,2% são rurais e 3,5% são urbanos.
Por ter características de alienação social, econômica e política, a contribuição do movimento tem aspecto bastante negativo, praticamente as modificações sociais implantadas, são decorrentes das imposições e opressões determinadas por seus lideres na utilização do universo simbólico do poder religioso que legitimam suas autoridades espirituais na vocação e na atuação indiscriminada de Deus, caracterizando-se como profetas de Deus, sendo agraciados com dons extraordinários de curas, exorcismos e milagres. Devido sua grande capacidade de mobilização, o movimento ?está em sintonia com as demandas espirituais da população brasileira de todas as camadas sociais.?
As rupturas e dissenções as frequentes rupturas, geralmente são aspectos superficiais. Praticamente são caracterizados por divisões resultantes de conflitos eclesiásticos de seus líderes na distribuição do bolo monetário. Com relação as outras denominações cristãs, não há compatibilidade liturgia e nem doutrinaria, exercendo com isto uma verdadeira batalha, não somente contra catolicismo, mas também contra as igrejas históricas, estes últimos denominando-os de católicos mansos.
Devido sua própria ambiguidade, o movimento pentecostal, constitui-se também num movimento de desvio da centralidade cristã, desenvolvendo aspectos de desequilíbrio interior, revelando sinais e sintomas de enfermo, isto è, que a adesão a esses grupos (religiosos) equivale de fato a renunciar definitivamente à possibilidade de se levar neste mundo uma vida digna, de lutar por idéias e objetivos reais.
A PRÁTICA POPULAR DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
Vivemos em um país de crise que também é perceptível em toda a América Latina.
São diversos os fatores que contribuem para esta crise: é o atendimento médico governamental precário, são os planos de saúde inacessíveis a grande maioria da população, é a poluição sonoro, é a presença de químicos que mata lentamente o povo, é a insegurança social, econômica e política, é o medo e pavor de assaltos, é a falta de saneamento básico para a maioria da população, é o problema da falta de moradia digna para o povo, é o problema do menor abandonado, é a tristeza daqueles que moram nos lixões das grandes cidades, é a questão da prostituição infantil, é a evidência da corrupção pública, é o consumo de drogas, é a falta de uma política séria, honesta, que visa o bem estar da população, è a perda dos valores morais, é as cadeias superlotadas, gerando uma qualidade de vida sub-humana, é o ensino público precário. Tudo isto só nos traz a lume, que a América Latina com toda a sua riqueza é amaldiçoada, pois é grande o contraste entre toda a riqueza que existe neste continente com a sua grande pobreza. Vivemos em um continente de explorados, com a ideia tacanha de povo colonizado, que perde sua identidade e seus valores em detrimento da opressão e marginalização do estrangeiro.
A luz das crises que enfrentamos no cotidiano, surge o movimento pentecostal oferecendo um produto com sabor de mel, alicerçado no pensamento apocalíptico.
A sociologia que determina o critério deste distinção, que se preocupa pelo (tarefa) de explicar o pano de fundo social das comunidades ou indivíduos é incapaz de estabelecer critérios para análise do movimento religioso, pois os próprios apocalípticos fornecem pouquíssimos dados sobre suas comunidades.
A oferta pentecostal è ampla e diversificada, nela encontra-se produto para todo e qualquer problema. O importante dessa oferta está na sua solução, o problema é resolvido imediatamente, isto é , Deus intervém aqui e agora. A Batalha Espiritual é travada, os exércitos angelicais guerreando contra os demônios, são capazes de dar a vitória à pessoa que tem fé.
Na realidade a batalha tem aspectos de transcendência e imanência em cada indivíduo. Nisso reside a motivação fundamentada para o fervor e a guerra santa contra todos as demais religiões, notadamente àquelas que manipulam poderes sobrenaturais através da magia. Identificado o inimigo, não falta motivação para essa luta contra a malignidade invisível e suas pretensas expressões religiosas.
Isto é suficiente para superlotar os templos todos os dias
A esperança apocalíptica do movimento pentecostal tornou-se a absoluta segurança da conquista divina do bem sobre o mal. É importante salientar que tal segurança se expressa em categorias simbólicas temporais, com o objetivo de intensificar a certeza da manifestação no cumprimento de suas promessas divinas.
Em um trabalho de campo realizado no período de março a junho deste ano, entrevistamos um pastor -líder da Igreja ?Ministério Palavra da Cruz, foi-lhe perguntado: Essa questão de decretar uma bênção de Deus para as vidas das pessoas não é uma função específica do próprio Deus?
A sua resposta foi interessante: Não. A própria Palavra nos da autoridade para decretar as bênçãos de Deus. Se desejamos um emprego ou coisa qualquer, devemos recorrer à Palavra. (Jr l:l1).
Temos que liberar a Palavra para que ela se cumpra. Há 8.000 promessas que não são alcançadas por falta de fé. Usufruímos muito pouco dessas promessas.
As promessas de Deus são vindicados pelos membros do movimento pentecostal, numa linguagem do fim, não o fim da historia, mas sim o fim da crise que a historia proporciona. Nos últimos cinqüenta anos, a igreja evangélica brasileira sofreu grandes transformações, mas estas transformações é bem mais acentuada no movimento pentecostal, portanto não podemos negar-lhes a possibilidade de produzir um vida eclesiástica contextualizada, pois creio que eles tentam é sair da sacralização, ainda que se radicalizam na sacramentação, o que seria mais uma tentativa de dogmatizar o seu universo simbólico. São as mudanças que estão intimamente relacionadas com a modernidade.
Tal perspectiva apocalìptica somente tem relação com os acontecimentos da atualidade e no restabelecimento da ordem natural das coisas.
Podemos afirmar também, que o pentecostalismo propõe uma historia que está além da historia, subscrevendo o cumprimento do propósito divino, contudo, para eles a historia é a arena da atividade de Deus a favor do seu povo. Segundo Siepierski, no mundo atual, isto é , na época atual, o mal ainda é concreto e real, ainda prevalece, portanto a opressão que é uma das manifestações desse mal é praxe, mas o poder última de todas as coisas está nas mãos de Deus, portanto é Deus que no fim prevalecerá.
É características distinta do movimento pentecostal o seu meio de revelação.
O pastor Lourival Fernando admite que: a revelação de Deus não é totalmente revelada, pois Deus não lança tudo de imediato. A revelação è progressiva, isto è, aquele tipo de revelação dada a cada dia, passo a passo. Deus não nos revela algo por completo, de imediato, pois Ele possui um conhecimento tão profundo que não seria entendido de uma única vez.
A revelação é uma prática imprescindível dentro do movimento, isto devido as características importantes do apocaliptismo na atuação intervencionista de Deus na vida dos fiéis, que são legitimados pelos testemunhos públicos. Nestes testemunhos são evidenciados como os sonhos e as revelações tornaram-se realidades concretas na vida dos fiéis, e qualquer um pode também alcançar essa bênção, basta ter fé.
Os movimentos religiosos pentecostais, geralmente são movimentos de revelação. Somente a revelação divina é capaz de modificar as convenções naturais e tradicionais da religião cristã, inserindo uma nova maneira de relacionar com Deus (principalmente na utilização dos bens simbólicos).
Alguns conceitos, como poder dominante e a marginalidade dos dominados, redefinidos através da metáfora da reversão, os primeiros serão os últimos, os pobres serão vindicados em contraposição aos ricos e os retos receberão o seu galardão contra o lucro terreno dos injustos, justificaria a formação das comunidades de bases pentecostais, na tentativa de alguma maneira reverter a historia do homem no contexto atual.
Segundo o pastor Lourival Fernando é preciso reverter a situação das coisas, por isso o movimento neopentecostal tem a necessidade de acabar com a visão de miséria. Na Igreja primitiva havia pobres, mas não miseráveis. O cristão deve caminhar em cima da Palavra e tê-la como tapete da fé. Deus nunca nos dá nada fora da Palavra. Devemos tê-la como respaldo para nossa fé.
A Palavra nos da o direito de reivindicar aquilo que necessitamos.
È notório observarmos que no sentido histórico, a marca maior da apocalíptica é a libertação comunitária, nisto o plano histórico na terra se segue em último análise ao encontra da auto-transcendência individual para uma condição de vida mais digna, mais humana.
Fonte: www.pentecostalismo.com.br/
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