História do Rádio

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O rádio tem sido o primeiro dispositivo para permitir a comunicação de massa.

Permitiu que a informação seja transferida muito grande e, não só nacionalmente, mas internacionalmente grande também.

O desenvolvimento do rádio começou em 1893 com a demonstração de Nikola Tesla de rádio comunicação sem fio em St. Louis, Missouri. Seu trabalho estabeleceu as bases para aqueles cientistas posteriores que trabalharam para aperfeiçoar o rádio agora usamos. O homem mais associado com o advento do rádio é Guglielmo Marconi, que em 1986 foi premiado com a patente de oficial para o rádio pelo governo britânico.

Os primeiros usos do rádio eram principalmente para manter o contato entre navios para fora um mar. No entanto, este rádio inicial era incapaz de transmitir a fala, e em vez disso enviou mensagens em código Morse e para trás entre navios e estações em terra. Durante o tempo de angústia, um navio afundando usaria uma mensagem de rádio navios e estações próximas sobre a terra para pedir ajuda. O rádio viu uma onda de utilização, durante a Primeira Guerra Mundial.

Ambos os lados usaram o rádio para transmitir mensagens aos soldados e oficiais superiores, bem como as pessoas não na frente de batalha. No final da guerra, do presidente Woodrow Wilson Quatorze Pontos foi enviada para a Alemanha através da utilização do rádio. Após o fim da guerra, com o crescimento dos receptores de rádio, transmissão começou na Europa e Estados Unidos.

O Rádio

Meio de comunicação baseado na difusão de informação sonora por meio de ondas eletromagnéticas (hertzianas) em diversas freqüências, que podem ser quilohertz, megahertz e gigahertz . Além da radiodifusão, as ondas eletromagnéticas também são usadas nas transmissões de telefone, de televisão, de radar, nos sistemas de navegação e nas telecomunicações.

Início da radiodifusão

O aproveitamento das ondas eletromagnéticas para a propagação de informação sonora acontece no início do século XX graças à invenção da válvula radioelétrica (tríodo), criada em 1906, nos EUA, por Lee De Forest. A válvula tríodo permite a ampliação dos sinais elétricos, viabilizando a audição de sons complexos transmitidos por ondas hertzianas.

No Natal de 1906, a radiodifusão é inaugurada no mundo: De Forest e Reginald Aubrey Fessenden transmitem, nos EUA, números de canto e solos de violino.

Outras transmissões pioneiras são realizadas nos anos seguintes.

Primeiras emissoras

As emissoras de rádio desenvolvem-se de fato após a I Guerra Mundial. Durante o conflito, a transmissão das ondas eletromagnéticas fica sob o controle do governo dos países em guerra. Esse atraso na implantação da radiodifusão para o grande público, no entanto, é compensado pelos avanços feitos no período, que facilitam o crescimento das estações de rádio no pós-guerra.

Em apenas uma década, a radiodifusão espalha-se por todo o mundo. Em 1919 é criada a primeira grande empresa norte-americana de telecomunicações, a Radio Corporation of América (RCA), seguida da National Broadcasting Company (NBC), em 1926, e da Columbia Broadcasting System (CBS), em 1927.

Na Europa são implantadas várias empresas de grande porte, entre as quais a italiana Radiotelevisione Italia- na (RAI), em 1924; a inglesa British Broadcasting Corporation (BBC), em 1927; e a francesa Radio France Internationale (RFI), em 1931.

O número de receptores também aumenta drasticamente: nos EUA, por exemplo, os aparelhos de rádio sobem de 50 mil, em 1922, para mais de 4 milhões, em 1925 .

AM e FM

Entre os anos 30 e 60, o rádio alcança enorme popularidade. As emissoras profissionalizam-se e os transmissores e aparelhos receptores tornam-se cada vez mais potentes. Os progressos na amplificação permitem modular as correntes das emissoras (separar as ondas) e melhorar o som, evitando problemas de interferência. Com esses aprimoramentos, o rádio passa a difundir mais música.

Os avanços técnicos continuam na II Guerra Mundial, quando são utilizadas novas freqüências de onda. Os primeiros emissores em freqüência modulada (FM) são produzidos nos EUA, pela General Electric, em 1942. A FM permite uma recepção em alta-fidelidade (qualidade técnica), mas seu alcance é pequeno. Já a difusão em amplitude modulada (AM) tem longo alcance, mas algumas limitações de qualidade. Na AM, a freqüência (ritmo) dos sinais não se altera, apenas a amplitude (alcance).

Assim, os canais de AM, por exemplo, não permitem a transmissão dos tons mais altos de uma música, o que é possível pela FM, que utiliza altas freqüências, menos concorridas no espaço. Entretanto, somente com o uso de satélite é que as emissoras de FM ganham meios de melhorar seu alcance.

A transmissão via satélite é inaugurada em dezembro de 1958, com o Score I, o primeiro satélite artificial de telecomunicações. Sua utilização representa o maior salto tecnológico da história da radiodifusão. Com ele, as emissoras podem irradiar seus programas com menos interferências e para qualquer parte do mundo.

As transmissões comerciais iniciam-se sete anos depois com o lançamento do Intelsat 1, da International Telecommunications Satellite Organization.

Rádio no Brasil

O Brasil possui 2.826 emissoras comerciais de rádio licenciadas, segundo dados de 1997 do Ministério das Comunicações . A Região Sudeste tem o maior número de emissoras (1.051) – 526 só no estado de São Paulo -, seguida das regiões Sul (760), Nordeste (611), Centro-Oeste (245) e Norte (159).

A primeira emissão radiofônica brasileira acontece em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da independência. A Westinghouse Electric International Co. instala no alto do Corcovado , no Rio de Janeiro, uma estação de 500 watts, inaugurada com discurso do presidente Epitácio Pessoa.

Seguem-se emissões de música lírica e conferências, captadas nos 80 aparelhos de rádio dispersos pela cidade.

No fim das festividades, a rádio sai do ar, e outra transmissão só acontece no ano seguinte com a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada pelo antropólogo Roquette Pinto e por Henry Morize, diretor do Observatório Nacional. A emissora, com programas educativos e culturais, influencia várias rádios amadoras que aparecem no país na década de 20, como a Rádio Clube Paranaense, em Curitiba. Todas nascem como clubes ou sociedades e, como a legislação proibia a publicidade, são sustentadas pelos associados.

O rádio comercial desponta a partir da legalização da publicidade, no início da década de 30. Com o crescimento da indústria e do comércio, o número de propagandas aumenta e o rádio transforma-se em um negócio lucrativo. Surgem os anúncios cantados, os jingles, que revolucionam a propaganda radiofônica. Na década de 30 são criadas várias rádios, entre elas a Rádio Record, de São Paulo (1931), a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro (1936) – a primeira grande emissora do país -, e a Rádio Tupi (1937), de São Paulo.

Nessa época, o rádio vai abandonando seu perfil educativo e elitista para firmar-se como um meio popular de comunicação. A linguagem torna-se mais direta e de fácil entendimento. A programação diversifica e é mais bem organizada, atraindo o grande público. Nos anos 30 e 40 aparecem os programas de música popular, que lançam ídolos como Carmen Miranda e Orlando Silva. Surgem também os programas de humor, de auditório – que contam com a participação do público -, e as novelas. A primeira delas é Em Busca da Felicidade (1941), da Rádio Nacional.

A mesma rádio lança o Repórter Esso (1941), que inaugura o radiojornalismo brasileiro. As técnicas introduzidas por ele – frases curtas e objetivas, agilidade, instantaneidade e seleção cuidadosa das notícias – são usadas até hoje na maioria dos jornais falados.

Com a popularização da televisão, no final da década de 50, o apogeu do rádio chega ao fim e as emissoras são obrigadas a redefinir seus objetivos.

Nessa reestruturação passam a dar mais espaço ao radiojornalismo e aos serviços à comunidade. A primeira rádio a divulgar notícias durante toda a programação é a Bandeirantes, de São Paulo, inaugurada em 1954.

A partir de 1968 surgem as emissoras de freqüência modulada (FM).

A maioria delas apresenta programas musicais, como a Rádio Cidade (1977), líder de audiência na década de 80. A primeira rádioFM só de notícias é a CBN, criada em 1996.

A história da rádio

A história da rádio está cheia de fatos interessantes, verdadeiros exemplos de abnegação e paixão por um meio de comunicação que, já o pressentiam, revolucionaria o mundo, alteraria hábitos e aproximaria as pessoas diminuindo distâncias.

O QUE É A RÁDIO

A Radio é um sistema de comunicação usando ondas eletro magnéticas que se propagam pelo espaço. Usam-se ondas radiofónicas de diferente comprimento (comprimento de onda) para distintos fins.

Em geral as ondas eletromagnéticas distinguem-se pela sua frequência que é inversa ao comprimento de onda. As ondas mais curtas têm frequência mais alta e um comprimento de onda mais baixo, enquanto as ondas de frequência mais baixa têm um comprimento de onda mais elevado.

A frequência corresponde a um determinado número de ciclos por segundo. Foi o nome do pioneiro da rádio alemão Heinrich Hertz que serviu para baptizar a unidade de medida da frequência; Hertz (Hz). Assim um ciclo por segundo equivale a 1Hz (Hertz), 1KHz é igual a 1000 Hz, ou 1000 ciclos por segundo, e assim sucessivamente.

As ondas de rádio vão de alguns KHz (Kilohertz) a vários gigahertz (GHz), 1.000 milhões de ciclos por segundo. As ondas de luz visível são muito mais curtas.

No espaço as radiações eletromagnéticas propagam-se em forma de ondas a uma velocidade uniforme de quase 300.000Km por segundo.

As ondas de rádio utilizam-se não só na rádiodifusão mas também na telegrafia sem fios, telefones, televisão, radar, sistemas de navegação e a comunicação espacial. Na atmosfera as características físicas do ar originam pequenas variações do movimento ondulatório que provocam erros nas comunicações, como, por exemplo, no radar. Além disso as tempestades e as perturbações eléctricas provocam fenómenos anormais na propagação das ondas de rádio.

As ondas eletromagnéticas numa atmosfera uniforme propagam-se em linha reta e como a superficie terrestre é práticamente esférica a comunicação a grande distância é possível graças à reflexão das ondas de rádio na ionosfera. As ondas de rádio de comprimento de onda inferior aos 10m, que são chamadas de frequências muito altas (VHF), ultra altas (UHF) e super altas (SHF), não se refletem na ionosfera. Assim, na prática, estas ondas muito curtas só se captam à distância visual. As frequências com comprimento de onda de alguns centímetros são absorvidas pelas gotas de água ou pelas nuvens. As inferiores a 1,5cm podem ser absorvidas pelo vapor de água existente na atmosfera limpa.

Os sistemas normais de radiocomunicação constam de dois componentes básicos: o Transmissor e o Receptor. O primeiro gera oscilações eléctricas com uma frequência de rádio denominada de frequência portadora. Pode-se amplificar a amplitude da própria frequência para variar a onda portadora. Um sinal modulado em amplitude compõe-se da onda portadora mais as bandas laterais, produto da modulação. A frequência modulada (FM) produz mais do que um par de bandas laterais para cada frequência de modulação, graças às quais são possíveis as complexas variações que se emitem em forma de voz em radiodifusão ou variações de luminosidade na televisão.

Os componentes fundamentais de um transmissor de rádio são:

Um gerador de oscilações (oscilador) para converter as variações eléctricas em oscilações de uma determinada frequência de rádio;
Os amplificadores para aumentarem as referidas oscilações conservando a frequência establecida;
Transductor para converter a informação a transmitir em variações de corrente eléctrica proporcionais a cada valor instantâneo da intensidade.
No caso da transmissão de som o transductor é o microfóne. Para transmitir imagens utiliza-se como transductor um dispositivo fotoeléctrico.

Outros componentes importantes de um transmissor são o modulador que aproveita as voltagens proporcionais para controlar as variações na intensidade da oscilação ou frequência instantânea da portadora e a antena que irradia uma onda portadora igualmente modulada. Cada antena apresenta certas propriedades direccionais, ou seja, irradia mais energia numas direções e menos energia em outras, no entanto estes padrões podem ser modificados de forma a que a radiação varie num raio relativamente estreito até uma distribuição homogénia em todas as direções. Este último tipo de radiação é usado na radiodifusão.

O método concreto utilizado para desenhar e dispor os diversos componentes depende do efeito desejado. Os requisitos principais de uma emissora de rádio de um avião comercial ou militar são, por exemplo, que tenha um peso reduzido e que tenha uma transmissão inteligivel. O custo é um aspecto secundário e a qualidade de recepção é um aspecto muito importante. Numa emissora comercial de radiodifusão o tamanho e o peso têm pouca importância mas deve ser tomado em consideração o seu custo e a fidelidade é fundamental acima de tudo em emissoras de FM.

O controlo estricto da frequência constitui uma necessidade crítica. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma tipica emissora comercial de 1000KHZ tem uma largura de banda de 10KHZ mas esta largura só se pode utilizar para modulação, sendo que a portadora se deverá manter exatamente nos 1000KHz, já que uma variação de 1% originaria grandes interferências em emissoras na mesma frequência mesmo que distantes.

Numa emissora comercial normal a frquência da portadora é gerada utilizando um oscilador a cristal, rigorosamentecontrolado. O meio básico de controlar as frequências em radiodifusão consiste na utilização de circuitos de absorção ou ressonantes, que possuem valores específicos de indutância e capacitância e que, portanto, favorecem a produção de correntes alternas de uma determinada frequência e impede a circulação de correntes de frequências distintas. De qualquer forma, quando se pretende que a frequência seja rigorosamente estável usa-se um cristal de quartzo com uma frequência natural concreta de oscilação eléctrica para estabilizar as oscilações. Na realidade estas são geradas a baixa potência numa válvula eletrônica ou transistor e são amplificadas em amplificadores de potência que também atuam como retardadores que evitam a interação do oscilador com outros componentes. Essa interação poderia originar a alteração da frequência.

O cristal tem a forma exata para as dimensões necessárias a fim de proporcionar a frequência desejada, que se pode modificar ligeiramente adicionando um condensador ao circuito para obter a frequência exata. Bem desenhado, um oscilador não varia mais do que uma centésima da sua frequência. Se se monta o cristal em vazio e com temperatura constante e mantendo-se as várias tensões estabilizadas pode-se conseguir uma variação de um milionésimo da frequência.

Os osciladores de cristal são muito úteis em frequências muito baixas (VLF), baixas (LF) e médias (MF). Quando são necessárias frequências superiores a 10MHz, o oscilador principal é desenhado de forma a gerar uma frequência intermédia que se multiplica quantas vezes as necessárias usando circuitos eletrônicos especiais.

Quando não se necessita de um controlo exato da frequência, podem ser utilizados circuitos ressonantes com válvulas ou transistores até frequências de 1000MHz e os klistrões para frequências até aos 30000MHz. Os klistrões são substituidos por Magnetrões quando é necessário gerar frequências com potências muito altas.

Para que a modulação da portadora possa transportar impulsos estes devem ser de nível “baixo alto”. No primeiro caso, o sinal de áudio do microfóne com uma amplificação pequena ou nula, serve para modular a saída do oscilador e a frequência modulada da portadora se amplifica antes de chegar à antena. No segundo caso as oscilações de rádiofrequência e o sinal de frequência de áudio se amplificam de forma independente e a modulação se efetua antes de transmitir as oscilações à antena. O sinal pode sobrepor-se à portadora mediante modulação de frequência (FM) ou modulação de amplitude (AM).

A forma mais simples de modulação é a codificação interrompendo a portadora a intervalos concretos mediante uma chave para formar os pontos e traços na telegrafia de onda contínua. A onda portadora também se pode modular variando a amplitude da onda segundo as variações da frequência e intensidade de um sinal sonoro tal como uma nota musical. Esta forma de modulação (AM) é utilizada em muitos serviços de radiotelefonia incluindo-se as normais emissões de rádio. A AM também se emprega na telefonia por onda portadora em que a onda modulada se transmite por cabo e nas imagens estáticas em que se transmite por cabo ou rádio.

Em FM a frequência da onda portadora varia dentro de uma largura establecida a um ritmo equivalente à frequência de um sinal sonoro. Esta forma de modulação foi desenvolvida nos anos 30 e tem a vantagem de produzir sinais relativamente limpos de ruidos e interferências procedentes de fontes como os sistemas de ignição dos automóveis ou as tempestades que afetam em grande medida as transmissões em AM. Portanto as transmissões de FM de radiodifusão realizam-se em bandas de alta frequência (88-108MHz) aptas para sinais de grande qualidade, no entanto com um alcance de recepção limitado.

As ondas portadoras também se podem modular variando a fase da portadora segundo a amplitude do sinal. A modulação em fase está, no entanto, reduzida a equipamentos especializados.

O desenvolvimento da técnica da transmissão de ondas contínuas em impulsos de enorme potência, como no caso do radar, permitiu a criação de uma nova forma de modulação – a modulação por impulsos de tempo, em que o espaço entre os impulsos varia com o sinal.

A informação transportada por uma onda modulada é restituída à sua forma original através do processo inverso chamado “desmodulação” ou “detecção”. As emissões de ondas de rádio a frequências baixas e médias são moduladas em amplitude. Para frequências mais altas utilizam-se tanto a AM como A FM. Na televisão dos nossos dias, por exemplo, o som é modulado em FM e a imagem em AM. Nas emissões de televisão em frequências ultra elevadas e super elevadas, uma vez que a largura de banda é mais alta, a imagem é modulada em FM.

A antena de transmissão não necessita de estar unida ao próprio transmissor. Na radiodifusão comercial em frequências médias a antena é muito grande e a sua localização deve estar fora da povoação. No entanto o estúdio deve estar no centro da cidade. A FM, a televisão e outras transmissões que usam frequências muito elevadas necessitam de antenas muito altas. Se é necessário cobrir uma grande área não resulta muito prático ter as antenas juntas do estúdio de emissão. Em todos estes casos a ligação entre o estúdio e o emissor é feita por cabo. Na maioria dos casos o cabo telefónico é suficiente. Para as emissoras de alta fidelidade usam-se cabos coaxiais.

Fonte: www.rederic.com.br/www.aminharadio.com

História do Rádio

Os pioneiros no mundo do Rádio

Ernst F. W. Alexanderson

Nascido em Upsala na Suécia em 1878, foi Radioengenheiro da General Electric onde ficou mundialmente conhecido pelo seu trabalho no “Alternador de Alta Frequência” o qual inseriu a américa no campo da radiocomunicação. Durante os seus 46 anos de trabalhos, tornou-se o inventor mais ativo da companhia recebendo um total de 322 patentes. Produziu invenções nos campos da eletrificação de caminhos de ferro, motores, transmissão de energia eléctrica, telefonia, propulsão elétrica de navios, além do trabalho pioneiro em rádio e televisão.

Em 1904, Alexanderson foi contratado para construir uma máquina de alta-freqüência que operasse a altas velocidades e produzisse uma onda contínua. Antes da invenção do seu alternador, o rádio era somente um transmissor de pontos e traços transmitidos por ineficientes máquinas de faísca. Depois de dois anos de experiências, Alexanderson finalmente construiu uma máquina de dois quilowatt, com frequência de 100,000 ciclos ( atualmente a unidade de frequência é o Hertz “Hz” ) . Foi instalado na estação de Fessenden em Brant Rock, Massachusetts, na véspera do Natal de 1906. Permitiu que a estação transmitisse um sinal de rádio que incluiu uma voz e um solo de violino. O nome de Alexanderson também está registado na história devido aos estudos pioneiros no campo da televisão.

Em 5 de junho de 1924, transmitiu a primeira mensagem de fac-símile pelo Atlântico. Em 1927 organizou a primeira recepção residencial de televisão na sua própria casa em Schenectady, Nova Iorque, usando uma luminária de néon de alta freqüência e um disco perfurado. Fez a primeira demonstração pública de televisão em 13 de janeiro de 1928.

Edward Victor Appleton

Nascido na cidade de Bradford ( Inglaterra ) em 1892, foi um grande especialista em válvulas termoiônicas e de grande prestígio na Inglaterra.

Graf George Von Arco

Nascido em Grassgorschutz ( Alemanha ), foi um dos inventores do sistema Slaby-Arco de telegrafia sem fios. Durante o congresso Internacional de Radiotelegrafia de Londres em 1912, apresentou um alternador de alta frequência.

Edwin Howard Armstrong 1890-1954

As invenções do engenheiro Edwin Howard Armstrong são tão importantes que ainda nos dias atuais, faz-se uso das suas descobertas no rádio e televisão.

Armstrong formou-se em engenharia eléctrica na Universidade de Columbia, em Nova Iorque em 1913.

Enquanto estava na faculdade, inventou o circuito regenerativo que foi o primeiro receptor amplificado e o primeiro transmissor de onda contínua. Em 1918, inventou o circuito superheterodino, um meio altamente seletivo de recepção, converção, e amplificação de sinais fracos de ondas eletromagnéticas em alta frequência.

A realização dele foi ( em 1933 ) a invenção da modulação de freqüência, agora conhecida como rádio de FM. Durante a segunda guerra mundial, Armstrong cedeu livremente o uso das suas patentes ao exército americano. Teve que se defender de DeForest na justiça pelas suas invenções, tendo ganho a causa anos mais tarde. Armstrong suicidou-se em 1954.

Louis Winslo Austin – PH.D

Nascido em 30 de outubro de 1867 em Ordwell, notabilisou-se pelos seus trabalhos nas medidas de correntes em alta frequência.

Edouard Belin

Cientista Francês, inventor do primeiro sistema prático de transmissão de fotografia por rádio. O sistema podia ser usado para enviar fotografias por cabos, linhas telefônicas e igualmente por rádio.

Emile Berliner 1851-1929

Emile Berliner foi o inventor do microfone que se tornou parte do primeiro telefone da BELL. Outro invento seu foi o gramofone, primeira máquina de gravar e tocar discos. Nascido em Hanover, Alemanha, Berliner chegou à cidade de Washington em 1870 com 19 anos. Estudou física no Cooper Institute (agora Cooper Union) enquanto ajudava num laboratório químico. Na maior parte do seu tempo de estudante, foi vendedor de secos e molhados.

O gramofone de Berliner diferiu dos seus contemporâneos por ter usado um disco plano para registar o som no lugar do cilindro proposto por Edison. O disco plano permitiu tornar a produção mais barata alem de proporcionar a duplicação em massa. O gramofone de Berliner e o método de duplicação dos discos foram adquiridos por Victor Talking Machine Company, (RCA). Berliner fundou a Deutsche Grammophon e a Cia. de Gramofone da Inglaterra Ltd, ( Britain’s Gramophone Co., Ltd )para comercializar os seus dispositivos na Europa. A marca registada, depois adoptada pela RCA, era uma pintura divertida do seu cão , chamado “Nipper”, escutando ‘ a voz do seu mestre.

Alexander Graham Bell 1847-1922

A invenção e a pesquisa do telefone por Alexander Graham Bell deu-se em função da sua intenção em melhorar o telégrafo. Nascido em Edinburgo, Escócia, o inventor passou um ano numa escola privada, dois anos na escola secundária Real de Edinburgo (onde se formou aos 14 anos), tendo assistido a algumas conferências na Universidade de Edinburgo e na Faculdade Universitária em Londres, mas era ecencialmente um autodidata. Não sendo um perito com as suas mãos, Bell tinha dinheiro suficiente para pagar e inspirar Thomas Watson, um jovem construtor, mecânico e fabricante de modêlos que o ajudou entusiasticamente a inventar um aparelho para transmitir som através da eletricidade.

Em 6 de abril de 1875, é concedida uma patente para o telégrafo múltiplo que enviava dois sinais ao mesmo tempo. Em setembro de 1875 ele começou a escrever as especificações para o telefone. Em 7 de março de 1876, o Escritório de Patentes norte-americano concedeu-lhe a Patente n 174.465 cobrindo o método de transmitir voz ou outro som telegraficamente atravez de ondulações eléctricas, semelhante às vibrações do ar provocadas pelos sons vocais. Depois de inventar o telefone, Bell continuou com as suas experiências em comunicação que culminaram na invenção da Fotofone ( transmissão de som num feixe de luz – um precursor dos sistemas de fibra óptica de hoje ) .

Também trabalhou em pesquisas médicas e técnicas pedagógicas para comunicação com deficientes visuais. O alcance do gênio inventivo de Bell só é representado em parte pelas 18 patentes concedidas em seu nome e outras 12 que ele compartilhou com os seus colaboradores. Entre estas, incluíram-se 14 para o telefone e telégrafo, quatro para o Fotofone, um para o fonógrafo, cinco para veículos aéreos, quatro para hidroaviões, e dois para uma bateria de selenium. Em 1888 ele fundou a National Geographic Society.

Dr. Etore Bellini

Nascido na cidade de Foligno, Italia em 1876, foi um prestigioso engenheiro eléctrico da marinha italiana e chefe do Laboratório Eléctrico Naval. Teve grande participação juntamente com o Cap. Tosi, no invento do Radiogoniômetro, um sistema para encontrar a direção de sinais de rádio.

Edouard Branly 1844-1940

Físico francês e médico, estudou os impulsos nervosos que o levou a desenvolver o ‘ Coherer ‘, um dispositivo para detectar sinais de rádio. Esse dispositivo era um tubo de vidro cheio de limalhas de metal e dois eléctrodos. O dispositivo diminuia a resistência na presença de energia eléctrica, quando as limalhas se aderiam ( ou ‘ cohered’ ). Muitos coherers utilizavam uma espécie de martelo pequeno para bater no tubo depois de cada sinal recebido, separando as limalhas e aumentando a resistência em preparação para o próximo sinal. Em colaboração com o conde George Von Arco que fora seu assistente, em Charlottenburg, fundou a Slaby-Arco que acabou por se fundir com a Braun e a Siemens dando origem à empresa alemã Telefunken. Marconi utilizou o coherer na maioria das suas estações de rádio nos primeiros anos dos seus estudos na transmissão de sinais sem fios ( 1900 ).

André Marie Ampère 1775-1836

Cientista francês, conhecido pelas suas importantes contribuições no estudo da eletrodinâmica. Daí veio o nome ampère (A) para a unidade de medida da intensidade da corrente elétrica.

Georg Simon Ohm 1787-1854

Físico alemão, conhecido principalmente pela sua pesquisa das correntes elétricas. A sua formulação da relação entre intensidade de corrente, diferença de potencial e resistência é conhecida como lei de Ohm. A unidade de resistência elétrica recebeu o nome de ohm em sua homenagem.

Karl Ferdinand Braun 1850-1918

Nascido na Alemanha, compartilhou o Prémio Nobel de física com Marconi em 1909, pelo seu serviço no desenvolvimento da telegrafia sem fios. O seu equipamento sem fios, utilizava circuitos ressonantes no transmissor e receptor proporcionando sencivel melhoria no sistema original de Marconi. Nos anos de 1890 e 1891, patenteou vários métodos de accionar o circuito de um relé a distância por meio de ondas eletromagnéticas. Em 1890, publicou um boletim sobre as suas investigações no campo da condutividade eléctrica. Braun introduziu o uso do detector a cristal nos receptores. O seu trabalho em observar formas de ondas usando uma tela coberta de fósforo favoreceu o surgimento do tubo de raios catódicos, e posteriormente o tubo de televisão.

A. Brondell

Nascido em Chaumont ( França ), no ano de 1863, graduou-se na Universidade de Paris especialisando-se no estudo das ondas eléctricas. Em 1893, inventou o “Oscilógrafo” , um instrumento que permite observar as curvas oscilantes de corrente ou tensão alternada de um sinal. Em 1902, patenteou um método para produzir oscilações elétricas para telefonia sem fios.

Frank Conrad 1874-1941

Rádiomador, estação 8XK depois autorizado como KDKA, localizada na sua garagem em Wilkinsburg, na Pennsylvania, foi um dos precursores que deu crescimento à ” Broadcasting “. Cedo, a sua experiência com rádio lhe proporcionou a oportunidade de construir sensíveis receptores para ter notícias dos sinais do tempo, provenientes do Observatório Navail de Arlington, VA. Conrad deixou a escola no 7º grau para trabalhar. Foi transferido para o departamento de testes na Westinghouse logo após entrar nesta empresa em 1890. Tornou-se engenheiro geral em 1904 e engenheiro chefe assistente em 1921. Supervisionou o desenvolvimento de equipamentos transmissores entre outros serviços . Recebeu o título honoris causa de Doutor em Ciência, da Universidade de Pittsburgh em 1928.

L. Dubilier Nascido em Nova York em 25 de julho de 1888, foi Presidente e Director técnico da Dubilier Condenser and Radio Corp. ( N.Y. ) e membro de várias sociedades. Foi autor de umas 300 patentes sobre dispositivos elétricos.

Thomas Alva Edison 1847-1931

Nascido em Milan, Ohio, Edison era uma criança inquieta. Com 10 anos, já tinha montado um pequeno laboratório químico no porão de casa, baseado em livros elementares de ciências e física. Gostava do estudo da química e da produção de corrente eléctrica especialmente atravéz da garrafa voltaica obsorvendo os principios e logo montando e operando um aparelho de telégrafo caseiro. Obteve uma posição como um operador especialista noturno na Western Union Telegraph Company em Boston em 1868; durante o dia dormia, para logo iniciar as suas experiências em manipular correntes elétricas com novos métodos.

Foi-lhe emprestada uma pequena soma em dinheiro de um conhecido, deixou seu trabalho no outono de 1868 e tornou-se um inventor recebendo a sua primeira patente para um registador de voto eléctrico, mas a máquina foi recusada pelas autoridades eleitorais. No verão de 1869 estava em Nova Iorque e dormia num porão debaixo de Wall Street. Num momento de crise na Bolsa de comércio de Ouro causado pelo desarranjo no indicador de preço do novo telégrafo “Stock-Ticker” do escritório, fabricado pela firma Stock-Ticker, Edison foi chamado para tentar consertar o instrumento; ele o fez tão habilmente que foi contratado como seu supervisor. Logo tinha remodelado a irregular máquina tão profundamente, que os seus donos, a Western Union Telegraph Company, solicitaram a remodelação na impressora que há pouco entrara em uso. O resultado foi uma nova Impressora Universal que, junto com vários outros inventos derivados do telégrafo de Morse, lhe trouxe uma súbita fortuna de $40,000. Com este capital montou uma oficina em Newark, Nova Jersey, para montagem de relógios marcadores de Ticket e impressoras ( printers ) de alta velocidade para telegrafia. Em 1876 Edison deixa a fábrica de Newark e muda-se para uma vila de Nova Jersey, ( village of Menlo Park ) para montar um laboratório onde poderia dedicar toda a sua atenção à invenção. Tomando como ideal montar uma invensão a cada dez dias e um grande projeto a cada seis meses, propôs-se também fazer novas invensões e novos projetos sob encomenda.

Sem que esperace, em pouco tempo acumula encomendas de 40 projetos diferentes ao mesmo tempo, solicitando 400 patentes num ano. Em setembro de 1878, depois de ter visto uma caríssima exibição de uma série de oito luzes ” 500-candlepower” ( luzes de arco ) que quase cegavam os presentes , Edison anunciou corajosamente que inventaria uma luz eléctrica moderada e barata que substituiria o gaslight em milhões de casas, além disso, realizaria isto através de um método completamente diferente de distribuição de energia em relação a atualmente empregada para as luzes de arco. Para apoiar Edison no esforço de produzir a nova lâmpada, várias figuras importantes do mundo financeiro de Nova Iorque uniram-se em outubro de 1878 para formar a Edison Electric Light Company, predecessora da General Electric Company. Em 21 de outubro de 1879, Edison demonstrou a lâmpada de filamento de carbono, provida de corrente por dínamos de alta tensão especiais.

A estação piloto de geração de energia em Menlo Park funcionou com um circuito de 30 luminárias que podiam ser ligadas ou desligadas uma a uma sem afecctar o resto. Três anos depois, a central de energia no centro da Cidade de Nova Iorque foi completada e inicia a iluminação elétrica das cidades do mundo.

Em 1887 Edison move os seus stands de demonstração de Menlo Park para West Orange, Nova Jersey onde constroi o Laboratório Edison (agora um monumento nacional), uma construção 10 vezes maior que o anterior. Com fábricas empregando 5,000 pessoas e produzindo uma variedade de novos produtos entre eles mimeógrafos, o fonógrafo de cera, , fluoroscópio, baterias de armazenamento alcalina, máquina de imprimir, máquinas fotográficas e projetores de filme. Ao longo da sua carreira, Edison dirigiu os seus estudos conscientemente para dispositivos que poderiam satisfazer as reais necessidades de uso popular das pessoas. Realmente, pode dizer-se que aplicou a tecnologia cumprindo os ideais da democracia, centrando a sua atenção em projetos que aumentaram a conveniência e o prazer do ser humano.

Michael Faraday 1791-1867

Físico e químico Inglês nascido em Londres, Faraday é considerado por muitos como um dos maiores cientistas experimentais de todos os tempos, sendo considerado também um teorista brilhante. As teorias dele no campo do magnetismo foram adoptadas posteriormente por Maxwell, sendo uma parte, aplicada na teoria da relatividade de Einstein. Possuindo educação básica ( sabia ler e escrever ) e alguns conhecimentos em matemática, ele começou a vida como aprendiz de livreiro e encadernador. Aproveitou todos os momentos de folga para ler, ao ponto de redigir um artigo sobre eletricidade numa enciclopédia. Isto mexeu com seu interesse no assunto, tornando-se um criador na ciência da eletroquímica. Um homem profundamente religioso, muito do trabalho dele parece ter sido influenciado pela convicção na harmonia divina do universo. As Leis de Faraday incluem a Lei da Indução, Lei da Eletrólise, a Segunda Lei da Eletrólise. O Farad – uma unidade de capacidade, foi dado em sua homenagem.

Hans Christian Oersted 1777-1851

Físico e químico dinamarquês, iniciou o estudo do eletromagnetismo e foi o primeiro a isolar o alumínio. Oersted é o nome dado à unidade da “Relutância”, por outras palavras, a resistência magnética oferecida por um centímetro cúbico de vácuo.

Reginald Aubrey Fessenden 1866-1932

Canadiano, nascido em Bolton Oriental, Quebec trabalhou como Químico em New York, e depois nos Laboratórios de Edison em New Jersey. Entre as suas patentes, estava o detector eletrolitico – mais sensível que outros métodos de deteção, o sistema “duplex de radiotelefonia” e o processo de ‘ heterodinação’ de um sinal – mistura de um sinal com outra frequência para criar uma ‘soma’ e uma ‘diferença’ da freqüência original. Colaborou com Alexanderson no desenvolvimento do alternador de alta frequência. Pessoalmente, era dito como sendo um pouco arrogante – usando frases como ‘ não tente pensar – não tem cérebro para isso’. Obteve mais de 500 patentes em toda a sua vida, sendo muitas, para os avanços na arte do rádio.

John Ambrose Fleming 1849-1945

Fleming nasceu em Lancaster, Inglaterra, estudando eletricidade e matemática com James Clerk Maxwell. Ele serviu em várias companhias de iluminação eléctricas como conselheiro e engenheiro, foi consultor científico para a Companhia de Marconi de 1899-1905. Além do trabalho teórico, era ativo na aplicação prática das suas ideias. Fez melhorias em luminárias elétricas, geradores, e muitas peças de aparelhos de radiotelegrafia. Em 1881 entrou para a Edson Electric Light Company em londres, onde trabalhou durante 10 anos. Este grande inventor era intimamente ligado às experiências feitas por Marconi e era um dos responsáveis pela estação de Poldhu quando o cientista italiano fez a sua primeira transmissão através do canal da mancha.

Em 1904, enquanto procurava um detector melhor para os sinais de telegrafia sem fios, relembrou os trabalhos de Edison em 1880 – e o fenômeno conhecido como Efeito Edison. Cconstruiu uma lâmpada com um cilindro de metal cercando o filamento, instalou arames para fora da lâmpada – descobrindo a sua célebre válvula diodo ( primeiro detector eletrônico das ondas de rádio) . Esta válvula foi a primeira utilizada em rádio e é a origem de todas as utilizadas posteriormente. Publicou um grande número de trabalhos e pertenceu a numerosas sociedades científicas, recebendo várias medalhas da Real Sociedade de Ciências, mas foi a invensão da válvula eletrônica que lhe trouxe fama. Faleceu em 1945 época em que o rádio ja era uma instituição a nivel mundial.

Lee De Forest 1873-1961

Nascido em Council Bluffs, Iowa, Lee Deforest fez a maior contribuição para a rádio e a eletrônica com a invenção da válvula Triodo. Se Edson inventou a lâmpada de incandescência e Fleming a válvula de dois eletrodos ( o diodo ) que foi um enorme avanço para a rádio, Lee de Forest fez o inimaginável ao introduzir o terceiro elemento na válvula de Fleming. A rádio entrou numa nova era e a válvula nunca mais deixou de ser usada nem mesmo depois da introdução do transistor em 1947. A válvula de trez ou mais eletrodos continua a ser utilizada atualmente e assim continuará por muitos anos. Embora tenha inundado o seu escritório com patentes e idéias, só umas poucas entre mais de 300 patentes se provaram importantes.

Nos inicios da rádio instalou muitos transmissores de radiofrequência sem fios, tornando-se um dos mais famosos entre as companhias existentes. Porém faltou compreenção empresarial, e foi enganado por vários sócios. Concentrou os seus esforços nas exibições de imagens em movimento nos anos 1920, reclamando que o campo da rádio e os seus subprodutos estavam se tornando muito concorridos. Anos depois, é encontrado a processar outros inventores – nomeadamente Howard Armstrong – por suposta infração às suas patentes.

Charles D. Herrold 1875-1948

Nascido em Illinois, começou a trabalhar com transmissão de sinais sem fios em San Jose, Califórnia. Foi inventor, professor, e é por muitos considerado como sendo o ” Pai da Radiodifusão “. Herrold foi um dos primeiros pesquisadores a transmitir mensagens de voz na história do rádio ( em 1909 ) da ‘ Faculdade Herrold de Engenharia e Telegrafia sem fio ‘ em San Jose. Tinha um horário regular para transmitir os sinais entre 1909 e 1917, e reivindicou ter cunhado o termo ‘ Broadcasting’. Em 1915, propagou atravez das ondas da rádio desde a Feira Mundial, a uma distância superior a 50 milhas, transmitindo notícias e música.

Dr. Oliver Heaviside

Nascido em 13 de março de 1850 em Londres, o seu nome está ligado à teoria apresentada por si próprio, da existência de uma capa ionizada permanente na parte superior da atmosfera, capaz de refletir as ondas eletromagnéticas, permitindo a propagação dos sinais de radio ao redor do mundo.

Joseph Henry 1797-1878

Físico norte-americano, cuja obra mais importante foi o estudo do eletromagnetismo, Joseph Henry descobriu o fenômeno da auto-indutância, que enunciou em 1832, trabalhando como primeiro diretor do Instituto Smithsonian de 1846-1878. Nasceu em Albany, Nova Iorque, e frequentou a Academia de Albany – embora a sua educação primária e secundária seja convencional. Ao ler um livro popular sobre ciências, ficou encantado e determinado a seguir carreira nessa área começando a estudar para entrar na Academia. As experiências de Henry com eletroímãs permitiram a Faraday e outros futuros pesquisadores, terem melhores ferramentas para os seus estudos. Melhorou o elecctroímã com o uso de fios separados, e é creditado por ter descoberto a resistência indutiva. De fato, a unidade de medida de resistência indutiva é o ‘ henry’, em sua honra. Henry também inventou um motor eléctrico em 1829, um telégrafo em 1831, e o relé em 1835, tendo trabalhado com transformadores e enrolamentos não indutivos.

Heinrich Hertz 1857-1894

Físico Alemão, Hertz nasceu em Hamburgo e frequentou a Universidade de Berlim. Em 1883 tornou-se instrutor na Universidade de Kiel – onde em primeiro lugar, estudou o trabalho de Maxwell. Maxwell tinha teorizado que os campos elétricos na forma de ondas se propagavam à velocidade da luz em vez de instantaneamente. Para provar isto, Hertz efetuou uma série de experiências entre 1886 e 1889 envolvendo medições da força das oscilações em diferentes pontos ao longo de uma folha de zinco. Estas experiências confirmaram a existência de ondas, e que estas ondas agiam de forma idêntica à luz, com relação à refração e polarização. Em resumo, Hertz tinha provado a teoria de Maxwell de que a luz era uma forma de radiação eletromagnética. Desde então, em sua homenagem, dá-se o nome de ondas hertzianas. Hertz descobriu o efeito fotoeléctrico e investigou a natureza dos raios catódicos.

C.F. Jenkins 1868-1934

Nascido em Daitona ( USA ), foi precursor da televisão. Depois de inúmeros estudos e investigações, realizou a sua primeira transmissão de imagens em 1922, e publicamente em 1925 a uma distância de 13 kilômetros.

Willian Thomson Kelvin 1824-1907

Nascido em Belfast, ingressou como estudante na Universidade de Glasgow com a idade de 10 anos e formou-se em 1845 aos 21 anos. As suas grandes invensões na telegrafia, o seu compasso magnético e aparelhos de sonda marinha tornaram-no famoso e rico.

A.E. Kennelly 1861-1939

Natural de Bombaim na India, estudou em diversas universidades da Inglaterra e América, formando-se físico e engenheiro. Foi auxiliar de Edison durant mais de 7 anos. Em 1902, foi nomeado professor da Universidade de Harvard, época em que deu a conhecer as suas teorias sobre a existência da capa de “Kennelly-Heaviside”.

Arthur Korn

Nascido no ano de 1870 em Breslau, Alemanha, foi educado em Paris tornando-se professor de física na Universidade de Munich de 1903 a 1908 e posteriormente da Politécnica de Charlotenburg em Berlim. Conhecido pelas suas experiências e inventor de um método de transmissão de fotografias por telégrafo. A primeira fotografia enviada por telégrafo foi feita de Munich a Berlim em 1907 utilizando o seu método.

Irving Langmuir 1881-1957

O trabalho de Irving Langmuir conduziu a duas invenções principais: a válvula de emissão de eletrões e a lâmpada incandescente. Nascido em Brooklyn, Langmuir foi educado nas escolas públicas de Nova Iorque e Paris, em França. Tornou-se Bachareu na Columbia University School of Mines e Ph.D.em química na Universidade de Gottingen na Alemanha onde estudou junto com o Prémio Nobel Walther Nernst. O primeiro trabalho profissional seu foi como instrutor de química em New Jersey de 1906 a 1909. De lá mudou-se para o Laboratório de Pesquisa da General Electric em Schenectady, Nova Iorque. O que começou como um trabalho de verão, floresceu numa carreira com a companhia que durou o resto da sua vida. Enquanto esteve na G.E., Langmuir recebeu 63 patentes e foi laureado com o prémio Nobel de química em 1932, como também numerosas outras honras. A ele se deve a descoberta de que com o tratamento de óxido de tungstita na construção dos filamentos de tungstênio, com certos compostos de tório, o filamento converte-se em tungstênio toriado e a emissão eletrônica aumenta consideravelmente.

Este trabalho levou diretamente à invenção da válvula elecctrônica em 1912 e a lâmpada incandescente a gás em 1913. Langmuir foi responsável pelas muitas descobertas científicas básicas que representaram um papel fundamental no desenvolvimento de produtos eléctricos comerciais. As contribuições para a teoria atômica e a compreensão da estrutura atômica lançaram luz no significado de isótopos.

Mahlon Loomis 1826-1886

Nascido em Nova Iorque, e dentista de profissão, interessou-se por eletricidade, realizando várias experiências sobre os efeitos da eletricidade no crescimento de vegetais. O seu trabalho em comunicação sem fios – embora não de fato comunicação de rádio – poderia ter sido bem mais importante se isto não tivesse interferido na economia do dia a dia. Nunca teve o apoio financeiro para continuar o seu trabalho. Entre as outras experiências que realizou, destaca-se a tentativa de substituir baterias com eletricidade captada da atmosfera – tentou impinar papagaios prendendo fios metálicos para juntar esta eletricidade.

William Gilbert 1544-1603

Nascido na Inglaterra, serviu a Rainha Elizabeth I como médico. Durante a sua vida, executou muitas experiências no campo do magnetismo, oferecendo as primeiras teorias compreensíveis sobre o magnetismo, baseado na sua suposição de que a Terra era um grande imã . Os modernos pilotos de aeronave utilizam pelo menos duas das suas descobertas: Mergulho Magnético e Variação Magnética de uma bússola.

P. Roberto Landell de Moura

Comete-se uma injustiça a um cientista brasileiro, predecessor de Marconi e de outros. Padre Roberto Landell de Moura, gaúcho, nascido em 21 de janeiro de 1861.

O padre-cientista, construiu diversos aparelhos que expôs ao público na capital paulista em 1893, tais como:

Teleauxiofono ( telefonia com fio )
Caleofono ( telefonia com fio )
Anematófono ( telefonia sem fio )
Teletiton ( telegrafia fonética, sem fio, com o qual duas pessoas podem comunicar sem serem ouvidas por outras )
Edífono ( destinado a ducificar e depurar as vibrações parasitas da voz fonografada, reproduzindo-a ao natural ).

Nesta ocasião, estabeleceu os princípios básicos em que se fundamentaria todo o progresso e a evolução das comunicações, tal como conhecemos hoje. As suas teses, firmadas antes de 1890, previram a “telegrafia sem fio”, a “radiotelefonia”, a “radiodifusão”, os “satélites de comunicações” e os “raios laser”.

No ano de 1900, enquanto o grande feito de Marconi não ultrapassava a distância de 24 quilômetros, o Padre Landell de Moura obtinha do governo brasileiro a carta patente nº 3279, reconhecendo-lhe os méritos de pioneirismo científico, universal, na área das telecomunicações.

Em 1901, o Padre Landell de Moura, embarcou para os Estados Unidos e em fins de 1904, o The Patent Office at Washintong concedeu-lhe três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Poderia considerar-se o Padre Landell de Moura o precursor nas transmissões de vozes e ruídos. As suas patentes demonstram isso.

Guglielmo Marconi 1874-1937

Provavelmente, o nome mais associado à invensão do rádio em todo o mundo, devido às suas descobertas no campo da transmissão e recepção de sinais sem fios. Nascido numa família muito próspera na Bolonha, Itália, Marconi cursou a Universidade de Griffone, abandonando-a para se dedicar às suas investigações sobre as ondas hertzianas. É considerado o descobridor da telegrafia sem fios, por ter coordenado todos os esforços dos principais investigadores da época. Em 1896, Marconi recebe na Inglaterra uma patente sobre ” Aparelho de transmissão de impulsos eléctricos e de sinais” no qual se utilizava o Excitador de Hertz, o Cohesor de Branly e a Antena de Popov. Marconi recebeu uma infinidade de condecorações pelo seu incansável trabalho de investigação no campo das comunicações. Foi membro da maioria das entidades científicas e Presidente da Academia Real Italiana, tendo recebido o prémio Nobel de Física em 1909.

James Clerk Maxwell 1831-1879

Célebre físico e matemático nascido na Escócia e morto nesta mesma cidade, é considerado o fundador da teoria eletromagnética, desenvolvendo vários estudos no campo dos fenômenos eletromagnéticos. Cursou os seus estudos na Universidade de Edimburgo e depois em Cambridge. Graças às suas qualidades, pôde ingressar no “Trinity College”, onde terminou os seus estudos quatro anos mais tarde. Baseando-se em trabalhos de Faraday, Thomson, Coulombe e Ampère, os seus principais apontamentos na ciência física são: a teoria que leva o seu nome conhecida como “Teoria Eletromagnética da Luz”, o seu famoso tratado “Eletricidade e Magnetismo” e muitos outros. A Comissão Eletrotécnica Internacional reunida em Oslo em 1931, resolveu dar o nome de Maxwell à unidade de fluxo magnético em memória deste famoso sábio. Maxwell não chegou a conhecer nenhuma onda produzida por métodos eléctricos, visto que somente depois da sua morte se conseguiu alcançar este objetivo.

Alexander Meissner

Nascido em Viena ( Austria ) em 1883, foi um grande estudioso da rádio. Uniu-se à Telefunkem em Berlin no ano de 1907 tornando-se uma das maiores autoridades da rádio na Alemanha. A ele se devem centenas de inventos.

Samuel Finley Breese Morse 1791-1872

Samuel F. B. Morse, pintor e inventor, teve um pequeno treino em eletricidade mas percebeu que a corrente eléctrica poderia transportar informação. Nascido em Charlestown, Massachusetts, filho primogênito do Reverendo Jedidiah Morse e sua esposa, Elizabeth Ann Breese, Samuel Morse frequentou a Academia Phillips em Andover, Massachusetts, e entrou na Faculdade de Yale em 1805 formando-se em 1810. Em 1811, mudou-se para Londres permanecendo durante 4 anos recebendo lições de desenho e pintura do célebre pintor Benjamin Went. Pintou uma grande quantidade de quadros destacando o retrato do general Lafayette que lhe valeu uma medalha de ouro. Morse recebeu três patentes em bombas mecânicas em 1817 com o seu irmão, Sidney Edwards Morse.

O interesse de Samuel Morse em telegrafia começou em 1832, e os elementos do sistema de comutação foram idealizados em 1835. O equipamento foi melhorado gradualmente sendo demonstrado em 1837. Recebeu uma patente em 1840, e o Congresso norte americano deu-lhe a quantia de $30,000 para construir uma linha entre Washington e Baltimore. A primeira mensagem “Que Deus seja Louvado” nesta linha foi enviada em 24 de maio de 1844. Em 1861 as duas costas dos Estados Unidos foram unidas através do telégrafo. O ” Código Morse ” foi inventado por Morse, e Alfred Vail, seu assistente por volta de 1840.

O código original foi simplificado em 1851, e é chamado “código Morse International”.

S.R. Mullard

Nasceu na Inglaterra em 1884, onde realizou várias experiências com válvulas eletrônicas. Após participar da primeira guerra mundial como capitão defendendo a Inglaterra contra a Alemanha, Sir S.R. Mullard funda a MULLARD Radio Valve Company, em 1920. A fábrica, localizada originalmente em Nightingale Road Balham, ( Londres ), começou com o fabrico das conhecidas válvulas Mullard, as quais tinham como logotipo as letras PM de “PURA MÚSICA” ou “Pure Music” no inglês. Influenciado pela grande quantidade de rádios na época, inicia o fabrico de receptores em Blackburn Lancashire com o mesmo nome das válvulas que já era bastante conhecido.

Greenleaf Whittier Pickard

Engenheiro eletricista nascido em Portland ( Maine ) em 14 de fevereiro de 1877. Estudou em Harvard e Massachussets, dedicando especial atenção à telegrafia e telefonia sem fios. Pickard descobriu e patenteou em 1907 um detector de ondas que chamou de “Detector de PERICKON”, ( PERfect pICK and CONtact ) baseado no emprego de certos cristais naturais como a galena, calcopirita, grafite, zincita, molibdenita, e também com outros cristais artificiais que possuem a propriedade de deichar passar as ondas eletromagnéticas somente num sentido. A descoberta foi um grande avanço para a radiorecepção, pois até então, não havia sido possível obter resultados satisfatórios na recepção das ondas hertzianas, visto que o Cohesor de Branly que até então se empregava, possuia baixa sensibilidade e falta de fidelidade. Pickard obteve mais de 100 patentes das suas invenções e a descoberta da sensibilidade dos cristais.

Alexander Stepanovitch Popov 1859-1906

Há mais de 100 anos atrás Alexander Popov, então com 36 anos, professor de física e engenharia eléctrica na Escola Naval de Fusileiros Navais em Kronstadt, Rússia, projetou um rádio receptor que permitia receber sinais transmitidos por meio de ondas eletromagnéticas. Nascido em Turinskiye Rudniki, Rússia, estudou em St Petersburg, retornando a St Petersburg como professor em 1901. Independentemente de Guglielmo Marconi, Popov é aclamado na Rússia como o inventor do telégrafo sem fios. Dedicou-se a estudar os fenômenos radioeléctricos produzidos nas tormentas atmosféricas, o que levou à descoberta da “Antena”. Em 1896 (possivelmente em 1895) melhorou o receptor de Oliver Lodge adicionando um fio suspenso como uma antena, (Popov foi a primeira pessoa registada a adoptar este procedimento) e blindando as bobinas para neutralizar o efeito das faíscas nos transmissores .

No dia 7 de maio de 1895, transmitiu, recebeu e decifrou a primeira mensagem telegráfica sem fios com sucesso. O cientista russo Alexander Popov tinha enviado uma mensagem de um navio da Marinha russo distante 30 milhas no mar, para o seu laboratório em St. Petersburg, Rússia. Era um feito incrível, mas o mundo não tomou conhecimento. A intensão da Marinha russa era monopolizar esta tecnologia poderosa, incitando Popov a não dar qualquer notícia das suas descobertas. Considerado como um fantástico segredo de estado, Popov perde qualquer chance de fama mundial.

Michael Idvorski Pupin 1858-1935

Michael Pupin nasceu na Hungria chegando aos Estados Unidos em 1874. Freqüentou a Universidade de Columbia e a Universidade de Berlim. Foi professor de eletromecânica durante 30 anos naColumbia, de 1901 a 1931. Pupin inventou e melhorou muitos dispositivos para telegrafia e telefonia, inclusive com o uso de indutores em linhas de telefone para melhorar a qualidade auditiva. Trabalhou com o desenvolvimento de Radiografias, identificado como ‘ radiação secundária ‘

Estudou o comportamento das válvulas a baixa pressão, e inventou um ressonador eléctrico. Foi lhe conferido um total de 34 patentes para as suas invenções.

Anton F. Philips 1874-1951

Nascido em Zaltbommel, Holanda em 14 de março de 1874, filho do banqueiro Federico Philips, estudou na Escola de Comércio de Amsterdan e em Londres.

Em 13 de janeiro de 1894, incorpora-se na direção comercial da empresa Cia. Philips, fundada em 1891 pelo seu pai e pelo seu irmão Gerard Philips. Em 1912, a empresa transforma-se em Philips Gloeilampenfabricken e os irmãos Philips são nomeados diretores.

Em 1922, A. F. Philips está sozinho na direção dessa grande empresa que já possuia reputação internacional. Desde a sua fundação, a produção estava limitada ao fabrico de lâmpadas incandescentes e acessórios para iluminação, a partir de 1927 são fabricadas válvulas de rádio, amplificadores, retificadores, tubos de Raio X, e os mais diversos aparelhos e acessórios para iluminação. A empresa tinha se tornado uma grande indústria e em 1929 contava com 23.000 empregados.

Raymond Philips

Nascido na Inglaterra, em 1902 inventou um sistema para o contrôle automático de combóios eléctricos. Em 1905 realizou um estudo sobre o contrôle de mecanismos à distância mediante ondas radioeléctricas. Em 1910, apresentou um sistema para controlar as aeronaves por intermédio da rádio.

David Sarnoff 1891-1971

Sarnoff nasceu na Rússia, e mudou-se para a Cidade de Nova Iorque ainda menino. Trabalhou como operador de telégrafo na companhia de Marconi, e muitas honras lhe são dadas por ter trabalhado no telégrafo durante 3 dias por ocasião do desastre do navio TITANIC – embora haja discussão neste parecer, onde muitos acham ser um exagero. Não há nenhuma dúvida que Sarnoff era um homem decidido, sendo uma grande figura no crescimento da radiodifusão. Sarnoff tornou-se gerente geral da RCA em 1921, e depressa se tornou o seu vice-presidente. Conheceu a companhia durante o surgimento da rádio, supervisionando a criação da primeira cadeia (NBC) e o movimento em direção à televisão. Durante a Segunda Guerra Mundial foi consultor de comunicações, e pelos seus serviços, foi condecorado com a patente de Brigadeiro General.

Werner Siemens 1816-1892

Nascido numa família de engenheiros e inventores, Werner e o irmão mais novo William desenvolveram o Dínamo – um dispositivo que converte energia mecânica em energia eléctrica usando ‘auto excitation’, eliminando o uso de imãs permanentes. Isto conduziu ao nascimento da indústria de energia comercial.

Werner também inventou um processo de elecctroplating, e um método satisfatório de isolar cabos telegráficos e eléctricos prevenindo-os contra a umidade.

Nikola Tesla 1856-1943

Nikola Tesla foi o inventor do motor de indução com campo magnético rotativo. Nascido em Smiljan Lika, Croácia, filho de um clérigo Ortodoxo sérvio, Tesla estudou em Joanneum, uma escola politécnica em Graz e na Universidade de Praga durante dois anos. Começou a trabalhar no departamento de engenharia do sistema de telegrafia austríaco, tornou-se um engenheiro eléctrico numa companhia de energia eléctrica em Budapest e depois em Strasbourg. Enquanto esteve na escola técnica, Tesla ficou convencido que os comutadores eram desnecessários em motores e quando começou a trabalhar numa companhia de energia, construiu um motor simples onde demonstrou a verdade da sua teoria. Em 1884, Tesla veio para os Estados Unidos e uniu se a Edison como um desenhador de dínamos.

Em 1887 e 1888 Tesla teve uma loja experimental na Rua da Liberdade, 89 ( 89 Liberty Street ) Nova Iorque, e lá inventou o motor de indução. Vendeu a invenção à a Westinghouse em julho de 1888 levando um ano em Pittsburgh instruindo os engenheiros da Westinghouse. Tesla obteve mais de 100 patentes na sua vida. A pesar das 700 invenções, Tesla não ficou rico. Durante muitos anos trabalhou no seu quarto no Hotel New York onde morreu.

Sir Joseph John Thomson 1856-1940

Nascido em Cheetham Hill, Inglaterra, frequentou a Universidade de Cambridge e manteve uma associação com esta universidade durante a maior parte da sua vida. Foi laureado com o prémio Nobel em Física pelo seu trabalho na condução da eletricidade através dos gases em 1906. O seu trabalho com Radiografias e tubos de raios catódicos convenceu-o que estes eram carregados com partículas de electrões e que a massa deles era 1,000 vezes menor que íões de hidrogênio.

John Bardeen 1908-1991 – William Bradford Shockley 1910-1989 – Walter H. Brattain 1902-1987

Os físicos John Bardeen, William B. Shockley, e Walter Brattain compartilham juntamente em 1956 o prémio Nobel por inventarem o transistor, um dispositivo de estado sólido que amplifica a corrente eléctrica. O transistor executou funções eletrônicas semelhantes à válvula eletrônica na rádio e televisão, mas de longe muito menor e usando muito menos energia. O transistor tornou-se o inicio da eletrônica moderna, o inicio do microchip e a tecnologia do computador. Nascido em Madison, Wisconsin, Bardeen obteve o Ph.D. em 1936 em matemática e física na Universidade de Princeton. Como membro da Universidade de Minnesota, Minneapolis, de 1938 a 1941, serviu como físico principal no Laboratório Naval norte-americano em Washington, D.C., durante a Segunda Guerra Mundial, tendo se juntado posteriormente aos Laboratórios Bell. Lá administrou as pesquisas nas propriedades de condutividade dos eléctrões em semicondutores. Este trabalho conduziu à invenção do transistor. Bardeen também é responsável por uma teoria no campo da supercondutividade, a propriedade que alguns metais possuem em perder resistência eléctrica a muito baixas temperaturas e uma teoria que explica certas propriedades dos semicondutores.

Shockley nasceu em Londres. Uniu o pessoal técnico dos Laboratórios Bell em 1936 e lá começou experiências que conduziram à invenção e desenvolvimento do transistor de junção. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como diretor de pesquisa para o Antisubmarine Warfare Operations Research Group da Marinha norte-americana. Depois da guerra, retornou à Bell Telefone como diretor de pesquisa da física do transistor. Foi professor visitante de física no Instituto Californiano de tecnologia, em Pasadena, em 1954, e diretor de Departamento de Defesa em 1954-55. Uniu-se a Beckman Instruments Inc., para implantar o Laboratório Shockley de Semicondutor 1955. Em 1958 tornou-se conferencista na Universidade de Stanford, Califórnia, e em 1963 o primeiro professor de ciência da engenharia nesta Universidade.

Brattain nasceu em Amoy, China. Em 1929 tornou-se um físico de pesquisa nos Laboratórios da Bell. Os seus principais campos de pesquisa, foram as investigações envolvidas nas propriedades de superfície dos sólidos, particularmente a estrutura atômica de um material na superfície que normalmente difere da sua estrutura atômica no interior. Tornou-se professor adjunto na Faculdade de Whitman, Walla Walla, Washington, em 1967. Foram-lhe concedidas várias patentes e escreveu extensivamente sobre a física de estado sólido.

Fonte: www.geocities.com

História do Rádio

Rádio no Brasil

1 – O avanço da tecnologia e o rádio Em 1831 Michael Faraday (1791-1867), um físico e químico inglês, considerado um dos cientistas mais influentes de todos os tempos descobre o princípio da indução eletromagnética.

História do Rádio
Guglielmo Marconi

Nos anos de 1895 e 1896, Aleksander Stepanovitch Popov, Henry Bradwardine Jackson e Oliver Joseph Lodge, conseguiram transmitir sinais de rádio a pequenas distâncias. O que deu condições para que, em 1895 o físico e inventor italiano Guglielmo Marconi (1874 – 1937) inventasse o primeiro sistema prático de telegrafia sem fios em 1896 e construísse os primeiros equipamentos de transmissão e recepção, possibilitando enviar sinais a algumas centenas de metros, isso tudo com base nas pesquisas anteriores de Michael Faraday, James Maxwell, Heinrich Hertz e outros.

Marconi aproveitou o coesor de Edouard Branly, a antena de Aleksandr Popov e a sintonia desenvolvida por Oliver Lodge, a qual permitia selecionar o recebimento de apenas uma freqüência específica entre as inúmeras que podem ser captadas por uma antena. A pequena distância de cem metros ampliou-se no mesmo ano para incríveis dois quilômetros e, em maio de 1897, para treze quilômetros. No início do século XX, o Atlântico Norte já era cruzado por sinais de radiotelegrafia.

Em 1904, aparece John Ambrose Flemming (1849/1945), um engenheiro eletrônico e físico britânico. Flemming foi consultor científico de Marconi de 1899 até 1905, onde desenvolveu técnicas de radiotelegrafia e inventou a válvula de dois elementos (diodo).

Logo em seguida o padre católico e inventor brasileiro Roberto Landell de Moura (1861/1928), obtém nos Estados Unidos, as patentes do transmissor de ondas, telefone sem fio e telégrafo sem fio. Landell de Moura é considerado um dos vários “pais” do rádio, no caso o pai brasileiro do Rádio. Foi pioneiro na transmissão da voz humana sem fio (radioemissão e telefonia por radio) antes mesmo que outros inventores, como o canadense Reginald Fessenden (dezembro de 1900). O padre gaúcho Landell de Moura realizou, em 1893, do alto da Avenida Paulista ao morro de Sant’Anna, em São Paulo, numa distância de oito quilômetros, a primeira experiência de radiotelefonia de que se tem registro, embora não haja documentos que comprovem o fato. Já em 1899 e 1900, jornais citam a experiência, dando fé do pioneirismo do brasileiro na transmissão de sinais sonoros. Veja, por exemplo, que Marconi se notabilizou por transmitir sinais de telegrafia por rádio; mas só transmitiu a voz humana em 1914. Pelo seu pioneirismo, o Padre Landell de Moura é o patrono dos radioamadores do Brasil. A Fundação Educacional Padre Landell de Moura foi assim batizada em sua homenagem, assim como o CPqD (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento) criado pela Telebrás em 1976, foi batizado de “Roberto Landell de Moura“.

Em 1906, Ernst Alexanderson (1876/1975), construiu o “Alexanderson Alternator”, ou o “alternador de alta freqüência”, dispositivos eletromagnético que transforma corrente contínua em corrente alternada, o que permite gerar ondas de radiofreqüência, que dão origens às rádios e assim possibilitou a modulação da voz, tornando o rádio um instrumento prático. O único transmissor em funcionamento que “sobreviveu” está até os dias de hoje está na estação de rádio na cidade de Varberg, na Suécia. Este é um primeiro exemplo de tecnologia de rádio “pré-eletrônica” e foi adicionado a lista de patrimônio mundial pela Unesco em 2004.

No inicio as rádios usavam as frequências de transmissão AM, que é o processo de transmissão através do rádio usando Modulação em Amplitude. É transmitido em várias bandas de freqüência. Este sistema foi por oitenta anos o principal método de transmissão via rádio. Caracterizado pelo longo alcance dos sinais, a freqüência AM está sujeita a interferências de outras fontes eletromagnéticas. As primeiras transmissões utilizando a freqüência iniciaram-se em 1906 por Reginald Fessenden. Até a I Guerra Mundial era utilizada para transmissão de músicas e recados diversos. A situação modificou-se com o surgimento das rádios comerciais, que deram início a era de ouro do rádio, que foi da década de 20 até os anos 50.

As primeiras estações de rádio eram simplesmente radiotelegrafia e não tinham capacidade para “carregar” áudio. O primeiro pedido de autoria para uma transmissão de áudio (voz) foi feita no Natal de 1906 pelo engenheiro canadense Reginald Fessenden.

Onde, entretanto, esta transmissão de radio foi realizada é motivo de controvérsia entre os historiadores. Com a invenção da válvula termiônica, foi possível melhorar a transmissão e reprodução do sinal de rádio.

Começaram as emissões radiofônicas com mais qualidade. Em 1908, Lee De Forest realizou, do alto da torre Eiffel, uma emissão ouvida nos postos militares da região até Marselha. Um ano depois, a voz do tenor Enrico Caruso era transmitida do Metropolitan Opera House. Charles Herrold, um pioneiro da radiodifusão criou em 1909, em São José na Califórnia a primeira estação de rádio do mundo e que “carregou” áudio no ano seguinte.

A estação de rádio de Herrold tornou-se a famosa Rádio KCBS. Em 1916, Lee De Forest instalou uma estação emissora experimental em Nova York. No final da primeira guerra mundial, a radiofonia já estava em pleno funcionamento no mundo inteiro. Em 1919 foi inaugurada uma emissora de rádio regular em Rotterdam na Holanda. O rádio seguiu seu caminho como meio de comunicação alcançando o planeta. Os radiodifusores improvisavam seus próprios receptores de rádio. No final da primeira guerra mundial, a radiofonia já estava em pleno funcionamento no mundo inteiro.

Em 1920, inaugurou-se a primeira radiodifusora comercial, em Pittsburgh, Estados Unidos, com o prefixo KDKA pelo Dr. Frank Conrad. A primeira transmissão comercial da KDKA foi realizada de Saxonburg, no município de Butler County, Pensilvânia em novembro de 1920. Posteriormente o equipamento foi transferido para um edifício de escritórios em Pittsburgh, Pensilvânia e adquirido pela Westinghouse. A KDKA de Pittsburgh, sobre a gerência da Westinghouse, iniciou transmissões inicialmente licenciadas como “comercial”. A designação comercial teve origem no tipo de licença, a publicidade no rádio iria demorar um pouco mais. A primeira transmissão de áudio mostrou os resultados das eleições presidenciais de 1920.

O transporte marítimo, que já vinha utilizando a radiotelegrafia desde o início do século XX, passou a utilizar também a radiotelefonia, além disto, começaram a surgir estações amadoras que transmitiam programas musicais. O interesse do público pelos receptores aumentou.

Na mesma época, a América Latina também iniciava seus primeiros passos. A Rádio Argentina inicia transmissões regulares a partir do Teatro Coliseo em Buenos Aires em de 1920. Entretanto, a estação apenas foi licenciada em novembro de 1923. A demora foi devida a falta de licenças oficiais por parte do governo Argentino, o qual até então ainda não tinha procedimentos técnicos para outorgas. Esta estação de radio continuou transmitindo regularmente entretenimento e cultura por décadas.

A partir da década de 1920, vários países montaram transmissores de rádio, como Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, União Soviética, Canadá, Chile, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Reino Unido, França, Itália, Japão, Noruega, Suíça, Checoslováquia e, naturalmente, Brasil.

A partir das primeiras emissões de rádio, começaram a ser notados os fenômenos de radiopropagação. Ainda não se sabia da influência da ionosfera e da troposfera na propagação das ondas de rádio, e nem se conheciam os efeitos de reflexão ionosférica, espalhamento e canalização. Os fenômenos de radiopropagação empolgaram técnicos e engenheiros, pois as emissoras de então, começaram a receber correspondências de que estavam sendo capatadas em cidades e países distantes. O que de certa forma, acelerou as pesquisas e ajudou a disseminar mais ainda a radiodifusão.

2 – Os primórdios do rádio no Brasil

A inauguração oficial do rádio no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922. No ano em que se comemorou o I Centenário da Independência do Brasil (1922), ocorreu no Rio de Janeiro, uma grande feira internacional, a Exposição do Centenário da Independência, na Esplanada do Castelo, que recebeu visitas de empresários americanos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos. Para testar o novo meio de comunicação, os americanos da Westinghouse Electric instalaram uma estação de 500 W e uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor). O público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, Epitácio Pessoa e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal, isso tudo além de conferências e diversas atrações. Muitas pessoas ficaram impressionadas, pensando que se tratava de algo sobrenatural. A primeira transmissão radiofônica do discurso do presidente Epitácio Pessoa, foi captada em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores.

A reação visionária de Roquette-Pinto a essa tecnologia foi: “Eis uma máquina importante para educar nosso povo”.

No mesmo ano, nos Estados Unidos, surgiu a primeira emissora comercial, a WEAF, de Nova Iorque, criada pela companhia telefônica American Telephone and Telegraph (atual AT&T).

Depois da primeira transmissão no Brasil em 1922, Roquette Pinto tentou sem sucesso convencer o Governo Federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional. Roquette Pinto (1884/1954) foi um médico legista, professor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro. Para o bem da comunicação do Brasil, Roquette-Pinto não desistiu, e conseguiu convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Foi então criada a primeira rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro – atual Rádio MEC, fundada em 1922, e dirigida por Roquette-Pinto, com um possante transmissor Marconi com dois mil wats de potência – o melhor da América do Sul – e a criação de uma escola de radiotelegrafia. Menos de um ano mais tarde, em 20 de Abril de 1923, foi inaugurada a primeira rádio brasileira, a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro”, fundada por Roquete Pinto e Henry Morize. Henri Charles Morize ou Henrique Morize (1860/1930) foi um engenheiro industrial, geógrafo e engenheiro civil francês, naturalizado brasileiro; Morize foi também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências. Voltada para a elite do país, a programação da rádio incluía ópera, recitais de poesia, concertos e palestras culturais e tinha uma finalidade cultural e educativa.

Como os anúncios pagos eram proibidos, a rádio era mantida por doações de ouvintes.

Roquete Pinto definiu bem como foi à primeira transmissão de rádio no Brasil: “Tudo roufenho, distorcido, arrombando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores conseqüências”. Essas frases fazem parte do discurso dele sobre a primeira transmissão radiofônica no Brasil, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, 1922.

Utilizando o espaço ocioso dos transmissores adquiridos pela União junto à Western, o Brasil entra, em definitivo, na era das comunicações eletrônicas, com o início das operações da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1º de maio de 1923. Como ocorre, em geral, com as novas tecnologias, o rádio atua, de início, no âmbito da burguesia, mesmo que o idealismo de seus pioneiros – com destaque para Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize que cunham para a emissora o slogan “trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”. Pretensão semelhante possui, então, a Sociedade Rádio Educadora Paulista, de São Paulo, que começa a transmitir em 30 de novembro de 1923. Símbolo desta época é também o Rádio Clube de Pernambuco, fundado em Recife, no dia 6 de abril de 1919, que, como definem os seus estatutos, pretendia a montagem de uma estação experimental para o estudo das transmissões telegráficas e telefônicas sem fio. Conforme Renato Phaelante1, no início dos anos 20 já ocorrem emissões em caráter experimental, o que garantiriam a precedência da iniciativa nordestina em relação às do centro do país.

Os dados existentes indicam semelhanças em todos estes clubes e sociedades de radiófilos,sem-filistas ou amadores da radiotelefonia, expressões que definem, na época, os integrantes destas associações. São eles entusiastas com conhecimento da tecnologia radiofônica e outros ligados ao ensino e, mesmo, ao comércio, muitos mantendo boas relações com a classe política. Cada sócio tinha de pagar, além da jóia inicial, uma mensalidade, o que, constatada a inadimplência da maioria, seria fatal para a sobrevivência destas agremiações, ou seja, das rádios sociedades ou clubes.

As transmissões de rádio ocorriam, em geral, à noite e em dias esparsos, sem uma continuidade entre um conteúdo e outro. Assim, à conferência científica seguia-se minutos de silêncio até que alguém, como se estivesse em um sarau em uma típica casa burguesa, apresentasse talvez um número de piano ou de violão, podendo ocorrer mesmo a afinação do instrumento à frente do microfone. Predominando o idealismo associativo de elite, a atividade radiofônica se aproxima em grande medida de uma espécie de artesanato.

Os diletantes das associações radiodifusoras enquadram-se bem nesta condição de “artesanato”.

Há que recordar a relativa confusão a respeito dos vários tipos de transmissões às quais estes entusiastas dedicam-se a escutar: irradiações provenientes de embarcações (radiocomunicação), de particulares (radioamadorismo), de estações telegráficas (radiotelegrafia) e de sociedades ou clubes de radiófilos (as primeiras emissoras de rádio). Da visão inicial que não diferencia muito umas das outras, vai-se evoluir para a idéia de uma fonte sonora comunicando-se com diversos receptores simultaneamente. O uso da publicidade e a gradativa introdução das estações comerciais, por fim, vão deixar para trás o associativismo de elite.

O despertar para a possibilidade de obtenção de lucro dá-se no Rádio Clube do Brasil, fundado em 1º de junho de 1924 por Elba Dias. De acordo com Vampré (1979, p.

33), a entidade foi a primeira do país a obter autorização do governo para transmitir anúncios, além de abrir espaços crescentes para artistas que começam a se destacar na indústria fonográfica. Na seqüência, surgem os programistas, radialistas pioneiros que arrendam espaço nas emissoras e se responsabilizam pela apresentação, produção e comercialização do conteúdo. Este processo coincide com o advento, nas décadas de 1920 e 1930, de uma nova realidade econômica no Brasil, identificada por autores como Prado Júnior (2006, p. 288-9).

Mas os problemas começaram; poluição do espectro e interferência. Este fato obrigou as autoridades dos paises a iniciarem o disciplinamento do uso das transmissões.

De forma pioneira, as freqüências das emissoras de rádio foram regulamentadas pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos que passou a determinar as horas em que podiam operar. Houve contestação, o caso foi aos tribunais em 1924 e o Departamento de Comércio perdeu a questão. O espectro se transformou num caos que durou três anos. Em 1927 o congresso americano seria obrigado a intervir criando uma comissão federal de radiocomunicações, que regulamentou o sistema.

Na mesma época, na Europa, as estações que se interferiam eram de países e línguas diferentes, a regulamentação tinha que ser de caráter internacional. Isso foi feito a partir de 1925 pela União Radiotelegráfica Internacional (URI). Os governos uniram-se, definiram as freqüências e o emprego mais eficaz da radiodifusão. A primeira regulamentação entrou em vigor em novembro de 1926.

Em 1926, foi inaugurada a Rádio Mairynk Veiga, seguida da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, Pará e Pernambuco. A tecnologia era ainda muito incipiente, pois os ouvintes utilizavam-se dos rádios de galena montados em casa, quase sempre por eles mesmos, usando normalmente caixas de charutos. Isso se tornava possível pelo fato dos aparelhos serem compostos por apenas cinco peças, segundo ensinava José Ramos Tinhorão em seu livro editado em 1990.

Como visto, no Brasil, as primeiras transmissões AM surgiram com a emissora de Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que em 1936 iria transformar-se em Rádio Ministério da Educação, que propagaria o ensino à distância.

As freqüências AM foram fundamentais na vida do brasileiro em meados do século XX. As rádios de longo alcance, como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Super Rádio Tupi e a Rádio Record, que atingiam quase 100% do território nacional ajudaram a propagar os times cariocas e paulistas de futebol por todo o Brasil.

O crescimento do rádio na sua primeira década de existência no Brasil se deu de forma lenta, pois como dissemos a legislação brasileira não permitia a veiculação de textos comerciais o que dificultava a sobrevivência financeira das Rádio-Sociedades, ou seja, sobreviviam de doações de amigos e sócios. Bem verdade que tal fato não impedia que as emissoras mesmo não produzindo intervalos comerciais, tivessem seus programas patrocinados por anunciantes específicos cujos produtos eram recomendados ao público ao longo do programa. Nos primeiros anos o alcance do rádio era pequeno em termos de público, pois o preço dos aparelhos receptores era alto, tornando-os inacessíveis a grande parte da população.

Nas modalidades rádio-sociedade e rádio-clube, que, depois da criação da primeira estação de rádio, surgiram em todo o Brasil, o princípio era o mesmo: um grupo de pessoas pagava uma mensalidade para a manutenção do equipamento e o salário dos funcionários, e alguns ainda cediam discos para serem ouvidos por todos. Foi essa característica, adotada por Roquette-Pinto, que tornou possível, num primeiro momento, uma incipiente radiodifusão, que só se tornou um meio de comunicação de massa na década de 1930, com a introdução do rádio comercial e a redução do preço dos receptores.

A percepção da potencialidade do rádio não era, como se extrai das palavras de Albert Einstein, privilégio apenas das pessoas que lidavam com o novo meio: em 1925, em visita ao Brasil, ele recomendava “cuidado na utilização do rádio, pois, se mal usado, as conseqüências poderão ser lamentáveis”.

A partir de 1927, começa a era eletrônica do rádio. O som dos discos não precisa mais ser captado pelo microfone, pois o toca-disco tinha sido conectado a uma mesa de controle de áudio e podia ter seu volume controlado eletronicamente. Com estúdios mais ágeis, as produções dos programas radiofônicos ficam mais aprimoradas.

A Rádio Gaúcha é uma estação de rádio brasileira com sede em Porto Alegre, RS. Pertence ao Grupo RBS e opera nas frequências 600 kHz AM e 93,7 MHz FM. É a cabeça-de-rede da Rede Gaúcha SAT, que detém mais de 150 emissoras. A emissora foi a rádio brasileira que enviou o maior número de profissionais para a Copa do Mundo FIFA 2010, junto com a RBS. A Rádio Gaúcha foi fundada em 8 de fevereiro de 1927. A rádio faz suas transmissões com som 100% digital e ocupa a faixa de 600 kHz AM, sendo esse canal exclusivo da emissora nas regiões Sul/Sudeste e parte sul do Mercosul. Este 600 AM já foi usado pela Rádio Farroupilha, outra rádio do Grupo RBS, que hoje ocupa a frequência 680 kHz AM, faixa antes utilizada pela Rádio Gaúcha.

Em 28 de maio de 2008, a Rádio Gaúcha passou a transmitir também em FM, na frequência 93,7 MHz. A emissora já ocupou as frequências FM em 94,1 MHz (hoje 94,3 da Rádio Atlântida) nos anos 60-70 e 102,3 MHz (atual Rádio Itapema FM) nos anos 70-80. Na época era chamada Gaúcha ZH FM e possuía uma cadeia de rádios, hoje, ocupadas pela Rede Atlântida e pela Rádio Itapema FM

Com a conformação do rádio espetáculo no início dos anos 1930 a partir do trabalho de César Ladeira, primeiro na Record, de São Paulo, e depois na Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, criam-se as possibilidades concretas para que o veículo atenda às necessidades de divulgação de produtos e serviços de terceiros. A ele, Ortriwano (1985, p. 17) atribui a criação do elenco exclusivo e remunerado, base da profissionalização do meio que irá permitir o surgimento dos programas de auditório, humorísticos e novelas, principais conteúdos para o mercado anunciante da época. Os indícios existentes levam a crer, (Tota 1990, p.71), que a compra da Record, em 1931, por um grupo integrado por Paulo Machado de Carvalho, permite à estação “estruturar-se como uma moderna empresa de comunicação, acompanhando o processo geral de transformações que caracterizou o Brasil dos primeiros anos da década de 1930”.

3 – Nasce o rádio comercial brasileiro

No início da década de 1930, a situação havia mudado e o rádio se tornara um veículo mais popular. Em São Paulo (que oferecia os maiores salários do país) um aparelho de rádio custava em torno de 80$000 e o salário médio de uma família de trabalhadores era de 500$000 por mês. Ainda na década de 1930, surge o rádio comercial, após a emissão de um decreto permitindo a inserção publicitária – Decreto nº 21.111, de 1º de março de 1932, que autorizava 10% da programação da rádio a ter comerciais (atualmente é 25%). Como resultado, a produção erudita passou a ser popular e os interesses dos proprietários passaram de educativos para mercantis. Por outro lado, a competição gerou desenvolvimento técnico, popularidade e status às emissoras.

A década de 30 marcou o apogeu do rádio como veículo de comunicação de massa, refletindo as mudanças pelas quais o país passava. O crescimento da economia nacional atraía investimentos estrangeiros, que encontravam no Brasil um mercado promissor. A indústria elétrica, aliada à indústria fonográfica, proporcionaram um grande impulso à expansão radiofônica.

A autorização do governo Vargas para a veiculação de publicidade no rádio, em março de 1932, deu ao novo meio um impulso comercial e popular. No mesmo ano, o governo começou a distribuir concessões de canais a indivíduos e empresas privadas.

Ainda nos anos 1930, aparece a propaganda política. Também surgem os programas de auditório, com a participação popular. Além disso, a Rádio Jornal do Brasil estabelece em sua programação o cunho informativo.

Ainda em 1932, no mês de maio, o rádio dava amostras de sua capacidade de mobilização política. A cidade de São Paulo exigia a deposição do então Presidente Getúlio Vargas, as rádios paulistas, em especial a rádio Record se transformavam em poderosas armas.

Em julho, teve início o movimento que ficou conhecido como a Revolução Constitucionalista, que tinha como principal exigência a convocação de eleições para a formação de uma Assembléia Constituinte: o país necessitava de uma nova Constituição. A cidade logo foi cercada pelas forças federais, isolada, utilizou as emissoras de rádio para divulgar os acontecimentos a outras partes do país. Em outubro São Paulo entregava as armas. O rádio saiu do conflito revigorado por sua destacada atuação. Alguns profissionais do setor, como o locutor César Ladeira, se tornaram conhecidos em âmbito nacional.

Ao longo da década de 1930 o rádio foi se mostrando um veículo de publicidade economicamente rentável. A Legislação promulgada em 1932 oferecia soluções para o problema da sobrevivência financeira das emissoras, ao mesmo tempo que garantia ao Estado uma hora diária da programação em todo o território nacional para a transmissão do programa oficial do governo. O rádio trouxe inovações técnicas e modificou hábitos, transformando-se na maior atração cultural do país.

Desde 1932 a Rádio Philips investia no Programa Casé, que representou uma revolução na forma de apresentar programas de rádio. Foi Adhemar Casé, juntamente com Nássara, quem criou os primeiros jingles publicitários. Seu programa foi pioneiro em abrir espaços para patrocinadores e em veicular quadros humorísticos. Sociedade Rádio Philips do Brasil foi fundada em 12 de março de 1930 no Rio de Janeiro, então capital federal, pela Philips (que se instalara no Brasil nos anos 20).

A rádio Philips possuía uma boa qualidade de som em comparação às outras emissoras da época, não só pela potência do sinal irradiado, mas também pela qualidade dos aparelhos da marca vendidos à elite carioca por um pernambucano que viria a se tornar em um dos mais famosos produtores de programas de rádio da época: Ademar Casé (avô de Regina Casé). Os locutores da emissora a propagavam como sendo do “signo das estrelas”, já que sua logomarca era composta do desenho de quatro estrelas. Aproveitando os contatos e a sua fama como grande profissional dentro da Philips, Ademar sugeriu a Vitoriano Augusto Borges, diretor da Rádio Philips, o aluguel de um horário explicou que essa nova experiência seria ainda melhor e mais dinâmico do que o “Esplêndido Programa,” programa de maior sucesso na época transmitida pela Rádio Mayrink Veiga. O Programa Casé estreou às oito horas da noite de 14 de fevereiro de 1932, e se tornou um sucesso.

A Rádio Philips foi desativada em 1936 pela organização holandesa, forçada por uma legislação governamental, que criava embaraços para uma emissora com suas características, já que tinha como principal objetivo, divulgar os produtos fabricados e comercializados pela Philips do Brasil, conforme descreve Reinaldo C. Tavares em seu livro “Histórias que o Rádio Não Contou”. Rafael Casé (outro neto de Ademar), escritor de “Programa Casé – O Rádio Começou Aqui”, no entanto, descreve outra versão: A Philips era a única emissora carioca a atingir São Paulo e, por não apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932, passou a enfrentar boicote paulista a seus aparelhos. Como a emissora nascera para ajudar a promover os produtos Philips e não para prejudicá-los, a direção da multinacional decidiu vendê-la. Foi encampada pelo grupo do jornal “A Noite”, “Noite Ilustrada” e “Revista Carioca” e transformada na famosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro, sendo seus estúdios instalados inicialmente na Praça Mauá número 7, edifício A Noite.

As empresas multinacionais foram as primeiras a utilizar o rádio na publicidade. Os programas de auditório e as rádio-novelas tinham o patrocínio de marcas como Philips, Gessy e Bayer.

Na política, o rádio também exerceu enorme influência: a propaganda eleitoral, o pronunciamento do presidente fazia parte da programação e alcançavam milhares de ouvintes/eleitores. Em 1933, o americano Edwin Armstrong demonstra o sistema FM para os executivos da Radio Corporation of America (RCA). Edwin Howard Armstrong (1890/1954) foi um engenheiro elétrico estadunidense, inventor do “rádio FM”.

Uma rádio FM transmite informações utilizando modulação em frequência.

Serviço de rádio e banda de freqüência atribuída:

Onda Média (AM) – utilizada nas Américas, esta banda possui médio alcance: 525 kHz a 1705 kHz
Onda Tropical (OT) (120 metros) – utilizada entre os Trópicos, esta banda possui longo alcance, razoável qualidade de sinal:
2300 kHz a 2495 kHz
Onda Tropical (OT) faixa alta:
3200 kHz a 5060 kHz
Onda Curta (OC) – apresentam longo alcance, porém baixa qualidade de sinal:
5950 kHz a 26100 kHz
Frequência Modulada (FM) incluindo RadCom:
87,7 MHz a 108,0 MHz

A situação numérica do rádio, em termos de licenças concedidas, na década de 1930 pode ser aflorada a partir dos dados constantes do anuário estatístico do IBGE de 1935. Afora o fato de a maioria das empresas de radiodifusão estarem concentradas na capital federal e em São Paulo, certas características atinentes ao padrão de controle e propriedade das emissoras já se mostram perceptíveis desde os tempos pioneiros de implantação do novo veículo tão promissor. Tanto o poder federal como alguns governos estaduais controlavam emissoras de grande impacto e audiência, como, por exemplo, a Rádio Nacional no Rio de Janeiro, ou a Rádio Inconfidência em Minas Gerais, ou então, subsidiavam as atividades de estações educativas destinadas a um público seleto, como no caso da emissora ligada ao Ministério da Educação, germes do que seriam mais tarde os veículos da rede educativa oficial. Os principais órgãos da imprensa diária e as redes privadas que então se constituíam, no âmbito da emergente indústria cultural, possuíam 90% das suas próprias estações nas grandes praças do mercado consumidor, como, por exemplo, a Rádio “Jornal do Brasil” (RJ) e as diversas estações integradas à nascente rede dos Diários Associados.

O rádio evolui rapidamente em todo o país, a ponto de preocupar o governo, estimulando a criação do Departamento Oficial de Propaganda (DOP), depois transformado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Esse novo departamento tinha o poder de fiscalizar e censurar a programação das emissoras de rádio. Em 1936, entra no ar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro (PRE8), que, com suas transmissões em ondas médias e curtas, atingia todo o território nacional e até outros países. Faz tanto sucesso, que é encampada pelo governo Vargas, para di vulgar o regime político em vigor – e com qualidade artística e técnica –, uma vez que contratava os melhores profissionais e dispunha do equipamento mais moderno.

Nasce, também, a Voz do Brasil. Criada há 75 anos, ou seja, em 1935, em plena ditadura Vargas, numa época em que as comunicações não alcançavam a totalidade do território nacional, o programa perpetuou-se não apenas por interesse dos presidentes e de políticos oriundos dos grotões distantes, que passaram a utilizá-lo como canal de comunicação com suas bases. O programa Voz do Brasil foi criado por Armando Campos, amigo de infância de Getúlio, com a intenção de ajudar o seu amigo, colocando suas idéias para a população escutar, e assim serem a favor de seu governo. Passou ser transmitido em 22 de julho de 1935, com o nome de “Programa Nacional”, sendo apresentado pelo locutor Luiz Jatobá. De 1935 a 1962, foi levado ao ar com o nome de Hora do Brasil. Em 1939 o Decreto Lei 1.915 cria a Hora do Brasil com o objetivo de “Centralizar, coordenar, orientar e superintender a propaganda nacional, e servir como elemento auxiliar dos ministérios, entidades públicas na parte que interessava à propaganda nacional”. Existiam cerca de 77 emissoras de rádio no País.

A partir de 10 de novembro de 1937, com a ascensão do Estado Novo, Getúlio Vargas passou a utilizar intensamente o programa, então chamado A Hora do Brasil, em suas mensagens à população, como carro-chefe do antigo Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, de triste lembrança. Para atrair o publico ouvinte o Departamento de Imprensa e Propaganda-DIP convidava artistas famosos para se apresentarem no programa Hora do Brasil que era formado por quadros de notícias, de caráter geral, entretenimento e informes políticos. Através desse programa o governo pretendia personalizar a relação política com cada cidadão sem que necessitasse montar um sistema de emissoras próprio.

Em 1938, o programa passou a ter veiculação obrigatória, somente com a divulgação dos atos do Poder Executivo, sempre das 19 às 20 horas da noite, horário de Brasília. Em 1962, a Lei nº 4117, que institui o Código Brasileiro de Telecomunicações e cria a obrigatoriedade de paralisar a programação das emissoras de rádio para a transmissão do programa “Voz do Brasil”. A partir da entrada em vigor do Código Brasileiro de Telecomunicações, o Poder Legislativo passou a ocupar a segunda meia hora do noticiário.

A Voz do Brasil é um noticiário radiofônico público, que vai ao ar diariamente em praticamente todas as emissoras de rádio aberto do Brasil, às 19:00h, horário de Brasília, fazendo parte da história de radiodifusão brasileira, além de ser o programa mais antigo do rádio. O programa é de veiculação obrigatória em todas as rádios do país, por determinação do Código Brasileiro de Telecomunicações. Algumas rádios, todavia, aparadas por liminares, estão ocasionalmente desobrigadas de sua transmissão. Isso ocorre devido a Voz do Brasil ter sido criada dentro de um contexto onde não havia nenhuma possibilidade do Governo se comunicar com o cidadão, seja pela inexistência de meios de radiodifusão estatal, seja pelo motivo de não terem sido alcançadas as fronteiras mais distantes e assim informar aos brasileiros os fatos e acontecimentos da República. Nos dias de hoje a rede de radiodifusão governamental e a radiodifusão educativa alcança a casa das 6483 emissoras. Destaque-se ainda que as emissoras da Rádio Nacional, pertencente ao Sistema Radiobrás, cobre com sua programação toda “Amazônia Legal”, em ondas médias e tropicais e poderia colocar a Voz do Brasil no horário que melhor lhe aprouvesse.

Adicionalmente, nos dias de hoje, todas as autoridades governamentais, nos três poderes, possuem plataformas de informação na Internet, como os sites dos Ministérios, Presidência da República, Câmara, Senado e Justiça. Os sites do Governo, notadamente da Radiobrás e da EBC, são verdadeiras agências de notícias oficiais. Deve-se considerar que estes sites são construídos dentro das mais modernas técnicas de comunicação e marketing político, usando recursos de última geração, como o Twiter, por exemplo, constituindo-se no verdadeiro “estado da arte” quando se fala em transmitir informações com facilidade e eficiência ao cidadão.

Atualmente, os primeiros 25 minutos da Voz do Brasil são produzidos pela Radiobrás, e gerados ao vivo, via Embratel, para todo o Brasil. Em 1995, a Voz do Brasil entrou para o Guiness Book como o programa de rádio mais antigo do Brasil. O noticiário também é o mais antigo programa de rádio do Hemisfério Sul. A Voz do Brasil por muitos anos iniciou-se com a frase “Em Brasília, dezenove horas”, hoje substituída para “Sete da noite em Brasília”. O tema inicial do programa é O Guarani, de Carlos Gomes, recebeu novas versões, em samba, choro, capoeira, entre outros.

Em 1936, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi doada para o Ministério da Educação que tinha como titular Gustavo Capanema, que comunicou a Roquette-Pinto que a rádio seria incoporada ao tão temido Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão responsável pela censura durante a era de Getúlio Vargas. Roquette-Pinto ficou indignado com a proposta de incorporação ao DIP e exigiu a autonomia da rádio, para preservar a função educativa que ela tinha. Roquette Pinto ganhou a disputa, e a rádio MEC mantém até o hoje o mesmo ideário.

Consta que, ao se despedir do comando da emissora que fundara, sussurrou chorando ao ouvido da filha Beatriz: “Entrego esta rádio com a mesma emoção com que se casa uma filha”.

Em 1936, os aparelhos de rádio já podiam ser comprados em lojas do ramo. Entre as décadas de 1930 a 1950, o rádio viveu sua chamada Era de Ouro, como o principal meio para divulgação de informações, artistas e talentos, junto ao Cinema. A Rádio Record, de São Paulo, foi criada em 1931. Em 1934, surgiu a Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, uma das mais importantes do país pelas três décadas seguintes. No ano seguinte, foram criadas a Rádio Jornal do Brasil e a Rádio Tupi, duas emissoras históricas que existem até hoje. Em 1936, aparece a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que liderou audiência por 20 anos e transformou os padrões de linguagem do rádio brasileiro. A seguir um pouco da história de cada uma destas rádios.

A Rádio Record é uma estação de rádio brasileira com sede em São Paulo, SP. Faz parte da Central Record de Comunicação e opera na frequência 1000 kHz AM. A PRB-9 foi fundada em 1927 por Álvaro Liberato de Macedo, como Rádio Sociedade Record, e passada à Paulo Machado de Carvalho em 1931 é rebatizada com Rádio Record. Nesta época São Paulo exigia a deposição do então presidente Getúlio Vargas, e as rádios paulistas, especialmente a Record, se transformavam em poderosas armas. Em 23 de maio de 1932, antes das manifestações, o primeiro passo dos estudantes foi a invasão dos estúdios da Record, chegando até a sala de Paulo Machado de Carvalho, e ordenando que colocasse no ar a leitura de um abaixo-assinado. A rádio teve que aderir a causa na marra. Logo leram pela Record o nome de um dos que assinavam o manifesto contra Getúlio. Em 9 de julho de 1932, a revolução, planejada desde abril de 1931, por fim explodiu.

No mesmo dia, através dos acordes do dobrado “Paris Belfort” que ficou como a marcha da Revolução Constitucionalista de 32, fizeram que César Ladeira eloquentemente levasse ao ar mensagens patrióticas, que aclamavam o espírito paulista contra os getulistas. Guilherme de Almeida escreveu poesias para que o locutor declamasse. Por conta da revolução, Ladeira ficou conhecido como “A Voz da Revolução”, e a Record, como “A Voz de São Paulo”. Com a transmissão de shows musicais com artistas e cantores famosos como Carmem Miranda e Francisco Alves, alcança a liderança nos anos 30, compartilhada com a Rádio Nacional. Sob a direção de Chico Paes de Barros, esteve em primeiro lugar de audiência durante as décadas de 70 e 80, tendo em sua programação grandes nomes como Zé Béttio, Gil Gomes e Eli Corrêa. Em parceria com a Rádio Gazeta, foi uma das pioneiras na transmissão de jogos de futebol em “dobradinha”. A TV Record, entra em grave crise financeira no final da década de 80, perdendo seus comunicadores para outras estações e o primeiro lugar em audiência para a Rádio Globo, e posteriormente o segundo para a Rádio Capital. Em março de 1990, o controle acionário da rádio, assim como o da TV, passa para a Igreja Universal do Reino de Deus.

A Rádio Mayrink Veiga é o nome de uma rádio carioca fundada em 1926. Foi o reduto de novos talentos e ícones da chamada Era do Rádio. Teve o radialista paulista César Ladeira como diretor artístico a partir de 1933. Foi líder de audiência nos anos 1930, até o surgimento da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Na emissora estrearam Carmem Miranda e sua irmã Aurora. A rádio foi fechada em 1964, após o golpe militar, por ter entre seus sócios o ex-governador Leonel Brizola, cunhado do presidente deposto João Goulart.

A Rádio Jornal do Brasil foi criada em 1935. O Jornal do Brasil não hesitou em completar a sua organização com um aparelhamento radio-difusor ultramoderno. “E esse imperativo avultava evidentemente de importância tratando-se de uma estação de rádio criada como parte integrante de uma empresa jornalística, com as tradições e responsabilidades do JB, cuja ação teria de desdobrar-se sem fronteiras de tiragem, penetrando em todos os lares e levando a todos os ouvidos atentos a mesma escrupulosa fidelidade aos preceitos éticos em que por um espaço de cinco décadas tem-se mantido o programa deste jornal.” Anunciava no jornal no dia de sua inauguração.

Capaz de louvar aos habitantes do Brasil onde quer que se encontrem sob a forma jornalística e sob os aspectos culturais da literatura e da música. Durante a trasmissão inaugural, o microfone da PRF4 foi ocupado de dia e à noite, por destacadas personalidades do meio cultural, representantes das classes e instituições que, com saudavam da Rádio “Jornal do Brasil” aos ouvintes de todo o territorio brasileiro.” Foi ouvida a palavra erudita de várias personalidades entre elas os Srs.: Conde de Afonso Celso (presidente a ABL); Pedro Celso Ernesto (Prefeito do Distrito Federal), Ministro Edmundo Lins (Presidente da Corte Suprema), Conego Olimpio de Melo (Presidente da Camara Municipal) e Prof. Fernando Magalhães.

A Rádio Tupi do Rio de Janeiro foi fundada no dia 25 de setembro de 1935 pelas Emissoras e Diários Associados do Brasil de Assis Chateaubriand. O apelido da rádio era “Cacique do ar”. Mas a primeira apresentação da rádio foi no dia 15 de setembro do mesmo ano com a execução do Hino Nacional por um coral regido pelo maestro Heitor Villa-Lobos. Na década de 1940 a Rádio Tupi tinha um elenco com grandes nomes da música brasileira como Sílvio Caldas, Jamelão, Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira, Dorival Caymmi, Vicente Celestino etc, tendo também um elenco de rádio teatro com nomes como Paulo Gracindo, Yoná Magalhães, Maurício Shermann, Orlando Drummond etc. O jornalismo da Rádio Tupi foi importante no final da Segunda Guerra Mundial sendo a primeira a anunciar o final da guerra.

O “Grande Jornal falado Tupi” era um dos mais ouvidos do Rio de Janeiro. Em 1943 um incêndio atingiu a Rádio Tupi, a emissora perdeu boa parte dos seus arquivos musicais. A Rádio conseguiu se recuperar e em 1950 inaugurou um grande auditório, sendo considerado o “Maracanã dos auditórios”. Lançou grandes sucessos populares como Parabéns pra Você, advindo de um concurso promovido por Almirante e vencido por Bertha Celeste Homem de Mello e Aquarela do Brasil. No esporte a rádio se destacava com nomes como Ary Barroso, Oduvaldo Cozzi, Cezar Rizzo, etc. Em 1959 a Rádio inaugurava seu transmissor de 100 kw com um show da cantora Ângela Maria no auditório da emissora. Em 1960 foi criado o mais tradicional programa da rádio que está no ar até hoje.

A “Patrulha da Cidade”. O programa foi idealizado pelo jornalista Afonso Soares. O programa aborda os assuntos policiais, muitas vezes com uma pitada de bom humor. Hoje, o programa é dirigido, roteirizado e apresentado pelo jornalista Coelho Lima, acompanhado pelo comunicador Garcia Duarte e grande elenco de rádio atores. Durante a década de 1970 a rádio passou por várias crises (Uma delas culminou no fechamento da TV Tupi ), mas a rádio conseguiu se recuperar, lançando diversos programas, entre eles o humorístico A Turma da Maré Mansa, e é uma das maiores rádios do Rio de Janeiro. No dia 25 de setembro de 2005, dia dos 70 anos da Super Rádio Tupi, foi inaugurada o primeiro transmissor digital do rádio brasileiro que foi instalada na ilha de Itaóca, em São Gonçalo.

Atualmente a rádio dedica-se ao entretenimento, ao jornalismo e à cobertura esportiva.Esta, por sua vez, tem grande destaque, com amplas coberturas de jogos de futebol, por exemplo. Em 1 de junho de 2009, passou a ser transmitida também pelo FM, na frequência 96,5 MHz, que antes pertencia à Nativa FM. Por sua vez, a mesma ocupou os 103,7 da extinta rádio Antena 1 Rio.

A Rádio Nacional do Rio de Janeiro pertence à rede Rádio Nacional, do sistema Radiobrás da estatal Empresa Brasil de Comunicação. A emissora foi a primeira a ter alcance em praticamente todo o território do Brasil. Tinha, então, o prefixo PRE-8, com o qual também era identificada pelos ouvintes. Quando foi criada, em 12 de setembro de 1936, a transmissão teve início às 21 horas, com a voz de Celso Guimarães, que anunciou: “Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!”. Depois, vieram os acordes de “Luar do Sertão” e uma bênção do Cardeal da cidade.

Tornou-se um marco na história do rádio brasileiro. Até a 1975 operava em 980 kHz e, desde então, opera na faixa de 1130 kHz, com o prefixo ZYJ-460. Inicialmente uma empresa privada pertencente ao grupo jornalístico “A Noite”, foi estatizada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas em 8 de março de 1940 que a transformou na rádio oficial do Governo brasileiro. Mais interessado no poder e na penetração do rádio como instrumento de propaganda o Estado Novo permitiu que os lucros auferidos com publicidade fossem aplicados na melhoria da estrutura da rádio o que permitiu que a Rádio Nacional mantivesse o melhor elenco de músicos, cantores e radioatores da época, além da constante atualização e melhoria de suas instalações e equipamentos. Em 1941, a Rádio Nacional apresentou a primeira radionovela do país, “Em busca da Felicidade” e, em 1942, inaugurou a primeira emissora de ondas curtas, fato que deu aos seus programas uma dimensão nacional.

A rádio também contava com programas de humor como: “Balança mais não cai” que contava com Paulo Gracindo, Brandão Filho, Walter D’Ávila, entre outros, e “PRK-30” que simulava uma emissora clandestina que “invadia” a freqüência da Rádio Nacional, o programa era escrito, dirigido e apresentado por Lauro Borges e Castro Barbosa, ele parodiava outros programas, inclusive da própria Rádio Nacional, propagandas e até cantores e músicas. Foi pioneira também no radiojornalismo quando, em 1941, durante a II Guerra Mundial, criou o Repórter Esso. Criado basicamente para noticiar a guerra sob o ponto de vista dos aliados, o Repórter Esso acabou criando um padrão inédito de qualidade no radiojornalismo brasileiro que, até então, limitava-se a ler no ar as notícias dos jornais impressos. Com o seu modo austero e preciso de noticiar, o Repórter Esso fez escola e serviu de modelo para diversos outros programas de notícias que se seguiram, até mesmo na televisão.

O Repórter Esso ficou no ar até 1968 e seu slogan era: “a testemunha ocular da história”. Dos anos 1930 até o final dos anos 1950, o rádio possuía um enorme “glamour” no Brasil. Ser artista ou cantor de rádio era um desejo acalentado por milhares de pessoas, especialmente os jovens. Pertencer aos “cast” de uma grande emissora como a Rádio Nacional era suficiente para que o artista conseguisse fazer sucesso em todo o país e obtivesse grande destaque e prestígio. Atualmente, parte significativa do acervo da Rádio encontra-se no Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Trata-se da “Coleção Rádio Nacional”, constituída por 31 mil discos de 78 rpm, mais os discos de acetato referentes a 5.171 programas, 1.873 de gravações musicais inéditas, 88 de prefixos, 82 de “jingles” e 7 de efeitos, todos já copiados em CDs. Há, ainda, cerca de 20 mil arranjos e 1.836 “scripts”.

Tamanha expansão recente refletia mudanças tecnológicas de ampla repercussão, como, por exemplo, a introdução dos rádios de válvula na década de 1930, o que propiciou o barateamento dos custos de produção dos aparelhos e, em conseqüência, impulsionou o crescimento do público ouvinte. Os maciços investimentos particulares também foram estimulados pelo licenciamento oficial para publicidade nessa mídia, de início fixada em 10% da programação diária, tornando o rádio um veículo comercial capaz de atrair e converter alguns grandes anunciantes (Colgate / Palmolive, etc.) em produtores de programas (radionovelas e seriados).

Em 1937, a capital paulistana e as cidades-pólos do emergente mercado do interior paulista abrigavam 45% das estações brasileiras. A cidade do Rio de Janeiro dispunha de treze emissoras, incluindo a Rádio Nacional, emissora líder e responsável pela difusão das novelas que constituíam desde então o produto típico e de maior impacto naquela era tão marcante e definidora dos estilos e linguagens da indústria cultural brasileira. Os dados evidenciam os primeiros sinais de constituição de grandes empreendimentos empresariais a partir do controle conjugado de importantes órgãos de imprensa e de estações de rádio líderes em potência de emissão e audiência: Jornal do Brasil/jornal e emissora no Rio de Janeiro; Diários Associados/jornais e emissoras da rede Tupi no Rio, São Paulo, etc.

Rede Bandeirantes de Rádio ou Rádio Bandeirantes (PRH-9) também conhecida como Band AM e Band FM (em São Paulo) ,é uma rede de emissoras de rádio com sede na cidade de São Paulo, e foi inaugurada no dia 6 de maio de 1937. Foi na voz de Joaquim Carlos Nobre que a Rádio Bandeirantes São Paulo, a cabeça da rede, entrou no ar pela primeira vez: “Boa Noite, Senhoras e Senhores. Está no ar a Rádio Bandeirantes, a nova e esperada emissora de São Paulo”. Os primeiros locutores eram Joaquim Carlos Nobre, Tito Lívio Fleury Martins, Mário de Carvalho Araújo e Plínio Freire Campello. Muitos seriam os locutores que passariam por essa poderosa rádio, que, depois de muitos anos, adotou o estilo Jornalismo-Esporte, no qual é uma das rádios mais poderosas do Brasil.

Ela foi controlada por Paulo Machado de Carvalho (atualmente Rede Jovem Pam), que a vendeu a para Adhemar de Barros. Depois, o grupo empresarial teve como dono o genro de Barros, João Jorge Saad. Hoje, a rádio integra a Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão – que inclui também a Rede BandNews FM de rádio e a Rede BandNews de TV por assinatura, ambas dedicadas ao jornalismo – de propriedade atualmente do neto de Adhemar de Barros, Johnny Saad, que preside o grupo do qual a rádio faz parte.

A partir de 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, o rádio se transformou num importante veículo para difundir fatos diários e notícias do front. Surgia o radiojornalismo, sendo o Réporter Esso um marco dessa época. O rádio, apesar das críticas dos puristas que o acusavam de não possuir a mesma credibilidade da imprensa escrita, marcou profundamente a história da vida artística brasileira, inaugurando tendências e fazendo escola. Grandes nomes da nossa música surgiram no rádio, como Carmem Miranda, Silvio Caldas, Noel Rosa, Moreira da Silva, Ciro Monteiro, Francisco Alves, Orlando Silva, Emilinha Borba, Marlene.

A história das rádios FM se inicia em 1939 quando Armstrong começa a operação da primeira FM em Alpine, Nova Jersey, nos Estados Unidos. No Brasil entretanto, ela iria aparecer apenas nos anos 1960. A FM permite uma recepção em alta-fidelidade (qualidade técnica), mas seu alcance é pequeno (quase o mesmo da TV). Em 1942 os primeiros emissores em freqüência modulada (FM) são produzidos nos EUA, pela General Electric.

A Segunda Guerra Mundial praticamente estabelece o rádio no campo jornalístico, face aos recursos de comunicação então existentes e ao fato de a transmissão radiofônica superar em agilidade qualquer outro meio. Os gravadores magnéticos, utilizando um fio metálico, representaram um recurso apreciável não só para uso das forças armadas, como para os jornalistas que trabalhavam no rádio. Foram, também, precursores dos equipamentos que apareceram no após-guerra, enriquecendo a técnica de registro, edição e preservação dos acontecimentos de significado histórico – sempre com a indispensável presença do rádio e dos profissionais do rádio.

Em 1940, o grupo de empresas ao qual pertencia a Rádio Nacional foi incorporado ao patrimônio do governo e a emissora passou para o controle do Estado.

Diferentemente do tratamento dispensado a outras emissoras estatais a Rádio Nacional continuou a ser administrada como uma empresa privada, sendo sustentada financeiramente pelos recursos oriundos da venda de publicidade. Entre os anos de 1940 e 1946 a Rádio Nacional tornou-se uma campeã de audiência e captadora de altos investimentos publicitários, como foi o caso da chegada da Coca-cola ao mercado brasileiro – a empresa investiu uma quantia significativa na época para colocar no ar “Um milhão de melodias”, um programa criado exclusivamente para o lançamento do produto. Na década de 40 as empresas multinacionais passam a ter no rádio um aliado para sua entrada no mercado brasileiro – como já vinha ocorrendo em outros países das Américas.

Em 1941, era lançada na Rádio Nacional a primeira radionovela no Brasil: Em busca da Felicidade. Em seguida, foi a vez da novela “O Direito de Nascer”. Segundo o sociólogo brasileiro Renato Ortiz as radionovelas eram utilizadas nos Estados Unidos e em alguns países da América Latina como estratégia para o aumento na venda de produtos de higiene e de limpeza.

Em busca da felicidade era um original cubano de Leandro Blanco adaptado por Gilberto Martins a pedido da Standart Propaganda, que além de patrocinar o programa escolheu o horário matinal para seu lançamento. A experiência parecia ousada, o horário escolhido era de baixa audiência, entretanto o patrocinador criou uma estratégia para avaliar a receptividade do novo gênero oferecendo um brinde a cada ouvinte que enviasse um rótulo do creme dental Colgate. Logo no primeiro mês de promoção chegaram 48.000 pedidos comprovando a eficácia comercial da nova programação. Com o sucesso do gênero logo surgem novas radionovelas em outras faixas horários. A Nacional se transformou em uma verdadeira fábrica de ilusões, suas novelas marcaram época, forjaram hábitos e atitudes, despertaram polêmicas e fizeram muito sucesso junto ao público ouvinte.

No setor privado de então, dominam empresários como Assis Chateaubriand, dos Diários e Emissoras Associados, e Paulo Machado de Carvalho, da Record.

Na década seguinte, entrariam na cena radiofônica as famílias Saad, em São Paulo, e Marinho, no Rio de Janeiro. A maioria destes gestores caracteriza-se como capitães de indústria, como observa Renato Ortiz (1994, p. 57), usando a expressão de Fernando Henrique Cardoso (1972, p. 142) para identificar os dirigentes industriais que se pautam pela obtenção de favores governamentais para a manutenção de seus negócios. É Chateaubriand, no entanto, que o mesmo autor define como “tipo ideal do capitão de indústria” (Ortiz, 1994, p. 58). O dono dos Associados fundamenta a realização dos seus empreendimentos em acordos políticos, guiando-se mais por sua própria experiência e/ou instinto do que pelo cálculo racional das possibilidades do mercado.

De outra parte, como o fazem os capitães de indústria, de modo geral, vê o Estado a partir de uma posição ambígua. Ao mesmo tempo em que defende a iniciativa privada contra a intervenção do poder público, Chateaubriand tem consciência da necessidade de grandes quantias de capital para o crescimento dos seus negócios. Quantias cuja fonte mais abundante na situação brasileira de então é o Estado.

A Rádio Nacional lança o mais importante jornal do rádio brasileiro o “Repórter Esso”, às 12h45min do dia 28 de agosto de 1941. A primeira notícia era a de ataques de aviões da Alemanha à Normandia, durante a 2ª Guerra Mundial. A notícia foi lida por Romeu Hernandez.

Mas quem marcou a história do “Repórter Esso” foi o gaúcho Heron Domingues: Em 1942 a Rádio Nacional, sempre na vanguarda, inaugurou a primeira emissora de ondas curtas do país passando a transmitir seus programas para todo o território nacional, o que a torna uma estação ainda mais atrativa para os patrocinadores.

A qualidade técnica dos programas e a contratação de profissionais altamente qualificados garantiu a Nacional altíssimos índices de audiência e transformaram a emissora em um modelo a ser seguido.

Dois setores garantiam o sucesso da emissora em todo o território nacional: as radionovelas e os programas musicais. Em 1942, a Rádio Tupi de São Paulo também começa a sua tradição jornalística, colocando no ar o “Grande Jornal Falado Tupi”, criado por Coripheu de Azevedo Marques e Armando Bertoni, com uma hora de duração diária. O “Repórter Esso” e o “Grande Jornal Falado Tupi” foram marcos importantes para que o radiojornalismo brasileiro fosse encontrando a sua definição, os caminhos de uma linguagem própria para o meio, deixando de ser apenas a “leitura ao microfone” das notícias dos jornais impressos. (Ortriwano, 1985: 21). No ano de 1942, Chacrinha foi para a Rádio Difusora Fluminense.

A Rádio Globo, inaugurada pelo Roberto Marinho, é a primeira emissora do Sistema Globo de Rádio criada em 2 de dezembro de 1944. A emissora cobriu com seu “O Globo no Ar ” a queda do presidente Getúlio Vargas em 1945. Na década de 1950 a emissora trazia em seu auditório grandes nomes da música brasileira. O Repórter Esso passou a ser exibido nas ondas da Globo na década de 1960 até 1968. Nessa década também o rádio em AM passou a ganhar suas características atuais, deixando de lado os programas de auditório e dando lugar a locutores comunicativos e populares. Um deles era Haroldo de Andrade. Até o ano da criação da CBN, a Rádio Globo era basicamente jornalística. A partir daí começa a ganhar seu lado eclético/popular.

O chamado período “áureo do rádio brasileiro” concentra-se entre 1945 até os últimos anos da década de 50. É importante ressaltar que a expressão “áureo” está relacionada a um conjunto de elementos de época, não significa que o rádio daquele período possuísse mais ouvintes do que o de hoje, até mesmo porque tal fato seria estatisticamente impossível pois a população brasileira atual é numericamente muito superior à da época e o número de aparelhos produzidos se multiplica velozmente (principalmente pelo fenômeno dos aparelhos portáteis de uso individual). Nos anos 40 e 50, o rádio possuía glamour, era considerado como uma espécie de Hollywood brasileira.

Ser cantor ou ator de uma grande emissora carioca ou paulista era o suficiente para que o artista conseguisse sucesso em todo o país, obtivesse destaque na imprensa escrita e até mesmo freqüentasse os meios políticos (como um convidado especial ou mesmo como candidato a algum cargo político). Normalmente as turnês nacionais desses astros eram concorridíssimas, fazendo do maior sonho de muitos jovens de todo o país, o de se tornar artista de rádio – seria o correspondente ao desejo de hoje, de se tornarem artistas de televisão.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, as indústrias de bens de consumo retomaram seu crescimento e alguns dos produtos já disponíveis nos Estados Unidos e na Europa desde o início do século começaram a chegar ao Brasil. Entre os anos de 1945 e 1950 ocorreu um processo de crescimento acelerado do setor radiofônico como um todo. Assiste-se ao surgimento novas emissoras de rádio, ao aperfeiçoamento dos equipamentos (inclusive por determinação legal) e a ampliação do número de estações de ondas curtas. Este novo quadro, que se configurou no início dos anos 1950, criou uma situação de favorecimento aos patrocinadores que possuíam um campo de atuação nacional.

Para uma melhor visualização do processo vejamos os dados estatísticos de crescimento das emissoras brasileiras: Na programação de uma emissora, os comerciais eram tão importantes quanto os programas e, por isso, deviam ter excelente qualidade sonora. Para garantir que emissoras diferentes veiculassem a mesma propaganda, um disco com 6 ou 7 faixas iguais era produzido e distribuído pelas emissoras de todo o país. O material do disco de 78 rotações (shellac) é substituído pelo PVC (policloreto de vinila) e com sulcos mais próximos pode gravar até 23 minutos por lado com melhor qualidade. Porém o padrão hi-fi (alta fidelidade sonora) não pode ser aplicado às emissoras de rádio de amplitude modulada (AM), monocanais e de qualidade sonora limitada.

A expansão acelerada da rede de estações difusoras de rádio persiste na década seguinte, alcançando um total de 249 estações no País no final da década de 40, sendo que 58% das novas emissoras foram criadas entre 1936 e 1945. São Paulo logo assumiu a posição de liderança nessa mídia, passando a deter agora 38% das emissoras, seguido por Minas Gerais (16%) e pela capital federal (12%). Em 1958, os estados da região Sul- Sudeste, liderados por São Paulo com 30% desse resultado, num momento em que já se encontravam instaladas seis estações de televisão, com transmissões nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

A década seguinte seria o período de glória do rádio brasileiro. O auge do rádio no Brasil ocorreu a partir dos anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas a expor o meio artístico. Dessa época são nomes como Mário Lago, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulo Gracindo, Janete Clair e muitos outros, que eram retratados na Revista do Rádio, de Anselmo Domingos Surge o radiojornalismo, com o “Repórter Esso”, “O Grande Falado Tupi”, e “O Matutino Tupi” e a radionovela, sendo a pioneira “Em busca da Felicidade”. A invenção do Transistor, em 1947, torna a comunicação mais ágil e possibilita o “ao vivo” da rua e receptores sem tomadas. Com a invenção do transístor aconteceu uma revolução na radiodifusão, apareceram os receptores portáteis e o rádio passou a substituir os jornais como meio de veiculação de notícias, principalmente em países de grande território e população dispersa.

Autores como Adorno e Horkheimer descrevem a orientação do conteúdo é dirigida por uma motivação comercial em que a lógica do lucro suplanta a da arte, situação, obviamente, comum ao rádio como negócio. Em vários pontos do país, no entanto, até os anos 40, o mercado publicitário ainda engatinha. De pequenas proporções, é alimentado por verbas do comércio e da indústria local, além, estas sim significativas, das grandes contas – o capital internacional que amplia sua presença no país durante e após a Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, baseado no espetáculo das novelas, humorísticos e programas de auditório, parece haver um esboço de indústria de radiodifusão sonora que irá se desenvolver ao longo dos anos 1950 nas principais cidades do país.

O perfil do pessoal artístico no rádio brasileiro, na década de 1950, oferece pistas reveladoras dos programas e gêneros de maior audiência, a maioria deles tendo sido reciclados e readaptados para inserção na grade da programação televisiva nas décadas subseqüentes. A atividade radiofônica se apoiava no tripé de novelas e seriados, programas de auditório e de humor, a que correspondiam os elencos de atores, cantores, músicos, locutores e animadores, desde então amarrados às emissoras por contratos de exclusividade, num clima de acirrada concorrência e emulação entre as estações de maior audiência, como, entre as principais, as rádios Nacional, Tupi e Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, Tupi e Difusora em São Paulo.

Esse período de ouro entrará em declínio no final do anos 1960 com o advento da televisão, que iniciaria suas primeiras transmissão no Brasil no ano de 1950. Os artistas do Rádio migrariam para a TV, os programas de humor seriam substituídos por música e as novelas e programas de auditório que dariam lugar a serviços de utilidade pública.

Em 1960, ao lado das 735 emissoras de rádio, incluindo as primeiras dez estações de freqüência modulada, o País abrigava quinze emissoras de televisão.

Enquanto a vertebração empresarial do rádio redundou na montagem de algumas redes hegemônicas detendo controle sobre as filiadas – os Diários Associados de Assis Chateaubriand, por exemplo. Os canais de televisão ainda se encontravam num estágio incipiente de implantação e ajustes, no interior de uma indústria cultural ainda dominada pelo investimento publicitário na mídia radiofônica. No curto espaço de três anos (1963), contudo, ao lado das 915 estações de rádio filiadas a 718 grupos e redes empresariais, entre as quais se encontram 38 estações de freqüência modulada (FM). No ano de 1970, os estados da região Sul-Sudeste, liderados por São Paulo (26%), abrigavam 54% das 1006 estações de rádio, devendo-se, ainda, salientar a notável expansão da cobertura do veículo nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais (respectivamente, 10%, 12% e 11%)61.

Como se sabe, os primeiros emissores em freqüência modulada (FM), são lançados na década de 40 e produzidos nos EUA, pela General Electric. O sistema de FM permite uma recepção em qualidade técnica, mas seu alcance é menor comparado ao de amplitude modulada (AM). Mas, apesar do longo alcance, há algumas limitações de qualidade. No Brasil, nos anos de 1960, começam a operar as primeiras emissoras em FM – frequência modulada. Inicialmente fornecem “música ambiente” para assinantes interessados em trocar os seus artistas e programas de humor de sucesso por músicas inseridas em sua programação. As novelas e também os programas de auditório deram espaço aos serviços de utilidade pública.

4 – Anos 1960 – o rádio e a disputa com outras mídias

Mesmo com todo sucesso o rádio passa por momentos de dificuldade, quando a TV chega ao Brasil. O apogeu do rádio encontra um ponto de resistência na mesma medida em que a televisão se torna cada vez mais popular. As emissoras radiofônicas, então, foram obrigadas a redefinir seus objetivos e a redefinir mercadologicamente os seus mercados. O veículo, então, passou por um processo de reestruturação e tende a ter uma missão diferente, ou seja, o rádio dá início à produção de programas mais baratos e ao mesmo tempo, atraentes para o público em geral. Neste instante o rádio deixa de ser um veiculo de informação da família, para tornar-se um seviço individual, daí a sua força e resistência.

Nessa reestruturação acontecida nos anos 1960, o radiojornalismo ganha mais espaço dentro da programação das emissoras. Vale notar que a primeira rádio a divulgar notícias durante toda a programação é a Bandeirantes, de São Paulo, inaugurada em 1954, isso mostra que o serviço de radiojornalismo tinha muito por crescer. Os serviços de utilidade pública viraram o carro-chefe da programação das emissoras de rádio, como ratificou a pesquisadora Gisela Ortriawano. “O rádio aprendeu a trocar os astros e estrelas por discos e fitas gravadas, as novelas pelas notícias e as brincadeiras de auditório pelos serviços de utilidade pública.

O rádio foi se encaminhando no sentido de atender às necessidades regionais, principalmente ao nível de informação. (Ortriawano, 1985: 21 – 22).

Neste contexto em que as primeiras FMs aparecem na década de 1960, com ampla programação musical, deve-se registrar que a primeira delas foi a Rádio Difusora de São Paulo. Já a primeira rádio FM no Brasil foi a Rádio Imprensa, fundada pela carioca Anna Khoury em 1955. Como não havia aparelhos de rádio para freqüência modulada, a própria emissora teve que incentivar a indústria de receptores FM. Esta rádio teve exclusividade de mercado até 1976, quando começaram a surgir várias outras FM.

Em 1967, é criado o Ministério das Comunicações.

Desde a primeira transmissão de rádio no Brasil na década de 1920, os marcos legais que regulam a radiodifusão caracterizam-se pela lentidão e pelo caráter reativo (Godoi, 2001). A primeira transmissão radiofônica no Brasil foi feita em 1922, mas a regulação do setor só foi iniciada por dois decretos, 20.047 de 1931 e 21.111 de 1932, do então presidente Getúlio Vargas. As rádios comunitárias seriam alvo de regulação própria bem posterior, datada de 1998. Promulgados sempre com defasagem em relação aos acontecimentos, forçam, não raro, a aceitação de pretensos direitos adquiridos e moldamse, por vezes, em função deles.

O Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), marco que consolidou a regulamentação acerca da radiodifusão e das telecomunicações, foi promulgado apenas em 1962, quase 40 anos depois da primeira transmissão de rádio e 12 anos depois da primeira transmissão de televisão no país. O documento final é fruto de pressão por parte do empresariado, que, por meio de ação junto ao Poder Legislativo, conseguiu derrubar cada um dos 52 vetos ao documento impostos pelo então presidente da República João Goulart (Pieranti e Martins, 2007).

Como em outros ramos da produção cultural, a passagem do negócio radiofônico à sua fase industrial está relacionada ao advento da sociedade de consumo, que coincide com o chamado Milagre Brasileiro, denominação ufanista para o período de crescimento econômico registrado entre 1967 e 1973. Dela, fazem parte, além da classe dominante, indivíduos dos extratos B e C que recorrem, de modo crescente, ao crédito pessoal como forma de ampliar o poder de compra de seus salários, englobando, em 1970, conforme dados do publicitário Mauro Salles (1971, p. 6), 30 milhões de consumidores em potencial concentrados nas principais cidades do país e no seu entorno, o equivalente, então, a 40% da população do Brasil.

O início da fase industrial do rádio remonta, no entanto, a 1942, quando Auricélio Penteado, proprietário da Rádio Kosmos, de São Paulo, decide aplicar técnicas de pesquisa de audiência apreendidas de levantamentos semelhantes realizados por George Gallup nos Estados Unidos. A constatação estatística de que sua estação apresenta sérios problemas em termos de público vai levar o empresário a liderar um grupo que se cotiza na fundação, ainda naquele ano, do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), mais antiga e freqüente fonte de referência a respeito deste, para usar a expressão de Adorno, “elemento de cálculo” fundamental para aferir resultados nas indústrias de comunicação de massa.

Já a TV Tupi-Difusora, de São Paulo, inaugura, em 18 de setembro de 1950, o processo pelo qual a televisão absorve o espetáculo das novelas, dos humorísticos e dos programas de auditório, levando, com estas atrações, o público e os anunciantes. Desse ano até 1969, conforme dados da agência J. Walter Thompson (apud Capparelli, 1982, p. 83), a participação do rádio na divisão das verbas publicitárias cai de 40 para 13%, enquanto a da TV sobe de 1 para 43%, com a ultrapassagem de um meio pelo outro ocorrendo em 1960. De 1960 a 1970, a população urbana supera a rural, com 66% dos habitantes do país – ou 61,5 milhões de pessoas – concentrando-se em cidades ao final deste período. Nas regiões metropolitanas, surgem novas fatias de público, como as parcelas empobrecidas e marginalizadas, conseqüência do êxodo rural, e os estudantes secundaristas, vestibulandos e universitários das classes média e média alta, resultado do fenômeno representado pela ascensão da juventude ao status de categoria social. Estes fatores associados à disseminação das emissoras em FM, na virada para a década de 1980, com a posse de mais de uma estação por um mesmo grupo empresarial, lançam as bases da segmentação: Coube ao Decreto-Lei n. 236 de 1967, modificando o CBT, estabelecer limites para a posse de emissoras no país. Cada entidade passava, então, a ter o direito de possuir até cinco emissoras de televisão abertas (VHF), sendo no máximo duas por estado, e quatro emissoras nacionais de rádio.

Em se tratando dos serviços prestados em caráter comercial ou educativo, os limites de outorgas de uma entidade, seus sócios (quando for o caso), são:

1 – Estações radiodifusoras de som:

a) locais: ondas médias – 4 (com potência de 100, 250 ou 500 Watts) freqüência modulada – 6
b) regionais: ondas médias –
3 (com potência entre 1 e 10 kW, inclusive) ondas tropicais – 3 sendo no máximo 2 por Estado
c) nacionais: ondas médias –
2 (com potência acima de 10 kW) ondas curtas – 2

2) Estações radiodifusoras de som e imagem – 10 em todo o território nacional, Sendo, no máximo, 5 em VHF e 2 por Estado.”

Ambos os documentos legais confirmavam, ainda, a lógica de distribuição de emissoras definida anteriormente. Outorgar concessões continuava sendo de responsabilidade do Poder Executivo federal, a quem cabia, também, definir critérios, apenas se quisesse, sobre como, por que e para quem essas concessões seriam distribuídas.

Some-se a esses fatos a modernização da infra-estrutura necessária às Comunicações, compreendida no âmbito das políticas públicas voltadas ao setor durante o regime militar. Como defendeu Aroldo de Mattos (1984), ministro das Comunicações no governo de João Figueiredo, voltava-se o regime à difusão da informação, educação e cultura, o que dependeria da expansão continuada da radiodifusão. Para viabilizar essa expansão, a modernização da infra-estrutura foi acompanhada de uma reformulação da própria estrutura administrativa no âmbito estatal, com a criação da Embratel, Telebrás e Radiobrás.

A modernização da infra-estrutura viabilizou a expansão da radiodifusão e, mais que isso, sua expansão rumo ao interior do país, notadamente no que se refere à televisão. A integração nacional, por meio da radiodifusão, viria a se firmar como estratégia promovida pelo regime militar com vistas à difusão da imagem ansiada. Na Tabela 1, a interiorização da radiodifusão pode ser observada, principalmente no que se refere às emissoras transmitidas em ondas médias. Apresentam-se essas, constantemente, em número bem maior no interior que nas capitais, e foi com base nelas que se promoveu a interiorização do rádio no Brasil. Para essa expansão, o Poder Executivo dependia de empresários que se dispusessem a investir, também no interior, nos meios de comunicação de massa eletrônicos. Nesse processo, o Estado associou-se a oligarquias regionais, premiando políticos e empresários que viriam a se tornar os coronéis da radiodifusão no interior (Pieranti, 2007).

As empresas estatais tiveram papel central no modelo adotado para a expansão da radiodifusão. De um lado, o Estado garantia a infra-estrutura necessária aos investidores.

Note-se que, como lembra Pieranti (idem), as políticas públicas para as Comunicações no Brasil voltam-se historicamente a questões relativas à infraestrutura e à sua modernização, dando ênfase a aspectos técnicos em detrimento do conteúdo transmitido pelos meios de comunicação de massa.

De outro, os empresários contavam com uma legislação nova e sem barreiras rígidas à concentração empresarial, tampouco à operação das emissoras em redes, o que permitia, em tese, atingir um público maior, baratear a produção e potencializar os lucros.

Por fim, o presidente da República, sem depender da fiscalização de qualquer outro órgão, advogava para si a responsabilidade de distribuir as concessões e os critérios (ou a falta deles) para escolher quem seriam os empresários agraciados.

O cenário configurava-se de forma propícia aos empresários interessados em investir no setor – principalmente aos que gozassem da simpatia do Poder Executivo federal. Esse, por sua vez, independentemente de quem ocupasse seu cargo máximo, historicamente optou pela radiodifusão sedimentada sobre base privada e comercial, tanto nas capitais quanto no interior do país, apesar de o CBT e o Decreto-Lei 236 defenderem a radiodifusão pública (Pieranti, idem).

Entre 1961 e 1988, ano de promulgação da Constituição Federal, cresceu cerca de 88,7% o número de emissoras de rádio em ondas médias, 560,9% o de emissoras de televisão e 2.153,8% o de emissoras de rádio em freqüência modulada. No que tange à televisão, a falência de emissoras criadas antes mesmo do regime militar, tais como TV Continental, TV Rio, TV Excelsior e Rede Tupi, permitiu a reordenação do espectro de freqüências, com a possibilidade de o Poder Executivo escolher novos agraciados para comandar as principais redes de televisão do país.

Nasceram, durante o regime militar, a TV Bandeirantes, a TV Manchete e o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e se fortaleceu a TV Globo. Modificada a ocupação do espectro de freqüências, formaram-se novas redes e a televisão passou a alcançar o interior do país. Na Constituição Federal de 1988, o presidente da República continuaria a ser responsável pela distribuição das concessões, mas passaria a ser fiscalizado, nesse âmbito, pelo Poder Legislativo, medida que teria eficiência reduzida, visto que parte dos parlamentares era (e é) diretamente interessada nas concessões. Conforme dados do Conselho de Comunicação Social (Congresso Nacional, 2004), nenhuma outorga ou sua renovação foi recusada, até 2004, pelos parlamentares responsáveis por monitorá-las.

Nos próximos quinze anos, a participação do rádio nesse rateio da despesa publicitária jamais ultrapassou o pico de 11%, alcançado apenas em 1983, ao passo que a televisão iria prosperar ainda mais até chegar aos 58% faturados em 1988. Em 2010 o rádio tem 4,3% de participação no bolo publicitário e a televisão 64%. O avanço espetacular da televisão provocou o encolhimento na participação das mídias concorrentes no reparte dos gastos com publicidade, tanto do rádio como das revistas, sendo que apenas os jornais recuperaram e até mesmo superaram os coeficientes logrados antes de a televisão começar a operar, a despeito de ter havido um recuo acentuado entre os picos atingidos entre 1983-1985, e os resultados obtidos no final dessa mesma década.

É, portanto, característica deste novo momento a conglomerização. Grupos articulam-se, deste modo, no campo da propriedade cruzada dos meios, controlando, simultaneamente, jornais, emissoras de rádio e/ou estações de TV. Nos interstícios – os segmentos mais específicos – atuam algumas pequenas e médias empresas, cujo menor porte não impede, em casos determinados, o sucesso de seus empreendimentos na área de radiodifusão sonora.

Do ponto de vista gerencial, as indústrias culturais vivem também o advento daqueles que Cardoso (1972, p. 150) denomina de homens de empresa:

Em oposição aos capitães de indústria e aos industriais tradicionais, os homens de empresa não têm mais a obsessão pelo lucro rápido e imediato obtido pela manipulação do mercado ou de favores oficiais, nem a obsessão pela exploração total e irracional do trabalho ou pelo contrário usurário dos gastos.

Metodização do trabalho, especialização de base tecnológica da produção, expectativa de lucros a prazos médios e espírito de concorrência são as características básicas das preocupações dos homens de empresa.

Vale destacar que o rádio cresce a cada dia, melhorando sua performance e ganhando pontos no bolo publicitário. No período de 2006 até o rádio apresentou um crescimento de 47,7%, superando a televisão e a média total de todas as mídias que cresceram, no mesmo período, 39,5%.

Já segmentado, de 1980 até 2000, o rádio registra uma queda de 8,1 para 4,9% na sua participação no bolo publicitário. E de 2000 para 2006 cai ainda mais para 4,0%, voltando a crescer e alcançando o percentual de 4,3% em 2010.

Em paralelo, a televisão aberta absorve, no ano 2000, mais da metade do total: 56,1% (Ferraretto, 2005, f. 285), avança mais ainda e cresce para 64% em 2010.

Devido à expansão e ao conteúdo da radiodifusão sonora, o Governo mostra sua preocupação criando, em 1976, a Radiobrás – Empresa Brasileira de Radiodifusão. Na mesma década, nascem também as agências de produção radiofônica, como é o caso do “Studio Free”.

As primeiras emissoras em freqüência modulada (FM), com qualidade de som melhor que as AM, no início operavam com músicas instrumentais, ideais para salas de espera e ambientes internos. Não tinham muita audiência do público jovem. Isso só seria alcançado a partir de 1976, quando algumas emissoras começaram a dirigir sua programação para este segmento. Para quem dispunha de um gravador, era uma boa chance de estar atualizado com os lançamentos musicais. Hoje a segmentação da audiência direciona, via de regra, as emissoras de AM à informação e as de FM ao entretenimento.

Atualmente o sinal FM é o mais ouvido no Brasil. Diversas rádios AM retransmitem seu sinal em FM (caso da Rádio Gaúcha, da Rádio Globo da Rádio Bandeirantes). Outras rádios resolveram transferir seu sinal de AM para FM (caso da CBN Curitiba). As mais comuns rádios FM no Brasil são aquelas que transmitem música, especialmente de público jovem, adulto, sertanejo e religioso. Os celulares no Brasil captam apenas rádios FM, cerca de 37% destes aparelhos deixam as linhas de montagem com receptores de rádio. Muitas rádios FM se conectam em Redes (caso da Rede Transamérica).

No AM, o imediatismo e a precisão da notícia vêm dos inúmeros repórteres espalhados pelo país, agora auxiliados pelos ouvintes-repórteres, cidadãos comuns que fazem seus relatos através de seus telefones celulares. As FM perderam seu caráter regional e as redes nacionais via satélite interligam inúmeras emissoras em diversos estados.

Em 1990, a rede Bandeirantes de rádio se torna a primeira emissora no Brasil a transmitir via satélite, com 70 emissoras FM e 60 em AM em mais de 80 regiões do país.

Um ano mais tarde, o sistema Globo de rádio inaugura a CBN (Central Brasileira de Notícias), emissora especializada em jornalismo que, a partir de 1996, inicia suas transmissões simultâneas em FM.

Nas comemorações aos 84 anos do rádio no Brasil, inicia-se no país, em 26 de setembro de 2005, os primeiros testes para transmissões de rádio no sistema digital, tecnologia que está “aterrissando” no Brasil. Agora, em 2010, a expectativa é que seja definido o padrão adotado pelo país para receber a nova tecnologia, que possui como o grande diferencial a melhoria da qualidade do som (rádio AM com qualidade de FM e rádio FM com qualidade de CD) e mais opções para o ouvinte como letreiros digitais com informações adicionais como notícias e previsão do tempo.

O crescimento de 0,3 pontos percentuais do rádio no bolo publicitário pode parecer pouco, entretanto, se julgarmos que cada 0,1 pontos percentuais significa cerca de R$ 25 milhões, não é pouco. Isso se deve a enorme penetração do rádio na vidas dos indivíduos nos últimos três anos, seja por meio de Ipod’s, celulares, internet e outros aparelhos que funcionam como receptores.

5 – o rádio moderno, internet e celulares

Para mencionar um exemplo, uma pesquisa realizada no site especializado em rádio “Tudoradio.com”, ao final do ano de 2009, mostrava que apenas 1.247 rádios possuíam serviço online (simulcasting) disponível na Internet. Neste número, deve-se considerar que existem algumas poucas chamadas “rádios” que apenas oferecem o serviço via Internet (webcasting), ou seja, não possuem outorga para a prestação do “serviço de rádio”.

È de se considerar importante a expansão do rádio na Internet, levando em conta que este mesmo site – “Tudoradio.com” – possuía quase 900 empresas ao final de 2008, um crescimento de quase 40% em um ano. Isso deve-se ao fato, segundo o próprio Site, da facilidade de implantação da rádio na Internet, pois com apenas um investimento de R$ 70,00 mensais, já é possível colocar no ar um site prépronto, inclusive com o streaming. Está contido neste valor, a hospedagem do site no servidor do próprio provedor.

Outras mídias já avançaram muito nesta área, tome como exemplo a pesquisa do PNAD/IBGE, a qual revela que os serviços de jornais já assumiram tanta importância na Internet que já são destacados em separado. Assim, a leitura de jornais e revistas foi um motivo bastante citado na pesquisa de 2008 (48,6% das pessoas que acessaram a Rede).

Esse ordenamento das finalidades foi observado em todas as regiões; e em todas as unidades da federação a comunicação com outras pessoas foi o motivo mais declarado.

Como dissemos anteriormente, o crescimento da Internet é inexorável. Segundo o Jornal New York Times, a facilidade para ouvir rádio na rede cresceu muito a partir da oferta de receptores específicos para WEB5.

Os primeiros usuários do iPhone reclamavam que, embora seu aparelho favorito pudesse fazer “qualquer coisa”, não contava com algo óbvio: um sintonizador de rádio. Mas, a verdade é que esses consumidores não se deram conta de que esse recurso é passado. Porque incluir um sintonizador que lhe permitirá ouvir algumas dezenas de emissoras locais se você pode ouvir milhares de rádios pela internet, pergunta o autor?

Enquanto a forma de transmissão tradicional das rádios está limitada por questões geográficas, as chamadas “web rádio” podem ser ouvidas em qualquer parte, desde que o usuário tenha um meio de acesso à internet: pode ser um computador, um smartphone ou, até mesmo, receptores específicos – uma linha de produtos que vem crescendo lentamente.

A maioria das rádios na internet começou como uma estação tradicional, até que seus diretores decidiram ser uma grande idéia permitir às pessoas ouvi-las em qualquer lugar do mundo. Ou, no extremo oposto, uma web rádio que pode ser apenas uma única pessoa colocando músicas e falando na internet na esperança de que haja alguém ouvindo.

Evidentemente, até agora as “rádios” que usam exclusivamente a internet (webcasting), ao contrário das verdadeiras rádios, têm baixa ou nenhuma audiência. Isso se explica com motivos óbvios, falta-lhes a propaganda feita pela própria rádio tradicional.

As opções de gêneros de rádios na web são muitas, desde música erudita ao punk rock, de estações com orientação religiosa até políticas. Para descobrir estas rádios é relativamente fácil, basta, por exemplo, procurar na www.tudoradio.com.

Uma outra fonte útil de pesquisa é o site www.streamingradioguide.com, que lista mais de 14 mil web rádios permitindo pesquisas por gênero. Embora seja bem extensa, essa relação não chega a ser completa. Aparelhos receptores de rádios via internet ou aplicativos para smartphones oferecem opções de agregadores, ou seja, empresas que criam uma seleção de canais. Também é possível acessar esses agregadores diretamente da internet.

Alguns dos endereços mais conhecidos são reciva.com, radiotime.com, vtuner.com, 1.fm e freeradio.tv. Além dessas opções, o iTunes, software multimídia da Apple, também oferece uma lista com centenas de web rádios. Basta selecionar, na coluna da esquerda, “Rádio”. O programa pode ser baixado gratuitamente em www.apple.com.br/itunes.

Já total dos municípios brasileiros com acesso ao serviço de rádio, provido por aparelho de rádio era de 88,1% em 2007, passou para 88,9% em 2008.

Considerando ainda que ao final de 2009 haviam 174 milhões de aparelhos celulares, dos quais 36% estavam equipados com aparelhos de rádio, são mais 62,3 milhões de receptores. Isso tudo sem considerar Ipod’s, MP3, MP4, etc. Esses dados não constam das estatísticas do IBGE. O rádio, entre os bens duráveis e serviços de acesso a comunicação (rádio, TV, internet, etc), é o que mais proximidade tem com o indivíduo.

O leitor não deve subestimar a taxa de penetração do rádio nos domicílios (88,9%), quando comparado com a televisão (95,1%). Ao contrário da televisão o rádio está presente num número enorme de equipamentos. Para exemplificar, de acordo com a frota brasileira de automóveis, estimada para o ano de 2008, é de 27,8 milhões de veículos. Ao considerarmos que 80% destes possuem aparelho de rádio, estamos incorporando 22,2 milhões de receptores de rádio à vida dos brasileiros.

Se o Brasil possuía 21,2 milhões de veículos com rádio em 2008 (80% de 26,5 milhões), este dado, quando comparado com o total de domicílios de 2008 (57,6 milhões), mostra uma relação de 36,8% (21,2 / 57,6 – 1 * 100).

Mas rádios de carros são ferramentas que se aprimoram a cada dia, incluindo funções de base como tocador de áudio em formatos de Mp3 e WMA, via abertura de USB, ou, transformado num dock6 que permite o uso do iPod. Infelizmente, pouca ou nenhuma pesquisa existe sobre o uso dos rádios em carros, até mesmo nos meios publicitários, os grandes interessados em controlar tais dados. Levantamentos feitos sem o critério científico, entretanto, apontam enorme audiência de rádio em carros particulares e táxis, sendo grande a concentração de ouvintes entre as 6h e 10h e às 16h e 20h, intervalo de maior deslocamento da população entre trabalho, escola e residência.

Em 2009 o Brasil alcançava o incrível número de 91,33% celulares por habitante, com a marca de 174 milhões de aparelhos habilitados. Vale dizer que estes aparelhos tornam-se, cada dia mais, em unidades multi-serviços, filmando, fotografando, gravando, acessando internet e e-mail e, o que é de grande importância para a radiodifusão, sintonizando o rádio e a televisão.

Existem na internet milhares de softwares que podem ser baixados gratuitamente para transformar o telefone celular num rádio. Para ilustrar este fato a www.treocentral.com recentemente disponibilizou um software gratuito que permite ouvir milhares de “Internet Radio Stations” no celular. Segundo a TREO, existem 7 mil estações cobrindo todos os tipos de notícias e entretenimentos – “escolham um, dizem”.

A taxa de penetração dos televisores nos domicílios dos brasileiros alcançou a casa dos 95,1%.

Além desses, também são medidas as taxas de penetração de: coleta de lixo, água, luz e esgoto. Alguns itens são verificados desde que a pesquisa foi iniciada, como ilustram o rádio e a televisão, por sua importância. Já outros são inseridos na medida em que passam a representar relevância social, como computadores e conexão à internet.

6 – a força do rádio na sociedade brasileira

Bens como filtro de água e freezer estão, relativamente, menos presentes nos domicílios brasileiros, em relação a 1992. A parcela de domicílios que possuem filtro de água diminuiu de 57,2% em 1997 para 51,6% em 2008 graças à chegada da água tratada na casa dos brasileiros. Já os domicílios que possuíam freezer em 1997 eram 18,8%, contra 16% em 2008, com a baixa da inflação a melhorias das redes dos supermercados já não há mais necessidade de estocar comida em casa.

6.1 – Radiodifusão gratuita, fator de inclusão social

Desnecessário dizer que o rádio e a televisão são poderosos instrumentos de prestação de serviços, com enorme poder de penetração entre as pessoas em geral. A radiodifusão como um meio de comunicação tem uma importância fundamental na vida do cidadão e da comunidade a que ele pertence.

Os dados, tabelas e estatísticas aqui referidas são os da radiodifusão aberta, concessão pública feita pelo Estado para a prestação de serviços gratuita, operada sob o risco das condições econômicas do outorgado. Tais outorgas, quando transformadas em empresas, remuneram-se majoritariamente da publicidade que divulgam.

Os “clientes” da radiodifusão, “ouvintes e telespectadores”, nada pagam para ter acesso ao serviço. Trata-se de uma condição muito diferente da apresentada pelas emissoras de televisão à cabo, que além da propaganda que divulgam, remuneram-se ainda do valor da assinatura mensal cobrada do cliente.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003 (PNAD – 2003) registrou que das 49,1 milhões de residências brasileiras, 87,8% possuíam rádio. Vale ressaltar que este número alcançou 90,4% nos anos de 1996 e 1998. Nos anos posteriores, esta taxa de penetração não apresentou mais crescimento sistemático, tendo alcançado seu nível de saturação domiciliar e mantendo-se na casa dos 88,1% a 88,9%, até o ano de 2008.

Essa tendência não se repetiu com a taxa de penetração da televisão, que cresceu continuamente, passando de 75,8% em 1993 para 90,0% em 2003 e, finalmente, alcançou a taxa de 95,1% em 2008.

O percentual de moradias com televisão ultrapassou o de habitações com rádio. De 2001 para 2008, o percentual de moradias com rádio passou de 88% para 88,9%, enquanto o de domicílios com televisão subiu de 89% para 95,1%.

Em 2008 existiam mais domicílios com TV (95,1%) do que com rádio (88,9%). Entretanto, na área rural, o rádio superava a TV em domicílios atendidos, na proporção de 83,5% para 81,8% das residências, isso de acordo com o site especializado Teleco. As razões desta disparidade, como afirmado anteriormente, estão na taxa de penetração da energia elétrica. A grande maioria dos domicílios possui TV a cores (94,5%). Apenas 0,6% possui TV preto e branco.

Já a taxa de penetração do rádio mostra uma diferença para menor de quase 6 pontos percentuais em 2008, em relação à taxa de penetração da televisão (rádio com 88,9% e televisão com 95,1%). Uma triste realidade é revelada nesses índices, pois, cerca de 16,5% da área rural dos municípios brasileiros (total de 83,5%) não tem acesso a este fundamental serviço.

O leitor deve ter em mente que a partir de meados dos anos 1990, a indústria praticamente parou a fabricação de aparelhos de rádio (aqui nos referimos à equipamentos que servem unicamente para a sintonia de sinal radiofônico). Entretanto, o rádio continua crescendo vertiginosamente, mas agora junto com outros aparelhos eletrônicos de serviço, com CD’s, DVD’s, conjuntos de som, receivers, televisão, celular e iPod’s.

Infelizmente, a evolução tecnológica que acaba por colocar o rádio como mais um serviço oferecido por aparelhos eletrônicos, dificulta a pesquisa da taxa de penetração domiciliar do rádio, isso deve-se a tremenda universalização deste serviço, pois o rádio é também prestado por intermédio de inúmeras tecnologias.

Com o advento da internet e da telefonia celular, esta última com mais intensidade, o rádio ficou mais ao alcance do indivíduo do que da família, isso por considerar que alguns modelos de aparelhos de telefonia celular possuem um receptor de rádio integrado (cerca de 36%). Por outro lado, complementarmente, a internet trouxe também ao indivíduo a rádio via WEB, o chamado SIMULCASTING, uma realidade que se consolida cada vez mais, ou seja, a mesma programação transmitida pela radiodifusora é também disponibilizada na internet.

Tal distinção, de prestação de serviço individual, no caso do rádio, e de serviço familiar, no da televisão, é de grande relevância, pois estes serviços são gratuitos e remuneram-se da propaganda neles veiculadas. Apenas para exemplificar, a taxa de penetração do rádio na faixa etária entre 10 e 14 anos é de 86%. Abaixo desta idade sequer é medido. Já no caso da televisão, a taxa de penetração até 14 anos é de 100%. Saudosismos à parte, houve uma época em que o rádio era um serviço familiar.

A partir de 2010, a indústria de aparelhos celulares tinha uma meta a cumprir: 5% dos aparelhos deverão ser capazes de receber sinal de TV digital por norma do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em julho de 2009, apenas três fabricantes (Semp Toshiba, LG e Samsung) ofereciam produtos no mercado capazes de receber o sinal de TV digital. A determinação foi publicada no Diário Oficial da União em 30/12/2008, por meio das portarias interministeriais nº 236 e nº 237, dos Ministérios do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Comunicações e Ciência e Tecnologia. Infelizmente, o lobby da indústria tenta a revogação da portaria e a televisão digital brasileira perde um importante incentivo de crescimento.

7 – A taxa de penetração da radiodifusão, por renda, sexo e idade é muito linearizada

Os homens escutam mais rádio que as mulheres, mas a taxa de penetração do rádio é apenas um ponto percentual maior entre os homens. Por outro lado, as mulheres vêem mais televisão que os homens, e a diferença da taxa de penetração também é de apenas um ponto percentual.

É interessante notar que a taxa de penetração por sexo das duas diferentes mídias colocam a televisão em grande vantagem. Independentemente do sexo, a diferença, entre as mulheres alcança 13%, ou seja, a televisão tem uma taxa de penetração de 98% e o rádio de apenas 85%. A convergência tecnológica pode reverter este quadro, se os aparelhos celulares forem equipados pela indústria com receptores de rádio e os radiodifusores oferecerem serviços voltados especificamente para este público.

Em relação à frequência de utilização dos meios, 88,6% assistem TV todos os dias; 3,1% apenas de segunda a sexta-feira; 2,5% apenas nos fins de semana; 5,1% sem frequência definida e 0,7% não se informa pelo meio. Já o Rádio atrai a atenção diária de 59,5% dos entrevistados; de segunda a sexta-feira de 5,1%; nos fins de semana de 4,6%; sem frequência definida 14,2% e 16,5% não se informa pelo meio.

8 – Radiodifusão, licenças e outorgas

Em termos de quantidades físicas de emissoras de radiodifusão, os números disponíveis não estão tabelados sistematicamente e as séries históricas são encontradas ocasionalmente em apresentações esparsas. Os dados, todos segmentados, estão disponíveis no site da ANATEL (SISCOM12). Entretanto, não existem valores tabulados. Para se obter os valores totais é necessário gerar as informações individuais por serviço, estado, licenciadas e não licenciadas e posteriormente contar os números em separado, um a um. Já o Ministério das Comunicações disponibiliza os dados sob demanda em tabelas detalhadas conforme veremos a seguir. No site do MINICOM, é possível encontrar apenas os dados tabulados das Rádios Comunitárias.

Nenhuma outra informação sobre o volume de emissoras de rádio ou televisão é disponibilizado sistematicamente para acesso via internet, naquele órgão público.

Vale lembrar, que a Lei brasileira13 evita o monopólio mediático estabelecendo limites de concessões ou permissões, por entidade.

O Rádio foi oficialmente inaugurado em 7 de setembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro. O primeiro programa foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa.

Entretanto, tudo começa em 1923, quando Roquette Pinto e Henrique Morize fundam a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje Rádio MEC. Em novembro do mesmo ano é criada a segunda rádio no Brasil, a Sociedade Rádio Educadora Paulista. Há uma grande dificuldade em estabelecer o número histórico de estações de rádio licenciadas, desde a criação do rádio no Brasil, é uma tentativa de ordenar o números de emissoras, todavia, sem bases científicas, haja vista que os dados foram retirados de inúmeros locais.

9 – A radiodifusão e a indústria 9.1 – A indústria de aparelhos receptores evolui tecnologicamente.

São desconhecidos os dados sobre a fabricação de receptores de rádio no Brasil. As estatísticas certamente existem, mas devido à evolução tecnológica dos dispositivos, a partir de meados dos anos 90 o rádio passou a integrar-se com outros equipamentos e nos dias de hoje é muito difícil encontrar um equipamento que contenha apenas o receptor de rádio, fato muito comum no passado.

Considerando que a tecnologia evoluiu muito nos últimos anos, pois o receptor de rádio foi reduzido a um simples chip, foi possível colocar este aparelho à disposição do consumidor e juntamente oferecer outros complementos, como relógio, despertador, iPod, tocadores de CD e DVD e principalmente telefones celulares. Este fato abre uma enorme oportunidade para o serviço de rádio, devido aos receptores alcançarem um número sem precedentes na história, graças a evolução tecnológica e a integração.

À título de ilustração, segundo informações da Sony/Ericsson, gigante tecnológica líder em equipamentos de alto consumo de telefonia móvel, todos os seus aparelhos saem da fábrica atualmente equipados com rádio FM. Uma pesquisa rápida no site especializado em telefonia celular TudoCelular.com15, mostra que estão disponíveis nada menos que 379 modelos de telefone com receptor de FM agregado ao aparelho, sendo 47 Nokia, 35 Sony Ericsson, 3 Motorola e 103 Samsung, apenas para destacar alguns.

10 – As receitas da indústria de radiodifusão

A ausência de informações sobre radiodifusão obtidas por processos formais é uma realidade do setor. Aqui também não existem pesquisas sistematizadas sobre as receitas auferidas pelo rádio ou pela televisão. Atitudes isoladas, com propósitos diversos, são apresentadas, mas sem aderência contábil dos dados, fato que dificulta a comparação entre eles e até mesmo entre os meios. A melhor publicação neste sentido, sem dúvida nenhuma, pertence ao Grupo de Mídia de São Paulo.

O Grupo de Mídia de São Paulo publica anualmente uma pesquisa, cujos dados de 2007 foram consolidados pela consultoria Price Waterhouse16. As informações sobre o faturamento dos diversos meios são fornecidas por empresas participantes do chamado Projeto Inter-Meios. Este projeto inclui diversos tipos de mídias e tem como objetivo fornecer informações sobre o chamado “bolo publicitário”. Tais dados são considerados como referência no mercado publicitário e, por conseqüência, largamente utilizados nas decisões mercadológicas das agências de propaganda e empresas, de modo geral. O bolo publicitário do ano de 2009 alcançou a cifra de R$ 22,3 bilhões.

11 Emissoras de Radiodifusão Quanto ao Aspecto Técnico

Rádios AM (Modulação em Amplitude) A Rádio – Amplitude Modulada (AM), Onda Média e Onda Tropical de 120 metros, teve seu regulamento técnico aprovado pela Resolução 116 de 25/3/1999 Anatel – item 3.3.1. Este tipo de emissora de rádio também está dividida em três classes que são distintas entre si quanto a cobertura, principalmente.

Classe A – é a estação destinada a prover cobertura às áreas de serviço primária e secundária, estando protegida contra interferência objetável nestas áreas; seu campo característico mínimo é de 310 milivolts por metro e suas potências máximas são de 100 quilowatts (diurna) e de 50 quilowatts (noturna).
Classe B –
é a estação destinada a prover cobertura das zonas urbanas, suburbanas e rurais de um ou mais centros populacionais contíguos contidos em sua área de serviço primária, estando protegida contra interferências objetáveis nesta área; seu campo característico mínimo é de 295 milivolts por metro e sua potência máxima diurna e noturna é de 5o quilowatts. Poderá ser autorizada potência diurna até 100 kW para emissoras classe B outorgadas para executar o serviço em capitais dos estados e municípios pertencentes a regiões metropolitanas dessas capitais, mediante justificativa de natureza técnica.
Classe C –
é a estação destinada a prover cobertura local das zonas urbana e suburbana de um centro populacional contidas em sua área de serviço primária, estando protegida contra interferências objetáveis nesta área; seu campo característico mínimo é de 280 mV/m; quando instaladas na zona de ruído 1, a potência máxima diurna e noturna é de 1 quilowatt; quando instaladas na zona de ruído 2, a potência máxima diurna é de 5 quilowatts e a noturna de 1 quilowatt.

Vale dizer que as estações de Onda Tropical na faixa de 120 metros enquadram-se exclusivamente na classe C. As estações de Ondas Curtas e de Ondas Tropicais nas faixas de 90 e 60 metros não são divididas em classes. Suas coberturas são função das faixas de freqüência em que operam.

Em relação as faixas de onda tropical, vale lembrar ao leitor que estas só podem ser usadas por estações instaladas entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, com algumas exceções estabelecidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT).

13 – Bibliografia

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Fonte:  www.abert.org.br

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