Civilização Mesopotâmica

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Mesopotâmia (do grego, que significa “entre dois rios”) era uma antiga região no leste do Mediterrâneo, delimitada a nordeste pelos montes Zagros e no sudeste da Arábia Plateau, correspondente ao Iraque de hoje, principalmente, mas também partes de Irã, Síria e Turquia.

Os “dois rios” são nomes a que se refere o Tigre e o Eufrates e a terra era conhecido como “Al-Jazira” (a ilha) pelos árabes, onde mesopotâmica Civilização Mesopotâmica começou.

Civilização Mesopotâmica – O Berço da Civilização

Civilização MesopotâmicaCivilização Mesopotâmica

Ao contrário das civilizações mais unificada do Egito ou Grécia, Mesopotâmia foi uma coleção de culturas variadas, cujos laços reais só eram seu roteiro, seus deuses, e sua atitude em relação às mulheres.

Os costumes sociais, leis e até mesmo a linguagem de Akkad, por exemplo, não pode ser assumido como correspondem às de Babilônia; ele não parece, no entanto, que os direitos das mulheres, a importância da alfabetização e do panteão dos deuses foram efetivamente partilhados por toda a região (embora os deuses tinham nomes diferentes em várias regiões e períodos).

Como resultado disto, a Mesopotâmia deve ser mais bem entendida como uma região que produziu vários impérios e civilizações, em vez de uma única civilização.

Mesmo assim, a Mesopotâmia é conhecida como o “berço da civilização”, principalmente por causa de dois acontecimentos que ocorreram lá, na região da Suméria, no quarto milênio aC:

O surgimento da cidade como nós reconhecemos que entidade hoje,
E a invenção da escrita (embora a escrita também é conhecido por ter se desenvolvido no Egito, no vale do Indo, na China, e ter tomado forma independente na Mesoamérica).

A invenção da roda também é creditado para os mesopotâmios e, em 1922 dC, o arqueólogo Sir Leonard Woolley descobriu “os restos de duas carroças de quatro rodas, (no local da antiga cidade de Ur) mais antigos veículos de rodas da história já encontrado, juntamente com seus pneus de couro “(Bertman, 35).

Outros desenvolvimentos importantes ou invenções creditados os mesopotâmios incluem, mas não são de forma limitada a domesticação de animais, agricultura, ferramentas comuns, armamento sofisticado e guerra, a carruagem, vinho, cerveja, demarcação de tempo em horas, minutos e segundos, ritos religiosos, as velas (veleiros) e de irrigação.

Escavações arqueológicas começam na década de 1840 e revelaram assentamentos humanos que datam de 10.000 aC na Mesopotâmia, que indicam que as condições férteis da terra entre dois rios permitiu pessoas se estabelecer na terra, domesticar animais, e voltar sua atenção para agricultura.

Em seguida, e com a prosperidade veio a urbanização e o nascimento da cidade. Pensa-se que a escrita foi inventada devido ao comércio, a partir da necessidade de comunicação de longa distância, e para manter o controle mais cuidadoso das contas.

Civilização Mesopotâmica – Aprendizagem e Religião

Mesopotâmia era conhecida na antiguidade como um lugar de aprendizagem, e acredita-se que Tales de Mileto (conhecido como o “primeiro filósofo”) estudaram lá.

Como os babilônios acreditavam que a água era o “primeiro princípio” de que tudo fluiu, e como Thales é famoso por essa mesma reivindicação, parece provável que ele estudou na região.

Atividades intelectuais eram altamente valorizados em toda a região, e as escolas (dedicadas principalmente à classe sacerdotal) foi dito ser tão numerosos como templos e ensinou a ler, escrever, religião, direito, medicina e astrologia.

Foram mais de 1.000 divindades do panteão dos deuses das culturas mesopotâmicas e muitas histórias sobre os deuses (entre eles, o mito da criação, Enuma Elish a), e é geralmente aceite que os contos bíblicos, tais como a Queda do Homem e a Dilúvio de Noé (entre muitos outros) teve origem na tradição mesopotâmica.

Como eles aparecem pela primeira vez nas obras da Mesopotâmia, como o mito de Adapa e o Épico de Gilgamesh, a mais antiga história escrita no mundo.

Os mesopotâmios acreditavam que eles eram colegas de trabalho com os deuses e que a terra foi infundido com os espíritos e demônios (embora `demônios” não deve ser entendida no moderno, cristão, sentido).

O começo do mundo, acreditavam eles, foi uma vitória dos deuses sobre as forças do caos, mas, mesmo que os deuses tinham ganhado, isso não significa que o caos não poderia voltar.

Através de rituais diários, atenção para as divindades, práticas fúnebres adequadas e dever cívico simples, o povo da Mesopotâmia sentiram que ajudou a manter o equilíbrio do mundo e manteve as forças do caos e destruição na baía. Junto com as expectativas de que seria honrar os mais velhos e tratar as pessoas com respeito, os cidadãos da terra também foram para honrar os deuses através dos trabalhos que realizavam todos os dias.

História da Mesopotâmia

Mesopotâmia é um dos berços da civilização humana.

A história começa, por definição, com a invenção da escrita (a cerca de 3200 Antes da Nossa Era), mais precisamente ao Sul da Mesopotâmia.

Entretanto, os primeiros documentos escritos são raros, de difícil leitura, econômicos ou contábeis por natureza, portanto revelando pouco sobre o contexto político e social que os originaram.

A maioria dos primeiros registros ainda são indecifráveis. O período histórico mais antigo é chamado de PROTO-HISTÓRIA.

Para efeitos deste ensaio, situaremos os tempos de antes do começo da História na Mesopotâmia no Quarto milênio.

Alguns estudiosos enfatizam o componente literário destas sociedades e falam a respeito de sociedades protoliteratas, classificação esta dividida em quatro estágios, respectivamente A,B,C e D.

A pequena quantidade de documentos disponíveis é suplementada por textos escritos muitos séculos depois, mas que se referem a estes tempos mais antigos. Quando combinados com dados arqueológicos, tais textos devem ser levados a sério. Um rei legendário transforma-se num ser real quando, por exemplo, são encontradas inscrições votivas com seu nome.

O aspecto mais importante da sociedade na proto-história é o começo da construção de prédios monumentais (templos, palácios, fortificações), a acumulação de capital, o uso econômico de metais e a escrita, que levam ao aparecimento das primeiras cidades-estado. Como no período Neolítico falamos de uma revolução agrícola, este período traz consigo uma revolução urbana.

A protohistória suméria está dividida no Período de Jemdet Nasr, que é o período da fundação das primeiras cidades-estado, para as quais não temos registros contemporâneos disponíveis, e o Período Sumério Anterior. O Período Sumério Anterior ou Antigo Sumério dura até a tomada do poder pelo rei semita Sargão, o Acádio em cerca de 2350 Antes da Nossa Era. Este período está dividido em dinastias determinadas pela hegemonia de uma determinada cidade.

O DESENVOLVIMENTO DA VIDA SEDENTÁRIA – A CULTURA DE UBAID

A “cultura” mais antiga (refletindo um conjunto de artefatos diferenciado) relativa ao Sul da Mesopotâmia é a de Samarra no sexto milênio, identificada em locais situados principalmente a leste do Irque, perto da fronteira com o Irâ, e um pouco ao norte de Bagdad. As chuvas nesta região são raras e não o suficiente para possibilitar a agricultura, e em dois locais, (Choga Mami e Tell es-Sawwan) foram encontradas evidências de irrigação artificial. A irrigação artificial, conjectura-se, deve Ter sido organizada pela comunidade ou em base familiar, pois as localidades são muito pequenas e não se expandiram de forma significativa.

Um desenvolvimento análogo também estava tomando impulso mais ao sul, mostrando por escavadores franceses, chamado de Tell- Oueili ou Halaf (a cerca de 5.500 Antes da Nossa Era), que representa um precursor de comprovada cultura de Ubaid, que possuía uma forte estrutura em termos de agricultura irrigada a cerca de 5.000-4.000 anos Antes da Nossa Era.

A cultura de Ubaid tem este nome por estar situada próxima à cidade de Ur, que foi descoberta por sir Leonard Wolleey na década de 1920. A sequência cultural do período de Ubaid segue quatro fases principais.

O elemento que distingue, por exemplo, o período de Ubaid 3 foi encontrado bem além dos confins do sul do Iraque, ao Norte, na Síria, no Irã, em mais de 40 lugares na Arábia Saudita, representando portanto presença nos Golfo Pérsico e Arábico. Devemos interpretar esta evidência, segundo estudiosos como Oates, que esta dispersão pode indicar a tentativa destas pessoas do sul da Mesopotâmia de controlar e explorar rotas de comércio a fim de adquirir recursos que não estavam disponíveis em suas redondezas.

Suporte para esta hipótese pode ser eonctrado no fato de que alguns locais ubaidianos situados ao norte estão distribuídos ao longo das rotas que levam a minas de cobre de Ergani Maden situadas ao Sul da Turquia.

Mas como tal controle era exercido, ainda não sabemos.

Em Eridu, um dos mais importantes e antigos locais para exploração arqueológica, uma seqüência de templos e santuários foi encontrada, e esta descoberta mostra uma continuidade de ocupação abrangendo 2.100-2.000 anos de ocupação, ou seja, desde o período de Ubaid 1 até os tempos históricos. Esta importante evidência cultural manteve-se apesar das mudanças políticas ocorridas ao longo de 3.000 anos.

A fase cultural que se sucede a de Ubaid, a fase de Uruk (cerca de 4.000 a 2.900 Antes da Nossa Era) é marcada por uma mudança na produção de cerâmica: cerâmicas feitas por torno de desenhos simples substituíram os materiais produzidos na época de Ubaid.

A cultura tem o nome de Uruk/Warka segundo o nome da localidade em que foi encontrada, apesar das seqüências mais anteriores ainda serem pouco conhecidas, pois só nas últimas fases da cultura de Uruk é que surge a escrita, representando um grande salto cultural. As mudanças que marcam esta fase e cultura refletem uma mudança na população.

Este ponto importante tenta associar a fase de Uruk com a chegada dos Sumérios. No presente, não podemos identificar com certeza como os Sumérios chegaram à Mesopotâmia.

Mas tanto quanto nossas parcas evidências o apontam, os sumérios ou devem Ter habitado a região por algum tempo, depois de lá terem chegado por migração pacífica.

O PERÍODO DE URUK 4 OU URUK POSTERIOR (JEMDET NASR)

Ao final da fase de Uruk (ou Uruk 4, a cerca de 3500-3200 Antes da Nossa Era) aparecem os primeiros documentos escritos, usando pictogramas, mas não somente estes. O sistema cuneiforme de escrita, que pode ser lido como Sumério desenvolveu-se destes pictogramas durante o período posterior (3200-2900 Antes da Nossa Era), também conhecido como Jemdet Nasr. Ao mesmo tempo, aparecem imensos complexos cerimoniais, como nos santuários de Eana em Uruk. Tais santuários repousam sobre grandes plataformas, com projeto elaborado, alguns levando pedras em sua construção.

As paredes são decoradas com nichos e os prédios contém colunas de até 2m de diâmetro, ligadas ao teto ou não. Estas construções não são fenômeno exclusivo de Uruk, havendo desenvolvimentos semelhantes no Elam e em Susa. Associados com estas estruturas há também uma série de objetos com decoração característica, como vasos de pedra, trabalhados ou não com relevos dentro ou fora, ou cuidadosamente esculpidos.

Destas evidências, podemos apreender que o surgimento da escrita, a construção de prédios elaborados, o uso de materiais importados, a presença de trabalhos de arte elaborados e o acréscimo da população, tudo sinaliza para a emergência de comunidades urbanas que desenvolveram tais estruturas. Nenhuma outra razão pode explicar a contento os materiais, as técnicas e escala das construções.

A origem exata e o caráter específico destas mesmas atividades e resultados ainda continua não totalmente explicada, mas a evidência aponta para a existência de um forte sistema político atuando nas cidades.

A figura do governador local começa a aparecer na iconografia, em funções tanto seculares quanto religiosas. Da mesma forma, os ítens raros (pedra em quantidades consideráveis, ouro para acabamento de interiores) usados nas construções destes prédios imponentes vinham de longe, importados de regiões distantes. Pode-se depreender daí que deveria haver uma bem sucedida atividade comercial, bem como alto grau de capacidade técnica. Isto, por seu turno, reflete-se nas imagens freqüentes de cereais em grão que se alternam com imagens de rebanhos, encontrados em selos cilíndricos, vasos de pedra, e no famoso Vaso de Uruk. Atribui-se a grupos rivais de famílias que competiam pelo poder a construção de todas estas obras, sendo os templos elaborados e os objetos delicados uma forma de atingir o prestígio, controle e admiração de todos.

AS PRIMEIRAS CIDADES (2900-2340 ANTES DA NOSSA ERA)

Há bem maior disponibilidade de registros disponíveis para o período que sucede o de Uruk Posterior, em geral chamado de Dinástico Anterior (DA), pré-Sargônico ou Antigo Sumério.

Há uma grande quantidade de remanecentes de construções, grandes placas esculpidas, figuras de pedra encantadoras em atitude de prece e adoração, inscrições em pedra, selos cilíndricos, cerâmica e documentos em argila. Talvez o legado existente mais fabuloso desta época são as Tumbas Mortuárias de Ur, que datam do período Dinástico Anterior III (cerca de 2600-2340 Antes da Nossa Era), onde os tesouros descobertos compreendiam uma série de objetos cuidadosamente elaborados em ouro, lápis-lazuli, prata e outros materiais preciosos.

O material escrito não está distribuído de forma uniforme através de todo este período, portanto estão disponíveis em tábuas de argila de tamanho e localizações variadas.

Os maiores arquivos estão em Ur para o Dinástico Anterior II, (2700-2600); Shurupak (moderna Fara) e Abu Salabikh para o perído Dinástico Anterior III (2600-2500), e Girsu (Tello moderna, e um dos centros de poder do estado de Lagash), cujos ricos arquivos datam do final do período. Fora da região, os grandes artigos de Ebla, que datam de 2450-2350 Antes da Nossa Era, fornecem informações preciosas sobre esta cidade, que pode ser considerada um dos berços da civilização, ao Sul do Iraque.

Dois tipos diferentes de material textual tem tido sua utilidade para cobrir o período: a Lista dos Reis Sumérios e os épicos e mitos que se situam “antes do Dilúvio” em termos de linha do tempo.

AS LISTAS DOS REIS SUMÉRIOS

Alguns dos textos mais antigos são as Listas de Reis Sumérios, conhecidas desde tempos muito antigos. Estas listas foram compostas ao redor de 2200 Antes da Nossa Era, mas se referem a tempos muito mais antigos.

Elas foram copiadas por gerações de escribas e padronizadas ao longo deste processo até o período Babilônico Antigo, onde existe uma versão canônica que se extenue no tempo, mostrando reis e monarcas de tempos recente. As listas foram estudadas primeiramente por Jacobsen e publicadas em 1939. Elas são um instrumento básico para entendermos a história mais antiga da Mesopotâmia.

O objetivo destas listas eram provavelmente mostrar que Suméria e Acádia sempre estiveram unidas num só reino, e conseqüentemente podem

Ter distorcido a verdade para servir a algum propósito. As listas algumas vezes contradizem outras histórias épicas. Por exemplo, alguns reis deviam ser contemporâneos, mas não o parecem ser nas Listas de Reis.

Nas listas, a monarquia é vista como uma instituição divina: ela desceu dos céus.

A linha de abertura do texto é: “Quando a monarquia/realeza desceu dos céus, ela tomou assento em Eridu”. Tendo em vista este fato, a monarquia era vista como uma instituição compartilhada por muitas cidades.

Cada cidade tornava-se a sede do trono e do poder por um certo tempo. O sinal sumério para “governo” ou “ano de governo” é o mesmo para “turno”.

A hegemonia de uma cidade numa Lista de Reis Sumérios nem sempre significa que os reis citados tinham supremacia sobre outros reis de cidades-estado vizinhas.

Nas listas, aparece claramente uma linha divisória, e esta é o Grande Dilúvio. Nomes e eventos são ou antediluvianos ou pós-diluvianos. Nos últimos épicos, o Dilúvio assinala o final da era mitológica, quando foi formado o universo, inaugurando o começo dos tempos históricos. Cerca de oito (em outras versões dez) reis antediluvianos são mencionados, juntamente com seu respectivo período de governo.

Idades que atravessam os tempos são atribuídas aos reis de antes do Dilúvio. Juntos, estes 10 ou 8 reis teriam reinado por cerca de 241.200 anos!

O período antediluviano também é visto como a era das revelações divinas, tais como a invenção da agricultura, da escrita, etc. Algumas das cidades mencionadas como antediluvianas são Eridu, Sipar e Shruppak.

Eridu, a primeira cidade mencionada, é a cidade do deus das águas doces, da mágica e da sabedoria, chamado Enki/Ea, um dos mais importantes deuses do panteon mesopotâmico.

A cidade está situada no extremo sul da Mesopotâmia próxima a um rio ou lagoa. Diz-se que o princípio da agricultura foi ali revelado por um deus ao primeiro rei de Eridu, chamado Emmeduranki.

Sipar mais tarde irá se tornar na cidade do deus sol, Utu, chamado também de Shamash em acádio. Diz-se que os segredos da adivinhação foram mostrados ao rei de Sipar, também por revelação divina.

Adivinhação era ao mesmo tempo uma arte e ciência para perguntar aos deuses sobre os desígnios da existência.

Nenhuma decisão importante era tomada sem consulta prévia aos deuses através de inúmeras técnicas de adivinhação. O deus Sol Utu, que tudo vê durante o dia, tem também o poder de ver o futuro.

Shuruppak é uma cidade às margens do Eufrates, perto da cidade moderna de Fara. O último rei de Shrurrupak foi o herói da história do Dilúvio.

OS GRANDES ÉPICOS

Outro material que tem sido usado na esperança de poder iluminar eventos, estruturas e instituições do período Dinástico Anterior são os épicos e epopéias que foram escritos em tempos posteriores sobre os primeiros governantes de Uruk, como Gilgamesh.

ciclo de histórias épicas sobre reis como Enmerkar, que travou uma década de disputas com o rei da cidade iraniana de Aratta, pode ter sido um reflexo do padrão de comércio existente durante o período Dinástico Anterior II. O conflito de Gilgamesh com Aka de Kish, onde o teimoso Gilgamesh consulta primeiro o conselho de anciões para procurar o melhor curso para suas ações, e então prossegue para se consultar com o conselho dos jovens guerreiros, fornece alguma evidência para as assembléias cívicas e a obrigação real de entrar em deliberações com estes foros antes de partir para ação.

Enquanto que não parece haver dúvidas de que as cidades mesopotâmicas mantinham distantes relações comerciais a fim de adquirir bens exóticos, a forma específica pela qual estas relaçoes eram estabelecidas não fica clara a partir do estudo destes épicos. Não temos também certeza se conselhos de anciões formavam um dos órgãos das cidades mesopotâmicas, bem como os jovens guerreiros e sua função no governo. Entretanto, tais obras mostram eventos históricos (até certo ponto). Estas histórias, eram muitas vezes fruto de uma tradição oral ainda mais antiga.

Um milênio depois, ao redor do período Babilônico Antigo muitos destes fragmentos foram arranjados como épicos completos.

Eles entraram para a literatura canônica e foram escritos e copiados por gerações de escribas (em geral em escolas). Há uma analogia geral com outras idades heróicas de outros locais (Homero dos Gregos, o Maghabharata Indiano, a Idade Heróica Germânica, etc.). As semelhanças provavelmente mostram uma estrutura político-social comum.

A HISTÓRIA DO DILÚVIO

O tema do dilúvio, uma catástrofe de monta, é bastante comum em toda antigüidade. Todos os tipos de versões de tal cataclismo eram passados de geração a geração e de país para país. Há versões sumérias, acádias, ugaríticas, hititas, etc. Quando os primeiros textos sobre o dilúvio foram descobertos em 1872 por George Smith, tal fato fez as manchetes de jornais da época, tendo em vista as semelhanças com a narrativa da Bíblia.

Basicamente, todas as planícies aluviais e deltas de rios no mundo sofreram grandes enchentes. Uma série delas no século XV da nossa era, chamadas de As Enchentes de Santa Elizabeth, deram forma à parte de Holanda no delta do Reno. Ainda hoje, muitas pessoas estão em constante perigo de terem suas casas destruídas pelas águas, e portanto também na Mesopotâmia o impacto das águas devia ser muito forte nas pessoas. Não há dúvidas que enchentes causaram impacto na Mesopotâmia, e algumas delas ocorreram a cerca de 2900 Antes da Nossa Era.

As várias versões e fragmentos encontrados apontam para várias diferentes tradições sobre o dilúvio. O herói sumério do Dilúvio (o primeiro Noé) chama-se Ubar-Tutu em certos textos, Ziusudra. Em outro texto, ele é chamado Atrahasis.

Todos estes são nomes que atestam uma qualidade: Ziusudra quer dizer Vida de Longos Dias, Utnapshtin – aquele que encontrou a vida eterna, e Atrahasis (extremamente sábio).

O épico de Atrahasis é muito famoso e em seu formato de Antigo Babilônico é datado de 1635 Antes da Nossa Era.

PERÍODO DE JEMDET NASR OU URUK 4

Ao seguirmos na direção do final da fase de Uruk, aparecem os primeiros documentos escritos, usando pictogramas, representando algum sistema de contabilidade.

O cuneiforme que pode ser lido como sumério se desenvolveu destes primeiros pictogramas durante o período subseqüente, tambem chamado de Jemdet Nasr. Ao mesmo tempo, aparecem grandes complexos cerimoniais, como os santuários de Eanna in Uruk. Estes complexos eram construídos sobre largas plataformas, com design elaborado e muitos construídos sobre pedra.

As paredes destes prédios tem niches, e os prédios são monumentais, com colunas de 2m diâmetro, ligadas ou não ao teto.

A evidência para construções de tal porte aponta para um sistema político avançado: a figura dominante em figuras provavelmente é a do líder desta sociedade, provavelmente o legislador/administrador.

Esta pessoa também aparece praticando rituais religiosos, o que sugere que atividades tanto de caráter religioso como secular estavam sob sua responsabilidade. O fato de que material ausente na Mesopotâmia, como pedras, estavam presentes na construção destes prédios indica habilidade de mobilizar força de trabalho de forma bem sucedida e a existência de uma base agrícola saudável.

A revolução urbana, a construção das primeiras cidades, começou a Ter lugar a cerca de 3100-2900 ANTES DA NOSSA ERA na transição da pré-história para história.

A mudança no padrão de assentamentos humanos, de isolados para comunidades, continuou.

O clima quente ao final do quarto milênio permitia que as grandes planícies fossem habitadas no extremo sul da Mesopotâmia, a área que mais tarde será chamada de Suméria.

A escassez de chuvas estimulou o desenvolvimento de trabalhos de irrigação. A produção do bronze, uma liga de cobre e outros metais, principalmente o latão, permitiu a manufatura ade armas novas, e fortificações foram também construídas ao redor dos vilarejos.

Ou seja, em cerca de 2.900 Antes da Nossa Era, as técnicas de irrigação, agricultura e a exploração alimentos suplementares (tâmaras, peixe, caça) tinha sido bem sucedida, sendo gerida por grupos de poder emergente numa série de cidades. Isto resultou num desenvolvimento articulado, onde o administrador de cada cidade poderia assegurar uma grande produção de alimentos para a população. Este notável desenvolvimento resultou numa estrutura social bem articulada, com o administrador de cada cidade também controlando a maior parte dos recursos, como a terra, a produção de bens especializados, exóticos e materiais preciosos obtidos através do comércio.

O administrador das cidades também tinha importante presença religiosa e ideológica,tomando parte em atividades seculares e religiosas da comunidade.

Muitos fatores importantes destas sociedades continuam ainda obscuros, mas eles nos levam ao período seguinte, o Período Sumério Anterior.

PERÍODO SUMÉRIO ANTERIOR

O desabrochar e o desenvolvimento das cidades-estado é chamado de Período Dinástico Anterior (2900-2400 ANTES DA NOSSA ERA), Período Sumério Anterior ou Sumério Antigo.

Este se divide em três estágios, nos quais houve o domínio de diferentes cidades. O Período Sumério Anterior é caracterizado por forte rivalidade entre as cidades-estado e uma divisão crescente entre estado e religião.

Construções monumentais que seriam chamadas de palácios ao invés de templos aparecem pela primeira vez. Apesar da rivalidade, há muitas semelhanças na arquitetura, materiais de construção, temas e ornamentos de cidades diferentes. As pessoas também tinham a mesma religião e falavam a mesma língua. Portanto, em geral pode-se falar de uma arte e cultura suméria.

Antigo Sumério é o idioma desta época. Uma grande parte de textos em Antigo Sumério e a maior parte do conhecimento que temos desta língua originou-se de textos encontrados no século XIX em Nippur, uma cidade sacra, a capital religiosa da Suméria, cujo patrono é o poderoso Enlil, o deus do ar, e um dos mais importantes no panteon mesopotâmico. Mais de 30.000 tábuas de argila inscritas lá encontradas estão em vários museus, como o de Istambul, Jena e Filadélfia. Estas tábuas incluem versões de obras literárias como o Épico de Gilgamesh, o mito da criação, bem como textos administrativos, legais, médicos e registros de transações de negócios, bem como textos escolares.

KISH E O PERÍODO DINÁSTICO ANTERIOR – A IDADE DO OURO (2900 A 2700 ANTES DA NOSSA ERA)

Kish, cidade ao norte da Babilônia, próxima à moderna Tel el-ehêmir, é a primeira cidade pós-diluviana mencionada nas Listas de Reis Sumérios. Depois do Grande Dilúvio, “o reino desceu novamente dos céus”.

Os primeiros reis tinham nomes semitas. Nesta época, os quatro quadrantes do mundo vivem em harmonia.

Escavações arqueológicas provam que Kish foi uma cidade importante, tendo sido o centro da primeira dinastia suméria, chamada de Período Dinástico Anterior I.

Havia especialização no trabalho e alta qualidade artesanal, ambas resultado de uma tradição mais antiga. Adagas douradas trabalhadas foram encontradas em túmulos.

Foi em Kish que foi encontrado o primeiro palácio monumental que não era também um templo. O rei parece estar no poder, ao invés do alto sacerdote en.

O título de Rei de Kish: A importância de Kish também é atestada pelo título Rei de Kish. Este título era usado por reis mesmo muitos séculos depois para mostrar prestígio, pois o significado de tal epíteto poderia ser “Rei de Todo Mundo”. O título era usado mesmo quando outro rei era na realidade o rei da cidade, e também muito depois de Kish Ter cessado de ser a pedra fundamental da monarquia.

É possível que o título significava mais do que prestígio. Kish está situada ao Norte das planícies da Mesopotâmia Sul, num ponto estratégico do Eufrates.

É possível que a localização de Kish fosse fundamental para o controle de todo sistema de canais de irrigação, pois um problema na área, bloquearia o fluxo das águas na direção sudoeste.

O controle do rio Eufrates nas proximidades de Kish portanto era de grande importância para os governantes do sul da Mesopotâmia. O título de Rei de Kish pode ser um indicativo de que o rei possuía este poder.

URUK – PERÍODO DINÁSTICO ANTERIOR II – IDADE HERÓICA (2700-2500 ANTES DA NOSSA ERA)

Uruk bíblica Erech, situada perto da moderna Warka. O período sob a liderança de Uruk é chamado de Idade Heróica. As dinastias ficaram conhecidas a partir de épicos escritos tempos depois.

Uruk é a cidade da deusa Inana e de Anu, o deus supremo do firmamento. Os reis de Uruk são chamados de Senhor.

Uma reconstrução da história a partir da mitologia mostra que este período foi uma democracia primitiva. As decisões mais eram tomadas após consulta a um conselho de anciões.

Enmerkar, rei de Uruk e Kullab, tendo o epíteto de “aquele que construiu Uruk” e personagem de dois épicos. Não existem inscrições ou placas para atestar sua existência.

Os textos referem-se aos contatos comerciais e militares com a cidade de Arata, ainda não localizada, mas provavelmente no Irã, onde Inana/Ishtar e Dumuzi também eram adorados.

Estes épicos mostram que havia contatos comerciais, ex; pedras preciosas, como lápis lazuli. Enmerkar foi o primeiro, de acordo com o mito, a escrever em tábuas de argila.

Lugalbanda foi o terceiro rei da primeira dinastia de Uruk, também sendo personagem de poemas e mitos sumérios, como o épico de Lugalbanda (em duas partes, com 900 linhas)

Gilgamesh é o neto de Enmerkar. Sua fama espalhou-se por uma grande área devido ao Épico de Gilgamesh. Uma versão assíria foi encontrada na Biblioteca de Assurbanipal (cerca de 650 Antes da Nossa Era), e provavelmente data de 1700 Antes da Nossa Era. Fragmentos sumérios menores com apenas umas centenas de linhas são datados de cerca de 2000 Antes da Nossa Era.

A medida do tempo e localização geográfica indicam a grande predileção por esta obra-prima mesopotâmica. Ver Gilgamesh para uma versão resumida aqui neste site.

Gilgamesh foi responsável pela construção das muralhas de Uruk. Parece realmente que a arqueologia prova que estas muralhas foram expandidas a cerca de 2700 Antes da Nossa Era.

UR e LAGASH – PERÍODO DINÁSTICO ANTERIOR III (2500-2350 ANE

O Período Dinástico Anterior-III está fora da proto história, sendo geralmente considerado parte da história. Muitas fontes e arquivos desta época são conhecidos.

A maioria destes textos têm caráter econômico/administrativo.

Ur: Oficialmente, de acordo com a Lista de Reis Sumérios, Ur tem a hegemonia desta era, conhecida como Terceira Dinastia de Ur. Na prática, hegemonia era um termo muito amplo, pois Ur era um porto no Golfo Pérsico.

Lagash e Girsu são cidades no extremo Sul da Mesopotâmia. Muitos textos em Sumério Antigo foram encontrados lá, a maior parte deles impressos em materiais duros como cobre e ouro, ex. as Inscrições Reais de Lagash e textos sobre o incessante conflito de fronteiras entre Lagash e a cidade vizinha de Uma. Os conflitos em geral envolviam direitos de irrigação e água, e eram algumas vezes resolvidos com a mediação do rei de Kish. O padroeiro da cidade de Lagash é Ningursu, mais tarde associado com Ninurta, um deus guerreiro e fundamental para a eliminação de demônios.

Alguns dos reis de Lagash são:

Eannatum: (E-ana-tum) o primeiro a se intitular Rei de Kish, aquele que governa os países. Ele se gabava que seu território se estendia de Kish no Norte a Mari, no Oeste, Uruk no Sul e Elam no Leste, mas não está claro o que significa o governo destas cidades. Ele teve um longo reinado, mas após sua morte, seu território foi reduzido ao tamanho original.

Famosa é sua vitória mostrada na Estela de Eannatum, mostrando um dos primeiros registros do poder militar e político possuído pelo rei. O texto, do qual 1/3 está preservado, anuncia as novas fronteiras e a vitória de Eannatum de Lagash sobre o governante de Uma. Fala de pontos altos da campanha, do aprisionamento de inimigos, o enterro dos mortos e os corvos que escaparam com os ossos dos mortos. Esta figura pode ser a impressão de um artista a respeito de uma batalha histórica, e também uma expressão da intenção de tal batalha.

Urukagina, o último dos reis piedosos da dinastia de Lagash, introduziu muitas reformas sociais e editou pareceres sobre o problema da escravatura sofrida por aqueles que incorriam em dívidas.

Altas taxas de juro sobre o capital (em geral 33.3%) tinham de ser pagas pela escravização de uma criança até que os débitos fossem pagos. Ele acaba com este tipo de ação por decreto.

Cronologia da Antiga Mesopotâmia

A não ser que especificado de outra forma, todas as datas apresentadas nesta cronologia referem-se a períodos anteriores à Era Cristã, aqui referidos como Antes da Nossa Era, ou ANE.

Era Pré-Histórica ou Sexto Milênio: A região emerge pouco a pouco, de norte a sul como terras baixas entre os rios Tigre e Eufrates. A região começou a ser povoada por grupos étnicos desconhecidos que tinham vindo do norte e do leste. Estes grups incluíam sem dúvida semitas do Nordeste do deserto da Síria e da Arábia.
Quarto Milênio (no máximo):
 Depois da chegada dos Sumérios provavelmente do Sudeste, o processo de interação e trocas começa a tomar forma, transformando-se na primeira grande civilização da área. Uma sociedade urbana logo tomou forma e espaço através da unificação de vilas mais ou menos primitivas.
3200 Antes da Nossa Era, ou seja, Antes da Era Cristã:
 Evidências arqueológicas mostram que os Sumérios estão fazendo uso de veículos sobre rodas para transporte.
3100 ANE:
 A escrita cuneiforme aparece na Mesopotâmia, sendo os primeiros registros escritos da humanidade. Esta forma de escrita envolvia a escrita de caracteres em forma de cunha e foi usada para registrar os primeiros épicos da história, incluindo Enmerkar e o Senhor de Arata, e as primeiras histórias a respeito do rei heróico de Uruk, Gilgamesh.
2700 ANE: 
O rei sumério Gilgamesh governa a cidade de Uruk, que agora tem uma população de cerca de mais de 50.000 habitantes. Gilgamesh figura em muitos épicos, incluindo o mito sumério Gilgamesh, Enkidu e o Mundo Subterrâneo e o babilônico Mito de Gilgamesh.
2340-2315 ANE: 
Sargão I funda e governa a cidade de Ácade (Acádia), após ter deixado a cidade de Kish, onde detinha importante cargo militar. Sargão I é o primeiro monarca da história a manter um exército de prontidão. Mesmo assim, seu império durou menos do que 200 anos.
2320 ANE:
 Sargão I conquista as cidades-estado independentes sumérias e institui um governo centralizado. Mas por 2130 a Suméria readquire sua independência do domínio acádio, apesar de não mais reverter para a condição de cidades independentes. Nesta época, a cidade mais importante dos sumérios é a cidade de Ur.
2100 ANE: 
A Lista de Reis Sumérios é escrita, registrando todos os reis e dinastias sumérias desde os tempos mais remotos. De acordo com esta lista, Eridu é a povoação mais antiga, fato que parece ser confirmado por evidências arqueológicas.
2000-1600 ANE:
 Começa o Antigo Período Babilônico na Mesopotâmia, após o colapso da Suméria, provavelmente devido a um aumento do teor de salinidade do solo, tornando o cultivo da terra muito difícil. Enfraquecidos consideravelmente por safras de pouca produção, os SUMÉRIOS são conquistados pelos amoritas, que estavam estabelecidos na Babilônia. Conseqüentemente, o centro da civilização muda para o Norte. Apesar deles terem preservado a maior parte da cultura suméria, os amoritas introduziram seu idioma semítico, um ancestral do HEBREU na região.
1900 ANE:
 O Épico de Gilgamesh é redigido a partir de fontes sumérias e escrito no idioma semítico. Portanto, apesar de Gilgamesh ser sumério, o épico de seu nome é babilônico.
1900- 1500 ANE:
 Num ponto entre estas datas, um grupo semítico de nômades migra da Suméria para Canaã, e Egito. Eles são levados por um comerciante de caravanas, o patriarca Abraão, que irá se transformar no pai da nação de Israel.
1800 ANE:
 Os habitantes do Antigo Período Babilônico (ou Babilônico Anterior) estão empregando avançadas operações matemáticas, tais como multiplicação, divisão e raiz quadrada. Além disso, eles usam um sistema duodecimal (baseado no 12 e no 6) para medir o tempo. Até hoje usamos este sistema para contar as horas.
1763 ANE:
 O rei amorita Hamurabi conquista toda a Suméria. Nesta mesma época, ele também escreve seu famoso código de leis, o Código de Hamurabi, contendo 282 regras, incluindo o princípio de ” olho por olho, dente por dente”. Este é um dos primeiros códigos de lei da história da humanidade, sendo anterior ao código de Leis de Lipit-Ishtar.
1750 ANE:
 Hamurabi morre, mas seu império dura por mais 150 anos, até 1600 ANE, quando os cassitas, um povo não semítico conquista a maior parte da Mesopotâmia, com a ajuda de carruagens leves como material bélico.
1595 ANE: 
Os hititas, outro grupo não semítico que falam um idioma Indo-Europeu, capturam a Babilônia e se retiram, deixando a cidade aberta ao domínio cassita. Os cassitas permanecem no poder por 300 anos, mantendo a cultura suméria e babilônica sem introduzir grandes m
1450-1300 ANE: 
A cultura hitita alcança seu apogeu, dominando do Norte ao Leste da Babilônia, incluindo a Turquia e o Norte da Palestina. Nesta época, os hititas já tinham uma rica mitologia, com panteon de deuses e deusas já estabelecido.
1300-612 ANE: 
Os Assírios, um povo semítico, estabelecem um império que se estende de Assur, ao Norte da Mesopotâmia. Em 1,250 ANE eles já tinham se comprometido a conquistar o Império Cassita ao sul.
1286 ANE:
 Os hititas lutam contra os invasores egípcios, demonstrando a força de seu poder. Tal poder está provavelmente fundamentado nas vantagens econômicas que tinham com o comércio de metais que são abundantes na região da Turquia. Mesmo assim, o império hitita cai 1185 para os Povos do Mar, um grupo invasor que veio do Oeste, e cuja identidade precisa é desconhecida.
1250-1200 ANE:
 Os hebreus migram de Canaã para o Egito por alguns séculos, após vaguearem por muitos anos no deserto do Sinal. Esta conquista é lenta e dolorosa, e irá levar cerca de cem anos. Quando as lutas acabam, os hebreus emergem como vitoriosos. Eles dividem a terra de Canaã em tribos, criando um sistema de governo conhecido como anfictionia.
1020 ANE:
 Os hebreus são governados pelos Juizes num período de relativa estabilidade que será abalado pela invasão dos filisteus em 1050 ANE.
1225 ANE: 
O governante assírio Tukulti-Ninurta captura a Babilônia e a região sul da Mesopotâmia, mas o controle assírio não dura muito longe.
1114- 1076 ANE: 
Tiglath-Pileser I governa os Assírios.
1050 ANE:
 Os filisteus invadem Israel, vindos do Norte. Ao enfrentar a ameaça de aniquilação, os hebreus instituem uma reforma governamental. Samuel, o último dos juízes, é chamado para escolher o futuro rei.
1020 ANE:
 Samuel seleciona Saul para rei de Israel, portanto unificando todas as tribos numa só nação. Saul eventualmente comete suicídio, ao enfrentar outras tantas perdas frente aos filisteus. Davi, ao fazer campanha contra os filisteus, obtém a vitória.
1004 ANE:
 Davi torna-se rei de Israel. Como tal, ele começa a construir um governo centralizado baseado em Jerusalém. Ele implementa trabalhos forçados, o censo e um mecanismo para a coleta de impostos. O Período do Primeiro Templo da história hebraica começa sob o governo de Davi.
965 ANE: 
Salomão torna-se rei de Israel, com a intenção de continuar a obra de Davi e fazer de Jerusalém uma grande cidade. Salomão, portanto, abraça grandes projetos de construção, sendo um deles o Templo de Jerusalém. Ao enfrentar dificuldades financeiras, ele eleva os impostos e emprega trabalho forçado.
928 ANE: 
Morre Salomão. Os habitantes do Norte, não querendo pagar impostos para ajudar as dificuldades financeiras de Jerusalém, separam-se do Sul. São criadas duas nações: Israel, ao Norte, com sua capital em Samaria, e Judá, ao Sul, com a capital em Jerusalém. Os filhos de Salomão governam os dois reinos, Jeroboam ao Norte e Rehoboam ao Sul.
900 ANE:
 Os assírios expandem seu império para o Oeste. Ao redor de 840 ANE, eles tinham conquistado a Síria e a Turquia, territórios que haviam pertencido aos hititas.
810-805 ANE: 
Reinado da rainha assíria Samuramat. Ela é uma das poucas mulheres a adquirir proeminência na Antigüidade.
722 ANE: 
Os assírios conquistam Israel, deixando nada para traz. O reino hebreu de Judá consegue sobreviver.
705-681 ANE: 
Senaqueribe governa os assírios e constrói uma nova capital em Nínive, onde começa a formar uma grande biblioteca de tábuas sumérias e babilônicas. Senaqueribe é um monarca poderoso que consegue ter sob seu poder toda a região do Oeste da Ásia.
689 ANE:
 Senaqueribe destrói a Babilônia, mas seu filho a reconstrói. Em 650 ANE, Babilônia é novamente um centro de prosperidade.
668-627 ANE:
 Assurbanipal sucede Senaqueribe como governante da Assíria. Ele continua a desenvolver uma grande biblioteca, e, ao final, colecionou mais de 22.000 tábuas de argila. Em 648 ANE destroi a recém reconstruída cidade da Babilônia numa campanha feroz.
614 ANE:
 Os babilônicos (em particular, os caldeus), com a ajuda de Medes, que ocupa a região ora conhecida como o Irã, começam campanha para destruir os assírios. Em 612 ANE eles obtém sucesso, e a capital assíria é destruída. Sem os Assírios, os caldeus, um povo semítico, governa toda a região, fazendo surgir um novo período de apogeu da Babilônia, que durou até 539 ANE.
562 ANE: 
Nabucodonossor II governa a Babilônia, onde começa vários projetos grandiosos de construção, incluindo os Jardins Suspensos da Babilônia. Este renascer do poder da Babilônia usa tijolos esmaltados em suas construções, portanto criando uma cidade colorida.
600 ANE:
 O profeta persa Zaratustra (Zoroastro) funda a religião chamada de Zoroastrianism.
586 ANE:
 Jerusalém cai ante as forças de Nabucodonossor II. Muitos hebreus são levados em cativeiro para a Babilônia, começando a passagem chamada de O Cativeiro da Babilônia. O Livro de Ezequiel é escrito nesta época.
539 ANE: 
Ciro, o persa, captura a Babilônia depois que Baltazar, o novo líder babilônico, fracassa em “ler a caligrafia escrita na muralha”. Ciro funda o Império Persa, que dura até 331, quando é conquistado por Alexandre, o Grande. Ciro permite que alguns judeus exilados na Babilônia voltem à Palestina, mas muitos hebreus preferem ficar na Babilônia, onde estabelece-se o segundo grande centro hebraico, sendo superado apenas por Jerusalém.
529 ANE: 
Ciro morre, deixando o maior império construído pelo homem até aquela data. Seu filho, Cambises, sobre ao trono e conquista o Egito.
521 ANE:
 Dario I (o Grande) torna-se imperador da Pérsia, sucedendo Cambises. Ele começa grandes programas de governo, incluindo um sistema de estradas. Ele também institui o primeiro sistema postal.
520-516 ANE: 
Os hebreus reconstroem o templo de Salomão que havia sido destruído e saqueado em 586 ANE. Começa o Período do Segundo Templo da história hebraica.
486-465 ANE: 
Xerxes I é o imperador do Império Persa.
331 ANE: 
Alexandre, o Grande, conquista o Imério Persa. Ele avança na direção da Índia, e conquista parte dela, antes de morrer na Babilônia, aos 33 anos em 323 ANE.
168 ANE:
 Antióquio Epifânio governa Israel e tenta acabar com a prática do Judaismo. Os hebreus resistem, começando a revolta dos macabeus. Os macabeus são bem sucedidos, até discussões internas tê-los destruído. Eles apelam para o romano Pompeu, que intervém, começando daí a ocupação romana da Palestina..
66 da Nossa Era:
 Ao tentarem se libertar do controle do Império Romano, os hebreus se revoltam, mas perdem. No tempo do imperador romano Tito, os hebreus são derrotados, sendo destruído o templo de Jerusalém, que jamais foi reconstruído.

Das Cavernas para Agricultura Irrigada

1. COLONIZAÇÃO E OS PRIMEIROS POVOADOS

pré-história na Mesopotâmia para fins deste estudo começa no sexto milênio, ou a sete mil anos atrás, ao aos 5.000 anos Antes da Nossa Era, onde pouco a pouco, de norte a sul, as terras baixas situadas entre os rios Tigre e Eufrates começa a ser povoada. Não se sabe ao certo quantos grupos étnicos chegaram à região a partir do leste e do norte. Entretanto, sabe-se com certeza que estes grupos incluíam semitas que vinham da região norte do deserto da Arábia e da Síria.

Em arqueologia, a Pré-História ou Idade da Pedra, divide-se tradicionalmente em três períodos distintos, chamados de Paleolítico, Mesolítico e Neolítico (Idade do Bronza), sendo que o período Paleolítico teve maior duração. Estamos falando, portanto de tempos bem anteriores à urbanização (que começa a cerca de 3200 Antes da Nossa Era), quando as primeiras grandes civilizações tiveram sua origem nas bacias dos grandes rios da Mesopotâmia, ou seja, ao longo das bacias dos grandes rios da Mesopotâmia, ao longo do Nilo no Egito e do Ganges na Índia. Neste relato, veremos de forma breve como estas civilizações começaram.

Civilização aqui deve ser entendido no seu sentido literal, do latim civitas ou cidade: dentro do desenvolvimento de cidades-estado, que pode ser chamado de revolução urbana.

Primeiramente, em termos geológicos, a Mesopotâmia não é uma terra antiquíssima. Ela começou a emergir apenas depois de alguns milênios depois do período glacial europeu, ocorrido a cerca de 12,000 anos Antes da Nossa Era. À medida em que ocorreu redução na precipitação (chuvas) e a quantidade de umidade do ar, a Era Glacial começou a apresentar efeitos na região do antigo oriente.

A vasta extensão de terras aluviais até então formava um imenso rio, e aos poucos foi deixando entrever terras e elevações. O que permanece deste grande rio inicial ainda está conosco como os rios Tigre e Eufrates.

Os primeiros habitantes da região foram gradualmente se revelando no sexto milênio o mais tardar, provavelmente vindos das montanhas do nordeste, norte e leste, sendo sem dúvida de etnias variadas.

Não sabemos quase nada a respeito deles, a não ser por esparsos vestígios de suas vidas, que arqueólogos tiveram a sorte de descobrir aqui e ali.

Estes fragmentos não são capazes de nos dar uma ideia precisa ou mesmo revelar aspectos sociais importantes, como a religião de nossos antepassados mesopotâmicos, o que os inspirava em termos de pensamentos e ação, etc. De fato, apenas com a ajuda de nossa imaginação podemos fazer conjecturas a respeito de tempos tão antigos.Podemos, entretanto, dizer que à medida em que estes colonizadores se estabeleceram na região, eles trouxeram consigo seus instrumentos rudimentares, plantas, animais domésticos e forma de viver a vida. Lentamente, podemos também conjecturar que à medida com que o tempo passava, alguns grupos prosperaram e cresceram, enquanto que outros desapareceram. No momento, entretanto, não temos conhecimento de como tais grupos possam ter interagido no passado, ou se por acaso ocorreu ou não tal interação.

MESOLÍTICO é o período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico, ou Nova Idade da Pedra. No período Mesolítico, os povos da região em termos de alimentos, juntavam/coletavam alimentos, caçavam e tinham uma pequena produção de ferramentas, feitas de pedra. Remanecentes de Tell Mureybet (8,600-7,300 Antes da Nossa Era), escavado por arqueólogos franceses, localizado numa curva do Eufrates, mosta uma ocupação contínua por 1,300 anos da área datando dos tempos mesolíticos. A fase 1 desta colônia era provavelmente um acampamento de caçadores e pescadores, usando um tipo de pedra, Natufian, na manufatura de suas ferramentas, bastante comum em toda Síria e Palestina. Na fase II, Tell Mureybet já se transformou numa vila com casas de forma arredondada, de areia comprimida. Na fase III, estas casas tinham sido parcialmente substituídas pr casas maiores, de várias peças, construídas de pedras calcárias. Foram encontrados restos de cabras e ovelhas, e toda caça vinha de animais velozes das redondezas.

Estes acampamentos ou povoações estavam isolados uns dos outros antes de 9000 anos Antes da Nossa Era.

O período Neolítico (Nova Idade da Pedra) coincide com uma nova era geológica. Nesta fase, temos os períodos culturais da Idade do Bronze e Idade do Ferro.

Estas eras são caracterizadas pelo uso de certos implementos e minerais.

2. A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA OU O COMEÇO DA AGRICULTURA

Depois de séculos de estagnação, começam a ser discernidas mudanças no início do quarto milênio, ou a cerca de 5.000 anos Antes da Nossa Era, ou 7.000 anos atrás. Devido a falta de detalhes disponíveis, especialmente para esta fase, devemos sempre optar por uma faixa de tempo bastante ampla.

Dois eventos maiores, cujos detalhes são inacessíveis para nós, marcam entretanto de forma indelével a história desta região: a revolução agrícola com o surgimento da irrigação, e a chegada dos Sumérios ao sul da Mesopotâmia.

Em primeiro lugar, começa uma lenta, mas irreversível mudança nos métodos de coleta de alimentos pela caça, pesca e coleta de plantas/frutas.

Estes foram gradualmente sendo substituídos pela criação de animais domésticos e pela agricultura. Esta mudança ocorre juntamente com a alteração do modo de vida nômade para uma vida sedentária.

O Neolítico é visto como uma época relativamente pacífica, pois não existem fortificações ao redor das vilas e habitações.

Os primeiros povoamentos isolados (5000-3000 anos Antes da Nossa Era) são encontrados nos vales de pequenos rios nas montanhas de Zagros e nas pequenas planícies também de vales.

Novas povoações parecem-se com comunidades de vilarejos, próximas umas às outras, em locais onde os rios correm para vales maiores e onde os rios são mais fáceis de serem controlados. O clima mais seco (começando em cerca 3500 ANTES DA NOSSA ERA) faz com a irrigação comece a desempenhar seu papel na agricultura.

2.1 O PRINCÍPIO DA AGRICULTURA IRRIGADA

Plantar e colher passa a ocorrer em muitos lugares e em vários períodos, sendo que os primeiros tipos de grãos foram provavelmente a cevada e uma variedade do trigo (espelta).

A seleção de grãos também deve Ter sido descoberta de início, de forma quase automática, pois grãos soltos caem na terra quando da colheita. Apesar do desperdício, aqueles grãos que eram levados para casa e que eram plantados novamente davam origem a grãos mais fortes do que os perdidos, e este fato não deve Ter passado desapercebido pelos mesopotâmicos.

Plantar também em terra fértil estimula novas e melhores variedades, e todos estes fatos passaram a ser levados em conta pelos primeiros agricultores.

O problema principal da agricultura na Mesopotâmia era a falta de precipitação ou chuvas, a estação das chuvas sendo a de inverno. Além do mais, os afluentes do Tigre e do Eufrates não eram muito caudalosos.

As terras, eram devotadas à criação de ovelhas e à plantação em larga escala de grãos. Para melhor aproveitar então suas terras férteis, os mesopotâmicos então inventaram métodos para irrigar artificialmente seus campos, tendo se dado conta de que poderiam expandir o território irrigado pelos rios e portanto aumentar a produtividade, através da excavação de canais, ramificano-os a partiir de fontes de água já existentes.

Melhor controle sobre a colheita e a criação de animais domésticos, bem como o uso intensivo da agricultura aumentou a produção de alimentos, fazendo com que maiores comunidades passassem a existir.

A proximidade dos vilarejos tornava mais fácil a comunicação e a interação entre as mesmas. Isto estimulou o intercâmbio cultural e econômico, mas também trouxe a possibilidade de conflitos.

O surgimento de regras e acordos para evitar ou resolver conflitos surge como um fator importante no processo da civilização, sendo considerados mais importantes do que a necessidade administrativa de maior cooperação nos trabalhos de irrigação. Ou seja, fundamentalmente, o sucesso da agricultura irrigada com maior produção de cereais e alimentos criou uma população melhor alimentada, tornando indispensável a manutenção de uma organização acima de tudo centralizada, energética e disciplinada, administração esta que teria de ser mantida pelo menos para os trabalhos de irrigação das terras, sob a forma de vilas e povoações que até então tinham sido independentes e tinham sobrevivido isoladas umas das outras. Dependendo de como foi ocupada, sem dúvida, em geral por pequenos grupos espalhados, a terra se adaptou gradualmente àquele tipo de regime, formando as primeiras cidades, sob as ordens de uma administração forte, com grande concentração de força. Em mitologia, é citado que “as cestas [de estocagem de alimentos] criaram as cidades” (The Creation of the Pickax). Da administração forte das primeiras cidades, temos a origem, provavelmente, do sistema monárquico.

O povoamento das planícies do extremo sul da Mesopotâmia ocorre mais tarde. A irrigação destas planícies, como o sabemos segundo textos babilônicos posteriores, com seus longos canis e falta de água suficiente, exige um sistema de administração de recursos eficiente, o que ocorreu em épocas mais avançadas no tempo.

O problema de estocar alimentos foi reduzido com o uso da cerâmica, pois apesar de seguir princípios simples, uma boa colheita exige a solução de muitos problemas de ordem prática.

Um dos grandes problemas com relação ao sedentarismo refere-se a onde estocar os alimentos para preservá-los. A torração de grãos era algo feito com freqüência de acordo com achados em escavações, pois impede a germinação prematura e facilita o processo de peneiragem dos grãos. Uma inovação técnica, o uso da cerâmica, surgiu, para proteger os alimentos de ratos e outros animais. Da cerâmica, eram feitos recipientes para guardar alimentos. Temos evidência deste fato, porque as primeiras construções que podem ser descritas como celeiros eram pequenas ou baixas demais para serem classificadas como moradias.

2.2 A CHEGADA DOS SUMÉRIOS

O segundo fator extremamente importante para determinar o sucesso da Mesopotâmia antiga acredita-se ter ocorrido na mesma época em que se deu a chegada dos Sumérios na região. Não somos capazes, e talvez nunca o seremos, de identificar de forma satisfatória esta população, cujas origens são nebulosas, ou ligá-la a qualquer grupo étnico, cultural ou linguístico.

Alguns estudiosos vêem os Sumérios como descendentes de grupos que já habitavam a terra por muitos anos. Esta hipótese parece colidir, entretanto, com a lendária tradição dos Sete Sábios segundo a população do Sul, que havia sido iniciada nas artes da civilização por seres estranhos vindos do mar. Podemos inferir daí, uma vez vez que todo mito contém uma semente de verdade, que o mito dos Sete Sábios descreve um certo tipo de imigração pacífica, que deve ter introduzido uma população culturalmente superior, e que esta elevou o nível cultural daqueles habitantes locais que aderiram a esta nova cultura. Parece-nos mais fácil crer que estas pessoas chegaram à Mesopotâmia por via marítima, seguindo talvez as costas do Golfo Pérsico, onde teriam se estabelecido na Baixa Mesopotâmia. Só podemos, entretanto conjecturar a respeito de onde, na realidade vieram os sumérios, mas sua chegada mudou a região para melhor.

3. CERÂMICA

Não se sabe ao certo quando foram feitas as primeiras cerâmicas, mas provavelmente isto se deu ao redor de 6000 ANTES DA NOSSA ERA. Por cerca de 5000 ANTES DA NOSSA ERA o uso da cerâmica era bastante difundido. O tipo de argila ou lama, o uso de elementos decorativos e acabamento são sinais usados por arqueólogos para datar estes artefatos e identificar suas distribuições geográficas.

A distribuição também indica sinais de comércio por distâncias maiores, mesmo nos tempos iniciais.

Cerâmica de Halaf: Encontrada em Tell Halaf, ou Tell Halif, no Norte da Síria é uma das primeiras a ser identificada. O período de Halaf ocorre a cerca de 4000 ANTES DA NOSSA ERA.

É uma cerâmica delicada e indica o começo da especialização dos artesãos. O número pequeno destas cerâmicas indica que eram também consideradas artigos de luxo.

O Período de Ubaid-(4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA): Período chamado assim pela cerâmica encontrada no local chamado de Tell el-Ubaid no sul do Iraque.

As características desta cerâmica são formas concêntricas e onduladas. O uso deste modelo por outras regiões indica uma economia semelhante e alto grau de profissionalismo. A roda do oleiro (introduzida na transição do Período de Uruk) passa a ser encontrada apenas nas regiões mais desenvolvidas. A roda do oleiro exigia uma argila melhor de ser trabalhada, que é obtida com a adição de elementos especiais, ou seja, como por exemplo, óxido de ferro, que confere uma cor marrom-avermelhada típica ao produto.

3.1 CIDADES NEOLÍTICAS DE EXCEÇÃO DO SEXTO E DO QUINTO MILÊNIO

Há exceções ao modelo padrão recém descrito para a Mesopotâmia. Houveram excepcionais cidades neolíticas datadas do sexto e do quinto milênio antes da nossa era, como Jericó (vale da Jordânia) e Catal Höyük na Turquia, que mostram grande diversidade nas formas de habitação. Mas estas cidades não são a regra para o desenvolvimento da região, tendo em vista o grande período de tempo transcorrido entre o desenvolvimento das construções e a época áurea de desenvolvimento das cidades-estado mesopotâmicas, que deu-se por volta de 3000 ANTES DA NOSSA ERA.

4. CALCOLÍTICO

A primeira metade do quarto milênio (4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA) é algumas vezes chamada de Calcolítico (Idade da Pedra e do Bronze).

4.1. USO DE METAIS

Metais e minérios de metais já são usados e colecionados no período Neolítico, principalmente como uma curiosidade, por ser esteticamente simples e atraente: eles são raros e bonitos.

Como outras pedras preciosas, tem sido encontrados metais no período Neolítico em locais bem afastados dos ambientes no qual ocorrem normalmente, também como presentes funerários. Eles eram objetos atraentes, conferindo status ao seu possuidor. Apreciados em especial eram a prata e o ouro.

A Indústria de mineração: É conhecida desde o final do Paleolítico e uma indústria bem desenvolvida no período Neolítico.

O cobre, fácil de ser trabalhado, começa a ser usado, e se descobre que o calor pode recuperar as propriedades do metal, em caso de quebras ou lascas.

Simples artefatos de cobre foram encontrados em vilas da Turquia, trabalhados com o uso do martelo, a cerca de 7000 Antes da Nossa Era.

Metalurgia: Os principais metais trabalhados são o cobre, o chumbo, a prata e o bronze.

Mesopotâmia – Habitações

CASAS MÉDIAS: Em média, as casas eram pequenas, de um andar, construídas com tijolos de argila, com vários aposentos ao redor de um pátio..
CASA DAS CLASSES ABASTADAS: 
As classes abastadas moravam em casas de dois andares, de tijolos revestidos de gesso no exterior e interior, tendo cerca de uma dezena de aposentos, como recepção, cozinha, banheiro, local dos servos/empregados, e algumas vezes também uma capela no primeiro andar. No segundo andar, em geral estava a parte íntima. Em baixo da casa, estava o mausoléu, onde em geral eram enterrados os ancestrais.
MÓVEIS: 
Móveis incluíam mesas baixas, cadeiras de espaldar alto e camas com armações de madeira.. O assoalho e o teto eram enfeitados com material fino, com tapetes de junco, de pele de animais e panos de lâ.
MATERIAL DE COZINHA: 
Material de cozinha era feito de argila, pedra, cobre ou bronze. A água era guardada em grandes potes, carregados dos rios por escravos da casa. Estes potes de argila são bastante úteis em climas extremamente quentes. Sendo porosos, eles permitiam a evaporação da água, ao mesmo tempo que a conservavam fresca. Jarros e potes semelhantes (com revestimento de betume) serviam para armazenar cevada, trigo e óleo.
BANHEIROS: 
As casas ricas e os palácios tinham banheiros separados, ou seja, aposentos para banho, onde era possível se refrescar com água ou óleo. Um banheiro típico tinha cerca de 15 pés quadrados e estava localizado no lado sul da casa.

Império e Dinastia de Sargão, O Acádio

1. INTRODUÇÃO

O período das grandes civilizações no início da história na Mesopotâmia abrange o período de cerca de 3200-2700 antes da Nossa Era e pode ser subdividido em três estágios,c onforme no desenvolvimento da arquitetura, cerâmica, selos e escrita: Uruk Posterior (ca. 3200-3000 ANE), Jemdet Nasr (ca. 3000-2900 ANE) e Dinástico Anterior I, II and III(ca. 2900-2350 ANE).

A Lista de Reis Sumérios, escritas no II Milênio Antes da Nossa Era, fornece o nome de reis com o período de duração de seus reinados, dinastia por dinastia, concluindo com os nomes conhecidos dos reis de Terceira Dinastia de Ur e seus sucessores de Isin.

Esta moldura cronológica fornece uma visão bastante difusa da história da Suméria e Ágade depois dos tempos pré-históricos. A monarquia era considerada como uma instituição dada os seres humanos pelos deuses.

Eridu era a povoação mais antiga, tendo sido habitada continuamente pelos sumérios, além de ser o centro mais antigo da civilização suméria.

A Lista de Reis Sumérios tratava de dinastias contemporâneas como sucessivas. Em termos históricos, nenhum rei estendeu seu domínio e controle além das cidades-estado, até a chegada ao poder de Sargão, O Acádio.

Na Lista de Reis Sumérios, antes do dilúvio se refere a tempos proto-históricos, e depois do dilúvio, a tempos históricos.

A parte anti-diluviana da Lista de Reis Sumérios em geral é tida como o Período Dinástico Anterior I, bem como a única fonte de informações para o período.

Depois que o dilúvio havia ocorrido por toda terra e que a monarquia tinha descido à terra dos céus Kish tornou-se o centro da monarquia, passando depois de Kish para Uruk.

Alguns reis de Kish e Uruk listados na Lista de Reis Sumérios também são mencionados em mitos e lendas em sumério e acádio, tais quais Enmerkar, Lugalbanda, Dumuzi, Gilgamesh e Etana.

A dinastia seguinte a Uruk é a de Ur, também identificada em inscrições existentes.

A Suméria do período Dinástico Anterior era uma confederaçao de cidades-estado cujas relações variavam de vassalagem a igualdade, mas nunca de unidade.

Não havia um centro ou capital natural, nem mesmo Nippur, o centro religioso e geográfico da Suméria e Ágade. Cada cidade-estado consistia de um centro urbano e sua população, bem como a população periférica das áreas das vizinhanças.

Cada cidade-estado era uma unidade independente com seu próprio governo. A Suméria e Ágade consistiam de cerca de uma dúzia de cidades-estado próximas umas das outras ao longo dos rios Tigre e Eufrates.

As inscrições do período Dinástico Anterior estão cheias de referências de batalhas entre as cidades-estado.

As grandes muralhas construídas pela maioria das cidades sumérias sugerem que estas estavam sempre em combate. Estas inscrições provam que a Lista de Reis Sumérios está incompleta.

Os governantes de algumas cidades, como Lagash, foram excluídos. Mesmo Mesilim (ca. 2550 ANE), rei de Kish, não aparece na lista de reis. Mesilim ficou famoso por delinear a fronteira entre Umma e Lagash, ponto de contenda entre estas duas cidades. A decisão dele, aceita por ambas as partes, pareceu favorecer Lagash, e as terras passaram às mãos de Umma até Eanatum de Lagash l Eanatum of Lagash (ca. 2450 ANE) conquistá-las novamente e traçar outro acordo com o governador (ensi) de Umma.

Eannatum conquistou o Elam e as cidades ao sul da Suméria. Tendo feito estas conquistas, Eanatum sentiu-se poderoso para assumir o título de rei de Kish, o que implicava em ser o rei de toda Suméria.

Eanatum havia derrotado Umma, Uruk, Akshak, Mari, Susa, Elam, alguns distritos de Zagros (Irã) e do norte da Mesopotâmia. Umma, economica e militarmente superior a Lagash era em geral a cidade-estado agressora. Eventually, o governador de Umma assinou um tratado de não-agressão com Entemena (2404-2375 BEC), sendo estabelecida uma espécie de união de toda Suméria..

Em Lagash, Entemena foi sucedido por uma série de governantes que não duraram muito tempo no poder até Uru-inimgina (2351-2341) ter sido escolhido dentro de cerca de 3600 pessoas por Ningirsu, o que no linguajar antigo queria dizer que ele era um usurpador. Uru-inimgina foi louvado por suas reformas éticas e sociais mais do que por seus feitos militares, Durante o reinado de Uru-inimgina, Lugalzagesi (ca. 2340 ANE) um governador ambicioso de Umma, incendiou, saqueou e destruiu praticamente todos os locais sagrados de Lagash. Uru-inimgina ofereceu pouca resistência.

Lugalzagesi proclamou que ele havia unificado a Suméria e controlado as rotas de comércio do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico. Lugalzagesi foi logo derrotado por Sargão (2334-2279 ANE), semita e fundador da poderosa dinastia acádica.

A cerca de 2900 Antes da Nossa Era, grande número de pessoas com nomes semitas se estabeleceram em Kish e Ágade. Gradualmente, este grupo, identificado como Amoritas, adotou o estilo de vida urbano dos sumérios e gradualmente atingiram altos postos no governo, chegando ao poder máximo. O grande rei Hamurabi, por exemplo, era de descendência amorita.

2. SARGÃO, O GRANDE E SEU IMPÉRIO

Sargão, o Grande (2334-2279 Antes da Nossa Era) como é chamado por modernos historiadores, foi um brilhante líder militar, bem como um administrador energético e inovador.

Sargão foi o primeiro rei a unir a Mesopotâmia sob o comando de uma só pessoa, sendo que o império acádico por ele montado passou a ser o padrão para outros governantes.

Sargão começou sua carreira como um alto oficial da corte do rei sumério de Kish chamado Ur-Zababa. Lugalzagesi destronou ou assassinou o rei Ur-Zababa antes de começar sua série de conquistas.

Sargão lançou um ataque surpresa contra a capital de Lugalzagesi, Uruk, e destruiu suas muralhas, assumindo o poder de Kish e estendendo-o após por toda Mesopotãmia do sul e central.

A Lenda de Sargão: Em épicos escritos muitos séculos depois (700 ANTES DA NOSSA ERA) temos o relato de seu nascimento humilde, sendo que seu pai era desconhecido e sua mãe uma sacerdotisa.

Como recém-nascido, ele foi colocado numa cesta de vime e enviado rio abaixo (tal qual Moisés muito depois), tendo sido criado sob a proteção da deusa Ishtar. Mais tarde, ele se tornou num alto oficial da corte de Kish. Após um fracasso militar do governante da época e problemas na sucessão deste monarca, Sargão tomou o poder.

Não se sabe muito sobre quais foram as circunstâncias exatas sobre como isto se deu.

Aumentando os limites do Imperio: No começo de seu reinado, a grande parte da região Sul da Mesopotâmia (Suméria) estava sob o controle de Lugalzaggesi.

Uma vitória sobre ele significaria uma significativa expansão do território de Sargão. Após tê-lo vencido, Sargão dirigiu sua atenção para o Norte da Mesopotâmia. Em inscrições de Sargão, estão mencionadas cidades como Mari e Tuttul (Eurafrates Central, ou Síria Moderna) e mais ao Norte, são citadas Ebla e provavelmente expedições a Anatólia.

O administrador inovador: Um componente importante da política de Sargão e razão do seu sucesso era apontar membros de sua família ou de sua inteira confiança para postos importantes.

Ele escreveu: ” os filhos da Acádia preenchem as tarefas de enki (autoridades locais) nos países.” Sua filha Enheduanna tornou-se alta sacerdotisa da cidade de Ur, dedicada a Inana/Ishtar e Anu. Ser alta sacerdotisa de Ur era uma das posições mais importantes do Sul da Mesopotâmia. Dentre os escribas, Enheduanna é uma das únicas (dentre homens e mulheres) que era conhecida por seu próprio nome, sendo que uma de suas obras-primas é um poema chamado ” A Exaltação de Inana”.

Enheduanna foi temporariamente retirada de seu posto máximo por sacerdotes, provavelmente demonstrando que sua escolha não tinha sido do agrado da população local, talvez.

Mas ela retorna ao cargo de Alta Sacerdotisa um tempo depois.

Outro fator de sucesso de Sargão na articulação de um governo centralizado eram as ordens por escrito e suas mudanças gerais a nível de administração. Ele criou por decreto um exército de 5.400 homens, de acordo com textos existentes. Este foi provavelmente o primeiro exército profissional. O comércio esta centralizado na Acádia e navios da costa, de origem do Golfo Pérsico, eram obrigados a parar no porto das docas vizinhas da Acádia.

Por exemplo, quando Sargão conquistava cidades-estado, ele destruía suas muralhas de forma que rebeldes em potencial perdessem suas fortalezas. Se o governador estivesse dispost a mudar sua lealdade para Sargão, o monarca acádio mantinha a velha administração no poder. De outra forma, ele preenchia os cargos com pessoas de sua confiança. Desta forma, Sargão incentivava o colapso do velho sistema de cidades-estado, movendo-se na direção de uma administração centralizada.. Sargão instalou guarnições militares em pontos-chave para administrar seu vasto império e assegurar o recebimento ininterrupto de tributos.

Ele foi o primeiro rei a ter um exército a seu serviço em tempo integral. Sua capital, a cidade de Ágade, foi construída por ele, e logo se transformou numa das cidades mais prósperas e magníficas da antigüidade.

A localização exata de Ágade permanece desconhecida, mas Ágade deu nome ao idioma e à dinastia deste grande imperador e gênio militar.

3. SUCESSORES

Sargão foi primeiro sucedido por seu filho Rimush (2278-2270 Antes da Nossa Era, que herdou o império, agora cheio de pontos de revolta. Em batalhas envolvendo milhares de tropas, Rimush reconquistou cidades e países que pertenciam ao império. A Rimush sucedeu-se seu irmão mais velho, talvez seu gêmeo, Maishtushu (2269-2255 Antes da Nossa Era), o qual seguiu trajetória militar e política semelhante a Rimush. Os dois foram assassinados por membros de suas cortes. Manishtushu foi sucedido por seu filho, Naram-Sin (2254-2218), cujas vitórias militares foram numerosas.

Naram-Sim: O último dos monarcas da dinastia de Acádia foi um rei importante, Naram-Sin, que em acádio significa “o adorador do deus da lua, Sin”, neto de Sargão, que colecionou feitos militares da estatura de seu avô. Ele se auto-denominou “imperador dos quatro quadrantes”, o que significava imperador de todo o mundo naqueles tempos.

Seu império era mesmo maior do que o do avô Sargão, como ficou claro depois da descoberta surpreendente em 1974 da cidade de Ebla próxima ao Líbano, na Síria, pois não se esperava que os acádios tivessem se expandido tanto para o lado Oeste.

Deificação de um homem: Naram-Sin foi o primeiro rei a tornar-se divindade. Em algum ponto durante seu reinado, seu nome aparece com um sinal determinativo usado em frente de nomes divinos.

Numa estela de vitória, que consta do acervo do Louvre de Paris, Naram-Sin é mostrado com a coroa de chifres, um atributo dos deuses.

O período em que seu nome aparece sem o determinativo de um deus é o período no qual ele teve de lidar com revoltas e rebeliões em seu próprio país. No grupo de textos em que seu nome mostra o atributo divino, estes se referem ao final de seu reinado, quando Naram-Sin está ocupado com um novo inimigo, entre os quais estão um povo das montanhas, os Gucianos, que tentaram penetrar na Mesopotâmia vindos do Norte.A deificação de um ser humano não é algo novo. Lugalbanda e Gilgamesh também aparecem nas listas dos deuses, mas no caso de auto-glorificação de Naram-Sin, ele se chamou de “deus da Acádia”, um título claramente que pertence à deusa acádia Ishtar.

Ela é a padroeira da cidade de Acádia e como tal tinha todas as propriedades da cidade.

A auto-glorificação pode ter sido um ato que perturbou os líderes religiosos e sacerdotes do país, principalmente em Nipur, a capital religiosa da Mesopotâmia.

É possível que tal fato tenha sido o resultado de uma quebra-de-braço entre o governo central e as cidades-estado. As cidades-estado sendo representadas por suas divindades padroeiras e seus sacerdotes.

A auto-glorificação de Naram-Sin então pode ser vista como um astuto ato político, feito para passar por cima da autoridade dos sacerdotes. Outras interpretações (mais antigas) consideram esta luta como uma disputa entre as divindades sumérias e acádias, espelhando os brigas étnicas entre os sumérios e acádios, para as quais não temos, entretanto, muitas outras evidências.

4. O FIM DO IMPERIO DE SARGÃO

Desastres então passaram a acontecer. Os gucianos invadiram a Mesopotâmia. Os gucianos eram uma horda bárbara e sem regras que desceu das montanhas do Leste. O poema a Maldição de Ágade, uma das composições mais pópulares entre os escribas do Período Antigo Babilônico de tempos posteriores,, conta a história do apogeu e queda da cidade de Ágade, mas muitos eventos não puderam ser verificados por achados arqueológicos. Em resumo, Naram-Sin cometeu um sacrilégio contra Enlil, o deus do Ar e o mais importante, juntamente com Anu, do panteon mesopotâmico. Ele queria construir um templo em Acádia para a deusa Inana/Ishtar, mas depois de executar o ritual de examinar os intestinos de um animal para buscar a permissão divina, os presságios continuaram a ser desfavoráveis. De acordo com a lenda, ele atacou e saqueou o santuário de Enlil, o famoso E-kur, na cidade sagrada de Nipur, a fim de forçar uma resposta positiva.

O castigo de Ágade veio sob a forma da queda da cidade sob o reinado do filho de Naram-Sin, Sharkali-shari, denominado “Rei dos Reis”.

O deus Enlil buscou vingança fazendo os bárbaros gucianos atacarem o império. Os bárbaros gucianos trouxeram a destruição, e a fome então desceu sobre a Suméria e esta levou à inflação.

A situação na capital de Ágade tornou-se insuportável e os deuses amaldiçoaram a cidade para sempre. O filho de Naram-Sin, Shar-kali-sharri (2217-2193 Antes da Nossa Era) tentou reverter algumas políticas de seu pai, mas era tarde demais. O reino foi reduzido à cidade de Ágade e suas redondezas.

A lista de reis sumérios descreve o reinado do filho de Naram-Sin como um período de anarquia: “quem era o rei? quem não era rei?” são as palavras textuais.”A maldição de Ágade” é escrita sob o ponto-de-vista dos sumérios, em geral oponentes/adversários dos acádios em questões políticas. A maior parte dos manuscritos foram encontrados em Nipur, a capital cultural e centro religioso da Suméria. Sobre o mesmo tema, também existem manuscritos datados da Terceira Dinastia de Ur e em Antigo Babilônico.

Detalhes das escavações de Nipur não mostram qualquer sinal de destruição do templo de E-kur naquele período. Pelo contrário, tijolos que são inscritos com o nome de Naram-Sin mostram que ele contribuiu de forma significativa para a reconstrução do templo, pois os materiais de construção que se decompunham facilmente, faziam com que reconstruções freqüentes fossem necessárias. A má reputação de Naram-Sin como pouco popular e governante mal sucedido parece ser um registro de tempos posteriores, pois não existem dados que sugiram a veracidade destes famos na literatura contemporânea deste mesmo governante.

O imperio de Sargão durou um pouco mais de um século. Seu colapso final foi devido à invasão de um povo vindo das montanhas de Zagros, que interrompeu o comércio e arruinou o sistema de irrigação. Mas, também ao fim e ao cabo, o colapso do império foi devido a sua cescente instabilidade.

Pouco se sabe sobre as várias dinastias de Uruk até a última, sob o controle de Utu-khegal (2123-2113 Antes de Nossa Era), que foi escolhido pelo grande Deus Enlil, o deus principal da Suméria, para livrar o país dos gucianos. Quando um novo rei guciano foi escolhido, Utu-khegal atacou e foi vitorioso. Ele restaurou politica e economicamente o sul da Mesopotâmia como estado, após a quase completa paralisia imposta pelas invasões gucianas. Os gucianos, entretanto, assimilaram a forma de viver dos sumérios, e se transformaram no grupo político dominante do sul.

Outro governante importante foi Gudéia de Lagash (ca. 2144-2121 Antes da Nossa Era). Suas estátuas, quase de tamanho real, têm longas inscrições, demonstrando suas atividades nas construções e reconstruções dos templos de Lagash. Ele também comerciava com quase todo mundo civilizado da antigüidade.

Luz Radiante da Mesopotâmia

Civilização é uma palavra esplêndida sob muitos aspectos: para uns quer dizer grandes cidades e progresso tecnológico, enquanto para outros significa elevação moral, idéias éticas e primorosas criações artísticas.

Por qualquer desses critérios a Mesopotâmia foi o berço da civilização, pois foi o primeiro lugar da terra onde o homem criou e manteve por mais de 3.000 anos uma sociedade urbana, letrada, tecnologicamente bem desenvolvida, na qual todo o povo aceitava os mesmos valores e linha a mesma concepção sobre a origem e a ordenação do mundo.

A Mesopotâmia, entre todas as outras regiões, veio a representar papel decisivo na ascensão do homem que emergia do barbarismo – não é coisa para se apreender com facilidade. Não era, certamente, uma terra de promissão para os começos da vida civilizada. Quente, requeimada e varrida pelos ventos, sem madeira, pedra ou minérios, não parecia destinada a guiar e a influenciar o mundo.

O que transformou a Mesopotâmia num paraíso fecundo e fez dela uma força criadora foram os dons intelectuais e a índole do seu povo. Observador, ponderado e pragmático, tinha inclinação para apreender o que era fundamental e explorar o que era possível.

Ao contrário de quase todos os outros povos antigos, os mesopotâmicos estabeleceram um sistema de vida orientado por um senso de moderação e de equilíbrio. Em termos materiais e espirituais – em religião e em ética, em política e economia – adotavam um meio-termo viável entre a razão e a fantasia, a liberdade e a autoridade, o conhecido e o transcendental.

Mesopotâmia também era uma sociedade aberta. Embora seus habitantes se considerassem um “povo eleito”, não eram em nada provincianos.

Davam-se conta de que havia muitos outros povos no mundo e não se trancavam evitando contatos com o exterior. Assim, enquanto menosprezavam aqueles vizinhos que eram seus inimigos, olhavam com simpatia para outros povos, como o Egito no oeste e como a gente do vale do Indo, no leste. A Mesopotâmia, de fato, pode ter mesmo representado um importante papel no crescimento dessas duas civilizações.

No caso do Egito, a influência mesopotâmica patenteia-se no uso de selos cilíndricos e em certos motivos da arte. É evidente na arquitetura egípcia, notando-se que algumas de suas obras são construídas de tijolos com o tamanho e a forma peculiares da primeira fase mesopotâmica e são ornamentadas com pilastras de reforço semelhantes às da Suméria.

O Egito pode também ter adquirido do seu vizinho oriental a idéia da escrita, embora os hieróglifos de um e os pictógrafos do outro sejam inteiramente diversos.

Mais ao leste, a cultura do vale do Indo, parece Ter tido fortes laços comerciais com a Suméria – numerosos selos típicos do Indo foram encontrados nas ruínas mesopotâmicas.

O povo do Indo habitava uma área maior que a Mesopotâmia e o Egito combinados, e floresceu mais ou menos entre 2.500 e 1.500 a.C. A sua cultura era também urbana. Passando da lavoura à criação de gado, esse povo formou artífices e artesãos, comerciantes e administradores. Suas casas eram construídas com tijolos de fino acabamento, cujas dimensões uniformes atestam uma padronização de pesos e medidas.

Fato mais importante:

Os mesopotâmicos tinham uma linguagem escrita, um sistema pictográfico que abrangia cerca de 400 caracteres. Como as duas culturas são similares nesses aspectos e se conheciam, parece lógico supor que a cultura mais velha da Suméria influenciou a mais jovem do Indo. Entre a Índia e a Mesopotâmia situa-se outra região cujo débito à cultura mesopotâmica é mais fácil de traçar. O Irã, ou Pérsia, fazia fronteira se com a Mesopotâmia e naturalmente estava em íntimo contato com ela. De acordo com uma narrativa sumeriana, a cidade-estado iraniana de Aratta teve organização política e crenças religiosas quase idênticas às da Suméria. De igual modo, o antigo reino iraniano de Elam, a despeito de constantes e renhidas lutas armadas com a Suméria, foi ainda assim profundamente influenciado por esta. A arte e a arquitetura dos elamitas, como também as suas leis, a sua literatura e religião, eram mesopotâmicas em muitos aspectos – uma das principais deidades do Elam tinha mesmo um nome sumeriano. Os elamitas também adotaram a escrita cuneiforme da Mesopotâmia, como ainda o seu sistema de educação e muito do seu currículo educacional.

Mas a influência da Mesopotâmia sobre os seus contemporâneos no Egito, Irã e Índia, embora tenha sido inspiradora, foi de pouca duração. Coisa curiosa, foi no Ocidente, e não na terra dos povos vizinhos, que mais se enraizou a sua semente. A visão racional, positiva, pragmática, do homem ocidental tem similitude com a concepção mesopotâmica do mundo. Transfigurados pelos hebreus monoteístas, transmudados pelos filósofos gregos, os conceitos mesopotâmicos impregnaram a consciência ocidental e são responsáveis, em muito, pela agitada história de tensão vivida pelo homem do ocidente, entre razão e fé, esperança e desespero, liberdade e autoritarismo, progresso e derrota.

O impacto da Mesopotâmia sobre os hebreus foi tanto direto como indireto. Se, como pensam alguns estudiosos, a narrativa bíblica contém um pouco de verdade, e se o patriarca hebreu vivia em Ur no tempo de Hamurábi, nesse caso ele e sua família podem ter assimilado a cultura sumeriana muito antes de os judeus se constituírem numa nação.

Parece claro que os ancestrais dos hebreus viveram na Mesopotâmia desde tempos bem recuados no tempo.

Documentos cuneiformes, cujas datas vão desde 1700 a 1300 a.C., mencionam com freqüência um povo chamado Habiru, nome com afinidade bem próxima com a palavra bíblica “hebreus”. Segundo tais textos, os hebreus eram erradios, nômades, mesmo salteadores e proscritos, que vendiam seus serviços como mercenários aos babilônios e assírios, hititas e hurrianos. Já em 1500 a.C. esses ancestrais do Judeu Errante encetavam a conquista da Palestina. Entraram em contato com os cananeus, um povo que assimilou muito da Mesopotâmia. Os cananeus tinham uma escrita cuneiforme, suas escolas adotavam o currículo mesopotâmicos e a sua cultura estava profundamente imbuída das idéias e da fé criadas na “terra entre os rios”.

O contato mais importante dos hebreus com a cultura mesopotâmica principiou no ano 586 a.C. quando o rei Nebuchadrezzar destruiu Jerusalém e levou o seu povo para o cativeiro em Babilônia.

A instrução e os grandes conhecimentos dos babilônios impregnaram a mente e o pensamento dos hebreus. Quando, depois, os exilados voltaram à sua terra para formar o estado judaico, trouxeram consigo muitas das práticas litúrgicas, educacionais e legais da Mesopotâmia. Algumas delas foram introduzidas no cristianismo e, por intermédio da tradição judaico-cristã, penetraram na civilização ocidental.

O segundo povo que absorveu a cultura mesopotâmica e a canalizou para o Ocidente foram os gregos. Ao contrário dos hebreus, não tiveram eles contato direto com a Mesopotâmia, mas, durante a idade micênica da Grécia, desde cerca de 1600 a 1100 a.C., mantiveram íntimos laços políticos e comerciais com os vizinhos da Mesopotâmia, os hititas e os cananeus.

Por todas as cidades litorâneas da Anatólia meridional e Canaã, Chipre e Creta, circulavam não só mercadorias mas também pensamentos e idéias – que indubitavelmente mergulharam raízes na terra grega.

O fato de se haver descoberto, na cidade grega de Tebas, ainda recentemente, um depósito secreto de selos babilônicos, não chegou a causar muita surpresa aos arqueólogos e sem dúvida o futuro revelará no solo helênico muitos outros achados de tal espécie.

Este primeiro contato com o Oriente Próximo encerrou-se quando entrou em colapso a cultura micênica. E só no século VIII a.C., quando os gregos começaram a emergir do seu tempo obscuro” é que voltaram eles a receber estímulo e inspiração dos seus vizinhos orientais.

Durante esse último período os fenícios de Cananéia deram aos gregos o alfabeto que posteriormente se tornou o de todo o mundo ocidental. No curso dessa fase, também, os filósofos gregos pré-socráticos na Anatólia descobriram as obras dos astrólogos babilônicos e deram início aos grandes estudos filosóficos de Atenas. Quando, no século V a.C., a Grécia entrou em sua Idade de Ouro, diversas das suas criações na arte, na arquitetura, na filosofia e nas letras apresentaram vestígios de origem mesopotâmica.

Avançando para o Ocidente, pelos canais do helenismo, do judaísmo e do cristianismo, o legado da Mesopotâmia à humanidade atingiu finalmente o mundo moderno. Em tecnologia, esse legado inclui milagres prosaicos tais como o veículo de rodas e o arado. Na ciência, incluiu as primeiras noções de astronomia e o sistema numérico baseado em 60 – sistema ainda em uso atualmente, dividindo o círculo em graus e a hora em minutos e segundos.

As observações astronômicas da Mesopotâmia permitiram que fossem afinal descobertos os equinócios das estações e a regularidade das fases da Lua; o complemento pseudocientífico da astronomia, a astrologia, revelou através das suas interpretações do “escrito no céu” as relações fixas das estrelas. Foi a Mesopotâmia. que criou as designações pelas quais até hoje são conhecidos os signos do zodíaco Touro, Gêmeos, Leão, Escorpião c outros.

A Mesopotâmia também deu à civilização ocidental duas das suas mais importantes instituições políticas – a cidade-estado e o conceito de uma realeza por direito divino.

A cidade-estado espaIhou-se por grande parte do mundo mediterrâneo e a realeza – a noção de que a autoridade real fora concedida pelos deuses e só a eles o seu detentor devia prestar conta – infiltrou-se profundamente na sociedade ocidental. Não é só por mera coincidência que os monarcas britânicos de hoje são consagrados em cerimônias de coroação que lembram as da Mesopotâmia.

Nem pode ser obra do acaso a semelhança entre as atividades que exercem habitualmente os chefes de Estado do nosso tempo e as que são registradas nos mais velhos arquivos dos reis mesopotâmicos.

Por meio de burocratas altamente eficazes, que empregavam bem desenvolvidos sistemas de escrituração e contabilidade, os governantes da Mesopotâmia administravam a construção e a conservação de estradas, a edificação de hospedarias para os viajantes, a navegação mercante dos mares, o arbitramento das disputas políticas e a assinatura de tratados internacionais.

Um dos mais preciosos legados políticos da Mesopotâmia foi a lei escrita. Tendo origem numa tomada de consciência dos direitos individuais ~ estimulada por uma propensão à controvérsia e à demanda – a lei mesopotâmica veio a ser idealizada, sendo concebida como obra de inspiração divina para benefício de toda a sociedade.

Palavras provenientes de tradições legais babilônicas e sumerianas aparecem em todo o vasto e heterogêneo corpo de comentários sobre alei hebraica conhecido como o Talmude babilônico. ” Até nossos dias”, escreveu o estudioso E.A. Speiser, uma das maiores autoridades nos sistemas legais do mundo antigo ” o judeu ortodoxo usa um termo sumeriano quando fala de divórcio.

E quando lê a lição da Tora na sinagoga ele ainda roça o lugar pertinente ao pergaminho com a fímbria do seu xale de oração, sem nem de longe imaginar que está assim reproduzindo acena na qual o antigo mesopotâmio imprimia a orla da sua veste numa placa de argila, como testemunho da sua obediência aos comandos do texto legal.”

Provavelmente não será exagero dizer-se que alei mesopotâmica irradiou a sua luz sobre grande parte do mundo civilizado.

A Grécia e Roma sofreram a sua influência através de seus contatos com o Oriente Próximo e o Islã só adquiriu um código formal de leis depois de haver conquistado a região que é o Iraque, a terra da antiga Mesopotâmia. Exatamente quantas das leis modernas têm origem que remontam à Mesopotâmia é assunto que ainda não foi determinado, mas o historiador britânico H.W.F. Saggs, no seu livro A Grandeza Que Foi Babilônia, observa que “é quase certo ter a lei sobre hipotecas a sua fonte remota no antigo Oriente Próximo”.

Da mesma forma, um opulento conjunto de rituais e de mitos mesopotâmicos, instituídos por um notável grupo de teólogos que viveram 3.000 anos antes do nascimento de Cristo, influenciou profundamente as religiões ocidentais, sobretudo o judaísmo e o cristianismo. A ideia mesopotâmica de que da água nasceram todas as coisas, por exemplo, infiltrou-se na narrativa do Gênesis sobre a criação do mundo, e a noção bíblica de que o homem foi feito de barro e recebeu o “sopro de vida” brotou de raízes mesopotâmicas.

Assim também o conceito bíblico de que o homem foi criado primordialmente para servir a Deus e o de que o poder criador da divindade está no Seu Verbo.

A idéia de que as catástrofes são castigos celestes por más ações, como a de que a dor e a adversidade devem ser suportadas com paciência, também encontram analogia na Mesopotâmia.

Até mesmo a região dos mortos, imaginada pelos mesopotâmios, a sua escura e lúgubre “terra de onde não se volta”, tem a sua contrapartida no Sheol dos hebreus e no Hades dos gregos.

Até na atualidade a liturgia judaica está repleta de contribuições babilônicas. O Kol Nidre, o canto judaico recitado nas vésperas do Dia da Inspiração, em penitência pela quebra dos votos, é semelhante às preces que figuravam nas cerimônias mesopotâmicas do Ano Novo. O mesmo quanto à solene descrição do destino humano que é declamada no próprio Dia da Inspiração.

Durante o seu exílio em Babilônia os hebreus também adquiriram a crença nos demônios e seu exorcismo, o que sem dúvida explica diversas passagens do Novo Testamento concernentes à expulsão dos espíritos malignos.

Desde os dias do cativeiro em Babilônia, e daí em diante, o judaísmo apresenta um enxame de místicos religiosos com visões apocalípticas sobre o futuro do homem. Por meio desses visionários, diz o eminente orientalista w. F. Albright, “elementos inumeráveis da fantasia pagã e até mitos inteiros entraram na literatura do judaísmo e do cristianismo”. Por exemplo, o rito do batismo – diz ele remonta às religiões da Mesopotâmia, como também muitos dos elementos na história da vida de Cristo. Entre estes o Dr. Albright inclui a sua concepção por uma virgem, o seu nascimento relacionado com os astros, e os temas da prisão, da morte, descida aos infernos, o desaparecimento por três dias e posterior ascensão aos céus.

A religião mesopotâmica era, sem dúvida, pagã e politeísta, e portanto um profundo abismo espiritual a separa do monoteísmo judaico e cristão. Além disso, tanto o Velho como o Novo Testamento se impregnam de uma sensibilidade ética e de um fervor moral que não encontram correspondência nos textos mesopotàmicos. Nem a Suméria, nem Babilônia, nem a Assíria jamais chegaram à elevada crença de que o “coração puro” e “mãos limpas” tinham mais valor espiritual do que sacrifícios e rituais esmerados. O vínculo de amor entre Deus e o homem, embora não de todo alheio ao pensamento religioso da Mesopotâmia, decerto é nele de significação muito menor do que no judaísmo e no cristianismo. Todavia, os primitivos mesopotâmios cultivaram o conceito de um deus pessoal e familiar que teve o seu eco na Bíblia com o “deus de Abraão, Isaac e Jacó” – e entre essa divindade protetora e o seu devoto adorador há uma relação íntima, de ternura e confiança, em alguns aspectos, comparável, com a que existiu entre Jeová e os patriarcas.

literatura da Mesopotâmia, assim como a sua religião e o seu direito, contaminaram também todo o mundo ocidental. Temas que figuram nos capítulos iniciais do Gênesis – a Criação, o Paraíso, o Dilúvio, a rivalidade de Cain e Abel, e a Torre de BabeI – todos têm antecedentes literários na Mesopotâmia. No Livro dos Salmos, muitos dentre eles lembram hinos do culto mesopotâmio, e o Livro das Lamentações copia um dos motes literários mais cultivados pelos escritores mesopotâmicos – na Suméria era comum se comporem lamentações formais sobre a destruição de uma cidade.

Nas coleções sumerianas de brocardos, máximas e adágios, há também antecedentes estilísticos para o Livro dos Provérbios. Mesmo ao Cântico dos Cânticos, de Salomão, o livro diferente de quaisquer outros do Velho Testamento pode ser atribuído um precedente da Mesopotâmia, com os cantos de amor do culto sumeriano.

A literatura grega mostra igualmente inumeráveis indícios da influência mesopotâmica. A história mesopotâmica do dilúvio, por exemplo, corresponde na mitologia grega à história de Deucalião, que constrói um barco e nele sobrevive a uma inundação que destruiu o resto da humanidade. O tema do combata ao dragão nos mitos mesopotâmicos encontra equivalência em algumas ficções. como as de Jasão e Héracles. os quais mataram diversos monstros.

Pragas lançadas como punição pelos deuses também figuram na mitologia da Grécia e na da Mesopotâmia. E há acentuada semelhança entre o inferno grego; o mesopotâmio. sendo ambos lugares tenebrosos. Separados do reino dos vivos por um rio sinistro que os mortos atravessavam de barca. Da mesma forma elegia para o morto. parece ter o seu prenúncio em duas composições sumerianas. recentemente traduzidas de uma inscrição no Museu Pushkin. de Moscou; nelas. um poeta mesopotâmio pranteia em Linguagem hiperbólica a morte do pai e da esposa. Até a forma da epopeia grega. que conduziu à criação da Ilíada e da Odi5’iéia, tem analogia com o estilo dos poemas épicos da Mesopotâmia.

Diversas fábulas de Esopo têm similitude com histórias anteriores da Suméria. e as instruções no almanaque do fazendeiro sumeriano. segundo uma versão do século XVIII a.C.. parecem-se singularmente com as de Trabalhos e Dias, um manual do lavrador composto. cerca de mil anos depois. pelo poeta grego Hesíodo.

Diversos diálogos sumerianos estão sendo agora reconstituídos e decifrados, e também estes poderão revelar-se como precursores estilísticos de obras-primas como os Diálogos, de Platão.

Em outro plano. o da música e da teoria musical, a contribuição mesopotâmica é descobrimento ainda bem recente. No entanto, já desde muitos anos os arqueólogos sabiam que a Mesopotâmia tivera instrumentos musicais, particularmente harpas e liras.

Por exemplo. Sir Leonard Woolley, nas suas escavações em Ur. desenterrou os remanescentes de nove liras e duas harpas. E um hino dedicado ao rei Shulgi, de Ur. proclama que o governante sabia tocar a harpa “a doce lira de três cravelhas, (um) instrumento de três cordas que desafoga o coração”, e mais uns dez outros instrumentos musicais não identificados.

Os músicos cursavam escolas de preparação e constituíam importante classe profissional na Mesopotâmia. tornando-se alguns altos funcionários da corte.

Entretanto nada se conhecia sobre a música propriamente dita até há pouco tempo, quando Anne Darffkorn Kilner. da Universidade da Califórnia. uma cuneiformista, e Madame Duchesne-Guillemin. da Universidade de Liege, na Bélgica. uma musicóloga. se reuniram para interpretar o contexto de uma inscrição cuneiforme que por 70 anos havia desafiado os estudiosos.

A chave principal para o texto da inscrição era uma série de números que pareciam referir-se às cordas de um instrumento de nove cordas. Estabelecido este ponto, descobriu-se que os números eram dispostos numa progressão que sugeria a afinação desse instrumento, e também se apurou que outras notações indicavam o que parecia serem os intervalos de uma escala musical.

As inscrições nessa placa de argila, que provavelmente data de 1500 a.C. mais ou menos, fazem a história da música e da teoria musical remontar há mais de um milênio antes das primeiras notações musicais da Grécia que se conhecem. É, de fato, o primeiro registro na história de uma escala musical e de um sistema musical coerente.

O muito que já se apurou da contribuição mesopotâmica para a civilização em todos os aspectos ainda constitui ínfima fração da sua totalidade; é como a parte visível de um iceberg.

Não se torna fácil pesquisar idéias e técnicas, temas e motivos, através dos tempos, a fim de se chegar ao seu local de origem. Os fios de transmissão, tênues como os de.. uma teia de aranha, muitas vezes escapam ao olhar e ao espírito que os procuram. Sem dúvida novas descobertas virão enriquecer o quadro e trarão certamente muitas surpresas. Mas o futuro poderá tão-só confirmar o que já se patenteia isto é, que a Mesopotâmia, com sua conjugação singularmente.

Mágica e Religião na Mesopotâmia

QUAL A DIFERENÇA?

Mágica e religião para os povos da Antiga Mesopotâmia eram partes inseparáveis de um mesmo todo, pois tanto uma quanto a outra eram vistas como o traço de união entre a realidade física e palpável e as esferas mais sutis da existência.

Daí por que quase todas as invocações e encantos grafados em escrita cuneiforme em geral contém a expressão “Pelo Duranki”, ou seja, pela união de Céu e da Terra, o que, na minha opinião, constitui a forma mesopotâmica de dizer “ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”, bem antes da Tábua Esmeraldina de Hermes haver sido escrita. Especificamente, através da religião os antigos mesopotâmicos tinham um código de práticas estabelecidas e místicas para entrar em contato com os deuses, vistos como os poderes cósmicos que fizeram o universo, não sem antes deixar um pouco do seu espírito para os homens e mulheres, criados para completar por Eles os trabalhos da criação.

Era através da mágica, por outro lado, que os mesopotâmicos antigos procuravam entender o universo como uma realidade animada e multifacetada, sendo que a prática das artes mágicas visava fundamentalmente tentar afetar fatos ou prever acontecimentos da vida real e do mundo físico. A distinção entre mágica e religião, portanto, fica cada vez mais tênue neste contexto, porque a prática de mágica na Mesopotâmia era praticar religião, uma vez que as artes mágicas eram postas em prática por sacerdotes e sacerdotisas especializados para os mais diversos fins. Portanto, neste contexto, a religião também era (e ainda deve ser) vista como um ato mágico, pois crença, fé, confiança, dedicação e amor são em si mesmos características do divino dentro e fora de nós, e somente podem ser percebidas e sentidas com os Olhos do Espírito e a Abertura da Alma. Esta era a filosofia dos antigos mesopotâmicos, pois deles era um mundo onde a natureza não se diferenciava do divino, onde o mundano era um reflexo do extraordinário, e onde os efeitos da vida cotidiana podiam ser fundamentados nos céus.

Tendo em vista que os povos do Oriente Próximo eram literatos, amantes da palavra escrita, eles registraram com minúcia e precisão seus encantamentos/feitiços oficiais, e ainda temos conosco alguns exemplares deste material.

Estas inúmeras tábuas cozidas de argila inscritas com encantamentos e preces mostram-nos claramente a importância das artes mágicas para os povos ancestrais de nossa cultura moderna.

Os hebreus ficaram famosos como magos da antiguidade até a Renascença. Entretanto, o Velho Testamento está cheio de admoestações contra mágica. Mas no próprio Judaísmo existe um sistema místico, chamado A Árvore da Vida, ou a Cabala. Pesquisas recentes (ver Simo Porpola e seu excelente artigo “A Árvore da Vida Assíria”) mostram que a origem da Cabala está sem sombra de dúvida na Mesopotâmia, tendo os hebreus provavelmente aprendido os fundamentos de seu sistema místico com os mesopotâmicos. Motivos da Árvore da Vida, a propósito, são abundantes em toda a iconografia suméria, babilônica e assíria, e de lá provavelmente passaram a influenciar todos os povos que entraram em contato com eles.

“Se os deuses são velhos ou novos, se eles vêm do Egito ou da Mesopotâmia, se vêm de tradições da antiga Canaã, da Grécia, da tradição hebraica ou cristã, [o que importa é que] a religião é tanto uma consciência quanto uma reação contra a dependência humana da mistura impenetrável de energias que vêm do universo… É neste ponto que [mágica] começa a se mostrar como uma necessidade nas vidas de pessoas comuns, pois havia a necessidade de entender o que não poderia.” (Hans Dieter Betz, The Greek Magical Papyri in Translation, pp. xlvii-p. xlviii.)

Ao longo dos últimos dois mil anos especificamente, tem havido uma grande má vontade para se entender o que é, na realidade, mágica. Conforme citamos anteriormente, mágica estava intrinsecamente ligada à religião nas culturas da Mesopotâmia antiga. Entretanto, com a ascensão do Judaísmo e mais tarde do Cristianismo, começou-se a fazer a diferenciação de mágica e religião.

Mágica era o que os pagãos faziam, e neste ponto, sempre é bom lembrar o dito popular ” Eu acredito em religião, mas o que você acredita é superstição.

Na realidade, porém, está nos olhos de quem quiser ver que um ato de mágica é, essencialmente, um ato religioso. Por exemplo, na transubstanciação do vinho e da hóstia durante a missa católica no corpo e sangue de Cristo temos um ato mágico perfeitamente seguido de preces, cantos e totalmente aprovado pelos pais da igreja católica.

Ritos como este foram criticados por Martinho Lutero no começo de sua pregação, que levou à Reforma Protestante, bem como a veneração dos santos, que não deixa de ser uma forma velada de honrar a várias divindades menores: paganismo dentro da própria igreja cristã!

Isto sem falar dos cultos carismáticos de nossos dias mostram este, onde curas em massa através da fé, exorcismos e grandes espetáculos inclusive pelos meios de comunicação fato claramente: religião e mágica são duas faces de um mesmo todo.

Tendo em vista o fato de que as pessoas quase sempre internalizam as crenças de sua cultura sem questionar sobre a validade destes preceitos, muitos estudiosos modernos não consideram mágica como um tema sério, nem mesmo quando discutem culturas da Antiguidade. Tais estudiosos podem muito bem evitar o tema, recusando-se a discutir textos contendo práticas de mágica e achados arqueológicos, como se temessem levar tal “pecha” para seus trabalhos. Isto tem sido feito mesmo com trabalhos de grandes pensadores como Platão e Aristóteles.

Ao olharmos para as crenças e práticas de outras culturas, tais quais aquelas de nosso passado, deve-se tentar compreender como estas pessoas viviam e pensavam sobre si mesmas.

Isto não quer dizer que devemos aceitar ao pé da letra, sem questionar, as práticas mágicas do passado, mas sim que devemos Ter sempre em mente que ciência, mágica e religião formavam uma linha contínua, não existindo barreiras entre elas. Os mesopotâmicos que escreveram longas listas classificando seu universo sabiam que tais listas eram parte de um mesmo todo.

Nossa obsessão de separar tudo em compartimentos deve fazer um esforço para entender um mundo onde tudo era polar dentro de uma maior complementaridade.

É uma característica de nossos tempos separar em vários sistemas o que na realidade está intrinsecamente relacionado.

Também devemos nos lembrar que a maior parte da terminologia que encontramos ao lidar com culturas da Antiguidade é fruto de tradução. As palavras originais, e com elas o seu sentido mais puro, chegam a nós sempre incompletas. Tomemos a palavra “alta sacerdotisa”, que em geral não tem significado dentro das religiões estabelecidas de nossos dias como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, e que está carregada de conotações negativas. Uma sacerdotisa na Antiga Mesopotâmia, entretanto, era uma mulher com autoridade religiosa e secular tão grande quanto a do monarca, muitas vezes sendo a sua consorte, uma mulher com indiscutíveis dotes de inteligência e sabedoria, que servia não só a divindades masculinas quanto femininas.

Talvez a última representante destas grandes figuras femininas da Antiguidade tenha sido Cleópatra, Rainha do Egito, Alta Sacerdotisa de Isis e Estadista, que por vinte anos deixou o mundo em dúvida sobre qual seria a potência mundial do início da Era Moderna: se Egito ou Roma. Caso Cleópatra tivesse vencido, nossa história seria muito diferente.

Tomemos, num outro exemplo, a palavra “mágica”. Como se sabe, ela vêm da palavra persa magus, que significa sacerdote da religião da Zaratusta (também chamado de Zoroaster).

Como magos em grego e magus em latim, o termo logo mudou para significar charlatão na Antiguidade. De fato, o que provavelmente aconteceu é que o sacerdote de uma religião diferente, como não se enquadrava nos padrões locais, foi convertido então num embusteiro. Entretanto, práticas como adivinhação, astrologia, exorcismo, o estudo das ervas e plantas medicinais eram sancionadas pelos governantes, e demonstram o fundamento para as ciências de nossos dias. Adivinhação, por exemplo, hoje tão incompreendida, mostra as raízes do pensamento dedutivo. Além do mais, muitas práticas religiosas dos templos que incluíam astrologia ou adivinhação através da análise de sinais especiais nos órgãos de animais sacrificados aos deuses não eram consideradas práticas mágicas, mas atos normais de adoração dentro da cultura religiosa vigente.

Os povos para os quais foram aplicados os termos e conotações mais negativas com relação às suas práticas mágico-religiosas foram os Mesopotâmicos.

Mas os detratores dos mesopotâmicos eram exatamente seus conquistadores ou os bárbaros que viviam às margens da Terra Entre Rios. Os judeus, por exemplo, tinham interesse em denegrir para suprimir práticas aprendidas dos babilônicos e cananeus durante os anos de exílio que não foram necessariamente tão ruins, uma vez que muitas são as raízes mesopotâmicas para as escrituras judaicas do Velho Testamento da Bíblia, enquanto que o governo romano controlava práticas que hoje consideraríamos mágicas, quando, por exemplo, envolviam previsões sobre a morte de governantes. Neste contexto, era interesse da elite romana na Palestina fazer magos e sacerdotes independentes aparacer inescrupulosos e desprezíveis como uma forma de controle político e para manter a estabilidade social.

Deve-se acrescentar o fato de que os demônios da religião dominante são, em geral, os grandes deuses da religião precedente: se estes não podem ser anulados, devem então ser destituídos de seu status anterior.

Mas devemos retornar à questão básica, ou seja, “O que é mágica?” e tentar entendê-la dentro do contexto da Mesopotâmia antiga. Em primeiro lugar, algumas definições simplistas e sensacionalistas de mágica de nossos dias supõem que esta seja usada para controlar poderes mais fortes do que o homem, ou seja, poderes que estão além da esfera onde habitamos, para obrigá-los a obedecer à vontade do mago em questão, sendo também definida como truques barato e ilusão..

Este tipo de pensamento está diametralmente oposto à visão de mundo e filosofia dos antigos mesopotâmicos, pois eles viam os deuses e deusas como a fonte das artes mágicas, uma vez que eles e elas eram os poderes cósmicos que haviam criado toda a criação, e que ao se fazer um ato de mágica, a pessoa buscava uma identificação com a deusa ou deus, a fim de obter a graça desejada.

Eram os deuses e deusas os responsáveis pela mágica, eram os deuses e deusas que estabeleciam o contato com seus devotos, que eram o meio, e não o fim. Neste contexto, não é mais possível separar magia de religião. Isto não quer dizer que não havia atos puramente religiosos na Antiga Mesopotâmia, mas afirmar que mágica não era uma disciplina separada da religião, sendo, na realidade, uma parte integrante da outra. O mago, na maior parte das vezes um tipo de sacerdote na Antiga Mesopotâmia era, literalmente, um teurgista, ou seja, um trabalhador dos deuses, que procurava a mediação dos divina através de oferendas, cantos e preces, para intervir em assuntos mundanos, com a dedicação e altruísmo de um místico.

Em segundo lugar, devemos levantar a questão de que em algumas definições de mágica ocorre a menção de que mágica envolve forças ou poderes sobrenaturais. Na Antiga Mesopotâmia, assim como em muitas culturas de nossos dias, não havia esta separação entre o natural e o sobrenatural.

Os mesopotâmicos viviam num mundo onde os eventos e fatos da vida mundana estavam fundamentados no mundo dos deuses e deusas, portanto tudo para eles era natural. Fundamentalmente, eles viviam num mundo onde a natureza era o espelho dos deuses (maravilhoso, terrível, intrigante), e portanto tudo o que existia era permeado pela força divina. Podiam, evidentemente, existir forças que se situavam além da esfera do Mundo Físico, onde habitava a humanidade, mas todas estas forças faziam parte da natureza, e por conseqüência, do divino.

Em terceiro lugar, do ponto-de-vista cristão, mágica envolve demônios e Satã. Este argumento é totalmente irrelevante, pois Satã é uma criação judaico-cristã, e demônios são igualmente mais aterrorizantes dentro de religiões dualistas, cujos preceitos da fé assentam-se sobre a batalha do bem e do mal, e sobre dualidades irreconciliáveis. Na realidade, por muito tempo mesmo os cristãos fizeram atos de mágica, sendo que a Igreja considerava certos tipos de atos de mágica como aceitáveis – ou pelo menos toleráveis -, se tais atos envolvessem energias inerentes à natureza ou a produtos da natureza. O debate com relação a mágica natural X mágica demoníaca durou pelo menos meio milênio, e não foi resolvido até que a maioria dos teólogos concordaram que mágica era algo ilusório e traiçoeiro, não uma força demoníaca, na época do Iluminismo (séculos XVII-XVIII).

As religiões, que são criações humanas, servem para dar às pessoas a compreensão de que as energias que sentimos e os eventos de que participamos não são caóticos ou impenetráveis, mas sim que estes têm uma causa, e uma razão para acontecer. As artes mágicas, por seu lado, possibilitam que possamos nos envolver de forma direta com estas energias e eventos, não como recipientes passivos, mas como participantes e recipientes ativos, com a habilidade para influenciar eventos e experiências para o bem da humanidade, de uma ou mais pessoas ou mesmo outros sers.

Em termos modernos, o(a) mago(a) é, na realidade:

“um operário de formação religiosa que operava como especialista de comunicações e poder, administrador de crises, curandeiro miraculoso e causador de danos, terapeuta todo-poderoso e agente ao qual recorriam as almas atribuladas, preocupadas e problemáticas,” (Hans Dieter Betz, The Greek Magical Papyri in Translation)

Por todos estes motivos as artes mágicas têm persistido através dos tempos, a despeito da negação e críticas feitas por sistemas religiosos, mudanças científicas e tecnológicas, mudanças sócio-culturais. Mágica, independente do que radicais de todas as espécies e credos podem pensar, possibilita a todos nós os mecanismos para que nos tornemos participantes ativos de nosso próprio destino.

Fonte: www.ancient.eu/www.angelfire.com/www.vestigios.hpg.ig.com.br

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