Invasões Francesas no Brasil

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Invasões Francesas no Brasil – 1555 – 1615

No século XVI, logo após o descobrimento, os franceses tentaram fundar colônias no Brasil. A França nega a validade do Tratado de Tordesilhas e defende o princípio do direito à posse da terra por quem a ocupasse.

O governo francês apoia a atuação de corsários e piratas ao longo da costa brasileira e promove duas tentativas de fixação territorial.

França Antártica

A primeira invasão ocorreu em 1555, quando uma expedição comandada por Nicolau Durand de Villegaignon estabelece uma colônia na ilha de Serigipe (atual Villegaignon), na Baía de Guanabara.

Chamada de França Antártica, é destinada a abrigar protestantes calvinistas fugidos das guerras religiosas na Europa, que procuram explorar a troca de mercadorias baratas por pau-brasil com os indígenas da região.

Os franceses organizam um arraial, constroem um forte e resistem mais de dez anos às investidas portuguesas. São desalojados apenas em 1565, quando as forças do governador-geral Mem de Sá e de seu sobrinho, Estácio de Sá, conseguem quebrar a aliança entre os estrangeiros e os índios com o auxílio dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Em seguida tomam posição na baía e fundam a cidade do Rio de Janeiro.

Os franceses são expulsos em 1567.

França Equinocial

A segunda invasão acontece no Maranhão, a partir de 1594.

Depois de naufragar na costa maranhense, os aventureiros Jacques Riffault e Charles des Vaux estabelecem-se na região. Diante do lucro obtido com o escambo, conseguem o apoio do governo francês para a criação de uma colônia, a França Equinocial. Em 1612, uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil centenas de colonos, constrói casas e igrejas e levanta o forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão.

No ano seguinte, os franceses são atacados por forças portuguesas saídas de Pernambuco, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque. Derrotados, os invasores deixam o Maranhão em 1615.

Mesmo não conseguindo instalar-se no território brasileiro, os franceses não abandonam a costa do país. Até o século XVIII, piratas e corsários, com menor ou maior ajuda oficial, assediam e pilham constantemente povoados e engenhos. O alvo mais frequente é o litoral nordestino, mas atacam também cidades importantes, como o Rio de Janeiro, invadida em 1710 e 1711 pelos corsários Du Clerc e Dugay-Trouen.

Invasões Francesas no Brasil – História

Invasões Francesas no Brasil
Invasões Francesas no Brasil

Os portos franceses na Normandia, especialmente o de Rouen e Dieppe, onde no século XVI estava estabelecida uma indústria têxtil florescente que se tornava a principal atividade econômica que competia com Portugal pelo mercado brasileiro. Atentos à presença de vastas florestas com “Pau Brasil” (usado no tingimento de tecidos) no litoral brasileiro, os franceses logo estabeleceram relações comerciais com os indígenas.

A primeira viagem data de 1503-1504, quando a embarcação “Espoir” chegou às costas brasileiras.

Após este primeiro contato, multiplicaram-se as expedições.

Em 1531, dois navios franceses e 120 homens sob o comando de Jean Dupéret, aportaram nas costas brasileiras. Na ilha de Santo Aleixo (próximo de Recife), chamada pelos franceses de “Ile Saint-Alexis”, eles construíram um forte e uma feitoria comercial. Esta feitoria francesa teve vida breve. Os portugueses capturaram os navios franceses na sua viagem de volta à Europa e em dezembro de 1531 sitiaram o forte francês até a rendição.

Os franceses fizeram três outras tentativas para se estabelecerem no Brasil. A primeira delas foi no Rio de Janeiro (1555-1560), a segunda em Ibiapaba-Ceará (1590-1604), e a terceira em São Luís do Maranhão (1612-1615).

A França Antártica 1555-1560

Na década de 1550, a região de Cabo Frio até o Rio de Janeiro estava mais sob o controle dos franceses do que sob o domínio dos portugueses.

Por quase cinco anos, entre 1555 e 1560, os franceses mantiveram um forte numa pequena ilha na Baía de Guanabara (Rio de Janeiro): o Forte Coligny.

Os calvinistas Nicolas Durand de Villegagnon foi enviado ao Brasil em 1555 para marcar a presença francesa naquele lugar. Em 14 de agosto de 1555, com três navios, 600 marinheiros e colonos, ele partiu em direção ao Brasil.

A expedição francesa chegou entre 10-15 de novembro de 1555, na Baía de Guanabara e desembarcaram numa ilha deserta, a atual ilha de Villegagnon.

Nela foi construído o Forte Coligny e logo estabeleceram boas relações com os indígenas que lá habitavam.

Os membros desta primeira expedição eram quase todos da Bretanha e da Normandia e subdividiam-se entre Católicos e Protestantes.

Pouco tempo depois, em março de 1556, chegou uma segunda expedição composta de três navios e 190 homens.

A colônia teve um bom desenvolvimento, mas as normas intolerantes e rigorosas de Villegagnon paralisaram o crescimento do promissor núcleo francês.

As regras opressoras de Villegagnon obrigaram uma boa parte dos colonos a abandonarem o local. Entre eles, alguns huguenotes que voltaram para a França, onde suas denúncias levaram à desistência de uma expedição de 700 a 800 colonos que estava sendo organizada.

Em 1559, Villegagnon também voltou à França, deixando o comendo da colônia para seu sobrinho Bois-le-Comte.

Portugal que não estava disposto a tolerar a presença francesa em suas terras, enviou uma expedição de 120 portugueses e 1.000 índios, sob as ordens de Mem de Sá, Governador Geral do Brasil (1558-1570), que em 16 de março de 1560, após dois dias e duas noites de um enfrentamento encarniçado, destruiu a colônia francesa. Os 70 sobreviventes franceses e seus 800 índios aliados, desmoralizados, abandonaram o forte e se refugiaram entre outros indígenas.

Como W.J. Eccles escreveu em seu livro “France in America”: “For a century, French traders had challenged the Portuguese hold on this vast region, with little or no aid from the Crown. But for religious dissension at Rio de Janeiro, and the unfortunate character of Villegagnon, France rather than Portugal might well have established a vast empire in South America.”

Traduzindo, “Durante um século, os comerciantes franceses desafiaram os portugueses nesta vasta região, com pequena ou nenhuma ajuda da Coroa. Mas por causa da dissenção religiosa no Rio de Janeiro, e do péssimo caráter de Villegagnon, a França, mais do que Portugal, poderia ter fincado bases de um grande império na América do Sul.

Ibiapaba 1590-1604

Em 1590, sob o comando de Adolf Montbille, uma expedição francesa se estabeleceu em Ibiapaba (Viçosa-Ceará), onde os franceses fundaram uma feitoria e um forte, e comercializavam “pau brasil” com os índios que habitavam o núcleo comercial francês. Os franceses viveram em paz com os indígenas por 14 anos, mas em 1604 uma expedição portuguesa chefiada por Pero Coelho atacou a colônia e após uma batalha violenta, foçaram os franceses a se renderem.

São Luís do Maranhão – 1612-1615

Em 19 de março de 1612, três navios franceses partiram do porto francês de Canacale em direção ao Maranhão.

Esses navios eram: “Regent” sob o comendo de Rasilly e La Ravardière, “Charlotte” comandado pelo Barão de Sancy e o “Sainte-Anne”.

Em 24 de junho os navios chegaram à Ilha de Fernando de Noronha onde permaneceram até 8 de julho. Lá eles encontraram um português e 17 ou 18 escravos indígenas. Todos eles foram levados para o Maranhão.

Em 29 de julho, os franceses alcançaram a ilha “Pequena do Maranhão”, que se encontrava deserta. Esta ilha foi batizada pelos franceses como Ilha de Santana (Sainte-Anne).

De lá os franceses se deslocaram para a ilha “Grande do Maranhão” onde eles encontraram alguns navios de Dieppe e de Le Havre com 400 franceses que comerciavam com os indígenas.

Nesta ilha os capuchinhos construíram o convento de São Francisco (Sainte Françoise) e perto dele, um forte chamado Forte São Luís (Saint-Louis).

Em 20 de dezembro de 1612, uma capela religiosa foi inaugurada.

Ali os franceses viveram em paz por quase dois anos.

Em 1613, os líderes do assentamento resolveram retornar à França em busca de reforços. Após algumas tentativas junto à Corte, eles começaram a preparar uma expedição mais próspera. Na Páscoa de 1614, o navio “Regent” com 300 franceses partiram na direção do Maranhão. Em 14 de junho, o navio passou em frente do forte português do Ceará, and em 18 de junho a expedição chegava ao “Buraco das Tartarugas” ou Jaracoará onde havia outro forte português..

Apesar dos obstáculos, os reforços franceses chegaram a salvo no Maranhão.

Reconhecendo a presença contínua dos navios na região, os portugueses construíram vários fortes para controlar a costa com o intuito de acabar com o comércio francês. Em 1611 ou 1612, os portugueses haviam fundado o forte do Ceará, chamado Nossa Senhora do Amparo; em agosto de 1613, eles haviam fundado também o forte de Jaracoará, chamado Nossa Senhora do Rosário.

Em 26 de outubro de 1614, uma tropa portuguesa de 500 homens (portugueses e índios), chegou à terra-firme, perto dos assentamento franceses, com o objetivo de os expulsar.

Os portugueses acamparam em Guaxenduba onde construíram um acampamento fortificado, chamado Forte de Santa Maria.

Os franceses do Maranhão, sendo superiores em número, decidiram tomar a iniciativa e em 19 de novembro de 1614, com 7 navios, 50 canhões e o reforço de 200 franceses e 1.500 índios atacaram o forte português.

O ataque se transformou, porém, numa derrota esmagadora para os franceses.

Em 27 de novembro de 1614, foi assinado um armistício de duração de um ano, com o objetivo de permitir ao rei da França e da Espanha estabelecer uma saída diplomática.

Também decidiu-se enviar emissários franceses e portugueses à Europa para explicar a questão.

Então, em 16 de dezembro de 1614, o navio “Regent”, partiu para a Europa tendo a bordo emissários portugueses e franceses. Os resultados desta missão não são bem conhecidos.

Porém os reforços franceses para o Maranhão nunca chegaram.

Entretanto, em 1º de novembro de 1615, uma frota portuguesa de 9 navios e de várias centenas de homens, sob o comando de Alexandre de Moura, chegou aos assentamentos franceses.

Os portugueses aportaram na ilha “Grande do Maranhão” e entrincheiraram-se na altura de São Francisco. O forte foi chamado de “Quartel de São Francisco”.

Em 3 de novembro de 1615, os franceses já desmoralizados, se renderam sem lutas.

Invasões Francesas em São Luís Maranhão

A terra que hoje se chama Maranhão foi, segundo algumas estórias e alguns historiadores, o primeiro território a ser conhecido pelos obstinados descobridores europeus. De qualquer forma, norteando toda a América Latina, os limites que contornam o Maranhão, tanto o de outrora como o atual, sempre estiveram como a dar boas vindas a quem viesse do mar.

Assim passaram por aqui muitos e muitos, até que em abril de 1500 o português Pedro Álvares Cabral descobre oficialmente a nossa antepassada Vera Cruz, legitimando para todos os efeitos a posse de Portugal sobre o que viria a ser o Brasil. Mas os interesses e a atenção da Coroa Portuguesa se deslocavam para bem longe daqui, importando ao rei D. Manuel apenas o lucro sem qualquer investimento em suas colônias. E mesmo em se tratando de lucros, a colônia brasileira se resumia à sede da Corte, na Bahia.

O norte do Brasil permaneceu por muitos anos como terra de ninguém. Somente três décadas depois do descobrimento do Brasil D. João III resolveu dividi-lo em capitanias hereditárias.

Muitas foram as expedições que tentaram colonizar a região que dava acesso ao tão badalado Peru, terra do Eldorado e de prometidas riquezas. Isto só se deu efetivamente em meados do século XVII.

Depois de vir como olheiro da França e de confirmar a excelência das terras do norte brasileiro, Daniel de la Touche, Senhor de La Ravardière volta com o companheiro François de Rasilly e Auneles, em 1612, estabelecendo no dia 8 de setembro, na ilha do Maranhão – chamada pelos índios de Upaon-Açu (Ilha Grande), o breve sonho da França Equinocial.

Apesar de lutarem por seus territórios, os índios do Nordeste chegaram a manter relacionamentos amistosos com os franceses. Daniel de la Touche e sua expedição composta de três naus – Regente, Charlotte e Saint´Anne – saíram da França com o compromisso documentado de tentar aproximação pacífica com os índios. É claro que não era exatamente um tiro no escuro, um certo lobby já havia sido providenciado entre viajantes franceses (como Jacques Riffault e Charles Des Vaux) e chefes indígenas com bom trânsito em várias aldeias. No Maranhão existiam índios do grupo tupi, como as tribos tupinambás, tabajaras, caetés – habitantes do litoral, e também índios do grupo tapuia, como os guajás, guajajaras, gamelas, barbados – nativos do interior.

Da fusão entre estes dois grupos surgiram os tupinambaranas, muito comum na região amazônica.

A chegada dos franceses na ilha do Maranhão foi o suficiente para que o norte saísse do anonimato na mesa de decisões da Coroa portuguesa.

O forte de São Luís foi reconquistado pelos portugueses na famosa batalha de Guaxenduba, nome das terras em frente à ilha, entre os rios Munim e Anajatuba, em 3 de novembro de 1615.

Os franceses estavam em maior número e mais bem equipados que Jerônimo de Albuquerque, sem falar dos índios tupinambás que os apoiavam. Apesar disso, a vitória foi lusitana. Para explicar o inexplicável, a sabedoria popular recorreu à Virgem Maria, chamando a dita expedição de milagrosa, por Ela ter transformado areia em pólvora para os portugueses.

Com os portugueses a coisa mudou de figura para os índios, que se viram às voltas com a escravidão, com a catequese dos jesuítas, com a mudança de seus hábitos e, enfim, com a aculturação.

A partir daí a Coroa não deixou o norte à mingua, garantindo sua defesa contra piratas estrangeiros com edificação de fortalezas. Em 1616 havia no Maranhão 513 soldados, enquanto na Bahia, que era a sede do governo, havia 140. Os três principais fortes eram o Forte de São Luís, o de Sardinha e o de São José de Itapari.

Mesmo com todo esse aparato a ilha de São Luís não ficou imune aos invasores, sofrendo o ataque de holandeses, em 25 de novembro de 1641.

Comandados pelo almirante Jon Cornellizon Lichthardt e o coronel Koin Anderson, desembarcaram no Desterro e tomaram a cidade. Depois consolidaram o domínio partindo para o interior, especialmente Tapuitapera (hoje Alcântara) e Itapecuru, região de mais intensa movimentação econômica.

Pouco tempo passaram os holandeses. Foram 27 meses de ocupação, mas o suficiente para deixarem a cidade destruída, igrejas saqueadas e fazendas incendiadas. No dia 28 de fevereiro de 1644 os holandeses debandaram depois de algumas guerrilhas e batalhas, fazendo do Capitão-Mor Teixeira de Melo o herói da reconquista. Nessa época a escravidão negra ainda era insignificante, sendo a mão-de-obra indígena a mola propulsora do desenvolvimento do Estado, gerando incontáveis conflitos tanto internos como nas Cortes européias.

O pequeno desenvolvimento que houve então foi graças ao trabalho servil do índio.

Segundo historiadores, a vida econômica do Estado do Maranhão entre 1621 e 1684 foi um tanto complicada: tráfico de índios, pequena exportação de algodão e de alguns produtos da terra.

Sem falar nas inúmeras proibições, desde a exploração do ferro, como a fabricação de tecidos de algodão, lã, linha ou seda e até a de exercer a profissão de ourives. Claro que havia os privilegiados, os favores especiais e os monopólios, ingredientes infalíveis para a revolta, temperada pela insatisfação geral.

Um desses monopólios foi a criação, em 1682, da Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará – estopim da primeira revolta anticolonialista no Brasil que foi a insurreição maranhense liderada por Manuel Beckman. A Companhia detinha a exclusividade de todo tipo de comércio e não pagava impostos.

Não por acaso o Governador de então, Francisco Sá de Menezes, também era sócio da Companhia. Apesar da compreensível indiferença da Coroa sobre o que ocorria no Maranhão, a situação chegou ao ponto da população passar fome e os abusos da Companhia tornaram-se insuportáveis. Assim estava detonada a revolução, sob a chefia de Manuel Beckman, lavrador bem-sucedido com experiência política como vereador. Em 23 de fevereiro de 1684 a revolução partiu do convento dos capuchinhos de Santo Antônio, destronou autoridades como o próprio governador, o capitão-mor e o comandante das forças militares, constituindo uma Junta Governativa e expulsando ainda os jesuítas, que monopolizavam o comércio de índios.

Beckman buscou adesão nas cidades de Tapuitapera (Alcântara) e Belém. Nada feito.

Obteve apenas uma proposta de regalias do governador de Belém caso ele desistisse e rendesse obediência às autoridades de antes. Manuel Beckman fez o possível para legalizar seu feito, mas a revolução perdeu o entusiasmo inicial e fez-se o terreno para uma ação enérgica da Coroa.

É histórica a frase de Beckman minutos antes de ser enforcado, no dia 2 de novembro de 1685: “pelo povo do Maranhão morro contente”.

Ele que teve todas as chances de empreender uma fuga diante do esfacelamento da revolução, morreu como mártir deixando a semente libertária que brotaria anos depois com a inconfidência mineira de Tiradentes (1789).

Em tempo: apesar da morte de seu líder, a revolução atingiu seu objetivo máximo que era o de acabar com o monopólio no comércio.

Um século de poucos acontecimentos significativos marcam o Maranhão desse tempo, sempre subjugado pelos desmandos da Coroa. Em 1730, por exemplo, era recomendação expressa que ninguém mexesse com minas, cuidando somente da agricultura. E só em 1732 começou a circular no Maranhão o dinheiro em forma de moedas de ouro, prata e cobre, eliminando os primitivos novelos de fios de algodão e varas de pano. Já não é de agora que se ouve falar de reforma administrativa. Quando D. José (1750-1777) assume o reinado de Portugal e faz de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, o seu ministro, uma nova mentalidade se delineia, com objetivos de moralizar a administração pública do reinado de D. José. Ele foi o grande responsável pelas transformações progressistas na política sócio-econômica de Portugal com sua colônias.

O Estado do Maranhão, que até então era coligado ao Pará, tornou-se independente pela ordem-régia de 20 de agosto de 1772. De 1772 a 1779 Joaquim de Melo e Póvoas governou o Maranhão como estado independente. Como sobrinho de Pombal e por suas ideias motivado, Póvoas muito fez para que o Maranhão pudesse, nesses últimos anos de colônia, experimentar o progresso. A criação da Companhia Geral do Comércio mudou a situação, trazendo escravos africanos a preços acessíveis, apoiando a lavoura, construindo navios, financiando negócios, etc.

Maranhão passa a ocupar o quarto lugar no ranking das maiores províncias exportadoras, atrás da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Morre o Marquês de Pombal e com ele suas ideias, em 1782. Mas seu poder já declinara uma década antes, quando morrera seu protetor, o rei D. José. Em 1785, um alvará da Coroa extingue todas as fábricas e manufaturas de ouro, prata, seda, algodão, linho e lã existentes no Brasil.

O desenvolvimento econômico voltaria a surgir quando a corte portuguesa teve que se mudar para o Brasil, fugindo das tropas napoleônicas. Com a abertura dos portos ao comércio das nações, a liberdade outorgada às indústrias nacionais, a fundação de escolas e organização bancária, também o Maranhão pôde viver mais um período de prosperidade, em grande parte pelo cultivo do algodão.

O Estado do Maranhão e o da Bahia foram os que mais receberam escravos da África. Para o Maranhão vieram os angolas, congos, fanti-ashanti, nagôs, gêges, entre outros.

É interessante comentar um exemplo de empresária bem-sucedida depois de lutar contra todo tipo de adversidade: a negra Catarina Rosa Ferreira de Jesus, famosa Catarina Nina. Obstinada e competente, Catarina comprou sua liberdade e tornou-se rica comerciante de farinha, desfilando na Praia Grande ombro a ombro com os mais brancos fidalgos lusitanos.

Maranhão foi uma das últimas províncias a aceitar o grito de D.Pedro I no Ipiranga, aderindo à independência do Brasil quase um ano depois do histórico 8 de setembro de 1822.

Talvez por ter permanecido muito esquecido pela Coroa, o Maranhão deu trabalho às tropas militares do Império. Em especial no interior do Estado, o movimento dos que queriam a independência do Maranhão era forte e só foi vencido com a chegada do pirata inglês Alexander Cochrane respondendo pela função de Primeiro Almirante da Armada Imperial.

À força de alguns canhões Lord Cochrane proclamou a adesão da província do Maranhão ao Império do Brasil, no dia 28 de julho de 1823.

A tranquilidade ainda estaria longe. Mais um vez a história do Maranhão ganharia página sangrenta com a Balaiada, rebelião armada que aconteceu em 1838. O movimento recebeu este nome por causa de seu líder, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, fabricante de balaios. Os ares de insatisfação, as brigas pelo poder e as confusas noções de liberdade foram os elementos desta equação, aliás, velha conhecida dos homens.

Diz-se que a gota d’água foi uma tal “Lei dos Prefeitos”, que dava poderes de juiz e delegado de polícia aos prefeitos.

Dois partidos políticos eram notícia nessa época: os ditos liberais e republicanos, chamados de Bem-te-Vis, e os assumidos conservadores, chamados de Cabanos.

Um incidente de estrada deflagra a Balaiada: Raimundo Vieira era vaqueiro de um chefe “bem-te-vi” e quando tangia o gado próximo a Vargem Grande teve parte de seus homens presos sob alegação de recrutamento militar. O subprefeito era “cabano” e isso motivou Raimundo a reagir com violência, invadindo a prisão da Vila da Manga e soltando seus boiadeiros. Logo os policiais viraram “balaios”, e assim também todos os perseguidos, explorados, negros fugidos, etc.

Um deles, o Chefe Cosme, intitulou-se “Tutor e Imperador da Liberdade Bem-Te-Vi”, alardeando o apoio dos “bem-te-vis” ao movimento.

Mas apoio mesmo fundamentado em conceitos ideológicos não houve nenhum. Os intelectuais de destaque nesse tempo preferiram extravasar seus ideais na tinta do papel a pegar nas armas.

E tudo ficou por conta do instinto. Foi preciso um ano de lutas até que o Cel. Luís Alves de Lima e Silva pusesse fim à revolta. O Cel. enriqueceu seu currículo e ganhou o título de Barão de Caxias.

Dom Cosme foi para a forca. Raimundo Vieira, o boiadeiro que tudo começou morreu a caminho do exílio em São Paulo. A Balaiada durou dois anos e mobilizou cerca de dez mil homens.

Por muitos anos o Maranhão se viu verdadeiramente emaranhado nas teias da política que insuflava o interior contra a capital, fazendeiros contra comerciantes e burocratas.

Viveu dois grandes momentos de apogeu econômico no século XVIII: os Ciclos do Algodão e do Açúcar. Com uma economia e sociedade tipicamente coloniais, o Maranhão entrou em decadência com a abolição dos escravos, cujos braços sustentavam toda atividade produtiva do Estado. Quando a República chegou esse processo decadente se acentuou, despreparado que estava o Maranhão para os novos encargos republicanos.

Em 8 de setembro de 1612, nas terras habitadas de Ypaon-Açu, Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière, acompanhado de François de Rasally, Senhor de Rasally e Aunelles, em nome da corte do rei menino Luís XIII da França, aportou nesta ilha quase à linha do Equador, com três navios e uma tripulação de 500 homens, onde edificou um forte e um ancoradouro.

Logo depois, mandou celebrar uma missa por ordem de Maria de Médici, mãe tutora do rei françês. Naquele momento surgia no Brasil uma capital fundada por franceses.

Em 1915, os portugueses então avançaram sobre o forte de São Luís e estenderam seu domínio na região. O forte foi rebatizado com o nome de São Felipe.

Com a província do Maranhão, Portugal garantia o bloqueio e a colonização no Norte deste vasto continente brasileiro.

Em 1641, os holandeses investiram na região e por três anos dominaram o território, quando então, após algumas batalhas, a vitória garantiu a Portugal o domínio definitivo do Maranhão.

Jeito simples e romântico de um povo de ver e viver a vida, expresso ora nos vivos bordados de seus azulejos, ora nos versos e cores de seu “Bumba-meu-Boi”.

FRANCESES NO NORTE E NORDESTE

No início do século XVII, ainda havia pontos do litoral brasileiro mais frequentados pelos corsários franceses do que pelos portugueses, como era o caso do Maranhão.

Invasões Francesas no Brasil
Os franceses ocupam o Maranhão no início do século XVII

Em 1594, os tripulantes de dois navios franceses, dos três que formavam a frota de Jacques Riffault, ficaram perdidos na ilha de Santana, e conviveram pacificamente com os índios Tupinambás. Alguns anos depois, um dos tripulantes, Charles des Vaux, conseguira voltar a França, e este fizera uma intensa propaganda aos proprietários dos armadores da Normandia e Bretanha (Norte da França) para que se criasse uma colônia francesa no Maranhão.

Essa idéia foi aceita com entusiasmo por Daniel de la Touche, Senhor de La Ravardière, que já havia andado pelo litoral da atual Guiana, em viagem de exploração em 1604 com Jean Mocquet.

A França Equinocial é dividida em duas fases distintas: em primeiro, o reconhecimento e em segundo, a ocupação. A primeira fase foi organizada por La Ravardière, com o apoio de Francisco de Rasilly, Senhor des Aumels, Nicolau de Harlay de Sancy, Barão de la Molle e de Gros-Bois, com o objetivo de reconhecer a região e viabilizar a construção de um forte e manter o convívio pacífico com os índios da região, para uma posterior ocupação com colonos. Nesta fase, a expedição era composta por três navios, na qual a sua tripulação era basicamente de voluntários. Muitos deles eram fidalgos e aventureiros, além de quatro padres capuchinhos e de um português e alguns índios, que se encontravam em degredo na ilha de Fernando de Noronha.

E foi assim que, em 1611, a bandeira francesa, com flores-de-lis, foi hasteada pela primeira vez no Maranhão, no meio dos Tupinambás. La Ravardière cumpriu a sua missão no Brasil, regressando seis meses mais tarde a França, pondo fim a primeira fase da França Equinocial.

No dia 19 de março de 1612, zarpara a frota, de Cancale, na Bretanha, e esta era composta por três navios: La Régente; comandado por La Ravardière auxiliado por Rasilly, Charlotte; com o Barão de Sancy e a nau Sante-Anne; com o irmão de Rasilly. Entre os tripulantes haviam alguns padres capuchinhos, na qual destacou-se Claude d’Abbeville, a quem se deve registro de todos os acontecimentos da França Equinocial.

Dois meses depois, a frota chegara ao Maranhão e o desembarque fora completamente pacifico, mediante reconhecimento feito por Charles des Vaux, acolhido com manifestações de amizade pelos Tupinambás.

Os primeiros dias da colônia foram de total alegria e festas; contudo, La Ravardière resolveu organizá-la para garantir uma convivência harmoniosa, com o esforço convergente, sob a garantia da sua autoridade, que seria regida pelas “Loys fondamentales établies en I ‘Isle de Maragnan”.

A organização da França Equinocial teve início com a construção de um forte, (batizado por ordem de Rasilly, com o nome de São Luís, em homenagem ao Rei Luís XIII, o Justo, que posteriormente deu origem a cidade de São Luís) com vinte peças de artilharia como estava previsto no plano inicial da construção da nova colônia.

Como tudo corria bem para os franceses no Maranhão, La Ravardière, de acordo com os seus companheiros, decidiu-se ir à França para discutir assuntos da colônia entendimentos com a Corte. Isso em novembro de 1612.

A primeira expedição para a reconquista do Maranhão foi organizada pelo Governador-Geral Gaspar de Sousa, tendo como Comandante Jerônimo de Albuquerque, ajudado pelo Sargento-Mor do Estado do Brasil, Diogo de Campos Morena. O efetivo das tropas compreendia centenas de portugueses, brasileiros e indígenas. O transporte foi feito por via marítima, partindo de Pernambuco, já inteiramente dominado pelos portugueses.

Nestas lutas esporádicas entre franceses e luso-brasileiros, houve um impasse, ou seja, não ocorrera uma vitória definitiva de ambas as partes, resultando numa trégua negociada entre La Ravardière (já retornado da França, um ano antes) e Diogo Campos. A ideia era manter as posições que ocupavam, à espera de uma decisão das Cortes respectivas, quanto à posse definitiva do Maranhão.

Contudo, o rei Felipe III não concordou (lembro que neste período da nossa história, tanto o Brasil como Portugal, estavam atrelados ao Império Espanhol) com a discussão do problema, firmando-se no direito certo que tinha Portugal à posse das terras. Determinou que fosse enviada nova expedição militar para ajudar as forças já quarteladas no Maranhão.

La Ravardière, vendo que não havia mais possibilidades de encontrar uma maneira diplomática para resolver o assunto, e sabendo da sua inferioridade numérica em homens e material bélico, rende-se no dia 3 de novembro de 1615, quando ele aceitou “Au camp, devant le fort de Saint-Louis des Français”, o ultimato do chefe português, Jerônimo de Albuquerque.

Muito embora estava terminada a Segunda fase da ocupação francesa no Maranhão, inúmeros franceses continuaram nesta região.

Posteriormente ajudaram os portugueses e brasileiros a desbravar esta parte do Brasil que continuava selvagem aos olhos dos europeus. Não obstante, com esta permanência “simbólica” dos franceses no extremo norte do Brasil, os governos de ambas as partes, primeiro com Portugal, depois com o próprio Brasil independente contra a França, tiveram sérios problemas políticos. A solução veio em 01/12/1900, através de uma explanação realizada pelo diplomata brasileiro Barão do Rio Branco ao árbitro do caso, W. Hauser, presidente do Conselho Suíço.

Invasões Francesas no Brasil – Resumo

As invasões das terras brasileiras por outros países europeus começam assim que a notícia do descobrimento espalha-se pela Europa. Algumas são apenas incursões de piratas e aventureiros e limitam-se à pilhagem.

Outras são promovidas velada ou abertamente por outras potências europeias com o objetivo de conquistar terras no novo continente e estabelecer colônias. Os ingleses, aliados de Portugal, não chegam a invadir o Brasil para estabelecer colônias.

Os corsários ingleses piratas que contam com a proteção velada da Coroa britânica fazem várias incursões ao litoral, saqueiam cidades e apresam cargas de navios.

Franceses e holandeses procuram estabelecer colônias no Brasil.

Invasões francesas

Desde o Tratado de Tordesilhas, no final do século XV, a Coroa francesa manifesta seu desacordo com a divisão do mundo entre Portugal e Espanha. Defende o direito de uti possidetis a terra pertence a quem dela toma posse e os franceses se fazem presentes no litoral brasileiro logo após o descobrimento.

Franceses no Rio de Janeiro

Em meados do século XVI, os franceses ocupam o Rio de Janeiro com intenção de estabelecer uma colônia a França Antártica. A expedição, chefiada por Nicolas Durand de Villegaignon, com apoio oficial, traz colonos calvinistas e os primeiros frades capuchinhos para o Brasil.

Fundam em 1555 o forte Coligny, base de sua resistência às investidas dos portugueses por mais de dez anos. Em 1565 são derrotados e expulsos pela armada de Estácio de Sá, sobrinho do governador-geral Mem de Sá. Ele desembarca na baía de Guanabara, toma o forte de Coligny e funda a cidade do Rio de Janeiro. Em 1710 e 1711 o Rio de Janeiro é saqueado por duas expedições de corsários franceses.

Franceses no Maranhão

Em 1594 os franceses repetem a tentativa de construir uma colônia em terras brasileiras a França Equinocial e invadem o Maranhão. A expedição é comandada por Charles des Vaux e Jacques Riffault. Em 6 de setembro de 1612, liderados por Daniel de la Touche, fundam o forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão. São expulsos em 4 de novembro de 1615.

Fonte: EncBrasil/www.geocities.com/www.terrabrasileira.net

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