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O real é a moeda legal no Brasil desde 1994 e atualmente é a moeda mais forte de toda a América Latina.
Essa moeda sofreu muitas mudanças devido às crises econômicas que o país passou.
Origem e história
Ao longo da história o Brasil teve diferentes moedas, como consequência dos diversos problemas econômicos que o país sofreu.
De meados do século XVII até 1942, o real era a moeda única, até que uma reforma monetária o retirou de circulação. Na época era conhecido como “réis”, o apócope da forma plural “reais”.
Então foi imposto o cruzeiro, que foi dividido em 100 centavos e ficou em circulação até 1986. Nesse ano foi estabelecido o cruzado, em circulação até 1989, igualando 1.000 dos cruzeiros antigos e também dividido em 100 centavos.
O cruzeiro real, equivalente a 1.000 cruzeiros, voltou em 1993 por um ano inteiro, até que o país voltou ao real, depois de muitos anos de inflação. Desta vez o real voltou para ficar, pela mão de Itamar Franco, então presidente da República, para dar ao país uma moeda estável.
Na “Casa de la Moneda”, no Rio de Janeiro, foram impressas cédulas de reais e distribuídas 900 milhões de moedas, com o Governo investindo dez milhões de dólares para colocar essa nova moeda em circulação.
Nos anos de 1998 e 2010 foram emitidas novas séries com novos desenhos para melhorar a segurança das notas e evitar a falsificação.
História da Moeda no Brasil – Valor
As primeiras transações consistiam no intercâmbio de produtos (troca). posteriormente apareceu uma unidade-medida de valor.
Essa moeda não-metálica mudou segundo os povos: grãos, cabeças de gado, sal, etc.
A possibilidade de deterioração fez com que se realizassem equivalências em peças metálicas (ouro, prata. bronze. cobre), que se tornaram a nova unidade-medida de valor.
O valor provinha de seu peso e não de sua pureza nem forma.
Mais tarde imprimiu-se nos metais uma marca ou selo que garantia seu peso e valor; foi o nascimento da moeda, Ao que parece, teve lugar nas colônias gregas das ilhas Jônica Ásia Menor aproximadamente no século VII a.C e propagou-se por todo o âmbito grego o padrão monetário do dracma. Cada cidade tinha seu próprio sistema monetário.
Nos territórios asiáticos, o padrão monetário era o siclo. Na Sicília e no sul da Itália era o nomos em unidade superior e a onça a unidade inferior. Na Itália central utilizouse como padrão a libra romana (327 g).
Durante o Império romano. as moedas mas correntes foram e o aureus e o quinária de ouro, o denárìo e o quinário de prata e sestércio de cobre. O imperador Constantino reformo o sistema monetário e emitiu o solidus (soldo). O sistema monetário romano se estendeu no Império Bizantino e aos povos germânicos.
No tempo dos carolingios se centralizou a cunhagem e foram abolidas as emissões em ouro no século X outorgo-se ás casas feudais o privilégio da cunhagem, o que desequilibrou o mercado monetário.
A reativação comercial do século XIII promove a necessidade de criar moeda solventes. Assim, Florença emitiu o florim de ouro, e Veneza o ducado de ouro.
Nos principados alemães se estendeu o tálero.
No final do século XV e no século XVI cunharam-se as primeiras moedas de cobre. Mas o ouro não substituiu a prata como metal monetário até o século XIX. Em 1816. a Inglaterra introduziu a moeda de ouro, e seu exemplo foi seguido pela maioria dos Estados. Mas durante a Primeira Guerra Mundial, quase todas as nações participantes tiveram de abandonar o câmbio em ouro A moeda metálica em ouro e prata foi substituída por papel moeda depois da Segunda Guerra Mundial tiveram as tentativas a partir do acordo de Brentton Woods, de conseguir a livre conversibilidade das diferentes moedas.
Mediante um sistema de valorização e desvalorização manteve-se a relação das diferentes moedas com o dólar norte-americano, que nos países ocidentais tomou a posição de moeda base substituiu o padrão-ouro.
Cunhagem da moeda
Até fins da Idade média. as moedas eram cunhadas a mão, com um troquel gravado. A cunhagem fazia-se dando uma ou mais marteladas sobre o anverso.
As primeiras máquinas de cunhagem foram introduzidas no século XV. A partir do século XVII! passou-se a trabalhar também o canto da moeda, para evitar que fosse recortada.
A Evoluçäo da Moeda no Brasil
Do Descobrimento ao Reino Unido
As Primeiras Moedas
No início do período colonial, o meio circulante brasileiro foi sendo formado de modo aleatório, com as moedas trazidas pelos colonizadores, invasores e piratas que comercializavam na costa brasileira. Assim, ao lado das moedas portuguesas, circularam também moedas das mais diversas nacionalidades, cuja equivalência era estabelecida em função do seu conteúdo metálico.
A partir de 1580, com a formação da União Ibérica, verificou-se uma grande afluência de moedas de prata espanholas (reales), provenientes do Peru, graças ao comércio que se desenvolveu através do Rio da Prata.
Até o final do século XVII, os reales (ou reaes ou reais) espanhóis constituíram a parcela mais expressiva do dinheiro em circulação no Brasil.
As moedas portuguesas que aqui circulavam eram as mesmas da Metrópole, oriundas de diversos reinados. Cunhadas em ouro, prata e cobre, essas moedas tinham os seus valores estabelecidos em réis e possuíam às vezes denominações próprias, como Português, Cruzado, São Vicente, Tostão, Vintém.
Moedas Contramarcadas
A longa guerra mantida contra os espanhóis, após a restauração da independência de Portugal, custou elevadas somas à coroa portuguesa. Para conseguir os recursos necessários, D. João IV (1640-1656) e D. Afonso VI (1656-1667) recorreram a sucessivas alterações no padrão monetário, determinando reduções nos pesos das novas moedas fabricadas e procedendo a aumentos no valor das moedas em circulação.
Posteriormente, durante o reinado de D. Pedro II (1667-1706), também foram efetuados aumentos nos valores correntes das moedas.
Em algumas ocasiões esses aumentos foram praticados sem que fossem efetuadas alterações nas moedas; em outras, foram concretizados mediante a aposição de contramarcas (carimbos).
Marcas para Evitar o Cerceio
A adulteração das moedas de ouro e prata, pela prática ilegal de raspagem dos bordos para retirada do metal (cerceio), assumira proporções calamitosas em Portugal e nos seus domínios, levando o rei português D. Pedro II (1667-1706) a adotar várias medidas para impedir a sua continuidade. Dentre essas medidas encontram-se a colocação de cordão (espécie de serrilha em forma de cordão) e de marca (esfera armilar coroada, aplicada junto à orla) e a cunhagem de novas orlas nas moedas de cunhos antigos.
Moedas-Mercadorias
Nos dois primeiros séculos após o descobrimento, face à inexistência de uma política monetária especial para a Colônia, a quantidade de moedas em circulação era insuficiente para atender às necessidades locais.
Por esse motivo, diversas mercadorias foram utilizadas como dinheiro, inclusive pelo próprio governo, sendo comuns os pagamentos realizados em açúcar, algodão, fumo, ferro, cacau e cravo, entre outros.
Os escravos africanos chegados ao Brasil utilizaram em suas trocas o zimbo, concha de um molusco encontrada nas praias brasileiras e que circulava como dinheiro no Congo e em Angola.
As Moedas Holandesas
Cercados pelos portugueses no litoral de Pernambuco e não dispondo de dinheiro para pagar seus soldados e fornecedores, os holandeses realizaram a primeira cunhagem de moedas em território brasileiro.
Conhecidas como “moedas obsidionais” ou “moedas de cerco”, estas foram também as primeiras moedas a trazerem o nome do Brasil. Face à inexistência de ferramentas e materiais adequados e à urgência do trabalho, as moedas foram feitas de forma bastante rudimentar.
As Primeiras Casas da Moeda
Nas duas últimas décadas do século XVII agravou-se a situação de falta de moeda no Brasil, comprometendo o funcionamento da economia e provocando drástica redução nas rendas da Coroa.
Inúmeras representações, pedindo solução para o problema, foram encaminhadas ao rei pelos governadores gerais e das capitanias, representantes das câmaras e membros da igreja e da nobreza. Em 1694, finalmente, D. Pedro II (1667-1706) resolveu criar uma casa da moeda na Bahia, para a cunhagem de moeda provincial para o Brasil.
Em função das dificuldades e riscos do transporte, a Casa da Moeda foi transferida em 1699 para o Rio de Janeiro e no ano seguinte para Pernambuco, onde funcionou até 1702. Em 1703, por ordem de D. Pedro II, foi instalada novamente no Rio de Janeiro, não mais com a finalidade de cunhar moedas provinciais, mas para transformar o ouro em moedas para o reino.
Foram cunhadas moedas de ouro, nos valores de 4.000, 2.000 e 1.000 réis, e de prata, nos valores de 640, 320, 160, 80, 40 e 20 réis. O conjunto de moedas de prata é conhecido como série das patacas, em função da denominação “pataca”, atribuída ao valor de 320 réis.
Moedas de Cobre Angolanas
Como as casas da moeda não cunharam moedas de cobre, foi autorizada a circulação no Brasil de moedas destinadas a Angola, fabricadas na cidade do Porto, nos valores de 10 e 20 réis.
Essas moedas eram necessárias para as transações de pequeno valor.
O Ouro se Transforma em Moeda
Na primeira metade do século XVIII, a elevada produção de ouro possibilitou o funcionamento simultâneo de três casas da moeda e a cunhagem de grande quantidade de peças, cujos valores e beleza testemunham a opulência que caracterizou o período do reinado de D. João V (1706-1750).
Inicialmente foram cunhadas, nas casas da moeda do Rio de Janeiro (1703) e da Bahia (1714), moedas idênticas às do Reino: moeda, meia moeda e quartinho, com valores faciais de 4.000, 2.000 e 1.000 réis.
O estabelecimento de uma casa da moeda em Minas Gerais foi determinado em 1720, quando da proibição da circulação do ouro em pó dentro da capitania.
Além de moedas iguais às cunhadas no Reino, no Rio e na Bahia, a nova casa da moeda deveria fabricar peças com valores nominais de 20.000 e 10.000 réis, as quais circulariam com os valores efetivos de 24.000 e 12.000 réis. Instalada em Vila Rica, a casa da moeda de Minas funcionou no período de 1724 a 1734.
Em 1722 D. João V alterou a forma e o valor das moedas de ouro portuguesas, criando a série dos escudos, com os valores de 12.800 réis (dobra de 8 escudos), 6.400 réis (dobra de 4 escudos), 3.200 réis (dobra de 2 escudos), 1.600 réis (escudo) e 800 réis (1/2 escudo). Cunhadas no Brasil a partir de 1727, essas moedas trazem no anverso a efígie do rei. Dentro dessa série foi introduzida, em 1730, a peça de 400 réis (cruzadinho).
Moedas de Ouro de D. José I e D. Maria I
Nos reinados de D. José I (1750-1777) e de D. Maria I (1777-1805), continuou sendo cunhada a série dos escudos, com exceção da peça de 12.800 réis, cuja cunhagem havia sido suspensa por D. João V, em 1732.
Voltaram também a ser fabricadas as moedas provinciais de ouro, nos valores de 4.000, 2.000 e 1.000 réis, que não eram cunhadas desde 1702.
Moedas da Série “J”
Em 1750 D. José proibiu a circulação de moedas de ouro nas regiões de mineração, considerando que as transações comerciais naquelas comarcas poderiam ser realizadas com barras de ouro marcadas e ouro em pó.
Para atender às necessidades do comércio miúdo na região, mandou que as casas da moeda do Rio de Janeiro e da Bahia cunhassem moedas provinciais de prata e cobre.
Em 1752, atendendo à sugestão do governador da capitania de Minas, determinou que fossem cunhadas também moedas de prata com os valores de 600, 300, 150 e 75 réis, tendo em vista que os preços nas regiões das minas eram estabelecidos em termos de oitavas e de seus submúltiplos, valendo a oitava de ouro 1.200 réis. Para evitar confusão com as moedas provinciais de prata de 640, 320, 160 e 80 réis, em função da proximidade dos valores, nas novas moedas o escudo com as armas de Portugal foi substituído por um “J” com uma coroa em cima.
Moedas de Cobre no Século XVIII
Durante o reinado de D. João V, a Casa da Moeda de Lisboa fabricou moedas de cobre de 10 e 20 réis, especialmente destinadas ao Brasil.
Moedas com esses mesmos valores foram cunhadas também pela Casa da Moeda da Bahia, que em 1729 realizou a primeira cunhagem de moedas de cobre no Brasil. Em 1730 foram enviadas para Minas moedas de cobre cunhadas em Lisboa em 1722, nos valores de 20 e 40 réis, com pesos bastante reduzidos, as quais deveriam circular apenas naquela capitania.
No reinado de D. José I, entraram em circulação moedas provinciais de cobre nos valores de 5, 10, 20 e 40 réis, cunhadas em Lisboa e no Brasil.
Sob o reinado de D. Maria I, não houve cunhagem de cobre no Brasil. As moedas foram feitas em Lisboa, mantendo inicialmente os mesmos pesos e valores do período anterior. Em 1799, já sob a regência de D. João, as moedas de cobre tiveram seus pesos reduzidos em cerca de 50%.
Bilhetes da Extração – Primeira Moeda-Papel
A partir de 1772, a extração de diamantes na região do Tejuco do Serro Frio (atual Diamantina) passou a ser feita diretamente pela Coroa Portuguesa, que para isso criou a Real Extração dos Diamantes.
Quando havia insuficiência de recursos para o custeio das despesas, a Administração dos Diamantes emitia bilhetes que eram resgatados quando chegavam os suprimentos em moeda remetidos pela Fazenda Real.
No início esses bilhetes tinham grande credibilidade, sendo aceitos em todas as transações comerciais da região.
Moedas para o Maranhão e Grão-Pará
Em 1748 D. João V determinou a cunhagem de moedas provinciais de ouro, prata e cobre para o Estado do Maranhão e Grão-Pará, no total de 80 contos de réis. Cunhadas em 1749, pela Casa da Moeda de Lisboa, essas moedas tinham as mesmas denominações e pesos das moedas provinciais brasileiras. Segundo depoimentos da época, a introdução dessa moeda provocou grande confusão no Estado, uma vez que os preços dos salários e de todos os produtos estavam fixados em termos de algodão e especiarias.
Barras de Ouro e Certificados
Com o fito de garantir a cobrança do imposto do quinto, foram estabelecidas casas de fundição nas principais regiões auríferas do país, para as quais deveria ser levado todo o ouro extraído.
Depois de deduzida a quinta parte, o ouro era fundido e transformado em barras, nas quais eram registrados o ano, a marca oficial da casa de fundição, o número de ordem, o título e o peso do ouro. Assim legalizado, o ouro era devolvido a seu proprietário, acompanhado de um certificado.
Essas barras tiveram ampla circulação no Brasil, desempenhando a função de moeda, particularmente nas capitanias do interior.
A Moeda de 960 Réis
O declínio da produção de ouro no Brasil levou D. João a proibir, em 1808, a circulação do ouro em pó, com o objetivo de impedir seu desvio, que acarretava grandes prejuízos à Coroa.
Todo o ouro em pó deveria ser levado às casas de fundição; as parcelas de peso equivalente ou superior a 1 onça (28,6875 g) seriam fundidas em barras e as de peso inferior, resgatadas em moedas.
Para suprir o meio circulante das regiões de mineração, foi autorizada a circulação de moedas de ouro, que estava proibida desde 1750, e a nacionalização de moedas hispano-americanas de prata.
Os pesos espanhóis (8 reales), que valiam entre 750 e 800 réis, receberam carimbo de 960 réis, inicialmente na capitania de Minas Gerais (1808) e mais tarde na do Mato Grosso (1818). Em 1809 foi criada a moeda provincial de 960 réis, cuja cunhagem teve início em 1810.
Carimbos de Escudete
Para uniformizar o meio circulante brasileiro, onde moedas do mesmo metal e do mesmo peso tinham valores diferentes, D. João determinou, em 1809, a aposição de carimbo em forma de escudete nas moedas da série “J”, para equipará-las às da série das “patacas”, e nas moedas de cobre cunhadas antes de 1799, para duplicar seus valores.
D. João, Príncipe Regente e Rei
D. João assumiu a regência em 1799, mas durante alguns anos as moedas continuaram sendo cunhadas com o nome de D. Maria I. As primeiras moedas de ouro cunhadas com a legenda “João Príncipe Regente” foram produzidas em 1805, antes de sua chegada ao Brasil. A elevação do Brasil à condição de Reino Unido foi registrada nas peças em ouro, prata e cobre cunhadas em 1816 com a legenda “João, por Graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves”.
Com a aclamação de D. João como D. João VI, em 1818, as moedas passaram a ter as armas do Reino Unido e a legenda “João VI, por Graça de Deus, Rei de Portugal, Brasil e Algarves”.
Troco do Ouro em Pó
Face à inexistência de moedas de pequeno valor que se ajustassem ao troco de pequenas quantidades de ouro em pó, D. João estabeleceu que o mesmo fosse feito também com bilhetes impressos nos valores de 1, 2, 4, 8, 12 e 16 vinténs de ouro, correspondendo cada vintém a 37 e 1/2 réis. Emitidos em grande quantidade, esses bilhetes tiveram ampla circulação na capitania de Minas, integrando o seu meio circulante.
Posteriormente, em função do aparecimento de grande número de bilhetes falsificados, sua emissão foi suspensa. Em 1818 foram cunhadas moedas de cobre nos valores de 75 réis e 37 e 1/2 réis, para a realização do troco do ouro em pó.
Notas do Banco do Brasil
A criação do Banco do Brasil, por meio de Alvará de 12 de outubro de 1808, teve por objetivo dotar a Coroa de um instrumento para captação dos recursos necessários à manutenção da corte. De acordo com seus estatutos, o banco deveria emitir bilhetes pagáveis ao portador, com valores a partir de 30 mil réis. As emissões do Banco tiveram início em 1810 e a partir de 1813 foram emitidos bilhetes com valores abaixo do limite mínimo inicialmente estabelecido.
Entre 1813 e 1820, as emissões atingiram 8.566 contos de réis, em grande parte determinadas pelo fornecimento de moeda-papel para fazer face às crescentes despesas da corte e da administração régia, que anualmente excediam a receita arrecadada. A partir de 1817, os bilhetes do Banco começaram a perder a credibilidade, sofrendo grande desvalorização.
Em abril de 1821, antes de regressar a Portugal, o rei e toda a sua corte resgataram todas as notas em seu poder, trocando-as por moedas, metais e jóias depositados no Banco, obrigando a instituição a suspender, a partir de julho, a conversibilidade dos bilhetes.
Do Reino Unido ao Plano Real
Quando da chegada do futuro D. Joäo VI ao Brasil (então príncipe regente do reino de Portugal), todo o meio circulante era constituído de peças metálicas.
Havia, porém, um primeiro vestígio de papel-moeda, denominado bilhete de permuta, que era recibo de recolhimentos metálicos na Casa da Moeda, aceito para liquidaçäo de transaçöes e transferível por endosso.
A criaçäo do primeiro Banco do Brasil, em 1808, foi inspirada nas exigências de fortalecimento dos sistemas monetário e financeiro. A esse Banco foi facultado o privilégio de emitir notas representativas, com garantia de conversibilidade de 100%. Mas, para atender a exigências da Corte, notadamente os decorrentes do financiamento de gastos militares (para sufocar movimentos revolucionários em Pernanbuco, em 1817, depois na Bahia e, por fim, para sustentar as lutas contra as Províncias do Rio da Prata), o regente D. Joäo recorreu às facilidades de empréstimo junto ao Banco do Brasil, de tal forma que as emissöes se tornaram preponderantemente fiduciárias.
Moedas de Cobre
Com a volta de D. Joäo VI a Portugal, o príncipe regente D. Pedro deparou-se com uma situaçäo crítica: o Tesouro achava-se em bancarrota e o Banco do Brasil encontrava-se à beira de uma crise, que levaria posteriormente à perda do seu direito de emissão. E não havia outras fontes de recursos para financiar as despesas governamentais.
Uma das medidas tomadas pelo regente foi a cunhagem de moedas de cobre pela Casa da Moeda, que então se transfomaram, juntamente com notas bancárias ainda em circulação, nas únicas formas de moeda no Brasil. Mas crescentes exigências de recursos pelo Tesouro, somadas às flexíveis regras que regulavam o processo de cunhagem, conduziram à deterioração dessa segunda tentativa de implantação de um sistema monetário sólido no País.
Notas do Tesouro Nacional
Em 1827, era falsa a maior parte das moedas de cobre em circulação, o que motivou um decreto imperial, de 27 de novembro, ordenando a troca de moedas de cobre por notas emitidas pelo Tesouro.
O decreto foi de extraordinária importância, sendo a primeira autorização legal para a emissão de papel-moeda pelo governo. Posteriormente, o papel-moeda do Tesouro Nacional substituiria completamente as notas do Banco do Brasil. Em 1829 foi decretada a liquidaçäo do primeiro Banco do Brasil e criado um novo sistema monetário, com notas assinadas pelo Governo, sendo proibidos todos os tipos de emissäo.
Bancos de Emissão e Padrão-Ouro
O passo seguintes foi, a partir de 1836, a criaçäo de bancos de emissäo em vários Estados, sujeitos a um sistema misto definido em lei: teto máximo e cobertura integral.
A partir de 1846, sob forte inspiraçäo metalista, o sistema monetário brasileiro retornou ao padräo-ouro, tendo sido fixada em 1:15,625 a relação legal entre o ouro e a prata. Em 1849, fortaleceu-se ainda mais a corrente metalista, implantando-se o regime monometálico e reduzindo as peças monetárias de prata à condição de moeda auxiliar. Como registra Hugon, a reforma de 1846 preparou as condiçöes favoráveis à retomada do desenvolvimento econômico, que ganhou considerável impulso na segunda metade de século e inaugurou novo período na história econômica do País.
O comércio exterior desenvolveu-se e a balança comercial tornou-se favorável, a partir de 1854 até o final do Império, com exceçäo de apenas quatro anos.
Novo Banco do Brasil
No decurso deste mesmo período, o Banco Comercial do Rio de Janeiro e o Banco de Mauá fundiram-se, dando origem, em 1851, a um segundo Banco do Brasil.
Este adquiriu os direitos de emissäo dos outros bancos privados, restabelecendo-se o monopólio para a emissäo de notas bancárias.
Este novo Banco do Brasil foi encarregado de substituir por suas notas as do Tesouro. Seu limite de emissão foi fixado no dobro do capital disponível.
Com a Guerra do Paraguai (1864-70), as finanças públicas voltaram a se enfraquecer. O financiamento se fez através do processo emissor.
O teto para emissão do Banco do Brasil foi elevado até cinco vezes em relação ao capital. Em 1866, o direito de emissão retornou ao Tesouro. Com o fim da guerra, o ritmo de emissöes diminuiu. Somente em 1888, restabeleceram-se condiçöes para a conversibilidade plena, com a abundância de ouro. Outra reforma monetária foi então implantada, retornando o País ao regime de pluralidade de emissões, novamente regido pelo sistema de teto máximo.
Voltam os Bancos de Emissão
Em 1890, reimplantaram-se quatro bancos de emissäo. Autorizaçöes para a expansäo dos empréstimos à indústria, aliadas às dificuldades econômicas da Primeira República, ensejaram o encilhamento, que foi um período de forte especulaçäo, crédito fácil, tetos de emissäo frequentemente ultrapassados e, em consequência, ampla desconfiança pública em relaçäo ao meio circulante.
Os preços subiram em ritmo inusitado (Lopes, Rossetti, p.37). O ouro evadiu-se. Foi uma época de atividade comercial febril, criadora de riquezas ilusórias e de nocivas especulações em bolsas, que lembravam as da Rua Quincampoix na época crítica do sistema de Law, na França. Terminou igualmente em crise, que atingiu duramente o sistema bancário, com a falência do segundo Banco do Brasil e de outros estabelecimentos.
Volta a Emissão ao Tesouro
Em 1898, na virada para o século XX, implantou-se importante contra-reforma, dirigida pelo metalista Joaquim Murtinho. Incineraram-se cédulas monetárias, a taxa de câmbio foi valorizada e o processo emissor foi contido. Em 1900, a cobertura metálica das emissöes do Tesouro era de apenas 2,14%, mas, progressivamente, chegou a 32,5% em 1913. Mas, com a Primeira Guerra Mundial, interromperam-se bruscamente as condiçöes subjacentes ao fortalecimento monetário e ao equilíbrio cambial. Entre 1914-20, as emissöes de notas do Tesouro aumentaram 88%, enquanto o encaixe metálico voltou a sofrer reduçöes, recuando à taxa de 9,5% em 1920. Nova reforma monetária se aproximava.
Volta o Banco do Brasil
A partir de julho de 1923, o Banco do Brasil, cujas operaçöes haviam sido reativadas em 1906, reassumiu o monopólio das emissöes e, em 1926, para compatibilizá-lo com as reservas metálicas do País, o padräo monetário foi novamente modificado: o mil-réis passou a corresponder a 200 mg de ouro.
Criou-se então uma Caixa de Estabilização, encarregada de operar os processos de conversão de notas em ouro e de ouro em notas.
Tratava-se de um órgão encarregado de manter estável a última decisão do governo quanto ao lastro do sistema monetário. Dado o volume do meio circulante, a garantia de 200 mg de ouro por mil-réis correspondia a uma cobertura, nos termos do sistema de reserva proporcional, de 37%.
A estabilizaçäo do lastro e da garantia de conversäo durou novamente muito pouco. O sistema foi desarticulado com a Grande Depressäo dos anos 30, iniciada no final de 1929.
Com a brusca queda do comércio mundial de café e de suas cotações (o valor-ouro da saca de café caiu 80%), tornaram-se inevitáveis o déficit da balança comercial e a desvalorização da taxa cambial.
Esta recuou a níveis inferiores aos da taxa de conversão, de tal forma que as reservas em ouro e em divisas da Caixa de Estabilização reduziram-se de 37% (1926) para menos de 0,5% (1931), tendo sido absorvidas pelos países credores ou com superávit nas relações bilaterais. A Caixa de Estabilização foi liquidada. A recomposiçáo das reservas somente ocorreria durante a Segunda Guerra Mundial, com a reduçäo das importaçöes e expansäo das exportaçöes, possibilitando a expansäo da cobertura metálica para 45%, apesar do crescimento, na época, das emissöes de papel-moeda pelo Tesouro Nacional.
Surge o Cruzeiro
No decurso desse novo capítulo da história da moeda no Brasil, o governo instituiu o cruzeiro, em 1942, como unidade monetária, no lugar do mil-réis, mantendo porém a equivalência entre as duas unidades monetárias, durante o período de substituiçäo do meio circulante. Näo obstante o cruzeiro fosse declarado inconversível, o processo emissor passou a ter como freio uma garantia em ouro e em divisas conversíveis de 25% do total do meio circulante. Mas este limite proporcional näo foi respeitado e, em 1945, estabeleceu-se a liberdade de emissäo sem limitaçäo de lastro.
Em 1948, o Brasil comunicou ao Fundo Monetário Internacional, o valor do cruzeiro: esse valor correspondia a Cr$18,50 por US$1.00. A partir de 1961 este padräo foi definitivamente suspenso, após sucessivas e constantes desvalorizaçöes cambiais. O sistema monetário tornou-se entäo totalmente fiduciário, sem lastro metálico e inconversível.
A emissão do cruzeiro, desatrelada de lastros metálicos, permaneceu unificada, confiada ao Tesouro Nacional. A SUMOC, Superintendência da Moeda e do Crédito, foi criada na época como órgão para implementar a política monetária. O Banco do Brasil manteve a tradição de atuar, em parte, como autoridade monetária e, em parte, como agente financeiro do Tesouro Nacional.
Surge o Bacen
Em 1964, foi criado o Banco Central do Brasil, em substituição à SUMOC. Passou a ser sua privativa competência a emissão de moeda, bem como a execução dos serviços do meio circulante. O Tesouro Nacional, todavia, não perdeu o controle do processo emissor. O Banco Central permaneceu de fato atrelado às autoridades fiscais, não conquistando independência operacional.
O meio circulante e a emissão de moeda primária permaneceram subordinados às exigências de cobertura de déficits resultantes das operações do complexo constituído pelas autoridades fiscais e monetárias.
O Cruzado e a Volta do Cruzeiro
Em fevereiro de 1986 (Decreto-lei nº 2.283) nova reforma monetária foi implantada no País, com a criaçäo de uma nova moeda, o cruzado (Cz$). Esta reforma monetária, todavia, näo implicou mudanças substantivas no processo de aumento do meio circulante. O Banco Central näo foi proibido de financiar o Tesouro Nacional. Este ainda continuou descarregando sobre as autoridades monetárias as exigências de nivelamento dos orçamentos públicos como um todo. A austeridade emissora, requerida para a sustentação de uma nova moeda forte, o cruzado, permaneceu comprometida pela não-extensão da reforma monetária à estrutura institucional e às relações entre o Banco Central e os demais centros de poder do governo central. O cruzado teve vida curta. Em 1990, foi reinstituído o cruzeiro.
O Cruzeiro Real e o Real
Em 1993 surgiu o cruzeiro real e, finalmente, em julho de 1994, entrou em cena o real, voltando-se a usar, no Brasil, a denominação da primeira moeda que por aqui circulou.
TABELA DAS ALTERAÇÕES DA MOEDA BRASILEIRA
Quadro sinótico com histórico de todas as transformações que passou o nosso sistema monetário desde 1942 (o que não ocorre em países de primeiro mundo).
Denominação | Símbolo | Período de Vigência | Paridade em relação à moeda anterior | Extinção de centavos | Fundamento Legal |
Cruzeiro | Cr$ | 01.11.1942 a 12.02.1967 | 1.000 réis = 1,00 cruzeiro (1 conto de réis = 1.000 cruzeiros) | Fração do cruzeiro denominada “centavos” foi extinta a partir de 01.12.1964 |
Decreto-Lei nº. 4.791 de 05.10.1942 Lei nº. 4.511 de 01.12.1964 |
Cruzeiro Novo | NCr$ | 13.02.1967 a 14.05.1970 | 1.000 cruzeiros = 1,00 cruzeiro novo | – | Decreto-Lei nº. 1 de 13.11.1965Resolução do BC nº. 47 de 13.02.1967 |
Cruzeiro | Cr$ | 15.05.1970 a 27.02.1986 | 1,00 cruzeiro novo = 1,00 cruzeiro | Fração do cruzeiro denominada “centavo” foi extinta a partir de 16.08.1984 |
Resolução do BC nº. 144 de 31.03.1970Lei nº. 7.214 de 15.08.1984 |
Cruzado | Cz$ | 28.02.1986 a 15.01.1989 | 1.000 cruzeiros = 1,00 cruzado | – | Decreto-Lei nº. 2.283 de 27.02.1986 |
Cruzado novo | NCz$ | 16.01.1989 a 15.03.1990 | 1.000 cruzados = 1,00 cruzado novo | – | MP nº. 32 de 15.01.1989, convertida na Lei nº. 7.730 de 31.01.1989 |
Cruzeiro | Cr$ | 16.03.1990 a 31.07.1993 | 1,00 cruzado novo = 1,00 cruzeiro | – | MP nº. 168 de 15.03.1990, convertida na Lei nº. 8.024 de 12.04.1990 |
Cruzeiro Real | CR$ | 01.08.1993 a 30.06.1994 | 1.000 cruzeiros = 1,00 cruzeiro real | – | MP nº. 336 de 28.07.1993, convertida na Lei nº. 8.697 de 27.08.1993, e Resolução BACEN nº. 2.010 de 28.07.1993 |
Real | R$ | Desde 01.07.1994 | vide notas * | – | Lei nº. 8.880 de 27.05.1994 e Lei nº. 9.069 de 29.06.1995 |
Notas
A paridade entre o real e o cruzeiro real, a partir de 01.07.1994, é igual à paridade entre a URV (Unidade Valor de Real) e o cruzeiro real fixada pelo Banco Central do Brasil para o dia 30.06.1994 (CR$ 2.750,00).
Portanto a conversão de cruzeiros reais em reais deve ser feita mediante a divisão do valor em CR$ pelo valor da URV de 2.750,00.
No caso de Conversões de valores mais antigos (antes de 1993 – Cruzeiro Real), é necessário aplicação de outras regras.
De qualquer forma (dependendo do caso), deve-se proceder além da conversão, a atualização através os índices do IGP-DI – primeiro se atualiza, e depois se converte.
EXEMPLO (no caso de Cruzeiro Real para o atual Real):
CR$ 2.750,00/2.750,00 = R$ 1,00
CR$ 1.000.000,00/2.750,00 = R$ 363,64
CR$ 2.750.000,00/2.750,00 = R$ 1.000,00
Assim, quem tinha Dois milhões e setecentos e cinqüenta mil cruzeiros reais, passou a ter, Um mil reais.
História da Moeda no Brasil – Resumo
História da Moeda no Brasil
No início da colonização, pouco se falava em dinheiro, o reduzido comércio interno era feito na base de trocas e por isso era mínima a circulação de moedas.
A unidade monetária usada era o real português, mas a primeira “moeda” brasileira de fato foi o açúcar, que em 1614 passou a valer como dinheiro, por ordem do governador Constantino Menelau. O valor da arroba (15 kg) de açúcar branco foi fixado em 1.000 réis, o do mascavo em 640 réis, e o das outras espécies em 320 réis. Só os funcionários da administração portuguesa é que recebiam salários em moeda sonante.
O dinheiro vinha de Portugal, mas sua origem na verdade era a Espanha, muito mais rica em reservas metálicas devido à maior abundância de ouro e prata em seu império colonial.
Durante a dominação de Portugal pela Espanha, de 1580 a 1640, a moeda utilizada na Colônia brasileira era o real hispano-americano, cunhado em Potosi (Bolívia). Havia moedas de 8, 4, 2, 1 e meio reales, que correspondiam respectivamente a 160, 80, 40 e 20 réis.
Em 1624, a Holanda ocupou o nordeste brasileiro; sob seu domínio foi realizada a primeira cunhagem de moedas em território nacional. Quadradas, pequenas, feitas em ouro e prata, surgiram em Pernambuco, em 1645. Serviam principalmente para pagar os soldados holandeses aqui estabelecidos. Expulsos os holandeses, em 1654, e já restaurado o reino de Portugal voltou a valer na Colônia sua política monetária. A partir de 1669, moedas de prata portuguesas passaram a circular no Brasil, carimbadas com um sinete real, nos valores de 80, 160, 320 e 640 réis.
A confusão de vários tipos de moedas, com diversas origens e valores instáveis, persistia, mas não tinha grande importância, pois no período colonial, comerciava-se pouco: o mercado interno era muito pequeno.
A maioria da população era composta de escravos e colonos livres: os escravos não podiam comprar nem vender, por sua própria condição social, enquanto que os colonos recebiam seus pagamentos em mercadoria.
Criação das Casas da Moeda
Moedas propriamente brasileiras só vieram a surgir no final do século XVII. Salvador era então a principal cidade da Colônia, sua capital e o mais importante centro de negócios. Por isso foi lá que, em 1694, os portugueses instalaram a primeira Casa da Moeda do Brasil. As moedas eram cunhadas em ouro e prata. As de ouro valiam I, 2 e 4 mil réis.
As de prata observavam uma progressão aritmética de valores mais original: 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis. O povo logo Ihes deu o nome de patacões, que tinha um certo sentido depreciativo, pois ninguém acreditava muito no valor das moedas cunhadas no Brasil. De 1695 a 1702, foram postas em circulação peças de cobre ( 10 e 20 réis), cunhadas na Casa do Porto e destinadas a Angola, mas aqui introduzidas por determinação régia.
Logo deixou de ser vantagem para a Coroa manter a Casa da Moeda em Salvador. Com a descoberta de jazidas de ouro pelos bandeirantes e a intensa exploração das “Minas Gerais”, a fabricação do dinheiro foi transferida para o Rio de Janeiro, em 1698, aí se cunhando ouro e prata nos valores já mencionados.
Em 1700 a Casa da Moeda mudou para Pernambuco, voltando porém ao Rio dois anos depois.
Em 1714, havia duas casas da Moeda: no Rio e novamente na Bahia.
Em 1724 criou-se a terceira, em Vila Rica, que foi extinta dez anos mais tarde. A falta de troco era tanta que o Maranhão chegou até a ter sua própria moeda, fabricada em Portugal. Era feita em ouro e prata, nos valores usuais, e em cobre, valendo 5, 10 e 20 réis.
O uso do dinheiro se restringia à faixa litorânea, onde se situavam quase todas as cidades e se realizavam as grandes transações. Nos distritos mineiros, que só produziam ouro e importavam tudo o que consumiam, o próprio ouro, cuidadosamente pesado, funcionava como moeda para o comércio. A economia de troca continuava prevalecendo em todo o interior brasileiro.
Já as regiões agrícolas apresentavam um sistema econômico peculiar. As fazendas, com suas legiões de escravos, eram praticamente auto-suficientes, produzindo quase tudo que necessitavam. Nelas, o dinheiro mesmo tinha pouca importância. A riqueza era avaliada com base na propriedade imobiliária e o gado era visto como um meio de intercâmbio tão bom como qualquer outro.
Até a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, o valor total das moedas que aqui circulavam não ultrapassava a irrisória cifra de 10.000 contos (ou 10 milhões de réis).
O sistema monetário, irracional, complicava-se cada vez mais: chegaram a circular, ao mesmo tempo, seis diferentes relações legais de moedas intercambiáveis. Além disso, ouro em barra e em pó passava livremente de mão em mão, e moedas estrangeiras, algumas falsas, eram encontradas com a maior facilidade.
Do Império à República
Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, a Corte acelerou consideravelmente o processo econômico. Crescendo a produção e o comércio, tornou-se imprescindível colocar mais dinheiro em circulação.
Fundou-se então o Banco do Brasil, que iniciou a emissão de papel-moeda, cujo valor era garantido pelo seu lastro, ou seja, por reservas correspondentes em ouro. Entretanto, quando D. João VI retornou a Portugal, levou não só a Corte mas também o tesouro nacional.
Golpe grave: as reservas bancárias da Colônia reduziram-se a 20 contos de réis. No dia 28 de julho de 1821, todos os pagamentos foram suspensos.
Passou-se a emitir papel-moeda sem lastro metálico suficiente, ocasionando a progressiva desvalorização do dinheiro.
Assim, quando D. Pedro I se tornou imperador do Brasil em 1822, encontrou os cofres vazios e uma enorme dívida pública. A independência brasileira começava praticamente sem fundos. Sob D. Pedro II a situação melhorou um pouco, devido ao aumento da produção industrial, ao café, e à construção de ferrovias e estradas, que permitiam um escoamento mais eficiente das riquezas.
A desvalorização, porém, já era um mal crônico e as crises financeiras se sucediam. Só em 1911 – em plena República – é que o dinheiro brasileiro registrou sua primeira alta no mercado internacional.
De lá para cá, muita coisa mudou na economia brasileira, inclusive a moeda, que trocou várias vezes de nome: ao réis sucedeu, em 1942, o cruzeiro (e as subdivisões em centavos), que em 1967 se transformou em cruzeiro novo, valendo mil vezes o antigo. Três anos depois. voltou a ser apenas cruzeiro, que 1986 passou a chamar-se cruzado, que em 1989 passou a chamar-se cruzado novo, que em 1990 voltou a chamar-se cruzeiro, que em 1993 passou a chamar-se cruzeiro real, que por sua vez passou a chamar-se em 1994 real.
MOEDAS DO MUNDO
Quando a divisão social do trabalho ainda não havia atingido grandes proporções e as sociedades eram menores, os homens podiam trocar diretamente sua mercadoria por outra de que necessitassem. Assim, se alguém tinha lã e precisava de couro, procurava quem possuísse couro e quisesse trocá-lo por lã. Como a possibilidade de troca dependia do grau de utilidade da mercadoria para cada pessoa, as trocas tornavam-se mais difíceis com o crescimento das comunidades. Era preciso encontrar um meio de troca, uma mercadoria que fosse aceita por todos. Esse meio de troca é a moeda.
Para que uma mercadoria seja aceita como moeda é preciso que haja um acordo entre os participantes do mercado. Conchas, peles, sal, gado, cereais, metais, serviram como moeda em épocas diferentes.
Sempre que uma mercadoria passava a ter valor de dinheiro, sua Procura aumentava. Ela devia ser acumulada para pagar dívidas, salários, etc. Por isso devia ter certas características físicas, como não se deteriorar e ser fácil de transportar e dividir. Dentre todas as mercadorias-moeda usadas, o ouro e a prata foram as que melhor se prestaram a essa finalidade.
Durante muito tempo os metais preciosos foram usados como meio de troca em forma de barras, lingotes, ou em pó, sem nenhum controle exterior ao dos participantes do mercado.
Em épocas que variaram para cada sociedade, o Estado passou a afixar seu selo na unidade monetária, de modo a torná-la oficial. Essa prática – a cunhagem da moeda – evitava sua falsificação.
O primeiro povo a usar moedas cunhadas foram os lídios, da Ásia Menor, por volta do século VII a.C.
Mas, segundo alguns autores, os chineses teriam utilizado moedas em tempos anteriores. As moedas primitivas tinham formas irregulares e eram cunhadas com estampas rústicas. Em certo período de sua história, os chineses adaptavam a forma de suas moedas à mercadoria que precisava ser comprada. Assim, a moeda destinada a comprar roupa era cunhada com a forma do corpo humano.
Até recentemente, o valor da moeda dependia do valor do metal de que era feita.
Atualmente, a maioria dos países usa moedas nominais: elas trazem estampado no metal seu valor e este não equivale ao valor do metal de que são feitas. Mas o governo garante seu valor de troca.
As moedas de metal são hoje substituídas, em grande escala, pelo papel-moeda, mais fácil de se carregar. Os pagamentos podem ser feitos também com cheques, emitidos por bancos autorizados pelo governo.
As pessoas depositam o dinheiro de que não necessitam imediatamente nos bancos e, através de cheques, podem efetuar pagamentos ou retirar seu dinheiro.
Atualmente o uso das moedas é controlado pelo governo de cada país. Cabe-lhe decidir qual a unidade básica de moeda em circulação, que papel-moeda deve ser feito e que metal deve ser empregado para fabricar moedas. O valor nominal da moeda está relacionado ao seu valor de compra.
O seu valor real depende da quantidade de mercadoria que pode ser comprada com ela. Se esse valor real cai, isto é, se a quantidade de mercadorias que se compra com ela é menor do que em tempos normais, diz-se que há inflação.
Mercadoria que serve de equivalente geral para todas as mercadorias. Bem de troca aceito numa comunidade de pagamentos. Reserva de valor. Ligação entre o presente e o futuro.
Esta série de definições reflete a dificuldade em conceituar a “moeda” (do latim, moneta) ou seu sinônimo “dinheiro? (da expressão denarius, uma das moedas romanas).
A moeda desempenha várias funções na economia de um país: instrumento de troca, reserva de valor, medida comum do calor dos bens, padrão de pagamentos futuros.
Seu aparecimento foi uma conseqüência do desenvolvimento do fenômeno da troca ou permuta de bens e serviços.
Do boi ao ouro
Antes que a moeda aparecesse. os povos escolhiam, para suas transações comerciais, produtos naturais ou fabricados que lhes eram familiares: assim, serviam de dinheiro as peles de animais entre os caçadores, peixe entre os pecadores, produtos da terra entre os agricultores.
Na “Ilíada” de Homero é citado o boi como moeda da época: século VIII a.C.
E foi do gado (em latim, pecus) que vieram as palavras pecúnia e pecúlio.
Quando se tornou necessário adotar um instrumento de troca menos perecível e menos volumoso que as mercadorias e objetos de uso Pensou-se logo num artigo apreciado por todos.
Assim o ouro passou a ser o metal monetário por excelência, embora outros também tivessem curdo como moeda: a prata o cobre, o níquel, etc.
Essas moedas eram, de início unidades de peso. Tinham a forma de barras irregulares e, para serem utilizadas nas transações, não dispensavam a balança.
Muitas das moedas atuais lembram essa particularidade no próprio nome. libra, peso, peseta…
Alguns comerciantes, entretanto para evitar o trabalho de pesagem, começaram gravar nas barras as suas marcas e o peso de cada uma, de tal modo que pudessem ser reconhecidas e recebidas em confiança.
Essa origem da moeda Fiduciária, ou dinheiro de confiança, como diz a palavra fiduciária (confiança).
As Falsificações no peso marcado levaram as autoridades a fazer a moeda em forma de discos cunhados dos lados e em toda a superfície. A cunhagem da moeda pelo Estada data provavelmente do século VII a.C., mas não se sabe a quem atribuir essa iniciativa. Talvez a Giges, rei da Lídia – grande,reino da Ásia Menor.
Do ouro ao papel
Aos poucos a moeda oficial se expandiu por toda parte e, no século III a.C., era de uso corrente em todo o mundo o civilizado. Mais tarde os primeiros grandes comerciantes – especialmente os grandes ourives da Idade Média – e também os primeiros banqueiros passaram a fornecer um bilhete (ou recibo) às pessoas que depositavam valores e moedas de ouro em seus cofres. Com o tempo, notaram que esses bilhetes circulavam livremente. Quase ninguém retirava o ouro depositado. Surgiram então outros bilhetes que emitidos como promessa de pagamento, pois podiam ser trocados por ouro quando desejasse seu possuidor. A esse recibo conversível se dá o nome de moeda-papel.
Muitos banqueiros, porém, abusando da confiança e raciocinando que não era necessário ter 100% da reserva em ouro passaram a emitir em quantidade, de sorte que os bilhetes não mais ofereciam garantia de conversão em ouro. Essa nota desvalorizada chama-se modernamente de papel-moeda, cuja circulação e aceitação são asseguradas por lei. Possui, pois, um valor legal, sem qualquer direito de conversibilidade em metal.
A teoria econômica distingue, portanto, em resumo, dois tipos de moedas:
1. Moeda metálica: Moedas de ouro ou prata (ou moeda-mercadoria); e moedas divisionárias (ou moedas de troco).
2. Moeda fiduciária: Moeda-papel (ou bilhete de banco), conversível em metal; moeda escritural (ou moeda bancária), constituída por cheques, ordens de pagamentos, títulos de crédito, etc.
O valor da moeda está em relação com a quantidade de bens e serviços que ela pode pagar, uma vez que os valores monetários não são mais medidos pelo padrão-ouro.
Eis algumas das moedas do mundo:
Libra esterlina: É a moeda inglesa que, ao contrário das outras, não seguia o sistema decimal até 1970, ano em que passou a ser dividida em cents, ao invés de 20 xelins (shillings) e 12 pence (Plural de penny). Provavelmente, a primeira cunhagem de libras esterlinas remonta ao reinado de Ricardo II, em 1190. A palavra “esterlina” vem de steora ou star (estrela), ou talvez do nome da família Esterlings, habilidosos na cunhagem de ouro.
Dólar: É a moeda norte-americana, de fundamental importância no mercado internacional. Seu nome deriva da palavra alemã taler, moeda mandada cunhar na Boêmia em 1517, com prata da mina de Saint Joachimsthal (vale de São Joaquim), e que de início eram chamadas de Joachimstaler.
Lira: O dinheiro italiano é um dos mais antigos em circulação. Seu nome vem do latim libra, equivalente ao peso de 8 onças (1 onça = 30 g). A primeira cunhagem foi ordenada por Carlos Magno, em 790. Naquela época tinha tanto valor que era possível viver com uma lira por todo um ano. Depois esse valor se foi depreciando enquanto o uso se estendia por toda a Itália. Napoleão Bonaparte lá chegou, no início do século passado decidiu unificar a moeda, pois existiam liras romanas, florentinas, vênetas, etc. Assim, em 1806 surge a primeira lira italiana, com o peso de 5 g de prata.
Franco: Tem mais de 600 anos, pois foi em 1360 que o Rei João II, da França, fez cunhar uma moeda que representava o soberano a cavalo e armado. Foi chamada de franc a cheval, isto é, Franco a cavalo, por causa da inscrição Francorum Rex (Rei dos Francos) que trazia gravada. Existiam também os franc a pied, que representavam o rei a pé.
Rublo: A primeira cunhagem de moedas metálicas na Rússia remonta ao século Xll. Um século depois, foi adotada uma moeda de prata chamada rublo, nome provavelmente derivado da palavra russa rubl (do verbo rubitj, cortar). De fato, o antigo rublo era um pedaço de prata sem cunhagem, que servia para o cálculo do valor das transações. A primeira cunhagem regular do rublo (o chamado rublo-escudo) foi no século XVII.
Marco: O nome da moeda alemã procede da palavra medieval marc, que significa sinal (marco ou marca). Inicialmente foi uma unidade de peso, com o valor de 8 onças. Nos fins do século X, o marco surge como moeda nos países da Europa ocidental, especialmente na Inglaterra. Na Alemanha, fala-se dele pela primeira vez num documento de 1088-1092, mas é muito provável que tenha sido adotado antes disso. A partir do século XIII, o dinheiro de ouro ou prata mais usado nos reinos germânicos foi o marco de Colônia ou marco imperial.
Zloty: Este é o nome da moeda polonesa. É único que faz referência ao ouro. Pois a palavra significa literalmente dourado.
Peça metálica (ouro, prata. cobre e. atualmente. metais de pouco valor) cunhada pela autoridade monetária de um país. cujo valor (seja intrínseco ou convencionado) serve como medida para fixar o preço dos bens e como meio de pagamento nos intercâmbios comerciais.
Fonte: www.globalexchange.es/www.ufrgs.br/www.globalexchangebrasil.com.br/www.jcpaes.hpg.ig.com.br
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