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Caatinga – O que é
É o nome coletivo atribuído ao ecossistema semiárido do leste da América do Sul. Alguns autores usam este termo como um nome geral para um tipo de floresta amazônica delgada.
Nome atribuído por fitogeógrafos às savanas tropicais do escudo central brasileiro. A vegetação do cerrado é subdividida em quatro categorias: campo limpo, pastagens com arbustos espalhados, campo cerrado (ou seja, campos fechados ou pastagens com numerosas árvores e arbustos), e cerradão (ou seja, quando a vegetação é dominada por uma copa fechada de árvores).
A caatinga é o tipo de vegetação mais característico do semi-árido do Nordeste. É geralmente associada a áreas de depressão nas quais predomina um clima semi-árido, com estação chuvosa curta e irregular. De modo geral, é rara a ocorrência de caatinga em cordilheiras.
No entanto, na Chapada Diamantina ocorrem manchas de caatinga onde o clima mostra-se mais seco do que das áreas circunvizinhas, geralmente nas encostas ocidentais das principais serras, tornando-se mais conspícuas no sentido leste-oeste.
Muitas das áreas de caatinga da Chapada Diamantina ocorrem como faixas ecotonais onde se mesclam elementos de caatinga com alguns componentes de cerrado ou de campo rupestre. Estas áreas são localmente conhecidas como carrasco.
Estas manchas de caatinga encontram-se em altitudes de 500 a 900m e apresentam grande diversidade em grupos taxonômicos. Alguns táxons são considerados endêmicos da caatinga na Chapada Diamantina como os gêneros Raylea (Sterculiaceae), Mysanthus (Leguminosae), Heteranthia (Scrophulariaceae) e Holoregmia (Martiniaceae). Dentre as espécies endêmicas pode-se citar Portulaca werdemanii Poelln. (Portulacaceae), Melocactus glaucescens Buin. & Bred. (Cactaceae), entre outras (Velloso et al., 2002).
A fisionomia da Caatinga na Chapada Diamantina é fortemente influenciada pela formação geológica. Sobre terrenos calcários podemos encontrar formas arbóreas onde ocorrem Pseudopiptadenia brenanii, Amburana cearensis, Pterogyne nitens (Leguminosae) e Pereskia bahiensis (Cactaceae). Nos solos arenosos ou pedregosos ocorrem como formações densas principalmente arbustivas constituídas principalmente de Leguminosae (Piptadenia viridiflora, Mimosa gemmulata, Acacia langsdorffii) e Euphorbiaceae (Croton spp.).
Fauna da Caatinga
Peixes
Foram amostradas quatro localidades neste ecossistema, com média de 07 espécies amostradas por local. Foram registradas espécies não-nativas e uma espécie exótica de tilápia. Além da introdução de espécies, a formação de pequenas represas para irrigação constituíram-se nas maiores formas de agressão à ictiofauna.
Anfíbios
Algumas diferenças foram observadas entre os dois pontos amostrados de caatinga (Morro do Chapéu e Juciape) amostrados, talvez devido à distância entre eles e influência do cerrado sobre a caatinga de Juciape. Dessa forma, na caatinga de Juciape, entre outras espécies, registramos Hyla albopunctata (espécie muito encontrada nos cerrados). Por outro lado, na caatinga de Morro do Chapéu registramos espécies características de ambiente secos como Corythomantis greeningi, Pleurodema diplolistris e Leptodoctylus troglodytes. Vale ressaltar que o ano de 2003 foi atípico quanto ao período de precipitação, influenciando principalmente os resultados obtidos para os pontos de caatinga.
Répteis
Os lagartos e serpentes observados na caatinga foram típicos desse ambiente, como Ameiva ameiva (calango verde) Cnemidophorus ocellifer (calanguinho) e Oxirhopus trigeminus (falsa coral), Phyllodryas olfesii, etc.
Chamamos a atenção apenas para a espécie Tropidurus cocorobensis registrada apenas para a caatinga de Morro do Chapéu. Este lagarto também pode ser encontrado em ambiente de campo rupestre desta cidade.
Aves
Uma das espécies de aves mais características e fácil de ser vista em áreas de caatinga da Chapada Diamantina é o periquito-vaqueiro, ou suiá (Aratinga cactorum). Os pequenos grupos voam fazendo um grande estardalhaço. Outra ave sempre presente é a picuí (Columbina picui), uma pequena pombinha de coloração cinza claro, que sempre é vista aos pares no solo, procurando pequenas sementes para se alimentar.
Caatinga – Biodiversidade
Apesar das dificuldades socioeconômicas do sertão e da imagem de solo e vida pobres, cientistas brasileiros revelam o lado rico em biodiversidade da caatinga, único ecossistema totalmente compreendido em território nacional.
Biólogos listam as espécies de répteis, aves e mamíferos encontradas na região e alertam: é preciso criar, o quanto antes, pelo menos oitenta áreas de preservação nos 800.000 km2 de semi-árido. A onça-pintada, encontrada na caatinga, está entre as espécies ameaçadas de extinção.
A caatinga é um ecossistema diferenciado dos demais pelo fato de ser o único que se situa totalmente dentro dos limites territoriais brasileiros. A biodiversidade ali encontrada sempre foi considerada pobre, quando comparada à de ecossistemas como o Pantanal Mato-grossense ou à Floresta Equatorial da Amazônia, que abrigam milhares de espécies endêmicas da fauna e da flora. Mas um olhar um pouco mais apurado sobre a biologia da caatinga revela surpresas no que diz respeito à riqueza de sua biodiversidade. Foi o que fez o herpetólogo (estudioso de répteis e anfíbios) da Universidade de São Paulo (USP), Miguel Trefaut Rodrigues, professor de Biociências especialista em lagartos, que pesquisou espécies animais que vivem nas dunas do pequeno Saara brasileiro.
Rodrigues chegou à caatinga disposto a encontrar, principalmente nas dunas de areia, novas espécies de lagartos e anfisbenídeos, um grupo de répteis de corpo alongado, sem cauda, cujos representantes são popularmente chamados de cobra-de-duas-cabeças. O professor descobriu que a região funciona como uma bomba de especiação, já que, em relação a esses animais, metade vive próximo à região de Santo Inácio, situada na margem esquerda do rio São Francisco, enquanto 37% das espécies da caatinga são endêmicas das dunas. É preciso lembrar que a área das dunas ocupa menos de um por cento de toda a caatinga (7.000 km2 de região semi-árida).
As pesquisas nesse ecossistema ganharam impulso nos últimos anos, principalmente a partir de 2000. A literatura científica já registra 47 espécies de lagartos, 52 de serpentes, dez de anfisbenídeos e 48 anfíbios, sem contar grupos de invertebrados. Mas as pesquisas que visam à compreensão dos processos de evolução e formação das espécies que ali vivem atualmente exigem estudos geomorfológicos sobre a região.
Por volta de doze mil anos atrás (final do último período de glaciação), o rio São Francisco não chegava até o oceano Atlântico, como hoje. O rio desaguava em um grande lago natural, onde, em seu entorno, viviam juntas diversas espécies de lagartos. Mais tarde, quando as águas transpuseram as serras do norte da Bahia e o rio chegou ao oceano, as espécies que formavam uma única comunidade foram separadas, dando início ao processo de especiação por isolamento geográfico. Isso fez com que, anos depois, herpetólogos descobrissem que apesar de serem morfologicamente muito parecidas, havia diferenças genéticas entre espécies irmãs de lagartos que viviam nas margens opostas do São Francisco.
Preservação
O nível de importância de um ecossistema se dá, entre outros fatores, em função da biodiversidade observada. E graças à riqueza da caatinga, organizações não-governamentais como a Conservação Internacional defendem a criação urgente de parques nacionais de proteção ambiental na caatinga, principalmente na região do Médio São Francisco, onde estão as dunas. “O número de áreas protegidas está muito aquém das reais necessidades”, afirma Mônica Fonseca, bióloga e pesquisadora da instituição, que, em seu último estudo sobre o ecossistema, constatou que apenas dois por cento do semi-árido está dentro de parques. Segundo ela, esse percentual deveria subir para 59,4%.
Mas não é apenas nas dunas da caatinga que são encontradas espécies animais. Segundo o ictiólogo Ricardo Rosa, da Universidade Federal da Paraíba, já foram descobertas 240 espécies de peixes de água doce.
Entre as aves, a constatação da riqueza de vida do semi-árido não é diferente: são 510 espécies, sendo que mais de noventa por cento delas reproduzem-se na própria região, o que descarta a possibilidade de estarem na caatinga apenas durante alguma migração. Na lista de aves do ecossistema em processo de extinção aparecem espécies conhecidas, como o maracanã (Ara maracana) e o pintassilgo-do-nordeste (Carduellis yarelli), o que reforça a necessidade de criação de áreas de preservação ambiental.
Apesar das imagens de carcaças em processo de decomposição que povoam o imaginário brasileiro, a caatinga também é berço de espécies de mamíferos, como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira e a jaguatirica, que vivem na serra da Canastra. Das 143 espécies que ocorrem no ecossistema e que foram listadas pelo zoólogo João Alves de Oliveira, do Museu Nacional, dezenove são endêmicas da região.
Entre os primatas, são encontrados duas variações de guaribas: o macaco-prego e o macaco-sauá, recém-descoberto na região de Canudos.
A aridez do sertão e as dificuldades encontradas pelo sertanejo foram ricamente retratadas pelo jornalista e escritor Euclides da Cunha, principalmente em seu clássico Os Sertões, no qual apresenta as maravilhas da caatinga. Aquele magnífico cenário, porém, está sendo degradado. Segundo dados recentes, estima-se que trinta por cento de todas as caatingas tenham sofrido algum grau de degradação pelo homem, o que leva à fragmentação das áreas intactas em ilhas de vegetação. Trata-se de um problema para um ecossistema que, sabe-se agora, é rico em flora e fauna.
Caatinga – Formação Vegetal
O Rio Grande do Norte apresenta uma cobertura vegetal pouco diversificada, com 80% do território contemplado pela vegetação da CAATINGA (inserido no semi-árido). Nos 20% restantes ocorrem a Floresta Estacional Semi-caducifólia; a Floresta Ombrófila (Mata Atlântica), os Manguezais, os Brejos de Altitudes e os Carnaubais.
A formação vegetal da caatinga, de acordo com as características ligadas ao maior ou menor grau de xerofitismo, compreende dois tipos: a Caatinga Hiperxerófila e a Caatinga Hipoxerófila que recobrem cerca de 60% e 20%, respectivamente, da superfície estadual.
A palavra caatinga, de origem tupi, significa mata branca. A razão para esta denominação reside no fato de apresentar-se a caatinga verde somente no inverno, a época das chuvas, de curta duração. No restante do ano a caatinga, inteiramente, ou parcialmente, sem folhas, apresenta-se clara; a vista penetra sem dificuldade até grande distância, perscrutando os caules esbranquiçados que na ausência da folhagem dão o tom claro a essa vegetação.
É esse aspecto claro o que mais perdura, pois a seca persiste por muito mais tempo; em certas ocasiões pode prolongar-se por nove meses ou mais, e, em alguns casos, nada chove durante anos sucessivos. As temperaturas são, em geral, muito elevadas, as umidades relativas médias são baixas, e as precipitações pluviométricas médias anuais situam-se entre 250 e 500 mm aproximadamente. Há lugares em que chove menos. A duração da estação seca também é muito variável, em geral superior a 7 meses. As chuvas ocorrem no inverno que não é a estação fria, mas é a menos quente. O verão é muito quente.
O nordestino usa a palavra inverno não para indicar a época fria (que não existe), mas para designar o período das chuvas. É característica da caatinga não só a escassez mas também a irregularidade da precipitações pluviais.
Os solos são de origem variável. Quanto ao seu potencial químico, são tidos, em geral, como férteis. Do ponto de vista físico, via de regra apresentam boa permeabilidade e são bem arejados. À superfície ocorrem, com freqüência, fragmentos de rochas, de tamanhos variáveis, testemunhando intenso trabalho de desagregação mecânica. Os rios raramente são perenes. Geralmente “cortam” (isto é, secam, interrompem seu curso) no verão, mesmo rios caudalosos no inverno. Nos vales a água pode-se acumular num lençol subterrâneo. Os poços ou cacimbas construídos pelo homem para reservarem água para a estação seca contêm, em geral, água salobra, que, na maioria das vezes, não pode ser utilizada nem mesmo pelos animais. A água salobra também pode persistir durante a seca, no leito dos rios, em depressões chamadas caldeirões.
Fonte: www.uefs.br/www.miniweb.com.br/www.zoologiarn.hpg.ig.com.br/
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