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Nos campos começaram a escassear os animais. Nos rios e nas lagoas, dificilmente se via a mancha prateada de um peixe.
Nas matas já não havia frutas, nem por lá apareciam caças de grande porte: onças, capivaras, antas, veados ou tamanduás. No ar do entardecer, já não se ouvia o chamado dos macucos e dos jacus, pois as fruteiras tinham secado.
Os índios, que ainda não plantavam roças, estavam atravessando um período de penúria. Nas tabas tinha desaparecido a alegria, causada pela abastança de outros tempos. Suas ocas não eram menos tristes. Os velhos, desconsolados, passavam o dia dormindo na esteira, à espera de que Tupã lhes mandasse um porungo de mel. As mulheres formavam roda no terreiro e lamentavam a pobreza em que viviam.
Os curumins cochilavam por ali, tristinhos, de barriga vazia. E os varões da tribo, não sabendo mais o que fazer, trocavam pernas pelas matas, onde já não armavam mais laços, mundéus e outras armadilhas.
Armá-los para quê?
Nos carreiros de caça, o tempo havia desmanchado os rastos, pois eles datavam de outras luas, de outros tempos mais felizes.
E o sofrimento foi tal que, certa vez, numa clareira do bosque, dois índios amigos, da tribo dos guaranis, resolveram recorrer ao poder de Nhandeyara, o grande espírito.
Eles bem sabiam que o atendimento do seu pedido estava condicionado a um sacrifício.
Mas que fazer?
Preferiram arcar com tremendas responsabilidades a verem a sua tribo e seus parentes morrerem de inanição, a míngua de recursos.
Tomaram essa resolução e, a fim de esperar o que desejavam, se estenderam na relva esturricada. Veio a noite. Tudo caiu num pesado silêncio, pois já não havia vozes de seres vivos. De repente, a dois passos de distância, surgiu-lhe pela frente um enviado de Nhandeyara.
– Que desejais do grande espírito? – Perguntou.
– Pedimos nova espécie de alimento, para nutrir a nós mesmos e a nossas famílias, pois a caça, a pesca e as frutas parecem ter desaparecido da terra.
– Está bem – respondeu o emissário. Nhandeyara está disposto a atender ao vosso pedido. Mas para isso, deveis lutar comigo, até que o mais fraco perca a vida.
Os dois índios aceitaram o ajuste e se atiraram ao emissário do grande espírito. Durante algum tempo só se ouviu o arquejar dos lutadores, o baque dos corpos atirados ao chão, o crepitar da areia solta atirada sobre as ervas próximas. Dali a pouco, o mais fraco dos dois ergueu os braços, apertou a cabeça entre as mãos e rolou na clareira…
Estava morto. O amigo penalizado, enterrou-o nas proximidades do local.
Na primavera seguinte, como por encanto, na sepultura de Auaty (assim se chamava o índio) brotou um linda planta de grandes folhas verdes e douradas espigas.
Em homenagem a esse índio sacrificado em benefício da tribo, os guaranis deram o nome de auaty, ao milho, seu novo alimento.
Origem do Milho – Cultura Alimentar
Cultivado pela primeira vez no México há cerca de 5.000 anos, o milho logo se tornou a cultura alimentar mais importante na América Central e do Norte. Em toda a região, nativos americanos, maias, astecas e outros índios adoravam os deuses do milho e desenvolveram uma variedade de mitos sobre a origem, plantio, cultivo e colheita do milho (também conhecido como milho).
Deuses e Deusas do Milho. A maioria das divindades do milho são femininas e associadas à fertilidade. Eles incluem a deusa Cherokee Selu; Mulher Amarela e a deusa mãe do milho Iyatiku do povo Keresan do sudoeste americano; e Chicomecoatl, a deusa do milho que era adorada pelos astecas do México.
Os maias acreditavam que os humanos haviam sido feitos de milho e baseavam seu calendário no plantio do milharal.
Os deuses masculinos do milho aparecem em algumas lendas. Os astecas tinham um homólogo masculino de Chicomecoatl, chamado Centeotl, a quem ofereciam seu sangue todos os anos, bem como alguns deuses menores do milho conhecidos como Centzon Totochtin, ou “os 400 coelhos”. A figura Seminole Fas-ta-chee, um anão cujos cabelos e corpo eram feitos de milho, era outro deus masculino do milho. Ele carregava um saco de milho e ensinava aos Seminoles como cultivar, moer e armazenar milho para alimentação. Os Hurons do nordeste da América do Norte adoravam Iouskeha, que fazia milho, dava fogo aos Hurons e trazia bom tempo.
O povo Zuni do sudoeste dos Estados Unidos tem um mito sobre oito donzelas de milho. As jovens são invisíveis, mas seus belos movimentos de dança podem ser vistos quando dançam com o milho que cresce ao vento. Um dia, o jovem deus Paiyatemu se apaixonou pelas donzelas e elas fugiram dele. Enquanto eles estavam fora, uma terrível fome se espalhou pela terra. Paiyatemu implorou às donzelas que voltassem, e elas voltaram para o Zuni e recomeçaram sua dança. Como resultado, o milho voltou a crescer.
Origens do milho
Um grande número de mitos indianos trata da origem do milho e de como ele passou a ser cultivado pelos humanos. Muitos dos contos se concentram em uma “Mãe do Milho” ou outra figura feminina que apresenta o milho às pessoas.
Em um mito, contado pelos Creeks e outras tribos do sudeste dos Estados Unidos, a Corn Woman é uma velha que vive com uma família que não sabe quem ela é.
Todos os dias ela alimenta os pratos de milho da família, mas os membros da família não conseguem descobrir onde ela consegue a comida.
Um dia, querendo descobrir onde a velha consegue o milho, os filhos a espiam. Dependendo da versão da história, o milho são crostas ou feridas que ela esfrega do corpo, lavagens dos pés, unhas cortadas ou até mesmo as fezes. Em todas as versões, a origem do milho é repugnante e, uma vez que os familiares conhecem sua origem, se recusam a comê-lo.
Divindade Deus ou Deusa
Milho
A Mulher do Milho resolve o problema de várias maneiras. Em uma versão, ela diz aos filhos para limpar um grande pedaço de terra, matá-la e arrastar seu corpo pela clareira sete vezes. No entanto, os filhos limpam apenas sete pequenos espaços, cortam sua cabeça e a arrastam pelos sete pontos. Onde quer que seu sangue caísse, milho crescia. Segundo a história, é por isso que o milho só cresce em alguns lugares e não em todo o mundo.
Em outro relato, a Mulher do Milho diz aos meninos para construir um berço de milho e trancá-la dentro dele por quatro dias. Ao fim desse tempo, eles abrem o berço e o encontram cheio de milho.
A Mulher do Milho mostra a eles como usar o milho.
Outras histórias sobre a origem do milho envolvem deusas que escolhem homens para ensinar os usos do milho e difundir o conhecimento para seu povo. Os índios Seneca do Nordeste falam de uma bela mulher que morava em um penhasco e cantava para a aldeia abaixo. Sua canção dizia a um velho para subir ao topo e ser seu marido. A princípio, ele recusou porque a subida era muito íngreme, mas os aldeões o convenceram a ir.
Quando o velho chegou ao topo, a mulher pediu que ele fizesse amor com ela. Ela também o ensinou a cuidar de uma planta jovem que cresceria no local onde eles faziam amor. O velho desmaiou ao abraçar a mulher e, quando acordou, a mulher havia desaparecido. Cinco dias depois, ele voltou ao local para encontrar uma planta de milho. Ele descascou o milho e deu alguns grãos para cada membro da tribo.
Os Seneca então compartilharam seus conhecimentos com outras tribos, espalhando milho pelo mundo.
Milho – História e Mito
Milho
O milho, como todos os cereais, nasceu com o homem e com que facilidade a história do seu nascimento encontra o mito. A domesticação do milho ocorreu há cerca de 9.000 anos, mas pouco se sabe historicamente, muito se conta através de lendas.
O milho tem sido de importância crucial para todas as civilizações mesoamericanas. Maias, Incas e Astecas, todas essas civilizações misteriosas consideravam o milho um presente de e para as divindades.
Na tradição maia, o terceiro deus em ordem de importância, depois do deus do céu e do deus da chuva, era Yam kax, deus do milho. Ele foi retratado como um jovem com olhos e orelhas grandes e salientes, a cabeça adornada com uma espiga de milho. Rituais e oferendas ao deus do milho eram de suma importância e aconteciam em intervalos regulares.
O mito maia da criação conta como os primeiros humanos foram modelados a partir da farinha de milho.
Foi Cristóvão Colombo quem primeiro pensou em importar milho para a Europa: na Itália chegou em 1530 tanto na região do Vêneto onde teve um sucesso extraordinário, depois no Reino de Nápoles e depois no estado papal, onde foi chamado milho, não porque veio do império turco, mas porque tudo que vinha dos países que não eram cristãos era chamado de turco!
Nos séculos seguintes, o milho logo se tornou alimento para pessoas pobres como agricultores. Naquela época não se sabia que o consumo diário de polenta, quando não acompanhado de outros alimentos, causaria uma doença chamada pelagra, que gerava muitos problemas de saúde.
Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br/www.mythencyclopedia.com/www.chianticookingexperience.com
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