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O Canhambora é um homem preto, grande e feio, que rouba crianças.
Assombração dos negros mortos a pancadas.
Pode ser bicho, metade homem e metade cavalo, que agride caçadores.
Tem, por vezes, cabelos compridos até os pés.
Ressuscita animais mortos e mata os homens.
Canhambora – História
Amadeu Amaral deixou-o num claro verbete em seu “Dialeto Caipira”, São Paulo, p. 105, 1920: Escravo fugido, que geralmente vivia em quilombolas ou malocas pelos matos. Beaupaire Bohan regista as variantes “caiambola, ca-lhambola, canhambola, canhambora, canhembora, caiam-bora”.
Segundo Anchieta, citado pelo mesmo, o tupi “ca-nhembara” significa fugido e fugitivo.
Houve talvez alguma confusão com “quilombola”, determinando todas as variantes em ola, ora, que ficam consignadas.
Quando, em 1917, Monteiro Lobato dirigiu o inquérito paulista sobre o Saci-Pererê, reunindo depois em volume, o velho Canhambora ressurgiu nos depoimentos, desfigurado mas vivo nas memórias fiéis.
O Canhembora foi, em outras eras, um terrível ladrão de gado, esconjurado solenemente pelos criadores prejudicados.
O sr. A. Beinke desenhou-o sob o aspecto do Caapora, governador das caças.
Um caboclo velho, barbado e tido na zona como incapaz de mentir, conta que, quando moço, era caçador apaixonado. Saiu um dia para a diversão e não tendo reparado que esse dia era santo, soltou os cachorros no mato. Depois de muito esperar, ouviu o latido do melhor cachorro da matilha e, logo após, uma quantidade enorme de porcos do mato que, grunhindo, passavam junto dele; esperou o último e qual não foi o seu espanto quanto viu, montado no último porco, um homem alto, coberto de pelos, só tendo nua uma roda, em torno do umbigo!
Canhambora
Era o Canhambora, disse ele, e voltei num carreirão paia casa até hoje nunca mais cacei. (p. 148-149).
Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br/www.consciencia.org
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