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Em 1938 o físico alemão Otto Hahn descobriu a fissão nuclear. Logo o feito estava numa revista científica, Die Naturwissenschaften. A novidade se espalhou pelo mundo e a Alemanha começou a Segunda Guerra Mundial anexando terras e perseguindo judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais e opositores à sua política.
Em 29 de abril de 1939 Niels Bohr fez uma palestra em Washington e disse que uma reação em cadeia causada por nêutrons lentos demandaria uma quantidade absurda de U235. (Mais tarde, descobriu-se que nêutrons lentos não produzem uma reação de fissão em cadeia.) Neste mesmo dia, antes de qualquer outro país, foi instalado um programa de pesquisas secreto sobre o assunto em Berlin, o primeiro ato foi suspender a exportação de urânio para fora do Reich.
O Projeto de urânio é o codinome do projeto de energia nuclear desenvolvido pelo Departamento das Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial
Em 16.09.1939, o Departamento de Armas do Exército Alemão reuniu cientistas para o Projeto Urânio de fissão nuclear para uso em novos armamentos.
Os organizadores foram Kurt Diebner e seu assistente, Erich Bagge, ambos membros do Partido Nazista.
Em 26.09.1939, Diebner convocou uma segunda reunião sobre o assunto, incluindo Werner Heisenberg, Carl Friedrich von Weizsäcker, Paul Harteck e Otto Hahn.
Heisenberg sugeriu a construção de um reator nuclear, que com bastante urânio enriquecido poderia explodir. O programa de fissão ficou estabelecido no novo Instituto de Física Kaiser Wilhelm (KWI) em Berlin-Dahlem. A pesquisa tornou-se segredo de estado e os resultados obtidos não seriam publicados.
Perguntaram se seria possível construir uma arma nuclear em nove meses. Não!. A responsabilidade saiu do Heerewaffensamt e passou para o Reichsforschungrat. Erros de cálculos aritméticos sobre a massa crítica (quantidade de urânio para sustentar uma reação nuclear em cadeia) levaram a pensar que seriam necessárias muitas toneladas de U235 ao invés das dezenas usadas em Little Boy.
Desencorajados, abandonaram o projeto de uma bomba e começaram a pensar em reatores que poderiam levá-los a acumular plutônio.
Este erro deu aos alemães a sensação de segurança, pois parecia que a fissão nuclear de nada seria útil naquele momento para uso na guerra tanto para os Aliados quanto para eles.
Em setembro de 1941 Heisenberg e Carl Friedrich von Weizsäcker visitaram Niels Bohr em Copenhagen. Bohr e Heisenberg já tinham trabalhado na década de 20 no desenvolvimento da Física Quântica, mas a posição política de cada um produziu um encontro constrangedor entre os cientistas.
Em 05.12.1941 o Exército pediu uma revisão no Projeto Urânio devido ao fato de não poder custear programas que não fornecessem resultados a curto prazo, considerando até mesmo seu cancelamento.
Em março de 1942 o ministro do Reich Albert Speer colocou a economia alemã em ritmo de guerra e o projeto perdeu prioridade.
Em junho de 1942 um reator de pesquisa pegou fogo e numa reunião com cientistas Speer aprovou recursos para a construção de um novo reator, embora os problemas técnicos ainda continuassem.
Três grupos de pesquisa trabalhavam para desenvolver uma arma nuclear, uma equipe chefiada por Heisenberg em Leipzig, uma segunda no Kaiser-Wilhelm-Institut em Berlin (W. Heisenberg, C.F. v. Weizsäcker, Karl Wirtz) e uma terceira equipe sob comando militar em Berlin-Gattow.
Em 1943 Berlin já sofria muito com a artilharia aérea. Arrumaram um local mais seguro no sudeste. Mais tranqüilo e se caíssem nas mãos dos aliados, não seria dos soviéticos.
Em 1944 Walter Gerlach assumiu a direção do projeto. Escolheu uma adega de cerveja situada abaixo de uma igreja em Haigerloch.
Projeto Urânio – abril de 1945
Com a tomada de Berlin e a rendição alemã os Aliados capturaram os cientistas do Projeto Urânio -Otto Hahn, Max von Laue, Walter Gerlach, Werner Heisenberg, Paul Harteck, Carl Friedrich von Weizsäcker, Karl Wirtz, Erich Bagge, Horst Korsching e Kurt Diebner. 1.200 t de urânio alemão foram apreendidas e enviadas para enriquecimento nos EUA e utilizadas na fabricação de armas. Caso Hitler tivesse resistido por outros três meses (ele próprio capitulou em 30 de abril de 1945 com seu suicídio), a Alemanha poderia ter sido o primeiro país atingido por uma bomba nuclear.
Os cientistas alemães foram levados para a Inglaterra, ficando detidos de julho a janeiro de 1946 em Farm Hall, uma propriedade no campo onde foram mantidos aprisionados e sob escuta secreta.
Durante o bombardeio de Hiroshima, Heisenberg e os demais foram informados do êxito norte-americano.
A princípio pensaram que fosse um blefe. (Impossível que tenham 10 t de U235 puro!)
Farm Hall
O programa soviético, por sua vez, começou no segundo semestre de 1945 baseado nos diagramas e descrições dados por Klaus Fuchs e pela Inteligência soviética.
Fonte: www.energiatomica.hpg.ig.com.br
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