Obras Literárias

março, 2017

  • 24 março

    Como se inventaram os almanaques

    Machado de assis Some-te, bibliógrafo! Não tenho nada contigo. Nem contigo, curioso de histórias poentas. Sumam-se todos; o que vou contar interessa a outras pessoas menos especiais e muito menos aborrecidas. Vou dizer como se inventaram os almanaques. Sabem que o Tempo é, desde que nasceu, um velho de barbas …

  • 24 março

    O Menino Perdido

    Pablo Neruda Lenta infância de onde como de um pasto comprido cresce o duro pistilo, a madeira do homem. Quem fui? O que fui? O que fomos? Não há resposta. Passamos. Não fomos. Éramos. Outros pés, outras mãos, outros olhos. Tudo foi mudando folha por folha, na árvore. E em …

  • 24 março

    Cavalo dos Sonhos

    Pablo Neruda Desnecessário, me olhando nos espelhos, com um gosto de semanas, de biógrafos, de papeis arranco do meu coração o capitão inferno, estabeleço clausulas indiferentemente tristes. Vago de um ponto a outro, absorvo ilusões, converso com os alfaiates nos seus ninhos: eles, freqüentemente, com voz fatal e fria cantam …

  • 24 março

    Assim é Minha Vida

    Pablo Neruda Meus deveres caminham com meu canto. Sou e não sou: é esse meu destino. Não sou, se não acompanho as dores dos que sofrem: são dores minhas. Porque não posso ser sem ser de todos, de todos os calados e oprimidos. Venho do povo e canto para o …

  • 24 março

    Amor Perdido…

    Pablo Neruda Eu fiz retroceder a muralha de sombra, e caminhei além do desejo e do ato. Oh carne, carne minha, mulher que amo e perdi, a ti, nesta úmida, evoco e elevo o canto. Como um vaso abrigaste a infinita ternura, e o esquecimento infindo te partiu como a …

  • 24 março

    Antes de Amar-te…

    Pablo Neruda Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e …

  • 24 março

    Mulheres – Pablo Neruda

    Pablo Neruda Elas sorriem quando querem gritar. Elas cantam quando querem chorar. Elas choram quando estão felizes. E riem quando estão nervosas. Elas brigam por aquilo que acreditam. Elas levantam-se para injustiça. Elas não levam “não” como resposta quando acreditam que existe melhor solução. Elas andam sem novos sapatos para …

  • 24 março

    Tu Eras Também uma Pequena Folha

    Pablo Neruda Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram …

  • 24 março

    Posso Escrever os Versos Mais Tristes

    Pablo Neruda Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me …

  • 24 março

    Pedras Antárticas

    Pablo Neruda Ali termina tudo e não termina: ali começa tudo se despedem os rios no gelo, o ar se há casado com a neve, não há ruas nem cavalos e o único edifício o construiu a pedra. Ninguém habita o castelo nem as almas perdidas que frio e vento …