Obras Literárias

abril, 2017

  • 10 abril

    Canto do Meu Canto

    Thiago de Mello Escrevi no chão do outrora e agora me reconheço: pelas minhas cercanias passeio, mal me freqüento. Mas pelo pouco que sei de mim, de tudo que fiz, posso me ter por contente, cheguei a servir à vida, me valendo das palavras. Mas dito seja, de uma vez …

  • 10 abril

    A Vida Verdadeira

    Thiago de Mello Pois aqui está a minha vida. Pronta para ser usada. Vida que não guarda nem se esquiva, assustada. Vida sempre a serviço da vida. Para servir ao que vale a pena e o preço do amor Ainda que o gesto me doa, não encolho a mão: avanço …

  • 10 abril

    As Ensinanças da Dúvida

    Thiago de Mello Tive um chão (mas já faz tempo) todo feito de certezas tão duras como lajedos. Agora (o tempo é que fez) tenho um caminho de barro umedecido de dúvidas. Mas nele (devagar vou) me cresce funda a certeza de que vale a pena o amor

  • 10 abril

    Arte de Amar

    Thiago de Mello Não faço poemas como quem chora, nem faço versos como quem morre. Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira quando muito moço; achava que tinha os dias contados pela tísica e até se acanhava de namorar. Faço poemas como quem faz amor. É a mesma luta …

  • 10 abril

    A Rosa Branca

    Thiago de Mello Não me inquieta se o caminho que me coube – por secreto desígnio – jamais floresce. Dentro de mim, sei que existe, oculta, uma rosa branca. Incólume rosa. E branca. Não pude colhê-la: mal nascera e logo perdi-me nos labirintos do tempo, onde desde então pervago apenas …

  • 10 abril

    Aprendiz do Espanto

    Thiago de Mello Antes que venham ventos e te levem Não deflorei ninguém. A primeira mulher que eu vi desnuda (ela era adulta de alma e de cabelos) foi a primeira a me mostrar os astros, mas não fui o primeiro a quem mostrou. Eu vi o resplendor de suas …

  • 10 abril

    A Fruta Aberta

    Thiago de Mello Agora sei quem sou. Sou pouco, mas sei muito, porque sei o poder imenso que morava comigo, mas adormecido como um peixe grande no fundo escuro e silencioso do rio e que hoje é como uma árvore plantada bem alta no meio da minha vida. Agora sei …

  • 7 abril

    Verba Testamentária

    Machado de Assis “…Item, é minha última vontade que o caixão em que o meu corpo houver de ser enterrado, seja fabricado em casa de Joaquim Soares, à rua da Alfândega. Desejo que ele tenha conhecimento desta disposição, que também será pública. Joaquim Soares não me conhece; mas é digno …

  • 7 abril

    Uma visita de Alcebíades

    Machado de Assis Carta do desembargador X… ao chefe de polícia da Corte Corte, 20 de setembro de 1875. Desculpe V. Ex.ª o tremido da letra e o desgrenhado do estilo; entendê-los-á daqui a pouco. Hoje, à tardinha, acabado o jantar, enquanto esperava a hora do Cassino, estirei-me no sofá …

  • 7 abril

    Teoria do Medalhão

    Machado de Assis Diálogo – Estás com sono? – Não, senhor. – Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são? – Onze. – Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, …