Obras Literárias

abril, 2017

  • 12 abril

    José Bonifácio

    Machado de Assis De tantos olhos que o brilhante lume Viram do sol amortecer no ocaso, Quantos verão nas orlas do horizonte Resplandecer a aurora? Inúmeras, no mar da eternidade, As gerações humanas vão caindo; Sobre elas vai lançando o esquecimento A pesada mortalha. Da agitação estéril em que as …

  • 12 abril

    Ite missa est

    Machado de Assis Fecha o missal do amor e a bênção lança À pia multidão Dos teus sonhos de moço e de criança; A bênção do perdão. Soa a hora fatal, — reza contrito As palavras do rito: Ite missa est. Foi longo o sacrifício; o teu joelho De curvar-se …

  • 12 abril

    História de Quinze Dias

    Machado de Assis 1876 [1] [1 julho] I Dou começo à crônica no momento em que o Oriente se esboroa e a poesia parece expirar às mãos grossas do vulgacho. Pobre Oriente! Mísera poesia! Um profeta surgiu em uma tribo árabe, fundou uma religião, e lançou as bases de um …

  • 12 abril

    Flor da mocidade

    Machado de Assis Eu conheço a mais bela flor; És tu, rosa da mocidade, Nascida, aberta para o amor. Eu conheço a mais bela flor. Tem do céu a serena cor, E o perfume da virgindade. Eu conheço a mais bela flor, És tu, rosa da mocidade. Vive às vezes …

  • 12 abril

    Falenas

    Machado de Assis FLOR DA MOCIDADE EU CONHEÇO a mais bela flor És tu, rosa da mocidade Nascida, aberta para o amor. Eu conheço a mais bela flor. Tem do céu a serena cor E o perfume da virgindade. Eu conheço a mais bela flor, És tu, rosa da mocidade. …

  • 12 abril

    Estâncias a Emma

    Machado de Assis I Saímos, ela e eu, dentro de um carro, Um ao outro abraçados; e como era Triste e sombria a natureza em torno, Ia conosco a eterna primavera. No cocheiro fiávamos a sorte Daquele dia, o carro nos levava Sem ponto fixo onde aprouvesse ao homem; Nosso …

  • 12 abril

    Daí à obra de Marta um pouco de Maria

    Machado de Assis Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs um mundo inteiro. …

  • 12 abril

    Crisálidas

    Machado de Assis MUSA CONSOLATRIX QUE A MÃO do tempo e o hálito dos homens Murchem a flor das ilusões da vida, Musa consoladora, É no teu seio amigo e sossegado Que o poeta respira o suave sono. Não há, não há contigo, Nem dor aguda, nem sombrios ermos; Da …

  • 11 abril

    Cegonhas e rodovalhos

    Machado de Assis Salve, rei dos mortais, Semprônio invicto, Tu que estreaste nas romanas mesas O rodovalho fresco e a saborosa Pedi-rubra cegonha! Desentranhando os mármores da Frígia* Ou já rompendo ao bronze o escuro seio, Justo era que mandasse a mão do artista Teu nobre rosto aos evos. Porque …

  • 11 abril

    Cantiga do Rosto Branco

    Machado de Assis Rico era o rosto branco; armas trazia, E o licor que devora e as finas telas; Na gentil Tibeima os olhos pousa, E amou a flor das belas. “Quero-te!” disse à cortesã da aldeia; “Quando, junto de ti, teus olhos miro, A vista se me turva, as …