Obras Literárias

março, 2017

  • 23 março

    A Canção Desesperada

    Pablo Neruda Aparece tua recordação da noite em que estou. O rio reúne-se ao mar seu lamento obstinado. Abandonado como o impulso das auroras. É a hora de partir, oh abandonado! Sobre meu coração chovem frias corolas. Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos! Em ti se ajuntaram as …

  • 23 março

    Áspero Amor…

    Pablo Neruda Áspero amor, violeta coroada de espinhos… Arbusto entre tantas paixões erguidas, Lança das dores, coroa da ira, Por quais caminhos e como te dirigiu a minha alma? Por que precipitaste teu fogo doloroso, Repentinamente, entre as folhas frias do meu caminho? Quem te ensinou os passos que te …

  • 23 março

    Soneto XXV – Pablo Neruda

    Pablo Neruda Antes de amar-te, amor, nada era meu: vacilei pelas ruas e as coisas: nada contava nem tinha nome: o mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, túneis habitados pela lua, hangares cruéis que se despediam, perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e …

  • 23 março

    Amazonas – Pablo Neruda

    Pablo Neruda Amazonas, capital das sílabas da água, pai patriarca, és a eternidade secreta das fecundações, te caem os rios como aves, te cobrem os pistilos cor de incêndio, os grandes troncos mortos te povoam de perfume, a lua não pode vigiar-te ou medir-te. És carregado de esperma verde como …

  • 23 março

    Posso Escrever…

    Pablo Neruda Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros, ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis, e às vezes ela também me …

  • 23 março

    O Vento na Ilha

    Pablo Neruda O vento é um cavalo Ouça como ele corre Pelo mar, pelo céu. Quer me levar: escuta como recorre ao mundo para me levar para longe. Me esconde em teus braços por somente esta noite, enquanto a chuva rompe contra o mar e a terra sua boca inumerável. …

  • 23 março

    Enfermidades em Minha Casa

    Pablo Neruda …Estou cansado de uma gota, estou ferido em somente uma pétala, e por um agulheiro de alfinete sobe um rio de sangue sem consolo, e me afogo nas águas do sereno que se apodrece na sombra, e por um sorriso que não cresce, por uma boca doce, por …

  • 23 março

    Virás Comigo

    Pablo Neruda Disse sem que ninguém soubesse onde e como pulsava meu estado doloroso e para mim não havia cravo nem barcarola, nada senão uma ferida pelo amor aberta. Repeti: vem comigo, como se morresse, e ninguém viu em minha boca a lua que sangrava, ninguém viu aquele sangue que …

  • 23 março

    Livro das Perguntas

    Pablo Neruda Tem coisa mais boba na vida que chamar-se Pablo Neruda? Que vim fazer neste planeta? A quem dirijo esta pergunta? E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento? Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua? Minha poesia desgarrada abr’olhos com estes olhos meus? Por …

  • 23 março

    O Inseto – Pablo Neruda

    Pablo Neruda Das tuas ancas aos teus pés quero fazer uma longa viagem. Sou mais pequeno que um inseto. Percorro estas colinas, são da cor da aveia, têm trilhos estreitos que só eu conheço, centímetros queimados, pálidas perspectivas. Há aqui um monte. Nunca dele sairei. Oh que musgo gigante! E …