Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, …
Leia maisLiteratura Infantil
Palavras – Cecília Meireles
Espada entre flores, rochedo nas águas, assim firmes, duras, entre as coisas fluidas, fiquem as palavras, as vossas palavras. Pois se por acaso dentro dos sepulcros acordassem as almas e em sonhos confusos suspirassem rumos de histórias passadas e houvesse um tumulto de ânsias e de lágrimas, – lembrassem as …
Leia maisMurmúrio – Cecília Meireles
Traze-me um pouco das sombras serenas que as nuvens transportam por cima do dia! Um pouco de sombra, apenas, – vê que nem te peço alegria. Traze-me um pouco da alvura dos luares que a noite sustenta no teu coração! A alvura, apenas, dos ares: – vê que nem te …
Leia maisCanção Mínima
No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro; no canteiro, uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de uma borboleta.
Leia maisOito – Cecília Meireles
Ó linguagem de palavras longas e desnecessárias! Ó tempo lento de malbaratado vento nessas desordens amargas do pensamento… Vou-me pelas altas nuvens onde os momentos se fundem numa serena ausência feliz e plena, liso campo sem paludes de febre ou pena. Por adeuses, por suspiros, no território dos mitos, fica …
Leia maisAceitação – Cecília Meireles
É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens e sentir passar as estrêlas do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos. É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano e assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas, que desejar que apareças, criando com …
Leia maisGuitarra – Cecília Meireles
Punhal de prata já eras, punhal de prata! Nem fôste tu que fizeste a minha mão insensata. Vi-te brilhar entre as pedras, punhal de prata! – no cabo, flôres abertas, no gume, a medida exata, a exata, a medida certa, punhal de prata, para atravessar-me o peito com uma letra …
Leia maisMotivo – Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, – não sei, não sei. …
Leia maisExplicação – Cecília Meireles
O pensamento é triste; o amor, insuficiente; e eu quero sempre mais do que vem nos milagres. Deixo que a terra me sustente: guardo o resto para mais tarde. Deus não fala comigo – e eu sei que me conhece. A antigos ventos dei as lágrimas que tinha. A estrêla …
Leia maisA Pombinha da Mata
Três meninos na mata ouviram uma pombinha gemer. “Eu acho que ela está com fome”, disse o primeiro, “e não tem nada para comer.” Três meninos na mata ouviram uma pombinha carpir. “Eu acho que ela ficou presa”, disse o segundo, “e não sabe como fugir.” Três meninos na mata …
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