Biografias

A biografia é a história da vida de uma pessoa, escrita por outro autor. O escritor de uma biografia é chamado de biógrafo, enquanto a pessoa na qual a biografia será escrita é conhecida como sujeito.

As biografias geralmente tomam a forma de uma narrativa, seguindo cronologicamente os estágios da vida de uma pessoa, e alguns dizem se assemelhar a um romance.

Um ensaio biográfico é um trabalho comparativamente curto de não-ficção sobre certos aspectos da vida de uma pessoa. Por necessidade, esse tipo de ensaio é muito mais seletivo do que uma biografia completa, geralmente focalizando apenas as principais experiências e eventos da vida do sujeito.

Entre a história e a ficção

Talvez por causa desta forma de romance, biografias se encaixam perfeitamente entre história escrita e ficção, onde o autor usa frequentemente metáforas e adiciona detalhes “preenchendo as lacunas” da história da vida de uma pessoa que não pode ser colhida de primeira mão ou documentação disponível, como filmes caseiros, fotografias e contas escritas. Alguns críticos da escrita argumentam que isso faz um desserviço à história e à ficção.

As biografias são distintas da não-ficção criativa, como memórias, em que as biografias tratam especificamente da história de vida de uma pessoa – do nascimento à morte – enquanto a não-ficção criativa pode se concentrar em uma variedade de assuntos ou, no caso de Memórias de certos aspectos da vida de um indivíduo.

Cartão de Natal

João Cabral de Melo Neto Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de vôo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez …

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Alguns Toureiros

João Cabral de Melo Neto A Antônio Houaiss Eu vi Manolo Gonzáles e Pepe Luís, de Sevilha: precisão doce de flor, graciosa, porém precisa. Vi também Julio Aparício, de Madrid, como Parrita: ciência fácil de flor, espontânea, porém estrita. Vi Miguel Báez, Litri, dos confins da Andaluzia, que cultiva uma …

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A Palavra Seda

João Cabral de Melo Neto A atmosfera que te envolve atinge tais atmosferas que transforma muitas coisas que te concernem, ou cercam. E como as coisas, palavras impossíveis de poema: exemplo, a palavra ouro, e até este poema, seda. É certo que tua pessoa não faz dormir, mas desperta; nem …

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A Mulher Sentada

João Cabral de Melo Neto Mulher. Mulher e pombos. Mulher entre sonhos. Nuvens nos seus olhos? Nuvens sob seus cabelos. (A visita espera na sala; a notícia, no telefone; a morte cresce na hora; a primavera, além da janela). Mulher sentada. Tranquila na sala, como se voasse.

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A Morte dos Outros

João Cabral de Melo Neto A morte alheia tem anedota que prende o morto ao dia-a-dia, que ainda o obriga a estar conosco já morto, ainda aniversaria. Só que não vamos pelo morto: Queremos ver a companheira, a mulher com que agora vive; comprá-la, de alguma maneira. Dizer-lhe: do marido …

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A Lição de Poesia

João Cabral de Melo Neto 1. Toda a manhã consumida como um sol imóvel diante da folha em branco: princípio do mundo, lua nova. Já não podias desenhar sequer uma linha; um nome, sequer uma flor desabrochava no verão da mesa: nem no meio-dia iluminado, cada dia comprado, do papel, …

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A Joaquim Cardoso

João Cabral de Melo Neto Com teus sapatos de borracha seguramente é que os seres pisam no fundo das águas. Encontraste algum dia sobre a terra o fundo do mar, o tempo marinho e calmo? Tuas refeições de peixe; teus nomes femininos: Mariana; teu verso medido pelas ondas; a cidade …

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A Carlos Drummond de Andrade

João Cabral de Melo Neto Não há guarda-chuva contra o poema subindo de regiões onde tudo é surpresa como uma flor mesmo num canteiro. Não há guarda-chuva contra o amor que mastiga e cospe como qualquer boca, que tritura como um desastre. Não há guarda-chuva contra o tédio: o tédio …

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