Biografias

A biografia é a história da vida de uma pessoa, escrita por outro autor. O escritor de uma biografia é chamado de biógrafo, enquanto a pessoa na qual a biografia será escrita é conhecida como sujeito.

As biografias geralmente tomam a forma de uma narrativa, seguindo cronologicamente os estágios da vida de uma pessoa, e alguns dizem se assemelhar a um romance.

Um ensaio biográfico é um trabalho comparativamente curto de não-ficção sobre certos aspectos da vida de uma pessoa. Por necessidade, esse tipo de ensaio é muito mais seletivo do que uma biografia completa, geralmente focalizando apenas as principais experiências e eventos da vida do sujeito.

Entre a história e a ficção

Talvez por causa desta forma de romance, biografias se encaixam perfeitamente entre história escrita e ficção, onde o autor usa frequentemente metáforas e adiciona detalhes “preenchendo as lacunas” da história da vida de uma pessoa que não pode ser colhida de primeira mão ou documentação disponível, como filmes caseiros, fotografias e contas escritas. Alguns críticos da escrita argumentam que isso faz um desserviço à história e à ficção.

As biografias são distintas da não-ficção criativa, como memórias, em que as biografias tratam especificamente da história de vida de uma pessoa – do nascimento à morte – enquanto a não-ficção criativa pode se concentrar em uma variedade de assuntos ou, no caso de Memórias de certos aspectos da vida de um indivíduo.

O Sertanejo Falando

João Cabral de Melo Neto 1. A fala a nível do sertanejo engana: as palavras dele vêm, como rebuçadas (palavras confeito, pílula), na glace de uma entonação lisa, de adocicada. Enquanto que sob ela, dura e endurece o caroço de pedra, a amêndoa pétrea, dessa árvore pedrenta (o sertanejo) incapaz …

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O Relógio

João Cabral de Melo Neto 1. Ao redor da vida do homem há certas caixas de vidro, dentro das quais, como em jaula, se ouve palpitar um bicho. Se são jaulas não é certo; mais perto estão das gaiolas ao menos, pelo tamanho e quadradiço de forma. Uma vêzes, tais …

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O Mar e o Canavial

João Cabral de Melo Neto O que o mar sim aprende do canavial: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não aprende do canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída …

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O Cão Sem Plumas

João Cabral de Melo Neto A cidade é passada pelo rio como uma rua é passada por um cachorro; uma fruta por uma espada. O rio ora lembrava a língua mansa de um cão ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio de aquoso pano sujo dos …

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Num Monumento à Aspirina

João Cabral de Melo Neto Claramente: o mais prático dos sóis, o sol de um comprimido de aspirina: de emprego fácil, portátil e barato, compacto de sol na lápide sucinta. Principalmente porque, sol artificial, que nada limita a funcionar de dia, que a noite não expulsa, cada noite, sol imune …

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Fábula de um Arquiteto

João Cabral de Melo Neto A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto; construir, não como ilhar e prender, nem construir como fechar secretos; construir portas abertas, em portas; casas exclusivamente portas e tecto. O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde …

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Difícil de Ser Funcionário

João Cabral de Melo Neto Difícil ser funcionário Nesta segunda-feira. Eu te telefono, Carlos Pedindo conselho. Não é lá fora o dia Que me deixa assim, Cinemas, avenidas, E outros não-fazeres. É a dor das coisas, O luto desta mesa; É o regimento proibindo Assovios, versos, flores. Eu nunca suspeitara …

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Catar Feijão

João Cabral de Melo Neto 1. Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, …

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