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3 de Maio
Profissionais da taquigrafia, que corresponde a escrita através de sinais específicos, desenvolvem atividades principalmente nas áreas judiciária e parlamentar.
Taquígrafo é o profissional que domina a arte de escrever rapidamente, através de sinais, com utilização de métodos de registro.
No Poder Judiciário, 12 taquígrafas desempenham a função, acompanhando e registrando as sessões do Pleno do Tribunal, do Conselho da Magistratura, das Câmaras Cíveis Reunidas, das Câmaras Criminais Reunidas, das cinco Câmaras Cíveis Isoladas, das três Câmaras Criminais Isoladas e da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI).
A taquigrafia (do grego Takys – depressa e Graphia escrita) ou estenografia, iniciou no Judiciário do Pará com a instalação do Tribunal de Relações, em 1874. É um termo geral que define todo método abreviado ou simbólico de escrita.
Por ser um sistema de escrita abreviada utiliza, em geral, sinais originados da geometria, mas também tirados das letras comuns.
De acordo com a chefe da Divisão de Taquigrafia do Tribunal de Justiça do Pará, Maria do Socorro Bitencourt, a taquigrafia pode ser utilizada não só profissionalmente, em seu mais alto grau de aperfeiçoamento nos campos comercial, judiciário e parlamentar, mas também como instrumento de trabalho nos diversos setores profissionais e intelectuais, sendo bastante útil para secretárias, estudantes, professores, escritores, jornalistas, enfim, para todos que precisam fazer anotações rápidas.
Conforme informações a respeito do assunto, alguns estudiosos atribuem a invenção da taquigrafia aos hebreus e, outros, aos gregos.
No entanto, o primeiro sistema organizado de taquigrafia, compreendida como uma grafia especial por meio de sinais especiais, aceito oficialmente pelos historiadores como o primeiro sistema organizado de taquigrafia, foram as “Notas Tironianas”, ou “Abreviaturas Tironianas”, sinais taquigráficos inventados por “Tiro” (Marco Túlio Tiro), escravo e secretário de Cícero, o grande orador e político romano.
Segundo o historiador G. Sarpe, no seu livro “Prolegomena ad Tachygraphiam romanam”, publicado em 1829, o primeiro apanhamento estenográfico foi feito por ocasião de um discurso de Cícero contra Verres, no ano de 70 a.C.
No que diz respeito ao Judiciário, Socorro Bitencourt destaca que a taquigrafia é um instrumento imperioso por tratar-se de registros de julgamentos de 2ª Instância e que, por vezes, são anexados aos autos processuais, seguindo para Cortes Superiores.
Ressalta ainda que o trabalho não admite atrasos, eis a razão de um taquígrafo seguir o outro em intervalos curtos, que variam entre 10 a 20 minutos, numa escala de entrada no plenário, para possibilitar mais rapidez na transcrição do texto e manter a fidedignidade do registro com o intuito de melhor servir com eficiência e eficácia as solicitações de desembargadores, secretários, advogados e jurisdicionados.
Por outro lado, Socorro Bitencourt ressalta que a utilização dos métodos taquigráficos propiciam a economia de tempo e o desenvolvimento intelectual, uma vez que disciplina a inteligência, estimula a agilidade e combate a indisposição mental, auxilia o raciocínio, desenvolve o poder e a velocidade de compreensão e facilita o exercício profissional.
Ao contrário de ser uma área profissional em declínio, utilizada largamente nas áreas judiciária e parlamentar, a taquigrafia teve ampliado o espaço no mercado, sendo cada vez mais requisitada na área empresarial para acompanhamento de eventos como palestras, seminários, dentre outros.
Taquigrafia
Hebreus e gregos disputam a primazia na invenção da taquigrafia; os primeiros insistem que citações feitas por Davi, no Salmo 44, mencionam a pena de um escritor veloz.
O povo grego rebate dizendo que o filósofo e general ateniense Xenofonte, 300 a.C., usava um sistema de escrita abreviada.
O que se sabe é que a palavra Taquigrafia deriva mesmo do grego (Tachys rápido; Graphein escrever).
A taquigrafia é, portanto, uma técnica profissional de escrita rápida.
Além de boa assimilação desse complicado ofício, do taquígrafo são exigidas habilidades mentais e físicas específicas para a realização de um bom trabalho.
O dia-a-dia desse profissional é marcado por situações que certamente seriam consideradas angustiantes para qualquer leigo no assunto.
Suponha-se que alguém, durante uma conversa, esteja falando a uma velocidade de 120 palavras por minuto (velocidade considerada normal, já que muitas vezes falamos bem mais rápido que isso); um segundo de distração e o taquígrafo pode perder completamente o fio da meada, e atrapalhar-se na transcrição de um discurso.
Por isso, além de bom conhecimento teórico, o profissional precisa manter a tranquilidade a fim de construir um texto fiel ao de seu orador.
O mercado de trabalho do taquígrafo é vasto, já que a carência de profissionais qualificados é grande.
Ele pode atuar nos órgãos de Poder Público, como profissional liberal, em empresas privadas, com participação em palestras, seminários e congressos nas diversas áreas do conhecimento.
A data
Comemora-se no dia 3 de maio o Dia Nacional do Taquígrafo. Esta data foi escolhida pela classe, reunida soberanamente em congresso o 1° Congresso Brasileiro de Taquigrafia, realizado em 1951, em São Paulo, e promovido pelo Centro dos Taquígrafos de São Paulo para comemorar o Dia do Taquígrafo, iniciativa do gaúcho Adoar Abech.
A data foi escolhida porque foi exatamente no dia 3 de maio de 1823 (há 177 anos, portanto) que foi instituída oficialmente a taquigrafia parlamentar no Brasil, para funcionar na primeira Assembléia Constituinte.
A introdução da taquigrafia no parlamento brasileiro deve-se a José Bonifácio de Andrada e Silva.
Homem de ciência, estadista, escritor, orador parlamentar, poeta, e considerado o mais culto dos brasileiros do seu tempo, José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência (assim intitulado por ter exercido papel preponderante junto a Dom Pedro I na preparação da independência do Brasil), ao ver a grande utilidade da taquigrafia nos parlamentos de outros países, lutou pela implantação de um corpo de taquígrafos no parlamento brasileiro.
Assim se expressou José Bonifácio, na sessão da Constituinte, de 22 de maio:
Eu quero somente fazer uma explicação para ilustrar a matéria. Logo que se convocou esta Assembléia viu Sua Majestade a necessidade de haver taquígrafos; eu fui encarregado de dar as precisas providências. Um oficial da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros se incumbiu de abrir uma aula de taquigrafia; e alunos matriculados trabalharam nessa aula. Para que fossem mais assíduos Sua Magestade lhes mandou dar uma diária de duas patacas, obrigando-se eles a aprender esta arte de que deviam fazer uso em serviço da mesma Assembléia. Eis aqui o que tenho que dizer para que sirva de regulamento na deliberação.
O oficial da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros a que se refere José Bonifácio é Isidoro da Costa e Oliveira Júnior. Incumbido por Sua Majestade de preparar os primeiros taquígrafos parlamentares brasileiros, criou um Curso de Taquigrafia, e ensinou o método Taylor.
Foram oito os primeiros taquígrafos parlamentares do Brasil, que fizeram parte do histórico período da primeira Assembléia Constituinte do Brasil (em 1823):
Possidônio Antônio Alves
João Caetano de Almeida e Silva
Pedro Afonso de Carvalho
Manoel José Pereira da Silva
João Estevão da Cruz
José Gonçalves da Silva
Vitorino Ribeiro de Oliveira e Silva
Justiniano Maria dos Santos
Foi árduo o trabalho dos primeiros taquígrafos. As condições em que trabalhavam eram adversas. Era reduzido o número desses profissionais (oito); escrevia-se com pena de pato (material não-apropriado para apanhamentos taquigráficos em altas velocidades); não contavam com sistema de som como hoje em dia; faziam a tradução dos apanhamentos taquigráficos a mão, já que não dispunham de máquinas de escrever; ficavam situados a grande distância dos oradores, pois, por causa de um preconceito da época, era vedada a entrada de taquígrafos no interior do recinto (o recinto era exclusivamente reservado para os senhores constituintes); e para piorar, no local a eles reservado para taquigrafar, ouvia-se o estrépito da rua comunicado à sala pelas janelas abertas.
Mas, em que pesem todos esses entraves para o bom desempenho de suas funções, foi o trabalho abnegado dos oito primeiros taquígrafos parlamentares brasileiros que permitiu tivesse sido conservado até hoje o que nos legaram os primeiros legisladores do Império.
Conforme muito bem expressou Antônio Pereira Pinto, em 1873, no Memorial em que narra a história dos Anais da Assembléia Constituinte de 1823, sem a Taquigrafia, estaria irremediavalmente perdido o rico manancial de estudo e de elementos históricos.
NOTA: No que se refere ao tempo gasto na preparação dos oito taquígrafos para funcionarem na Assembléia Constituinte, vamos transcrever aqui um trecho do opúsculo Manuscrito n° 5750 do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Um estudo sobre taquigrafia), preparado pelo renomado Prof. Adhemar Ferreira Lima.
(Pág.20) Se o curso foi criado logo que se convocou esta Assembléia, como disse o Patriarca, a sua instalação se teria dado logo depois de 3 de junho de 1882, data da convocação. Tudo indica que o oficial da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros a que se refere José Bonifácio era Isidoro da Costa Oliveira.
O Dr. Salomão de Vasconcellos (Cem anos de Tachygraphia no Brasil, in Revista Taquigráfica, Rio de Janeiro, fev. 1934, n° 14) demonstra, entretanto, que a primeira aula de taquigrafia no Brasil deve ter funcionado em 1821. Baseia-se na referência feita por José Pereira da Silva (Silva Velho) com relação aos taquígrafos que funcionaram na Constituinte, quando diz:
…apesar de terem uma prática assídua na aula de taquigrafia por espaço de dois anos.
Tendo sido instalada a Assembléia Constituinte em 1823, só poderiam os taquígrafos terem uma prática…por espaço de dois anos, tendo aprendido a técnica em 1821.
Corrobora Salomão de Vasconcellos essa afirmação de Silva Velho com um Parecer de 3 de agosto de 1826, publicado nos Anais do Senado (Anais do Senado, t.4,p.11-12) relativo a um requerimento do taquígrafo João Caetano de Almeida, no qual declara que o governo desde 1821 o mandara aprender, exercitar e ensinar a arte…
PERGUNTAS FREQUENTES
1. O que é taquigrafia?
A taquigrafia é um sistema de escrita abreviada. Em geral usa sinais tirados da geometria (retas, círculos, pedaços do círculo…). Há sistemas de taquigrafia cujos sinais são tirados das letras comuns. Por ser abreviada, permite grande rapidez. É uma escrita fonética, ou seja, cada sinal taquigráfico refere-se a um determinado som, ou a determinados sons. Serve para o registro simultâneo do que está sendo falado: discursos, palestras, aulas, cursos etc. É de grande utilidade para qualquer pessoa, sem distinção.
Muito útil para para secretárias, estudantes, professores, escritores, jornalistas, enfim, para todos que precisam fazer anotações rápidas. De grande interesse também para quem queira escrever algo “em segredo”, para ninguém entender.
RESUMINDO
Uma escrita sintética.
Um sistema de escrita baseada em sons (escrita fonética).
Um sistema de escrita avançado, que permite grande rapidez.
Útil para qualquer pessoa.
Além dessas façanhas, a taquigrafia tem o mérito de exercitar a mente de quem a aprende. Como bem dizem os autores de Teoria e Didática da Estenografia, Pedro da Silva Luz e Wanda Canes Avalli, o estudo da taquigrafia é uma verdadeira escola de disciplina intelectual, de concentração, de atenção, de coordenação, de memória gráfica, glóssica e lógica, de agilidade mental e vivacidade de compreensão.”
2. Quem inventou a taquigrafia?
Alguns estudiosos atribuem a invenção da taquigrafia aos hebreus; outros, aos gregos. Mas o primeiro sistema organizado de taquigrafia, como a concebemos hoje, ou seja, uma grafia especial por meio de sinais especiais, e aceito oficialmente pelos historiadores como o primeiro sistema organizado de taquigrafia, foram as “Notas Tironianas”, ou “Abreviaturas Tironianas”, sinais taquigráficos inventados por “Tiro” (Marco Túlio Tiro), escravo e secretário de Cícero, o grande orador e político romano.
Segundo o historiador G. Sarpe, no seu livro “Prolegomena ad Tachygraphiam romanam”, publicado em 1829, o primeiro apanhamento estenográfico foi feito por ocasião de um discurso de Cícero contra Verres, no ano de 70 a.C. O segundo apanhamento registrado pela História, segundo Faulmann, foi em 8 de novembro de 63 a.C., por ocasião da segunda Catilinária. Veja o Breve Histórico da Taquigrafia, com detalhes!
Afresco célebre de C. Maccari, existente no Palazzo Madama, atual sede do Senado da Itália. Representa o antigo Senado Romano com Cícero criticando duramente as atitudes de Catilina, que é visto separado dos outros oradores.
3. Para que serve a taquigrafia?
A taquigrafia é muito útil na vida pessoal, no setor profissional e no ambiente escolar.
NA VIDA PESSOAL
Para fazer anotações rápidas de lembretes, idéias…
Anotações dos pontos principais, numa aula, num curso, numa palestra, numa conferência…
Anotações de telefonemas…
Registro em diário…
Registro em agendas…
Anotações durante programas de rádio, televisão (informações importantes, idéias…)
Resumos de revistas ou livros…
Troca de correspondência confidencial (com outro taquígrafo)…
Sumários para estudo de matérias…
Rascunhos para relatórios, reportagens em jornais, revistas, livros…
Anotações em reuniões de associações, clubes, grêmios, reuniões de condomínio…
Anotações nas margens de folhetos, revistas, livros…
Anotações de assuntos confidenciais…
NO SETOR PROFISSIONAL
Anotações em conversas, em entrevistas, em reuniões…
Anotações em consultas…
Anotações durante conversas ao telefone…
Reunião de material e idéias, sumários, minutas, rascunhos para estudo das matérias…
Esboços, projetos para elementos (construtivos) de textos…
Anotação das informações de colaboradores…
Rascunhos para documentos…
Registro das perguntas e respostas em entrevistas (entrevistas de apresentação, entrevistas de vendas, etc)…
Registro do que está sendo dito, para uma tradução simultânea, palavra por palavra (muito útil para repórteres e jornalistas) …
Anotações de assuntos confidenciais…
Nas Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores, registro ao vivo de discursos e debates parlamentares, registro de comissões e depoimentos…Nos Tribunais, registros de discursos, debates, palestras, depoimentos,…
Anotações para Atas…
NO SETOR ESCOLAR
Fazer anotações durante as aulas, cursos, palestras, conferências…
Anotar exemplos, palavras e regras do quadro-negro…
Anotar particularidades referentes ao dever de casa…
Preparar o próprio relatório, redação, composição, tese, monografia…
Preparação e resumo das aulas (no caso dos professores)…
Montar fichas de apontamentos (dicas) para exercícios orais, alocuções, apresentações em público…
Fazer anotações nas margens dos livros e revistas…
Fazer anotações como secretário ou moderador em discussões, em grêmios estudantis, em associações…
Fazer minutas (rascunhos) de trabalhos de grande envergadura…
4. Qualquer pessoa pode aprender taquigrafia?
Sim, qualquer pessoa pode aprender taquigrafia, do mesmo modo que qualquer pessoa pode ser alfabetizada. Até uma criança pode aprender taquigrafia (com didática adequada a crianças). Na verdade, a taquigrafia é uma nova alfabetização. Em certo sentido é até mais fácil aprender taquigrafia do que aprender a grafia comum.
A taquigrafia é uma grafia mais condensada (é mais condensada exatamente para poder ser veloz), e os sinais taquigráficos indicam sons. No método Maron, por exemplo, um tracinho horizontal ( ) é o sinal para o som do “t” (serve para “ta”, “te”, “ti”, “to” e “tu” – o som da vogal já está embutido no tracinho horizontal – e serve tanto para o som da vogal aberta quanto para o som da vogal fechada, o sinal é o mesmo!). Então veja como a taquigrafia é mais fácil para aprender do que a grafia comum:
GRAFIA COMUM (tá, té, tê, ti, tó, tô, tu) TAQUIGRAFIA ( )
Repare que os sinais taquigráficos são bem mais simplificados do que a grafia comum. Enquanto para obter-se os sons “tá, té, tê, ti, tó, tô, e tu” são necessários oito sinais diferentes (t, a, e, i, o, u, ´,^), a taquigrafia precisa apenas de um! Imagine uma criança ter que aprender todas as letras da grafia comum (o alfabeto), juntá-las, para obter os sons diferenciados do “tá, té, tê, ti, tó, tô, tu! A taquigrafia resolve tudo isso com apenas um tracinho horizontal ()! Lembra-se de quanto tempo você precisou para se alfabetizar na grafia comum? Quantos meses? E para exercer o domínio de escrita e leitura fluente, quantos anos? Um método de taquigrafia pode ser aprendido num período de três a cinco meses, bastando para isso apenas um bom material didático (em que as lições sejam explicadas de modo claro, facilitado, com exercícios objetivos, repetitivos, e, por que não, lúdicos) e bastando, claro, a dedicação e o estudo metódico, diário, regular, daquele que aprende. Uma vez aprendido o método (três a cinco meses), começa-se, então, o treinamento da velocidade taquigráfica..
5. Qual a diferença entre “taquigrafia” e “estenografia”?
Hoje em dia, taquigrafia e estenografia significam a mesma coisa, ou seja, uma escrita abreviada e rápida, com sinais tirados em geral da geometria (partes do círculo, círculo, retas horizontais, verticais, oblíquas…). Antigamente era costume fazer-se uma distinção: alguém que tivesse uma velocidade de apanhamento até 80 palavras por minuto seria um “estenógrafo”; acima de 80 ppm, seria um “taquígrafo”. Etimologicamente há uma cabal diferença entre “estenografia” e “taquigrafia”.
Veja este texto bem esclarecedor sobre o assunto, extraído do TRATADO DE TAQUIGRAFIA, do Prof. Afonso Maron:
“Se compulsarmos os diferentes tratados que versam sobre a Estenotaquigrafia, notaremos que em todos eles existem profundas divergências não tão somente quanto ao emprego do termo técnico, como também quanto à significação que a ele imprimem.
Veremos que muitos são os termos e que uns por exemplo empregam o termo Taquigrafia,enquanto outros opinam pelo emprego do vocábulo Estenografia. Se consultarmos a etimologia dessas duas palavras, ora em discussão, veremos que Taquigrafia se origina do grego Takys – depressa e Graphia – escrita, sendo pois Taquigrafia ao pé da letra: – “Escrita depressa”. Estenografia vem também do grego Stenos – abreviado e Graphia – escrita, sendo que Estenografia é pois: – “Escrita abreviada”. Facilmente se deduz, com as simples luzes da inteligência que esses dois termos são imprecisos, não nos dando o significado exato e perfeito do que seja na realidade a arte-ciência em apreço, porque pode-se muito bem escrever depressa sem ser abreviado e vice-versa.
Para obviar tais inconvenientes e para criar um termo que melhor exprima a idéia de sua significação, o Prof. Nelson de Souza Oliveira formou com os mesmos prefixos gregos o vocábulo Estenotaquigrafia, isto é, escrever abreviado e depressa, que a nosso ver define com admirável exatidão a arte-ciência de que nos estamos ocupando.
Em resumo, para que melhor se depreenda a alta significação do termo Estenotaquigrafia, temos:
Taquigrafia – Escrever depressa
Estenografia – Escrever abreviado
Estenotaquigrafia – Escrever depressa e abreviado.”
6. Uma pessoa de um método pode ler o que outra pessoa de outro método taquigrafou?
Não, uma pessoa de um método só consegue ler o que outra pessoa do mesmo método taquigrafou. E às vezes nem isso é possível, caso a outra pessoa tenha deturpado os sinais ou tenha inventado alguns sinais especiais (sinais convencionais) que só ela entende. Nesse caso seria como querer entender “letra de médico”.
Cada método de taquigrafia é diferente do outro. Embora em geral os métodos (os geométricos) tirem os sinais da geometria (partes do círculo, retas horizontais, retas verticais, oblíquas, etc), cada sinalzinho em cada método tem um valor diferente, um som diferente. Por exemplo, um tracinho horizontal, no método Maron, tem o som do “t”.
O mesmo sinal, no método Leite Alves tem o som de “ce/ze”, no método Duployé tem o som de “d”, no Pitman terá o som do “k” e este mesmo sinal, no Pitman, calcado (em negrito), terá o som de “g”. Isto só com referência aos sinais básicos. Depois há os sinais iniciais e terminais especiais e ainda os taquigramas (sinais convencionais) que diferem bastante de um método para outro.
7. Num concurso, a folha taquigrafada também é corrigida? Ou só a tradução?
Não, num concurso público a folha taquigrafada não é corrigida. O que é corrigido é o texto traduzido. Eu costumo dizer para os meus alunos que a taquigrafia não é um fim, é um meio.
Qual é o fim? É a tradução. E nem seria possível a um examinador corrigir a folha taquigrafada, a menos que fosse do seu método. Mas num concurso há candidatos de vários métodos de taquigrafia.
Para um examinador poder corrigir a folha taquigrafada de todos os métodos num concurso seria preciso que ele soubesse muito bem todos os métodos.
E mesmo que ele soubesse todos os métodos, ele não iria conseguir interpretar (portanto, não iria poder corrigir) os sinais deturpados de alguns candidatos e muito menos os sinais convencionais inventados e usados por alguns candidatos. De modo que é praticamente impossível um examinador conseguir interpretar e corrigir todos os sinais taquigráficos de todos os métodos de taquigrafia existentes num concurso público.
8. Qual a velocidade taquigráfica exigida em concursos?
A velocidade taquigráfica exigida em concurso vai depender do critério de cada instituição.
No Censo Taquigráfico Brasileiro, feito em 2003, para a pergunta “Qual a velocidade exigida na prova técnica de registro taquigráfico?”, as respostas (de instituições do Judiciário e do Legislativo no Brasil) variaram.
Obtivemos as seguintes velocidades: 60 palavras por minuto, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 108, 110, 115, 120. O tempo dos ditados também variaram: ditados de 5 minutos e ditados de 10 minutos. Alguns numa só velocidade, outros em velocidade crescente, por exemplo, cinco minutos de 100 a 110 palavras por minuto. Veja uma relação completa nas páginas 35 e 36 (Perguntas 12 e 13) do Censo 2003.
9. Como é feita a contagem das palavras? Os artigos (“o”, “a”, “os”, “as”), as preposições e palavras de apenas uma sílaba entram também na contagem?
A rigor, todas as “palavras” entram na contagem, sem distinção. Cada palavra é contada como uma unidade, não importando quantas sílabas tenha. Assim, para efeito de contagem num ditado de taquigrafia, a palavra “de” é contada como uma palavra, assim como a palavra “incomensuravelmente”.
Pela lógica, não é um critério de contagem justo, porque o “de” tem apenas uma sílaba, enquanto “incomensuravelmente” tem oito. Na Europa e em outros países fora da Europa é costume a contagem por sílabas, não por palavras. Mas este sistema de contagem por sílabas, embora pareça um critério “justíssimo”, não o é. E por que não o é? Pelo seguinte: há, em taquigrafia, o que se chama de “sinais convencionais”.
Um “sinal convencional” às vezes é apenas um pequeno sinal que vale para uma frase inteira. Por exemplo, a frase “Vossa Excelência me permite um aparte?”, muito usada no Legislativo, tem um sinal especial. Mas esta frase, de apenas um sinal especial tem, na verdade, 15 sílabas! Então, serão contadas 15 sílabas, mas na realidade o taquígrafo vai fazer um só sinal taquigráfico.
De modo que tanto a contagem por palavras quanto a contagem por sílabas não são – tecnicamente falando – justas. Mas são os dois critérios adotados no mundo inteiro. No Brasil, repito, a contagem é feita por palavras, qualquer palavra é contada como uma palavra, mesmo as de uma sílaba só.
Quanto aos números, a contagem costuma ser feita em relação ao que é pronunciado (pois a taquigrafia é um sistema de grafia fonética). Assim, 15, embora tenha dois números (o 1 e o 5), é contado como uma palavra só, porque é assim que é pronunciado: “quinze”. O número 2005 é contado como “quatro palavras”, (dois-mil-e-cinco).
10. Qual o melhor método de taquigrafia?
Um bom método de taquigrafia é aquele que é “fácil de aprender”, “fácil de taquigrafar” e “fácil de traduzir”, “que seja o mais condensado possível, quer com o uso de iniciais e terminações especiais, quer com o uso abundante de taquigramas (ou “sinais convencionais”).
Enfim, o método ideal de taquigrafia é aquele que propicia ao taquígrafo uma grande fluidez na escrita e na leitura. Às vezes acontece de um método (ou sistema) de taquigrafia ser inventado por alguém e depois ir sofrendo mudanças, aperfeiçoamentos através dos tempos.
Com frequência, essas mudanças se dão em diferentes lugares, em diferentes países. Se tomarmos, por exemplo, o método Martí, espanhol, veremos que foi adaptado ao português e foi sofrendo mudanças, aperfeiçoamentos. Existem hoje várias versões do Martí. O próprio método Leite Alves, atualmente o mais usado no Brasil, tem várias versões.
O método original tem alguns traços grossos, calcados. Mas há uma versão do Leite Alves em que não existem os traços grossos (em negrito). O método que uso, o Maron, que considero ótimo, já sofreu, através dos tempos, muitas mudanças, incluindo um acréscimo significativo de novos sinais convencionais. Conheci excelentes taquígrafos de métodos diferentes.
11. Quantas palavras por minuto alguém consegue taquigrafar?
No idioma português, a velocidade taquigráfica alcança bem umas 140 palavras por minuto. Talvez, um taquígrafo experiente, que treine velocidade todos os dias, e se utilize de grande número de sinais convencionais, consiga ir um pouco além.
Mas vai depender muito das palavras empregadas num texto, num ditado. No caso de um discurso, de uma palestra, de um curso, vai também depender muito das palavras empregadas pelo orador. Em resumo: a extensão das palavras, a complexidade dos traçados taquigráficos, o ritmo, a cadência daquele que fala, tudo vai influenciar na desenvoltura, na fluência e na velocidade taquigráfica.
É importante ainda salientar que o estado de espírito e o estado físico de um taquígrafo também exercem papel fundamental na velocidade taquigráfica.
12. O que é melhor para taquigrafar: bloco com pauta ou sem pauta?
Há métodos de taquigrafia em que o uso do bloco pautado é mais conveniente, porque usam a linha como um parâmetro. Um sinal taquigráfico em cima da linha significa uma coisa, cortando a linha significa outra, tem um som diferente.
O método que uso, o Maron, não tem esse problema. Não há sinais que cortem a linha. Há, sim, sinais que são colocados na parte de cima e na parte de baixo da pauta.
Com o tempo, porém, o taquígrafo experiente vai taquigrafando com uma pauta “imaginária” e taquigrafa facilmente em bloco sem pauta. Aos alunos recomendo que, pelo menos durante o aprendizado, taquigrafem em bloco pautado. Esta medida visa apenas criar reflexos condicionados sobre o exato lugar de cada sinal.
13. Pode-se aprender taquigrafia sozinho?
AUTODIDATISMO EM TAQUIGRAFIA
O ideal é aprender taquigrafia frequentando um bom curso ou com um professor particular qualificado. Mas existe, sim, a possibilidade de aprender taquigrafia sozinho (autodidatismo), desde que haja um bom material didático.
Se uma pessoa, por falta de um professor ou um curso, resolve aprender taquigrafia sozinho, dispõe de um material didático e não consegue aprender uma lição, por exemplo, podemos dizer que aquela lição não está explicada didaticamente, não está clara, está confusa. Por isso é que insisto: com um excelente material didático, é, sim, possível o aprendizado de um método de taquigrafia. É importante, aliás, imprescindível também, que o aluno faça um estudo de modo metódico, diário, disciplinado, dedicado.
Hoje aumenta a possibilidade deste autoaprendizado, com os meios tecnológicos que a cada dia são colocados à disposição do ensino, tais como a informática, e-mails, webcam, multimídias, CDs, DVDs, E-learning, ensino à distância, etc. Um ponto importante a considerar num aprendizado é que, na realidade, não é o professor que ensina. É o aluno que se ensina a ele mesmo. O professor é um mero facilitador da aprendizagem.
E essa facilitação da aprendizagem poderá ser dada por muitos meios, escritos e eletrônicos, filmados ou televisivos, que não seja um professor ao vivo. Dúvidas podem ser dirimidas mesmo sem a presença física do professor, desde que se empreguem MEIOS ADEQUADOS, como scanners, e-mails, webcams, MSN, videoconferências,etc. A tecnologia ( que, diga-se de passagem, ainda não foi usada nem em 5% de toda a sua potencialidade) está aí para isso.
PERGUNTAS FREQUENTES
1. Um aluno adiantado na velocidade taquigráfica deve fazer “cópias”?
O exercício de “cópias” (passar para a taquigrafia trechos escritos na escrita comum – geralmente recortes de jornais, editoriais, etc…) é muito usado assim que o aluno acaba de aprender o método. É um período intermediário entre o aprendizado do método e o treinamento da velocidade taquigráfica.
Do ponto de vista técnico, não há nada de errado em que o aluno continue fazendo cópias depois de começar a treinar os ditados de velocidade e mesmo quando estiver treinando já ditados de alta velocidade. Mas há uma corrente do ensino que diz que do ponto de vista prático não é aconselhável, apenas por um motivo: perda de tempo.
O aluno vai ficar “perdendo um precioso tempo” copiando palavras de fácil (se não facílimo) traçado taquigráfico, como os monossílabos e uma série de outras palavras de fácil traçado. Melhor, dizem, será o aluno usar o tempo (isso sim!) para treinar, de modo repetitivo, as palavras de difícil traçado de um ditado, as palavras que geram a ‘hesitação mental” e consequentemente atrasam a velocidade taquigráfica..
O aluno, então, deverá usar o tempo de maneira objetiva e altamente producente. É bom lembrar que quando o aluno treina, durante alguns dias, de modo repetitivo, as palavras de traçado taquigráfico mais complicado de um ditado, ele não estará treinando só aquelas palavras (o que já seria uma enorme vantagem!), mas estará treinando todas as palavras do idioma que comecem e que terminam com o mesmo traçado taquigráfico.
Desta maneira, ao treinar a palavra “persistência”, ele estará treinando a palavra “persistência”, mas também todas as palavras que começam com “persis” e terminam por “tência”.
Resumindo: ao começar o treinamento de ditados de velocidade, pode-se parar as cópias e começar o treinamento repetitivo das palavras mais difíceis de cada ditado. Mas aqueles que quiserem, além do treinamento repetitivo das palavras difíceis, fazer cópias ou copiar em taquigrafia o mesmo trecho várias vezes, poderão fazê-lo. Ambas as metodologias trarão enorme benefício àquele que as pratica de modo metódico, persistente, diário.
2. É possível alguém aprender taquigrafia por correspondência ou à distância (e-learning)?
É interessante esta pergunta, porque a educação à distância (sem a presença física de um professor) começou exatamente para ensinar taquigrafia. E o fato ocorreu assim: em 1728, um professor de taquigrafia, chamado Caleb Philipps, publicou, na Gazeta de Boston (Massachussets, Estados Unidos), no dia 20 de março de 1728, um anúncio, propondo ensinar taquigrafia por correspondência semanalmente, usando, portanto, o correio, para quaisquer pessoas que viviam longe de Boston. O anúncio era o seguinte: “Persons in the Country desirous to Learn this Art, may by having the several Lessons sent Weekly to them, be as perfectly instructed as those that live in Boston’ (Battenberg 1971 p.44). “Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída como as pessoas que vivem em Boston.”
Hoje não contamos apenas com o correio para o aprendizado à distância. Uma grande variedade de meios eletrônicos tornam o aprendizado à distância perfeitamente viável. Contamos com multimídias, CDs, DVDs, vídeos, vídeo-conferência, webcams, MSN, e-mails, câmeras e filmadoras digitais, é até difícil enumerar os meios hoje existentes para o ensino e aprendizado.
O ideal, no aprendizado da taquigrafia, é um professor presencial, quer em aulas particulares, quer num bom curso. Mas aprender taquigrafia não é uma coisa do outro mundo. Basta ter aptidão, fazer um estudo metódico, ter persistência (que são qualidades requeridas não só para aprender taquigrafia, mas para aprender qualquer coisa).
É preciso entender que, na realidade, não é “o professor que ensina” alguma coisa. É o aluno que se ensina a ele mesmo. O professor é um “mero facilitador da aprendizagem”, é um “animador”, é quem costuma “dirimir as dúvidas dos alunos”. Mas essa facilitação da aprendizagem poderá ser dada por muitos meios, escritos e eletrônicos, filmados ou televisivos, que não seja um professor ao vivo, do lado do aluno . Dúvidas podem ser dirimidas mesmo sem a presença física do professor, desde que se empreguem MEIOS ADEQUADOS . A tecnologia de que dispomos hoje ( que, diga-se de passagem, ainda não foi usada nem em 5% de toda a sua potencialidade) está aí para isso.
Resumindo: é possível sim, com um bom material didático, dispondo de meios adequados, e com a orientação e monitoração de um professor à distância, alguém aprender taquigrafia sozinho e de modo proficiente.
3. Um método de taquigrafia usado no Brasil serve para taquigrafar em outros idiomas?
Sim, em geral um método de taquigrafia costuma ser adaptado a outros idiomas. Digo adaptado porque como sabe, cada sinal taquigráfico indica um som. E há determinados sons que existem num idioma e não existem em outro.
Por exemplo, o som típico do inglês “th” (como em “this”,”that”) não existe em português. Por outro lado, o inglês não tem o som do nosso “lh” (como em “filho”). Então é muito comum o autor de um método fazer adaptações, fazendo trocas. Por exemplo, o sinal taquigráfico referente ao nosso “lh” serviria para o “th” no idioma inglês.
É interessante saber que o primeiro método usado no Brasil, o Taylor, é um método inglês. Foi adaptado à língua portuguesa. Da mesma forma foram adaptados ao português os métodos Pitman (inglês), Martí (espanhol), Duployé (francês) e vários outros.
4. Ainda se usa muito taquigrafia? Com essa tecnologia toda que há por aí….
Sim, usa-se bastante a taquigrafia em todo o mundo, mas não na medida em que o deveria ser, considerando a sua imensa utilidade. E isso se dá por três motivos principais: falta de conhecimento, falta de divulgação e falta de professores de taquigrafia. A taquigrafia é um sistema de escrita abreviada e rápida, que consegue fazer o que a grafia comum não consegue.
A grafia comum é lenta, atinge umas 30 palavras por minuto apenas, enquanto a taquigrafia consegue a proeza de anotar até 140 palavras por minuto. É uma escrita veloz, um sistema avançadíssimo de escrita. Como tal, é de grande valia para qualquer pessoa, bastando apenas um papel, um lápis ou uma caneta. Em qualquer lugar se pode taquigrafar.
De modo que, mesmo com toda a tecnologia que existe e que virá, sempre haverá um lugar todo especial para a taquigrafia.
Da mesma forma que a tecnologia não eliminou a grafia comum, não eliminou os livros, também não haverá de eliminar a taquigrafia, que é, em muitos casos, muitas vezes superior à grafia comum, que é lerda por natureza. Feliz aquele que sabe as duas grafias: a comum e a veloz!
5. A taquigrafia no Japão, China, nos países árabes, deve ser dificílima…o idioma japonês, chinês…árabe…com aquela grafia escrita para baixo, da direita para a esquerda…
Na verdade, os sinais taquigráficos são em geral tirados da geometria e indicam “sons” e nada têm a ver com a grafia comum. De modo que um sinal taquigráfico, se indica um determinado som, poderá ser usado em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma.
Os sinais taquigráficos são, então, criados para os sons de um determinado idioma, e poderá ser taquigrafado da esquerda para a direita, como fazemos aqui. Os sinais taquigráficos, os métodos de taquigrafia poderão ser adaptados a outros idiomas. Por exemplo, o sinal taquigráfico para o som do “lh”, no método Maron, é usado para o som do “th”, quando taquigrafamos em inglês, já que o inglês não tem o som do “lh”.
O método Pitman, (só para dar um exemplo) que é um método inglês, é usado em várias partes do mundo. Neste caso, houve adaptações dos sinais para os sons do idioma a que o método estava sendo aplicado. Veja abaixo duas páginas de um livro em árabe ensinando a taquigrafia Pitman. É interessante notar que, embora o árabe seja escrito da direita para a esquerda, a taquigrafia Pitman, nos países árabes, é escrita da esquerda para a direita.
E isto é fácil de entender. Quando um árabe aprende inglês, ele vai escrever da esquerda para a direita, pois esta é a norma do idioma inglês. O mesmo acontece com a taquigrafia: a norma é da esquerda para a direita. É bom lembrar que já houve tentativa de criação métodos de taquigrafia até com direção vertical, ou seja, taquigrafar em colunas, de cima para baixo – mas a experiência não teve muito sucesso.
Páginas de um livro em árabe ensinando a taquigrafia Pitman.
6. Quais os requisitos para alguém ser considerado um bom taquígrafo profissional?
São três os requisitos principais para alguém ser considerado um bom taquígrafo, ou, como se costuma dizer, “um exímio taquígrafo”: ter Velocidade Taquigráfica, saber o Vernáculo e ter Conhecimentos Gerais.
O taquígrafo deve saber bem o Vernáculo para poder redigir corretamente. Ao taquígrafo compete encontrar a forma, o efeito estilístico, a expressão gráfica adequada daquilo que foi falado por um orador. Falar é uma coisa, escrever é outra.
O taquígrafo profissional tem ainda, por razão de ofício, de aumentar sempre e cada vez mais o seu cabedal, a sua bagagem cultural, os seus conhecimentos gerais, para poder cada vez mais interpretar e redigir melhor.
7. É possível alguém aprender um método de taquigrafia e chegar a taquigrafar a 110 palavras por minuto em apenas três meses?
Não, não é possível aprender um método de taquigrafia e alcançar a velocidade taquigráfica de 110 palavras por minuto em apenas três meses, por mais aptidão para a taquigrafia que alguém possa ter e por melhor que seja o sistema de taquigrafia. E a razão é muito simples. O aprendizado de um método da taquigrafia representa, na realidade, uma nova alfabetização, uma alfabetização num sistema gráfico-fonético de escrita, um sistema de escrita abreviado para alta velocidade. Só para a alfabetização, ou seja, a aprendizagem propriamente dita de um método de taquigrafia, é necessário um período de três a cinco meses. Depois desse prazo, passa-se ao treinamento da velocidade taquigráfica, com ditados cronometrados de velocidades progressivas. Há, então, ditados de 30 palavras por minuto, 35 palavras por minuto, 40 palavras por minuto, etc…em geral com o acréscimo de 5 palavras em cada patamar de velocidade.
E esta progressão tem de ser cumprida religiosamente, tanto pelo professor quanto pelo aluno: é importante amadurecer em cada velocidade! Quem está treinando ditados de 30 palavras por minuto não pode pular para ditados de 60 palavras por minuto. Terá de passar pelo treinamento metódico e progressivo de ditados de 35, 40, 45, 50, 55. Se fizermos, então, um cálculo matemático, e estabelecermos um mês para o treinamento de cada velocidade, veremos que com 13 meses de treino um aluno chegaria a 90 palavras por minuto, podendo (com este velocidade de 90ppm) ser considerado um taquígrafo, embora deva prosseguir no treinamento para atingir maiores velocidades, culminando com a velocidade de 140 palavras por minuto. Só para dar um exemplo: tenho uma aluna muito estudiosa, aplicada, metódica, a Cláudia Moreira Começou a aprender taquigrafia há exatamente 1 ano. Só agora, depois de 12 meses, está começando a taquigrafar ditados de 90 palavras por minuto, com uma tradução fluente.
É preciso salientar ainda que, com velocidades acima de 90ppm, se costuma levar mais tempo para passar de uma velocidade para outra. É importante lembrar também que os cursos de taquigrafia na Europa e Japão (só para dar um exemplo) demoram de dois anos e meio a três anos. E é preciso deixar claro que um exímio taquígrafo treina velocidade durante toda a sua vida profissional, de preferência todos os dias, para se manter em forma.
8. Quanto tempo alguém leva para aprender taquigrafia?
Esta é uma pergunta que, como professor de taquigrafia, costumo ouvir com frequência. Quando alguém se apresenta para aprender taquigrafia, a primeira pergunta geralmente é esta: “professor, quanto tempo eu vou levar para aprender taquigrafia?” E eu respondo: “se você dispuser de uma hora por dia para o estudo da lição e feitura dos exercícios, se for um aluno aplicado, fizer um estudo sistemático, fizer todos os exercícios com atenção, poderá aprender o método em três meses. Aprenderá os sinais básicos.
Ficará apto, então, a escrever qualquer coisa em taquigrafia. Em geral, o prazo é este: três meses. Poderá ser mais ou um pouco menos, dependendo do tempo disponível para o aprendizado. Há alunos que levam cinco meses para o aprendizado do método. Aprendido o método, passa-se ao treinamento da velocidade taquigráfica, cuja duração também dependerá do tempo disponível para o treinamento. Uma pessoa que treina uma hora por dia, terá um rendimento.
Outra que treina duas horas religiosamente, todos os dias, terá um rendimento superior. De modo que, na verdade, a esta pergunta “quanto tempo eu vou levar para chegar a tal velocidade”, só o aluno poderá responder. Podemos traçar como norma o seguinte: aprendizado do método (três a cinco meses), taquigrafar na velocidade de 90 palavras por minuto (um ano a um ano e meio), 120 a 140 palavras por minuto (dois a três anos).
Mas há casos surpreendentes. Já tive um caso de um aluno que aprendeu o método Maron inteiro em um mês (sinais básicos e sinais terminais e iniciais). Foi um bombeiro-militar de São Fidélis (RJ), que veio ao Rio, nas férias, só para aprender taquigrafia. Passou um mês na casa do irmão, no Flamengo, e vinha a Niterói ter aulas comigo. As aulas tinham a duração de duas, três horas…Vinha diariamente, e estudava com aplicação e regularidade (usava a “disciplina militar” aprendida no quartel…), fazia os exercícios com todo o esmero na casa do irmão. Aprendido o método, voltou para São Fidélis, levando consigo kits para treinamento da velocidade.
É bom enfatizar ainda o seguinte: o bom taquígrafo, mesmo depois de formado, sempre treinará a velocidade taquigráfica – para se manter em forma! Como o pianista, os instrumentistas, como os atletas. E por quê? Para continuar mantendo e se possível até aumentar os “reflexos condicionados”, o “automatismo”.
9. Há métodos em que existem sinais finos e sinais grossos, estes taquigrafados de modo calcado (negrito). O mesmo sinal, sendo fino, tem um som, sendo grosso, tem outro som. Calcar um sinal não atrasa a velocidade?
Há dezenas, centenas de métodos de taquigrafia, cada um com suas peculiaridades, suas regras, suas qualidades e seus defeitos. Existem métodos mais fáceis de aprender, de taquigrafar, de traduzir. E existem os mais complicados. Não existe um método perfeito.
Às vezes, uma forma de traçar um sinal, que à primeira vista parece ir contra a lógica taquigráfica, pode não oferecer tanta dificuldade, depois que se adquiriu a técnica adequada de fazê-la com fluidez.
À primeira vista, sinal grosso em taquigrafia (calcar o lápis) parece fugir da lógica, quando o que se pretende, com os sinais condensados da taquigrafia, é a máxima fluidez, a máxima leveza da mão, para se alcançar a máxima velocidade.
E por isso muitos condenam os sinais grossos. Mas, por outro lado, excelentes profissionais da taquigrafia aprenderam e utilizam, com grande fluidez e velocidade, métodos de taquigrafia que têm sinais calcados. Segundo me explicou o Prof. Paulo Xavier, diretor da Taquibrás, que ensina o método Leite Alves com os sinais grossos, há uma técnica toda especial para calcar tais sinais sem que isso venha acarretar perda da velocidade taquigráfica.
10. Que maquininha é aquela que se vê em julgamentos nos filmes…?
Aquela maquininha com teclados é a máquina de estenotipia (taquigrafia mecânica).
Há um rolinho (como as das máquinas de calcular) onde vão sendo impressos os sinais taquigráficos na medida em que o estenotipista (taquígrafo) vai digitando os sinais no teclado.
Depois, o estenotipista fará a tradução dos sinais taquigráficos impressos no rolinho. Hoje já existem máquinas de estenotipia acopladas ao computados.
A tradução vai aparecendo na tela simultaneamente ao registro do que é falado, na medida em que o estenotipista vai digitando na máquina de estenotipia.
Essa tradução dos sinais taquigráficos (que costumam chamar de “tradução em tempo real”), é feita através de um software específico.
máquina de estenotipia
máquina de estenotipia acoplada ao computador
11. Afinal, o Dia do Taquígrafo é dia 3 de maio ou dia 6 de maio?
As folhinhas (calendários) indicam o dia 6 de maio como o Dia do Taquígrafo. E é muito comum a comemoração nesse dia. Não sabemos como essa data foi parar nas folhinhas. A história verdadeira é a seguinte: o Dia do Taquígrafo costumava ser comemorado no dia 7 de novembro.
Como não havia nada que justificasse a comemoração nesse dia, a data 3 de maio foi escolhida pela classe, reunida soberanamente em congresso o 1° Congresso Brasileiro de Taquigrafia, realizado em 1951, em São Paulo. A iniciativa foi do gaúcho Adoar Abech. A data foi escolhida porque foi exatamente no dia 3 de maio de 1823 que foi instituída oficialmente a taquigrafia parlamentar no Brasil, para funcionar na primeira Assembléia Constituinte.
Na página 732 dos Anais do I Congresso Brasileiro de Taquigrafia, podemos ler, no art. XVII:
“ DIA DO TAQUÍGRAFO O I CBT, considerando que a data até então consagrada ao Dia do Taquígrafo – 7 de Novembro – não tem relação com qualquer fato histórico que justifique a sua aprovação e considerando que a 3 de maio de 1823, data da instalação da primeira Constituinte Nacional, taquígrafos brasileiros exerceram a profissão pela primeira vez no Brasil resolve eleger o Três de Maio como o Dia do Taquígrafo.”
3 de maio
No dia 3 de maio a classe taquigráfica brasileira comemora o dia que lhe foi consagrado no calendário nacional por decisão unânime ocorrida no I Congresso Brasileiro de Taquigrafia, realizado em São Paulo, em 1950. A data alude à instalação da Assembléia Nacional Constituinte, em 1823, quando pela primeira vez taquígrafos parlamentares exerceram a profissão.
É oportuno recordar que, em sessão plenária do Senado Federal, em 1974, o senador Guido Mondim assim se manifestava: “De fato, o dia 3 de maio foi escolhido para homenagear aqueles que, neste País, se dedicam, nos Parlamentos, nos Tribunais, nas salas de aulas e de conferências e nos escritórios comerciais, a registrar, com a fidelidade possível, a palavra falada, que, sem esse recurso, se evolaria com o vento.
A nós, especialmente, parlamentares das duas Casas do Congresso e das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, os taquígrafos estão ligados desde mesmo antes da Independência. Nunca é demais recordar que mesmo antes da instituição oficial do Parlamento Nacional, José Bonifácio de Andrada e Silva, o nosso Patriarca, mandara instituir cursos de taquigrafia para preparar elementos com o fim de registrar os discursos da nossa primeira Constituinte.
Desde então, através do entendimento ou do atrito diário, grande é o acervo de serviços prestados por essa classe aos parlamentares, através de uma convivência necessária e indispensável de mais de cento e cinquenta anos. É um trabalho nem sempre bem compreendido, esse dos taquígrafos, mas do seu desgaste mental se alimentam as milhares e milhares de páginas dos Anais do Congresso Nacional.
“Naquela mesma data, em sessão na Câmara dos Deputados, assim se pronunciou o Deputado Antônio Pontes: “Todos os povos inserem em seus calendários aqueles dias nos quais, além de datas cívicas inesquecíveis, toda gente comemora ou festeja ou dedica um dia à celebração de certas profissões. A data de hoje, e já com certa tradição no tempo, é aquela em que se comemora o “Dia do Taquígrafo”.
Claro está que não é necessário destacar a importância de tais profissionais no conteúdo normal da vida, seja lá onde for que eles exercitem o seu árduo mister. Mas nós, os que vivemos no Parlamento, mais do que quaisquer outros, temos a noção vivida da importância fundamental de servidores de tantas e tamanhas qualidades, eis que eles são, em verdade, o próprio registro autêntico do dinamismo diuturno de nossos esforços comuns.
Aquilo que a tecnologia adicionou ao infinito mundo de sistemas de gravação e registro em nada supera, suplanta ou dispensa a presença atuante do taquígrafo, sobretudo a do taquígrafo parlamentar. E friso, com inteira justiça: quase todos nós, no calor da predicação, no improviso caloroso, mesmo, aqui ou ali, num pronunciamento escrito, feito de última hora, vamos cometendo as nossas silabadas, produzindo aliterações desagradáveis, tumultuando concordâncias, enfim, praticando aqueles deslises naturais da improvisação. Mas os taquígrafos não descuram nunca.
Traduzindo o texto apanhado na emoção do momento, ou relido o trabalho que daqui proferimos, eles o esmerilham, o limam, dão-lhe polimento, entregando à posteridade obra bem feita e correta”. Esses dois depoimentos, trinta anos após proferidos os discursos, estão aqui publicados graças ao registro taquigráfico a que foram submetidos.
Também queremos homenagear os taquígrafos forenses, aqueles que com tanta dedicação e competência, junto aos nossos Tribunais brasileiros, fazem parte da história do Poder Judiciário Brasileiro.
Áreas de atuação de um Profissional Taquígrafo
Área privada
Um taquígrafo pode ser utilizado das seguintes formas, em termos de registro de eventos em geral, ficando o trabalho final na forma de Ata (resumida) ou Ata (Notas taquigráficas, já transcrita na íntegra) ou como Anais (registro de tudo que foi dito no evento).
Ou também como registro de apoio, no caso de jornalistas ao entrevistar alguém, fazendo a anotação simultânea, a tempo real do que é dito durante a entrevista, ou mesmo no apanhado de uma aula, quando o professor está proferindo a aula e o taquígrafo registra também.
1. Eventos gerais (tudo que precisa ter registro escrito do que é oralmente);
2. Pesquisa de mercado (Discussão de grupo – Pesquisa qualitativa -, Entrevistas em profundidade);
3. Reuniões de Conselhos Deliberativos;
4. Conselhos Fiscais;
5. Seminários;
6. Simpósios;
7. Conferências;
8. Encontros;
9. Escritores (na ajuda de colocar a fala oral ao vivo ou gravada em termos escritos);
10. Debates;
11. Entrevistas
12. Assembléias-gerais ordinárias e extraordinárias de Conselhos, Sindicatos, Federações, Confederações, Condomínios;
13. Transcrição de programas de rádio, programas televisivos;
Área pública
Por meio de concurso público, o taquígrafo pode atuar no Poder Legislativo (em Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores) e no Poder Judiciário (Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal Federal Regional, Tribunal de Contas, Tribunal do Trabalho, Tribunais Superiores) e Ministério Público.
3 de Maio
A técnica da taquigrafia ou estenografia, que significa “escrita abreviada”, é o método de se escrever de modo simplificado e rápido, utilizando-se símbolos para se acompanhar a rapidez da fala.
A taquigrafia é especialmente necessária nos Tribunais Superiores, no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas, em razão da rapidez e fidedignidade com que se registra o que foi declarado oralmente.
Seu uso pode se estender não só aos congressos, eventos e palestras que precisem registrar de modo eficaz o que foi dito, como também às emissoras de TV, que utilizam o sistema Closed Caption.
Esse sistema gera legendas que facilitam a transmissão das falas para os deficientes auditivos.
Embora hoje e existam tecnologias avançadas, como modernos gravadores e computadores de ponta que convertem em caracteres as palavras de um discurso, o taquígrafo ou estenógrafo ainda tem espaço, pois, na verdade, os gravadores e os computadores são ferramentas de apoio para eles, mas não podem substituí-lo.
Os gravadores estão sujeitos a falhas técnicas, e os computadores apresentam problemas e estão sujeitos a vírus.
Já o ser humano, apesar dos seus limites, é mais confiável que as máquinas.
Fonte: www.tj.pa.gov.br/Taquibrás/www.taquigrafia.emfoco.nom.br/www.taquigrafos.com.br/www.paulinas.org.br
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