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28 de Abril
A educação é o processo de facilitar a aprendizagem. O conhecimento, habilidades, valores, crenças e hábitos de um grupo de pessoas que os transferem para outras pessoas, através da narrativa, discussão, ensino, treinamento ou pesquisa.
A educação não só ocorre através da palavra , mas também está presente em todas as nossas ações, sentimentos e atitudes. Geralmente, a educação ocorre sob a orientação de educadores, mas os alunos também podem se educar em um processo chamado aprendizagem autodidata. Qualquer experiência que tenha um efeito formativo na forma como alguém pensa, sente ou atenda pode ser considerada educacional.
A educação pode ter lugar em contextos formais ou informais. A educação formal é comumente dividida em várias etapas, como pré- escola , escola primária , ensino médio e depois faculdade , universidade ou magistrado. No final do treinamento, é emitido certificado de estudos, que permite o acesso a um nível mais avançado.
Há uma educação conhecida como educação não formal que, ao contrário da educação formal, não recebe um certificado que permita obter um novo nível de educação no final do treinamento, normalmente lugares que oferecem educação não formal são centros comunitários, instituições organizações privadas, civis ou do Estado.
Que a educação deveria ser um dos maiores investimentos em qualquer país, ninguém duvida. Mas a questão da educação ainda é séria no Brasil. Apesar de índices demonstrarem que, cada vez mais, os índices de analfabetismo, de evasão escolar e de repetência vêm caindo, a situação ainda não é das melhores.
Existem vários fatores que contribuem para a evasão escolar e para o analfabetismo. A grande maioria das crianças que estuda na rede pública sofrem, além da deficiência do ensino, dificuldades com transporte e alimentação. Além disso, muitas crianças precisam ajudar os pais a trabalhar e cumprem uma jornada dupla que interfere brutalmente no rendimento escolar.
Se já é senso comum dizer que as crianças são o futuro do país, nada mais justo que criar condições para elas estudarem. E está provado também que, quanto maior o nível de instrução, maior a chance de encontrar trabalho.
E quando adulto, quanto maior o nível de escolaridade dos pais, maior será o nível de escolaridade dos filhos também. O Brasil gasta um média de 5,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) na educação, mas ainda não consegue suprir a demanda de estudantes.
O atual sistema educacional brasileiro tem a seguinte estrutura:
Educação Básica: educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio
Educação Superior universidade e pós-graduação
Mas educar não significa só investir em escola.
O primeiro grupo social do qual participamos é a família e ela participa também do que chamamos educação informal.
O início da educação da criança começa
O que é Educação?
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela :
para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação.
Com uma ou com várias: educação? Educações. É já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?
Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns dos seus jovens às escolas dos brancos.
Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamim Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa :
“… Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
Mas daqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
… Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formandos nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome.
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens. ”
De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta dos índios. Não há uma forma única de modelo de educação; a escola não é o único lugar onde acontece e talvez nem seja o melhor ; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.
28 de Abril
“…a boa educação é a base de uma nação consciente de seus direitos e deveres, que é capaz de construir o melhor para si e seu país, contribuindo para uma sociedade mais justa e com alta qualidade de vida”.
Educação
É o conjunto de técnicas e conhecimentos necessários para a transmissão do saber e dos valores essenciais à sociedade.
Ao professor cabe transmitir conhecimentos e estimular o raciocínio lógico e a visão crítica dos estudantes, ajudando-os no desenvolvimento de habilidades para entrar no mercado de trabalho e assumir seu papel de cidadão.
Atua em todos os níveis da educação, do ensino infantil ao superior. Pode lecionar disciplinas específicas nos cursos profissionalizantes, nas classes de alfabetização, de educação especial (para portadores de deficiência) ou para jovens e adultos (antigo supletivo). Pela Lei de Diretrizes e Bases de 1996, todos os professores, de qualquer nível de ensino, devem ter formação superior a partir de 2007. Para lecionar em faculdade, é preciso, ainda, ter pós-graduação.
Hoje em dia é grande a importância dada à educação. O número de analfabetos no país vem caindo a cada ano e praticamente todas as crianças com idade entre 7 e 14 anos estão matriculadas na escola. E também há um esforço para colocar na pré-escola as crianças com menos de seis anos de idade.
Outra preocupação atual é com a repetência. Professores e o Ministério da Educação buscam formas de evitar a repetência dos alunos para que eles não desanimem e acabem abandonando a escola. Mesmo assim, muitas crianças e jovens têm que deixar de estudar porque precisam trabalhar.
A qualidade do ensino também é um ponto importante para se pensar. Pouco adianta completar séries e ganhar um diploma se não aprendermos de verdade. Por tudo isso, estudar com prazer e buscar compreender o mundo através do que aprendemos é uma boa forma de comemorar o Dia da Educação.
Como anda a educação no Brasil?
O IBGE realiza várias pesquisas que levantam dados sobre a educação no Brasil, sendo a maior delas o Censo Demográfico. O último censo foi em 2000 e trouxe informações sobre analfabetismo, anos de estudo, freqüência escolar e redes de ensino, com distribuição de acordo com idade, estados, regiões do Brasil e sexo, entre outros dados.
Outra pesquisa importante, realizada com amostras da população brasileira, é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que apresentou seus mais recentes resultados em 2003. Vamos aproveitar o Dia da Educação para sabermos mais sobre o assunto no Brasil?
Mais brasileiros sabendo ler e escrever
O mundo moderno exige das pessoas uma preparação cada vez melhor para o exercício de suas tarefas. Ler e escrever, além de serem formas de se comunicar com o mundo, são atividades básicas para o desempenho de muitas outras funções.
Sob esse aspecto, a população brasileira vem conseguindo alguns avanços. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2004, que traz os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003 (PNAD), do IBGE, o crescimento contínuo da taxa de escolarização vem reduzindo o analfabetismo, elevando o nível de instrução da população em todo o país e diminuindo, gradativamente, as grandes diferenças entre as regiões.
A taxa de escolarização dos jovens de 15 a 17 anos, por exemplo, aumentou cerca de 33% nos últimos 10 anos e atingiu, em 2003, 82,4% desses jovens. Não houve grandes variações entre as taxas regionais e a taxa média nacional.
Sobe o nível de instrução da população, cai o analfabetismo
A crescente escolarização vem impulsionando a elevação do nível de instrução da população. Entre 1993 e 2003, o analfabetismo declinou em quase 30% no Brasil. Esse declínio foi mais intenso nas regiões Sul (34,7%), Centro-Oeste (32,1%) e Sudeste (31,3%), principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina (com reduções de 37,6% e 36,7%, (respectivamente), o Distrito Federal (-45,7%) e o Rio de Janeiro (-41%). O Nordeste apresentou um declínio de 27%.
São considerados analfabetos todos aqueles que possuem mais de 15 anos de idade e não sabem ler nem escrever. A diminuição das taxas de analfabetismo no Brasil deve-se ao maior acesso da população carente ao ensino fundamental e aos programas de alfabetização de adultos, como, por exemplo, o Alfabetização Solidária, onde o governo federal atua em parceria com universidades, empresas privadas, prefeituras e comunidades, e o Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.
Meninos e meninas: quem estuda mais?
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2004, o analfabetismo apresentou maior declínio entre as mulheres (31,7%) do que entre os homens (26,9%).
No grupo das pessoas com mais de 10 anos de idade, ocupadas, as mulheres têm em média um ano de estudo a mais do que os homens (média de anos de estudo iguais a 7,7 e 6,7, respectivamente).
Educação, formando o ser humano
Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, educação é: “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual ou moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social”. O processo de educação começa com a família, quando os pais ensinam a seus filhos o que julgam ser certo, como devem se comportar, a respeitar as outras pessoas. Ou seja, é o início da formação da criança, que aos poucos vai sendo preparada para a vida individual e em sociedade.
Num segundo momento, entra em cena a escola. Tem início a etapa da instrução da criança, onde ela vai adquirir conhecimentos referentes a áreas do saber específicas: Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, entre outras.
Mas o papel da escola na formação do indivíduo não fica restrito a esse tipo de informação. De certa forma, a escola vai dar continuidade ao processo que foi iniciado pela família, educando a criança e o adolescente também para a vida, através da disciplina, das responsabilidades, do estímulo ao exercício da cidadania.
E lembre-se: a boa educação é a base de uma nação consciente de seus direitos e deveres, que é capaz de construir o melhor para si e seu país, contribuindo para uma sociedade mais justa e com alta qualidade de vida.
Quem está na escola vai à escola?
Agora vamos estudar mais detalhadamente a situação desses jovens que estão na escola. Há inúmeras razões que determinam o grau de freqüência à escola. A Pesquisa de Padrão de Vida (PPV), realizada pelo IBGE, entre março de 1996 e março de 1997, nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, onde estão concentrados 70% da população, teve como um dos temas apurados a Educação, com destaque para o estudo da freqüência à escola.
Veja alguns dos resultados da pesquisa:
8% das crianças entre 7 e 14 anos, residentes nos domicílios pesquisados, não freqüentam a escola e grande parte alega como causas dessa situação dificuldades financeiras e desinteresse.
Entre as crianças de 7 a 9 anos, a renda aparece como o principal motivo (28%) pela não freqüência, seguida por razões ligadas ao sistema educacional (26%, sendo 11% a falta de vagas e 15% a ausência de escola próxima do domicílio) e por desinteresse (9%).
Já para a faixa de 10 a 14 anos, o desinteresse é o principal motivo (31%), seguido pela renda (25%). Os problemas relacionados ao sistema educacional respondem por 22%.
Na medida em que aumenta a renda familiar, cresce também a taxa de escolarização entre os membros da família.
O atual sistema educacional brasileiro tem a seguinte estrutura:
Educação Básica
Compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
Educação Superior
Compreende o ensino superior e pós-graduação. Há também a educação profissional nos níveis básico, técnico de nível médio e tecnológico e a educação especial, para estudantes portadores de deficiência física ou mental.
Quanto maior o nível de instrução, maiores são as chances de encontrar trabalho. A conclusão é da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV), realizada pelo IBGE, entre março de 1996 e março de 1997, nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, onde estão concentradas 70% da população.
Os resultados da PPV mostraram que a taxa de ocupação para quem estuda durante 12 anos ou mais é de 77,62%, contra 44,5%, para os que têm de 1 a 3 anos de estudo.
O Brasil gasta, em média, 5,5% do Produto Interno Bruto – PIB em programas de educação, incluindo os gastos públicos e os investimentos privados. Esse valor é alto. Só para se ter idéia, os Estados Unidos destinam 5,3% de seu PIB com educação e a Inglaterra, 5,5%. O problema que o Brasil enfrenta é a distribuição desigual dos recursos nos diferentes níveis de ensino. Aos alunos de nível superior é destinada uma quantidade muito maior de recursos do que para os do ensino fundamental.
28 de Abril
O que é Educação
Não há forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único modelo de educação,aescola não é o único lugar onde ele acontece e talvez nem seja o melhor;o ensino escolar não é a sua única prática e o professor não é o seu único praticante.
Em mundos diversos a educação existe diferente:em pequenas sociedades tribais de povos caçadores,agricultores ou pastores nômades;em sociedades camponesas,em países desenvolvidos e industrializados;em mundos sociais sem classes,de classes;tipos de sociedades e culturas sem Estado,com um Estado em formação ou com ele consolidando entre e sobre as pessoas.
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo;ela existe em cada povo,ou entre povos que se encontram.
A educação participa do processo de produção de crenças e idéias,de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos,bens e poderes que,em conjunto,constroem tipos de sociedades.E esta é a sua força.
A educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferências de saber de uma geração a outra,onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado.
Werner Jaeger explica “A natureza do homem,na sua dupla estrutura corpórea e espiritual,cria condições especiais para a manutenção e transmissão da sua forma particular e exige organizações físicas e espirituais,ao conjunto das quais damos o nome de educação.Na educação,como o homem a pratica,atua a mesma força vital,criadora e plástica,que espontaneamente impele todas as espécies vivas à conservação e à propagação de seu tipo.É nela,porém,que essa força atinge o seu mais alto grau de intensidade ,através do esforço consciente do conhecimento e da vontade,dirigida para a consecução de um fim”.
Vista em seu vôo mais livre,a educação é uma fração da experiência endoculturativa. Ela aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar-aprender.Intenções,por exemplo,de aos poucos””modelar”” a criança,para conduzi-la a ser o ””modelo”” social de adolescentes,para torná-lo mais adiante um jovem e,depois,um adulto.Todos os povos sempre traduzem de alguma maneira esta lente transfonação que a aquisição do saber deve operar. Ajudar a crescer,orientar a maturação,transformar em,tornar capaz,trabalhar sobre,domar,polir,criar,como um sujeito social,a obra,de que o homem natural é a matéria-prima.
A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventur ade ensinar-e-aprender.O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia(a teoria da educação),cria situações próprias para o seu exercício,produz os seus métodos,estabelece suas regras e tempos,e constitui executores especializados.É quando aparecem a escola,o aluno e o professor.
Em todos os cantos do mundo,primeiro a educação existe como um inventário amplo de relações interpessoais diretas no âmbito familiar,todo o saber que se transfere pela educação circula através de trocas interpessoais,de relação física e simbolicalicamente afetivas entre pessoas.
Ora,uma outra maneira de se compreender oque a educação é,ou poderia ser, procurar ver o que dizem sobre ela pessoas como legisladores,pedagogo,professores,estudantes e outros sujeitos um tanto mais tradicionalmente difíceis de entender,como filósofos e cientistas sociais.
Nos dois dicionários brasileiros mais conhecidos a educação aparece definida assim:
“Ação e efeito de educar ,de desenvolver as faculdades físicas,intelectuais e morais da criança e,em geral,do ser humano;disciplinamento, instrução,ensino”.(Dicionário contemporâneo da língua portuguesa,caldas aulete).
“Ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações jovens para adaptá-las a vida social;trabalho sistematizado,seletivo,orientador,pelo qual nos ajustamos à vida,de acordo com as necessidades ideais e propósitos dominantes; ato ou efeito de educar;aperfeiçoamento integral de desumanas,polidez,cortesia”.(pequeno dicionário brasileiro de língua portuguesa,Aurélio buarque de holanda).
Ao pretenderem estabelecer os fins da educação no país,nossos legisladores,pelo menos em teoria,falam sobre oque deve determinar e controlar o trabalho pedagógico em todos os seus graus e modalidade.De certo modo falam a respeito de uma educação idealizada,ou falam da educação através de uma ideologia.Mas,do outro lado do palco,intelectuais,educadores e estudantes fazem e refazem todos os dias a crítica da prática da educação no brasil.Eles levantam questões e afirmam que,do ministério á escolinha,a educação nega no cotidiano oque afirma na lei.
De acordo com as idéias de alguns filósofos e educadores,a educação é um meio pelo qual o homem desenvolve potencialidades biopsíquicas inatas,mas que não atingiriam a sua perfeição( o seu amadurecimento,o seu desenvolvimento,etc)sem a aprendizagem realizada através de educação.
Para que serve a educação?
A quem educar? Por que educar? Como educar?
Essas questões são a síntese da preocupação humana com a educação ao longo dos séculos. Isso porque a espécie humana, diferentemente dos animais movidos apenas por instinto, é capaz de criar, de inovar, de inventar o supérfluo. E é tamanha a quantidade de invenções e de conhecimentos humanos, que torna-se necessário sistematizá-los e transmiti-los às novas gerações. Assim surgiu a educação formal, como meio de suprir essa necessidade, o que possibilitou uma evolução cada vez maior e mais rápida em termos de conhecimentos.
Outra característica humana, além do poder de criação, é a reflexão. Por isso, o ser humano se questiona a respeito de qual a função da educação: será preparar para o mercado de trabalho, assegurando profissionalização? Ou dar uma visão humanística, mais geral? Deverá o ensino preparar para o vestibular, ser propedêutico? Ou devemos fornecer uma educação desvinculada desse compromisso?
Seja qual for a resposta, ela nunca será neutra, mas estará impregnada das nossas concepções de educação e de sociedade. Passo agora a defender a minha posição.
Educação é um direito de todos. Todos os setores da sociedade valorizam e exigem a educação, embora nem sempre se mobilizem para torná–la efetivamente abrangente, universal e de boa qualidade. Mas em todas as famílias vemos a preocupação em ter seus filhos educados; nas empresas exige-se um nível de escolaridade cada vez maior, e vários setores buscam superar os problemas das escolas (voluntários, 3º setor, etc). Todavia, o que se vê é a falta de visão sobre os objetivos da educação.
A educação, muito mais do que transmissão de informações ou qualificação profissional, tem o dever de transmitir o legado cultural acumulado pela humanidade historicamente. Essa é uma tarefa verdadeiramente desafiadora, porque envolve mobilização de professores e alunos na apropriação de saberes construídos em diversas áreas, desde a arte até a linguagem, desde a música até a matemática. A escola seria o lugar ideal para dar um vislumbre da grandeza humana, de sua produção cultural, de suas idéias e aspirações, do desenvolvimento das técnicas a serviço da qualidade de vida, dos erros e horrores da história e de como superá-los, aprendendo com eles.
Essa seria uma tarefa apaixonante, e daria conta, indubitavelmente, de todos aqueles famigerados conteúdos e programas que são alienadamente empurrados para e pelo professor. Viria do encontro das necessidades dos alunos, da sua curiosidade, do seu dinamismo e alegria naturais, desenvolvendo espírito científico e criatividade, e semeando o prazer do aprendizado.
Quantos talentos se perderam na escola, entre as inúmeras tarefas repetitivas e mecanizadas, tão comuns no cotidiano escolarizado? Como podiam ter florescido, se apenas lhes fossem dados meios de desenvolver seu potencial, respeitando sua individualidade, sem tentar sufocar sua personalidade!
A escola não tem cumprido nenhum dos objetivos anteriormente citados. Não propicia a atualização cultural, não prepara para o trabalho e nem para o vestibular. A escola gera alunos desmotivados, que não gostam de estudar, que não têm o hábito da leitura, meros executores de tarefas repetitivas, seguidores de ordens, passivos e em nada conscientes.
Inúmeros educadores têm denunciado ao longo de vários anos essa função reprodutora da escola; Paulo Freire chama essa concepção de “educação bancária”, pois o professor “deposita” o conhecimento no aluno, para nas provas verificar o “saldo”.
Infelizmente, apesar de muito se falar sobre construtivismo, sobre desenvolver as competências, respeitar as “inteligências múltiplas”, essas considerações não transcendem a teoria, não chegam a alcançar a prática.
São inúmeros os motivos para isso: falta de vontade política e de compromisso social por parte dos governantes, falta de condições mínimas de trabalho para o professor, seja de material de trabalho, seja de remuneração; falta de consciência dos pais da necessidade de mobilizarem-se na luta por melhores condições nas escolas; falta de visão dos gestores acerca do que é realmente necessário realizar em sua prática e do que é meramente burocrático… falta de tudo!
Todavia, isso não pode ser desculpa ou empecilho para mudar a realidade. Reconhecer a importância da escola básica e conhecer seus problemas deve levar-nos, como sociedade, a nos mobilizarmos para mudar essa situação, exigindo dos governantes que façam a sua parte, equipando as escolas e dando melhores condições de trabalho ao professor.
Esses passos são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Para a efetivação da cidadania de cada um, para uma verdadeira democracia.
Uma escola que dê ao aluno a chance de escolher entre ver o Programa do Ratinho ou o Jornal Nacional, entre ouvir Bach ou É o Tchan. Entre votar bem ou votar nos mesmos corruptos que nos têm explorado por anos a fio. Que lhe dê liberdade. Porque ninguém é livre sem conhecimento, sem consciência.
Uma escola que mostre ao aluno que o mundo tem jeito, que não foi tudo sempre assim, que vale a pena lutar e coordenar esforços para perseguir um sonho, um ideal. Afinal, não foi assim com o fim da escravidão, e com tantas mudanças históricas que só sucederam em virtude das lutas humanas?
Por isso, o papel fundamental da escola é o de dar ao aluno uma visão sócio-histórico-cultural da evolução da humanidade. Para dar-lhe o direito de escolha, para que ele tenha meios de efetuar essa luta. Dizer que a escola deve preparar profissionalmente é reduzir demais o seu papel. Alegar que deve ser propedêutica ao vestibular é assassinar seu verdadeiro sentido, o que serve principalmente para perpetuar essa sociedade de privilégios em que vivemos.
Selma Moura
Fonte: es.wikipedia.org/Mec Governo Federal/www.espirito.org.br/www.velhosamigos.com.br/pt.shvoong.com www.recantodasletras.uol.com.br
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