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Bioespeleologia – O que é
A Bioespeleologia é o ramo da Biologia que se dedica ao estudo dos seres vivos que ocorrem no ecossistema cavernícola (cavernas).
A Bioespeleologia é o estudo biológico de organismos que vivem em cavernas
As espécies que vivem em cavernas e habitats relacionados são únicas em suas adaptações a um ambiente extremo.
Desde o início da Espeleologia que o homem tem vindo a deparar com criaturas que vivem nos lugares mais interiores das grutas, apesar das condições adversas do meio.
Esta Fauna desde sempre suscitou a curiosidade científica, pois questionou-se de imediato sobre as formas de sobrevivência destes seres num ambiente tão inóspito, onde a luz é escassa ou mesmo inexistente e o alimento pouco abundante.
Foi para responder a estas questões que surgiu uma nova ciência a que se deu o nome de Bioespeleologia.
Esta disciplina tem como objetivo o estudo destes seres e os seus meios de subsistência, revelando cada vez mais um mundo fascinante, completamente diferente daquele a que estamos habituados e onde se podem encontrar “seres estranhos” desprovidos de olhos e de cores ou, ainda, membros invulgarmente alongados.
O termo Bioespeleologia provém dos vocábulos gregos SPELAION (caverna) e LOGOS (tratado ou estudo).
A espeleologia consiste, essencialmente, no tratado ou estudo das cavernas.
As cavernas, bem como os restantes tesouros naturais, são um recurso valioso que importa proteger.
As ameaças são muitas: lixo, efluentes não tratados, poluição dos lençóis de água e vandalismo, estão a destruir rapidamente estes ambientes de características únicas.
Cavernas: uma área habitada
A caverna, uma visão de dentro
O ambiente da caverna, escuro e misterioso, sempre estimulou a fantasia do homem, provocando uma mistura de curiosidade e medo.
O homem imaginou os habitantes das cavernas como sendo misteriosos e fantásticos, muitas vezes relacionados ao mundo dos mortos e à adoração dos mortos: nas culturas ocidentais eles eram vistos como malignos e diabólicos, mas para muitos outros, como os orientais, eles eram (e em muitos casos ainda são) seres sobrenaturais positivos que davam proteção e traziam boa sorte.
Novos estudos e conhecimentos sobre este ambiente em particular nos fizeram entender que as cavernas não são lar de demônios ou dragões, mas de uma microfauna de seres minúsculos e tímidos, difíceis de observar, mas interessantes para estudos sobre evolução e manejo do meio ambiente.
Fatores climáticos importantes
A luz permite caracterizar a gruta em 3 zonas muito importantes do ponto de vista bioespeleológico.
A Temperatura apresenta variações diminutas e é, normalmente, igual à média das temperaturas anuais exteriores.
A Atmosfera cavernícola é normalmente rica em CO2. A circulação de ar dentro das cavidades depende das correntes de convexão das massas de ar quente e frio, o número de entradas a pressão atmosférica exterior, a dimensão e forma das galerias, entre outros fatores.
A humidade relativa do ar é próxima da saturação
Comunidades bacterianas
São os organismos vivos mais abundantes no meio cavernícola.
Nas zonas com luz existem cianobactérias, bactérias fotossíntéticas, que em muitos casos, vivem dentro da rocha (endolíticas).
As bactérias heterotróficas ocupam-se da decomposição da matéria orgânica.
As bactérias quimiolitotróficas vivem nas argilas e nos calcários e produzirem matéria orgânica a partir de matéria mineral.
As nanobactérias, de dimensões ínfimas são abundantes em rochas e minerais e muitas delas, são responsáveis for fenômenos de precipitação do carbonato de cálcio, aparecendo associadas a múltiplas formas de concreções subterrâneas.
Flora cavernícola
A Flora existente no interior de uma caverna relaciona-se, principalmente, com a quantidade de luz existente, distribuindo-se assim pelas três principais zonas da gruta.
A Zona de Claridade, existente à entrada da gruta, onde penetra grande quantidade de luz, permite o desenvolvimento de plantas clorofilinas as quais necessitam da luz solar para realizarem as suas funções vitais.
Os vegetais mais frequentes nesta zona são as Heras, Hepáticas, Musgo, Fungos, Algas e líquenes, que necessitam de pequenas quantidades de terreno para se fixarem e de muita humidade.
Em grutas com grandes aberturas e entrada de luz muito abundante, podem até desenvolver-se vegetais do tipo arbustivo, embora nenhum destes grupos botânicos necessite da gruta para viver, encontrando-se lá apenas por mera casualidade.
A Zona de Penumbra, já mais no interior das cavidades, onde a luz escasseia, não permite a existência de vegetais clorofilinos, à excepção de algumas algas verdes que conseguem subsistir com quantidades de luz muito reduzidas. É também natural encontrar plantas clorofilinas, cujas sementes entram no interior da gruta por acidente, levadas por correntes de ar ou transportadas na pele ou patas de animais, as quais germinam e dão origem a plantas frágeis e doentias, mostrando sinais típicos de fototropismo (inclinação em direção à luz), tendo em geral pouco tempo de vida. Nesta zona desenvolvem-se ainda alguns fungos, emboram não tenham grande capacidade de proliferação, devido à falta de matéria orgânica no substrato ou à acidez das argilas.
A Zona Escura, onde a luz está completamente ausente, permite apenas a existência de uma rica flora bacteriana e alguns raros fungos que se fixam no guano e sobre o corpo de organismos, em especial insetos.
A flora bacteriana tem um papel preponderante na decomposição do guano e na alimentação de alguns outros organismos, tais como ácaros, colembolos, etc. Quanto aos vegetais, tal como na zona de penumbra, existe a possibilidade de germinação de sementes e esporos, os quais estão condenados a uma morte quase imediata devido à extrema adversidade do meio. Podemos, pois, considerar como inexistentes as formas de vida botânicas que estejam intimamente relacionadas com a gruta.
Fauna cavernícola
A Fauna dentro de uma gruta, divide-se também em três grupos:
Os animais que se encontram, em geral, próximo da entrada da gruta e que não dependem desta, sob forma alguma, encontrando-se nestes locais apenas por casualidade ou acidente.
Os mais frequentes são os Anfíbios (salamandra, tritão e sapo), os pequenos mamíferos (ratos) e os Artrópodes (aranhas, moscas, borboletas nocturnas, centopeias, etc.).
Salamandra
Estes animais não influem na gruta em si nem dependem dela sob nenhum aspecto.
Os animais que têm uma preferência natural pela gruta, necessitando desta para realizar algumas das suas funções vitais, tais como a reprodução, hibernação, abrigo, etc.. De entre estes, o exemplo mais típico é o morcego que necessita da gruta e também influi nesta de forma radical, devido à função de portador de nutrientes, dos quais depende toda uma comunidade de seres vivos e cadeias tróficas.
Esses nutrientes são o alimento que o morcego durante a noite recolhe, fora da gruta, sob a forma de insetos voadores e que posteriormente libertado, já digerido e transformado em excrementos, a que se dá o nome de guano, vai servir de alimento a animais que dele diretamente dependem, formando outro grupo cavernícola. Este grupo abrange a flora bacteriana e os Ácaros, Colembolos e Dípteros, sem esquecer os predadores do tipo dos miriápodes (centopeias), pseudo-escorpiões e outros.
Morcegos cavernícolas e Fauna do Guano
Morcego
São, provavelmente, os habitantes mais conhecidos do meio cavernícola
Os morcegos são mamíferos da ordem dos Quirópteros. Estes não possuem asas, voam recorrendo a uma membrana interdigital. Têm uma visão reduzida e orientam-se por um processo de ecolocação, emitindo ultra-sons pela laringe que são captados após reflecção e se baseia-se no fenômeno físico do Efeito de Doppler.
Estes mamíferos hibernam no Inverno, sozinhos ou em colônias, conforme a espécie. Nos climas temperados alimentam-se, essencialmente, de insetos.
Os morcegos são vetores de doenças graves, como a raiva (através da mordedura) e a histoplasmose e criptococose (por via aérea, através de esporos existentes no guano).
Fungos
Os fungos desenvolvem-se por cima de matéria orgânica, digerindo-a. Por um processo de digestão extracelular, os fungos excretam enzimas digestivas sobre a matéria orgânia.
São mais comuns em zonas de aporte de matéria orgânica. Estes formam esporos que só germinam em condições favoráveis.
A Espeleologia e a ciência
Para que se possa explorar e estudar uma caverna, a Espeleologia teve necessidade de recorrer aos conhecimentos já existentes em outros ramos do conhecimento.
Com as técnicas relacionadas com o alpinismo e as de cultura física, além das propriamente espeleológicas, já que é necessário vencer inúmeros e, por vezes, difíceis obstáculos em que só uma boa resistência física, aliada a um bom conhecimento das técnicas existentes, permite ultrapassar. Estão neste caso a descida de poços, a escalada de chaminés e paredes ou a progressão em passagens estreitas, como exemplos.
Do aspecto científico, imensamente vasto e complexo, destacam-se o agregado das ciências geológicas (Geologia, Hidrologia, Tectônica, Morfologia – superficial e subterrânea, Paleontologia, etc), a Biologia, a Arqueologia, as técnicas da Topografia, a Fotografia, o Cinema, entre muitas outras.
A Espeleologia não é uma atividade “esquisita”, mas sim uma atividade técnico-científica como muitas outras, onde há bons e maus executantes e onde todos os indivíduos podem participar sem quaisquer problemas desde que a encarem com a devida seriedade, respeito e conhecimento técnico que ela merece e requer.
Fonte: profundezas.googlepages.com/www.iheart.com/biodiversityresearch.org/espeleopaty.vilabol.uol.com.br/www.eniscuola.net