João Cabral de Melo Neto

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Nascimento: 9 de janeiro de 1920, Recife, Pernambuco.
Falecimento: 9 de outubro de 1999, Rio de Janeiro.

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife, a 9 de janeiro de 1920 e faleceu no dia 09 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, aos 79 anos.

Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomou posse de sua cadeira em 6 de maio de 1969.

Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmen Carneiro Leão Cabral de Melo. Parte da infância de João Cabral foi vivida em engenhos da família nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Aos dez anos, com a família de regresso ao Recife, ingressou João Cabral no Colégio de Ponte d’Uchoa, dos Irmãos Maristas, onde permanece até concluir o curso secundário. Em 1938 freqüentou o Café Lafayette, ponto de encontro de intelectuais que residiam no Recife.

Dois anos depois a família transferiu-se para o Rio de Janeiro mas a mudança definitiva só foi realizada em fins de 1942, ano em que publicara o seu primeiro livro de poemas – “Pedra do Sono”.

No Rio, depois de ter sido funcionário do DASP, inscreveu-se, em 1945, no concurso para a carreira de diplomata. Daí por diante, já enquadrado no Itamarati, inicia uma larga peregrinação por diversos países, incluindo, até mesmo, a República africana do Senegal. Em 1984 é designado para o posto de cônsul-geral na cidade do Porto (Portugal). Em 1987 volta a residir no Rio de Janeiro.

A atividade literária acompanhou-o durante todos esses anos no exterior e no Brasil, o que lhe valeu ser contemplado com numerosos prêmios, entre os quais – Prêmio José de Anchieta, de poesia, do IV Centenário de São Paulo (1954); Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1955); Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; Prêmio Bienal Nestlé, pelo conjunto da Obra e Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro “Crime na Calle Relator” (1988).

Em 1990 João Cabral de Melo Neto é aposentado no posto de Embaixador. A Editora Nova Aguilar, do Rio de Janeiro, publica, no ano de 1994, sua “Obra completa”.

A um importante trabalho de pesquisa histórico-documental, editado pelo Ministério das Relações Exteriores, deu João Cabral o título de “O Brasil no arquivo das Índias de Sevilha”. Com as comemorações programadas neste final do século, relacionadas com os feitos dos navegadores espanhóis e portugueses nos anos que antecederam ou se seguiram ao descobrimento da América, e, em particular ao do Brasil, a pesquisa de João Cabral assumiu valor inestimável para os historiadores dos feitos marítimos, praticados naquela época.

Da obra poética de João Cabral pode-se mencionar, ao acaso, pela sua variedade, os seguintes títulos: “Pedro do sono”, 1942; “O engenheiro”, 1945; “O cão sem plumas”, 1950; “O rio”, 1954; “Quaderna”, 1960; “Poemas escolhidos”, 1963; “A educação pela pedra”, 1966; “Morte e vida severina e outros poemas em voz alta”, 1966; “Museu de tudo”, 1975; “A escola das facas”, 1980; “Agreste”, 1985; “Auto do frade”, 1986; “Crime na Calle Relator”, 1987; “Sevilla andando”, 1989.

Em prosa, além do livro de pesquisa histórica já citado, João Cabral publicou “Juan Miró”, 1952 e “Considerações sobre o poeta dormindo”, 1941.

Os “Cadernos de Literatura Brasileira”, notável publicação editada pelo Instituto Moreira Salles – dedicou seu Número I – março de 1996, ao poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, com selecionada colaboração de escritores brasileiros, portugueses e espanhóis e abundante material iconográfico.

João Cabral de Melo Neto – Vida

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto

Nasceu em Recife (PE) em 1920. Ingressou na carreira diplomática aos 25 anos, exercendo sua profissão em diversos países, por mais de quarenta anos.

Aposentado, reside atualmente no Rio de Janeiro. A cultura espanhola, que o poeta conheceu a fundo quando viveu em Barcelona e Sevilha, deixou muitas marcas na poesia de João Cabral.

O escritor faz parte da Academia Brasileira de Letras desde 1968.

Em 1994, a editora Nova Aguilar publicou em volume único a obra completa do escritor, João Cabral de Melo Neto inaugurou um novo modo de fazer poesia em nossa literatura. A essência de sua atividade poética mostra a tentativa de desvendar os elementos concretos da realidade, que se apresentam como um desafio para a inteligência do poeta. Sempre guiado pela lógica, pelo raciocínio, seus poemas evitam análise e exposição do eu e voltam-se para o universo dos objetos, das paisagens, dos fatos sociais, jamais apelando para o sentimentalismo. Por isso, o prazer estético que sua poesia pode provocar deriva sobretudo de uma leitura racional, analítica, não do envolvimento emocional com o texto.

Essas características levaram a crítica a ver na obra de João Cabral uma “ruptura com o lirismo” ou a considerar sua expressão poética como “antilírica”. Não devemos, entretanto, supor que essa relação do poeta com o mundo concreto, objetivo, produza apenas textos descritivos. Na verdade, suas descrições ora acabam adquirindo valor simbólico, ora acabam denunciando a crítica social que o poeta pretende levar a efeito.

Pedra do sono, seu primeiro livro, apresenta elementos do surrealismo, a começar pelo título (sono). Segundo o próprio poeta, o que se pretendeu nesse livro foi “compor um buquê de imagens em cada poema,- as imagens revelam matéria surrealista no sentido de oníricas, subconscientes… ” . O sono e o sonho são temas freqüentes e importantes nessa obra. O próprio autor considera sua primeira obra como “um livro falso”, cujo rendimento artístico não o satisfez.

O engenheiro, embora inclua ainda poemas de caráter surrealista, traz já as bases de sua nova concepção de poesia, segundo a qual o poema deve resultar de uma atitude racionalista, objetiva, diante da realidade concreta. Uma atitude de quem controla racionalmente as emoções.

Psicologia da composição mostra o amadurecimento daquele conceito de poesia rascunhado no livro anterior. O poeta rejeita – em poemas de caráter metalingüístico – a inspiração e assume, não sem hesitar, a objetividade diante do ato de escrever. Por isso, o livro apresenta poemas com uma linguagem racional, lógica, marcados pelo extremo cuidado formal. Muitas vezes sente-se o poeta questionando a validade do próprio ato de escrever.

Os livros seguintes – O cão sem plumas, O rio e Morte e vida severina – mostram um poeta mais diretamente voltado para a temática social, analisando a realidade geográfica, humana e social do Nordeste.

Morte e vida severina, sua obra mais conhecida, é um poema narrativo subintitulado auto de Natal pernambucano, que trata da caminhada de um retirante – Severino – do sertão até a zona litorânea, em busca de condições para sobreviver à seca. A semelhança com um auto natalino ocorre no final, quando, ao presenciar o nascimento de uma criança, o retirante renuncia à intenção de matar-se.

Paisagem com figuras traça paralelos entre duas terras que o poeta conhece bem: a Espanha e Pernambuco.

O Auto do frade tem como assunto o dia da morte do rebelde frei Caneca.

Agrestes é uma coletânea de poemas de temas diversos. Eis um poema desse livro:

O luto no Sertão

Pelo sertão não se tem como
não se viver sempre enlutado;
lá o luto não é de vestir,
é de nascer com, luto nato.

Sobe de dentro, tinge a pele
de um fosco fulo: é quase raça;
luto levado toda a vida
e que a vida empoeira e desgasta.

E mesmo o urubu que ali exerce,
negro tão puro noutras praças,
quando no sertão usa a batina
negra-fouveiro, pardavasca.

Obras

Pedra do sono (1942)
O engenheiro (1945)
Psicologia da composição (1947)
O cão sem plumas (1950)
O no (1954)
Morte e vida severina (1956)
Paisagem com figuras (1956), Uma faca só lâmina (1956)
A educação pela pedra (1966)
Museu de tudo (1975)
Auto do frade (1984)
Agrestes (1985)
Crime na Calle Relator (1987)

João Cabral de Melo Neto – Biografia

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto

Nasceu no Recife, em 6 de janeiro de 1920, filho de Luiz Cabral de Melo e de Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo, de antigas famílias de Pernambuco e Paraíba. Pelo lado paterno é quarto neto de Antônio de Moraes e Silva, o Moraes do Dicionário, e primo de Manuel Bandeira e Mauro Mota. Pelo lado materno é primo de Gilberto Freire e do historiador José Antônio Gonsalves de Melo.

Passou a infância nos engenhos “Poço do Aleixo”, município de São Lourenço da Mata, “Pacoval” e “Dois Irmãos”, município de Moreno.

Estudou no Recife com os Irmãos Maristas, primeiro no Colégio de Ponte d’Uchoa e depois no da Conde da Boa Vista. Não tem curso superior, mas considera equivalente a uma Faculdade o que aprendeu com Willy Lewin e depois com Joaquim Cardozo.

Trabalhou numa companhia de seguros, na Associação Comercial de Pernambuco, no Departamento de Estatística do Estado, e, no Rio, para onde veio em fins de 1942, foi nomeado por concurso Assistente de Seleção do DASP (1943) e diplomata (1945).

Estreou na literatura em 1942 com Pedra do Sono.

Em 1947 foi servir em Barcelona, depois em Londres, Sevilha, Marselha, Madri, Genebra, Berna, Assunção. Promovido a embaixador em 1976, foi nosso representante no Senegal até 1979, quando passou a representar o Brasil no Equador, onde ficou até 1981. Foi embaixador do Brasil em Honduras até 1984 e, em 1986, Cônsul Geral do Brasil na cidade do Porto (Portugal).

Casou-se no Rio em 1946 com Stella Maris Barbosa de Oliveira e tem cinco filhos. Além dos estágios no Rio, viveu em Brasília, durante o governo Jânio Quadros, como chefe de gabinete do Ministro da Agricultura.

Foi eleito por unanimidade para a Academia Brasileira de Letras em 1968, na vaga de Assis Chateaubriand.

João Cabral de Melo Neto – Autor

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, em janeiro de 1920, e viveu os primeiros anos no interior de Pernambuco. Voltou à capital ainda jovem e, ao completar vinte anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1942, publicou seu primeiro livro, Pedra do sono, que reúne seus poemas escritos nos dois anos anteriores.

A edição, do próprio autor, teve uma tiragem de 250 exemplares. Sua consagração definitiva veio em 1950, com o lançamento de O cão sem plumas, considerado hoje um divisor de águas na poesia cabralina. Diplomata, residiu em vários países, sobretudo na Espanha, nas cidades de Sevilha e Barcelona, que se tornariam tema freqüente em sua poesia. Traduzido para diversos idiomas, recebeu uma série de prêmios importantes, como o Camões, o Neustadt International e o Rainha Sofia, e chegou a ser cogitado para receber o Prêmio Nobel. João Cabral faleceu em 1999.

Fonte: www.portrasdasletras.com.br/www.objetiva.com.br

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