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Gonçalves Dias era filho de um português e de uma cafusa, de modo que seu nacionalismo não consistia apenas numa nota romântica, mas num dado genético: branco, negro e índio, mistura perfeita.
Mistura, aliás, que foi de algum modo por ele tematizada no poema Marabá (palavra que em língua tupi significa a mistura entre índios e brancos), em que a índia (filha de uma índia com um europeu) se queixa da discriminação que sofre dos homens da tribo:“Eu vivo sozinha; ninguém me procura! / Acaso feitura / Não sou de Tupá? / Se algum dentre os homens de mim não se esconde, / ‘Tu és’, me responde, / ‘Tu és Marabá!'”
Lembremos aqui a familiaridade de Gonçalves Dias com a língua tupi, a ponto de ter composto um Dicionário Tupi, trabalho que não se deve encarar apenas como uma pesquisa filológica e etnológica. Acabou por ser também uma busca de inspiração poética, de que os poemas indianistas se beneficiaram. O famoso I-Juca-Pirama – que quer dizer “aquele que é digno de ser morto” e, segundo o crítico José Guilherme Merquior, é uma das realizações mais perfeitas do verso em português – deixa transparecer o seu conhecimento científico, antropológico, da mentalidade e da cultura indígenas.
O poema conta uma história. O guerreiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, vai morrer num festim canibal. Preparam-no para ser morto, cortando-lhe o cabelo e pintando-lhe a pele. No entanto, o guerreiro chora, e pede que o deixem ajudar o pai cego que dele precisava. Seu choro denuncia fraqueza, e o chefe timbira se recusa a alimentar seu povo com a carne de um covarde.
O rapaz, envergonhado, embora aliviado, volta para o pai que, tocando sua pele e seu crânio, descobre que o filho escapara da morte heróica. Pai e filho retornam à presença dos Timbiras, e aquele tenta convencê-los de que devem prosseguir no ritual. Nova recusa.
E o pai então lança uma terrível maldição sobre o filho: “Que a teus passos a relva se torre; / Murchem prados, a flor desfaleça, / E o regato que límpido corre, / Mais te acenda o vesano furor; / Suas águas depressa se tornem, / Ao contato dos lábios sedentos, / Lago impuro de vermes nojentos, / Donde fujas com asco e terror!” Mas não termina aqui o poema. No momento em que o velho tupi se dispõe a ir embora sem o filho, este solta o grito de guerra e sozinho ataca os Timbiras, falecendo no combate suicida. O pai então o aceita de novo, chorando orgulhoso sobre o cadáver do filho. “Meninos, eu vi” é a expressão com que Gonçalves Dias conclui o poema, colocando-a na boca de um velho timbira que conta a história para aqueles que não a presenciaram: “Valente e brioso, como ele, não vi!”
E temos toda a poesia amorosa de Gonçalves Dias, que ainda hoje serve como referência para os apaixonados, como naqueles versos ritmados de Ainda uma vez – Adeus: “Enfim te vejo! – enfim posso, / Curvado a teus pés, dizer-te / Que não cessei de querer-te, / Pesar de quanto sofri.” A sua lírica tem muito de autobiográfico, e são reconhecíveis as mulheres em quem pensava quando escrevia este ou aquele poema. Mesmo casado, envolveu-se com várias outras, e as que amou no passado continuavam sendo suas musas inspiradoras. O poema Minha vida e meus amores, por exemplo, se refere a três dessas mulheres que não voltou a ver, mas que jamais esqueceu.
Na realidade, incorrigível romântico, Gonçalves Dias sempre estava à procura do amor perfeito: “O amor sincero e fundo e firme e eterno, / Como o amor em bonança meigo e doce”, inalcançável.
O antológico Se se morre de amor! é outra dessas realizações poéticas que ainda se podem ler, hoje, nas anotações de uma adolescente mais conservadora. O poema, com uma epígrafe em alemão de Schiller que demonstra o grau de erudição do poeta maranhense, faz uma bela análise do amor verdadeiro e do falso amor. O falso é aquele amor nascido nas festas efêmeras, nos encontros fugazes, e desse amor não se morre.
O amor verdadeiro é o do êxtase mais puro, em que os amantes experimentam efeitos semelhantes aos da contemplação religiosa: “Sentir, sem que se veja, a quem se adora; / Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos, / Segui-la, sem poder fitar seus olhos” – e desse amor se morre.
No final da vida, muito doente, Gonçalves Dias, que estava na Europa a trabalho, temendo o inverno daquele ano de 1864 resolve regressar uma vez mais ao Brasil.
Embarca em 10 de setembro e quase dois meses depois de uma longa viagem em alto-mar, o navio em que vinha naufraga na costa do Maranhão.
O poeta, já muito enfraquecido, estava deitado no seu camarote, e por isso foi a única vítima fatal do acidente. Todos se salvaram, mas ninguém teve a idéia de ajudá-lo a sair.
Ironicamente (com pitadas de humor negro), a última estrofe da Canção do Exílio não se cumpriu: “Não permita Deus que eu morra / Sem que eu volte para lá”.
Gonçalves Dias – Quem foi
Gonçalves Dias
Antônio Gonçalves Dias foi um brasileiro romântico poeta, dramaturgo, etnógrafo, advogado e linguista.
Um importante expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como “indianismo”, ele é famoso por ter escrito “Canção do Exílio” – sem dúvida o poema mais conhecido da literatura brasileira -, a curto poema narrativo I-Juca-Pirama, o inacabado épico
Os Timbiras, e muitos outros nacionalistas e patrióticos poemas que iria conceder-lhe postumamente com o título de poeta nacional do Brasil.
Ele também era um ávido pesquisador de brasileiros nativos línguas e folclore.
Ele é o patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras.
Gonçalves Dias – Obra
Gonçalves Dias
Maranhão, em 3 novembro de 1864.
Filho natural de mãe cafusa e pai português.
Aos sete anos de idade começou a aprendizagem das primeiras letras, com o professor José Joaquim de Abreu. Nas horas vagas deleitava-se na leitura da História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França.
Em 1835 começa a freqüentar aulas de francês, latim e filosofia, orientado por seu pai que desde logo percebeu o interesse do filho pelas coisas do estudo. Vai a Portugal em 1838 a fim de cursar a universidade em Coimbra. Da nostalgia, da tristeza, da solidão advindas da separação da pátria e da família escreve “Canção do Exílio”.
Volta para o Brasil em 1845, depois de ter terminado o curso de Direito, passa algum tempo em casa de Alexandre Teófilo, amigo da família, e por essa ocasião conhece Ana Amélia, seu grande amor, a qual freqüentava a casa do seu amigo Teófilo.
São dessa época os poemas: “Seus Olhos”, “Mimosa e Bela”, “Leviana”, todos eles dedicados a Ana Amélia.
Foi, quatro anos mais tarde, nomeado professor de História Pátria e de Latinidade do Colégio Pedro II. Em 1849 fundou o jornal literário “Guanabara”, onde se adestraram Machado de Assis e outros. Em 1854 viaja pela Europa em caráter oficial, para colher dados sobre a História do Brasil. Em 1859, percorre todo o norte do País.
Em 1862, procura a Europa para recuperar-se de uma hepatite crônica. Em 1864, achando-se em Paris gravemente enfermo, é aconselhado a voltar à pátria e quando seu navio, o “Ville de Boulogne”, estava nas costas do Maranhão, houve o naufrágio, em que todos se salvaram exceto Gonçalves.
É patrono da cadeira n.0 15 da Academia Brasileira de Letras.
Dentre suas obras destacamos: “Primeiros Cantos”, “Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão”, “últimos Cantos” e “Os Timbiras”.
Os dramas: “Beatriz Cenci”, “Leonor de Mendonça” Fez ainda o “Dicionário da Língua Tupi” e “Brasil e Oceania”.
As notas predominantes de sua poesia são o nacionalismo e o indianismo.
Sua obra poética apresenta três aspectos: o lírico, o indianista e o clássico. Exaltou grandemente, como Alencar, a figura do índio e, dentre todos os poemas indianistas, destaca-se o belíssimo “I Juca Pirama”.
Outros também que merecem citação: “A Canção do Tamoio” e “0 Canto do Guerreiro”. A sua poesia lírica traduz um amor infeliz e Insatisfeito. Sua produção dramática tem fundo histórico e emotividade. Enfim, dada a espontaneidade de seus versos e a sua inspiração natural, tornou-se um dos nossos maiores poetas.
No consenso de críticos valiosos como José Veríssimo e Olavo Bilac, é Gonçalves Dias o maior dos poetas brasileiros. 0 grande poeta indianista continua sendo lido e estudado em virtude da seiva forte que logrou esparzir na arte poética brasileira.
Gonçalves Dias foi o grande indianista brasileiro. Idealizou o indígena, transformando-o em uma Imagem poética, representativa das tradições brasileiras.
“0 Canto do Piaga”
É a sua primeira inspiração indianista, sua grande composição, o poema “Os Timbiras” que, segundo o autor, “nunca ouviste falar de outro (poema): magotes de tigres, de coatis, de cascavéis; imaginei mangueiras e jaboticabeiras copadas, jequitibás e ipês arrogantes, sapucaeiras e jamboeiros, de palmeiras nem falemos; guerreiros diabólicos, mulheres feiticeiras, sapos e jacarés sem conta; enfim, um gênese americano, uma Ilíada Brasileira. Passa-se a ação no Maranhão e vai terminar no Amazonas, com a dispersão dos Timbiras; guerras entre eles e depois com os portugueses. 0 primeiro canto já está pronto, segundo começado”.
Gonçalves Dias – Vida
Gonçalves Dias
Nascido no Maranhão, era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular. Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das idéias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de “Primeiros cantos” e “Segundos cantos”; o drama Patkull; e “Beatriz de Cenci”, depois rejeitado por sua condição de texto “imoral” pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico “Memórias de Agapito Goiaba”, destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela.
Nesse mesmo ano viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde, Sentinela da Monarquia e Gazeta Oficial, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido.
No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros.
Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.
Por sua importância na história da literatura brasileira, foi Gonçalves Dias homenageado pela Academia Brasileira com o Patronato da sua Cadeira 15, onde tiveram assento Olavo Bilac e Amadeu Amaral, Guilherme de Almeida, Odilo Costa Filho, Dom Marcos Barbosa e hoje pertence ao Pe. Fernando Bastos D’Ávila.
Gonçalves Dias – Biografia
Gonçalves Dias
Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão, em 1823, filho de pai português e mãe provavelmente cafuza, Gonçalves Dias se orgulhava de ter no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro: a branca, a índia e a negra.
Após a morte do pai, sua madrasta mandou-o para a Universidade em Coimbra, onde ingressou em 1840. Atravessando graves problemas financeiros, Gonçalves Dias é sustentado por amigos até se graduar bacharel em 1844. Retornando ao Brasil, conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, grande amor de sua vida. Em 1847, publica os Primeiros Cantos. Esse livro lhe trouxe a fama e a admiração de Alexandre Herculano e do Imperador Dom Pedro II.
Em 1849 fundou a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Gonçalves Dias pediu a mão de Ana Amélia em 1852, mas a família dela não o aceitou. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde se casou com Olímpia da Costa.
Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou quatro anos na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, através da qual viajou por quase todo o norte brasileiro.
Em 1862, seriamente adoentado, vai se tratar na Europa.
Já em estado deplorável, em 1864 embarca no navio Ville de Boulogne para retornar ao Brasil.
O navio naufraga na costa maranhense no dia 3 de novembro de 1864.
Salvam-se todos a bordo, menos o poeta, que, já moribundo, é esquecido em seu leito.
Gonçalves Dias – Poeta
Gonçalves Dias
Gonçalves Dias (Antônio G. D.), poeta, professor, crítico de história, etnólogo, nasceu em Caxias, MA, em 10 de agosto de 1823, e faleceu em naufrágio, no baixio dos Atins, MA, em 3 de novembro de 1864. É o patrono da Cadeira n. 15, por escolha do fundador Olavo Bilac.
Era filho de João Manuel Gonçalves Dias, comerciante português, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, mestiça. Perseguido pelas exaltações nativistas, o pai refugiara-se com a companheira perto de Caxias, onde nasceu o futuro poeta. Casado em 1825 com outra mulher, o pai levou-o consigo, deu-lhe instrução e trabalho e matriculou-o no curso de latim, francês e filosofia do prof. Ricardo Leão Sabino. Em 1838 Gonçalves Dias embarcaria para Portugal, para prosseguir nos estudos, quando faleceu-lhe o pai. Com a ajuda da madrasta pôde viajar e matricular-se no curso de Direito em Coimbra. A situação financeira da família tornou-se difícil em Caxias, por efeito da Balaiada, e a madrasta pediu-lhe que voltasse, mas ele prosseguiu nos estudos graças ao auxílio de colegas, formando-se em 1845. Em Coimbra, ligou-se Gonçalves Dias ao grupo dos poetas que Fidelino de Figueiredo chamou de “medievalistas”. À influência dos portugueses virá juntar-se a dos românticos franceses, ingleses, espanhóis e alemães. Em 1843 surge a “Canção do exílio”, um das mais conhecidas poesias da língua portuguesa.
Regressando ao Brasil em 1845, passou rapidamente pelo Maranhão e, em meados de 1846, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde morou até 1854, fazendo apenas uma rápida viagem ao norte em 1851. Em 46, havia composto o drama Leonor de Mendonça, que o Conservatório do Rio de Janeiro impediu de representar a pretexto de ser incorreto na linguagem; em 47 saíram os Primeiros cantos, com as “Poesias americanas”, que mereceram artigo encomiástico de Alexandre Herculano; no ano seguinte, publicou os Segundos cantos e, para vingar-se dos seus gratuitos censores, conforme registram os historiadores, escreveu as Sextilhas de frei Antão, em que a intenção aparente de demonstrar conhecimento da língua o levou a escrever um “ensaio filológico”, num poema escrito em idioma misto de todas as épocas por que passara a língua portuguesa até então. Em 1849, foi nomeado professor de Latim e História do Colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara, com Macedo e Porto Alegre. Em 51, publicou os Últimos cantos, encerrando a fase mais importante de sua poesia.
A melhor parte da lírica dos Cantos inspira-se ora da natureza, ora da religião, mas sobretudo de seu caráter e temperamento. Sua poesia é eminentemente autobiográfica. A consciência da inferioridade de origem, a saúde precária, tudo lhe era motivo de tristezas. Foram elas atribuídas ao infortúnio amoroso pelos críticos, esquecidos estes de que a grande paixão do Poeta ocorreu depois da publicação dos Últimos cantos. Em 1851, partiu Gonçalves Dias para o Norte em missão oficial e no intuito de desposar Ana Amélia Ferreira do Vale, de 14 anos, o grande amor de sua vida, cuja mãe não concordou por motivos de sua origem bastarda e mestiça. Frustrado, casou-se no Rio, em 1852, com Olímpia Carolina da Costa. Foi um casamento de conveniência, origem de grandes desventuras para o Poeta, devidas ao gênio da esposa, da qual se separou em 1856. Tiveram uma filha, falecida na primeira infância.
Nomeado para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros, permaneceu na Europa de 1854 a 1858, em missão oficial de estudos e pesquisa. Em 56, viajou para a Alemanha e, na passagem por Leipzig, em 57, o livreiro-editor Brockhaus editou os Cantos, os primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o Dicionário da língua tupi. Voltou ao Brasil e, em 1861 e 62, viajou pelo Norte, pelos rios Madeira e Negro, como membro da Comissão Científica de Exploração. Voltou ao Rio de Janeiro em 1862, seguindo logo para a Europa, em tratamento de saúde, bastante abalada, e buscando estações de cura em várias cidades européias. Em 25 de outubro de 63, embarcou em Bordéus para Lisboa, onde concluiu a tradução de A noiva de Messina, de Schiller. Voltando a Paris, passou em estações de cura em Aix-les-Bains, Allevard e Ems. Em 10 de setembro de 1864, embarcou para o Brasil no Havre no navio Ville de Boulogne, que naufragou, no baixio de Atins, nas costas do Maranhão, tendo o poeta perecido no camarote, sendo a única vítima do desastre, aos 41 anos de idade.
Todas as suas obras literárias, compreendendo os Cantos, as Sextilhas, a Meditação e as peças de teatro (Patkul, Beatriz Cenci e Leonor de Mendonça), foram escritas até 1854, de maneira que, seguindo Sílvio Romero, se tivesse desaparecido naquele ano, aos 31 anos, “teríamos o nosso Gonçalves Dias completo”. O período final, em que dominam os pendores eruditos, favorecidos pelas comissões oficiais e as viagens à Europa, compreende o Dicionário da língua tupi, os relatórios científicos, as traduções do alemão, a epopéia Os Timbiras, cujos trechos iniciais, que são os melhores, datam do período anterior.
Sua obra poética, lírica ou épica, enquadrou-se na temática “americana”, isto é, de incorporação dos assuntos e paisagens brasileiros na literatura nacional, fazendo-a voltar-se para a terra natal, marcando assim a nossa independência em relação a Portugal. Ao lado da natureza local, recorreu aos temas em torno do indígena, o homem americano primitivo, tomado como o protótipo de brasileiro, desenvolvendo, com José de Alencar na ficção, o movimento do “Indianismo”.
Os indígenas, com suas lendas e mitos, seus dramas e conflitos, suas lutas e amores, sua fusão com o branco, ofereceram-lhe um mundo rico de significação simbólica. Embora não tenha sido o primeiro a buscar na temática indígena recursos para o abrasileiramento da literatura, Gonçalves Dias foi o que mais alto elevou o Indianismo. A obra indianista está contida nas “Poesias americanas” dos Primeiros cantos, nos Segundos cantos e Últimos cantos, sobretudo nos poemas “Marabá”, “Leito de folhas verdes”, “Canto do piaga”, “Canto do tamoio”, “Canto do guerreiro” e “I-Juca-Pirama”, este talvez o ponto mais alto da poesia indianista. É uma das obras-primas da poesia brasileira, graças ao conteúdo emocional e lírico, à força dramática, ao argumento, à linguagem, ao ritmo rico e variado, aos múltiplos sentimentos, à fusão do poético, do sublime, do narrativo, do diálogo, culminando na grandeza da maldição do pai ao filho que chorou na presença da morte.
Pela obra lírica e indianista, Gonçalves Dias é um dos mais típicos representantes do Romantismo brasileiro e forma com José de Alencar na prosa a dupla que conferiu caráter nacional à literatura brasileira.
Obras: Primeiros contos, poesia (1846); Leonor de Mendonça, teatro (1847); Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão, poesia (1848); Últimos cantos (1851); Cantos, poesia (1857); Os Timbiras, poesia (1857); Dicionário da língua tupi (1858); Obras póstumas, poesia e teatro (1868-69); Obras poéticas, org. de Manuel Bandeira (1944); Poesias completas e prosa escolhida, org. de Antonio Houaiss (1959); Teatro completo (1979).
Gonçalves Dias – Poesia
Gonçalves Dias
Nascimento: 10 Agosto 1823 (Caxias, Maranhão, Brasil).
Época: Romantismo (Primeira Geração)
Falecimento:3 Novembro 1864 (Guimarães, Maranhão, Brasil)
Gonçalves Dias (Caxias MA 1823 – Baixo dos Atins MA 1864) estudou Direito em Coimbra, Portugal, entre 1840 e 1844; lá ocorreu sua estréia literária, em 1841, com poema dedicado à coroação do Imperador D. Pedro II no Brasil.
Em 1843, escreveria o famoso poema Canção do Exílio.
De volta ao Brasil, foi nomeado Professor de Latim e secretário do Liceu de Niterói, e iniciou atividades no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Nos anos seguintes, aliou a intensa produção literária com o trabalho como colaborador de vários periódicos, professor do Colégio Pedro II e pesquisador do IHGB, que o levou a fazer várias viagens pelo interior do Brasil e para a Europa.
Em 1846, a publicação de Primeiros Cantos o consagraria como poeta; pouco depois publicaria Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848) e Últimos Cantos (1851).
Suas Poesias Completas seriam publicadas em 1944.
Considerado o principal poeta da primeira geração do Romantismo brasileiro, Gonçalves Dias ajudou a formar, com José de Alencar, uma literatura de feição nacional, principalmente com seus poemas de temática indigenista e patriótica.
Fonte: www.burburinho.com/virtualbooks.terra.com.br/Click Escritores
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