Frédéric Chopin

Frédéric Chopin – Vida

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Data de nascimento: 1 de março de 1810, Zelazowa Wola, na Polônia, Império Russo [agora em Mazowieckie, Polônia].

Data da morte: 17 de outubro de 1849, Paris, França (tuberculose pulmonar).

Nome de nascença: Fryderyk Franciszek Chopin.

Apelido: Frycek

Considerado o maior compositor da Polônia, Frédéric Chopin concentrou seus esforços na composição para piano e foi uma forte influência sobre os compositores que o seguiram.

Nascido em 1 de Março de 1810, em Zelazowa Wola, Polônia, Frédéric Chopin, cresceu em uma família de classe média.

Ele publicou sua primeira composição aos 7 anos e começou a executar um ano depois.

Em 1820, depois de dez anos de idade, Chopin se mudou com seus pais para Varsóvia. Lá, ele ganhou uma reputação como um “segundo Mozart” por sua forma de tocar piano. A partir de 1823-1826 Chopin estudou no Liceu de Varsóvia.

Em 1824 ele foi influenciado pelo folclore judaico e composto Mazurka em Lá menor, chamado de “O Judeu” pelo próprio Chopin.

De 1826-1830, ele estudou no Conservatório de Varsóvia sob pianista Wilhelm würfel e compositor Josef Elsner.

Em 1829 Chopin participou de um desempenho de Niccolò Paganini em Varsóvia. No mesmo ano Chopin deu concertos a solo em Viena e estreou seu Piano Concerto No.1 em Fá menor.

Em 1830 ele estreou seu Concerto para Piano Nº 2 em Mi menor, no Teatro Nacional de Varsóvia. Ele visitou Viena novamente em novembro de mesmo ano e jogou seus dois concertos para piano com grande sucesso.

Depois de Viena, ele continuou sua turnê para Munique e Stuttgart. Lá, ele aprendeu da invasão do Exército russo na Polônia, e compôs a Etude em C menor, chamado de revolucionário.

Chopin escolheu o estatuto de exilado político e, finalmente emigrou para Paris, França.

A partir de 1830-1849 Chopin estabeleceu-se como compositor e pianista em Paris. Lá, ele mudou seu nome para Frédéric François Chopin.

Em Paris ele conheceu Franz Liszt, que iniciou uma amizade, e eles tocaram juntos em vários concertos, mas mais tarde se tornaram rivais.

Chopin formou amizade pessoal com o compositor e crítico de Hector Berlioz.

Seus outros amigos pessoais eram Felix Mendelssohn-Bartholdy e Vincenzo Bellini.

Em 1835 ele fez uma viagem a Dresden e Karlsbad, onde visitou com seus parentes e acompanhou-os à Polônia. Ele ficou gravemente doente com asma brônquica em seu caminho de volta para Paris.

Em 1836, ele propôs uma menina polonesa de dezessete anos de idade, chamada Maria Wodzinska, e ela aceitou. O noivado durou vários meses, mas foi cancelada em 1837 por sua mãe depois de uma certa influência manipuladora por George Sand.

Em outubro de 1836, em Paris, Chopin conheceu George Sand em uma festa promovida por Marie d’Agoult, dona de Franz Liszt.

Em fevereiro de 1848 Chopin deu seus últimos concertos em Paris.

Ele foi para a Inglaterra e Escócia em novembro de 1848, e caiu doente lá. Ele deu seus últimos concertos em Londres, enquanto sendo gravemente doente. Ele voltou para Paris, mas foi incapaz de ensinar ou realizar por vários meses durante 1849. Pouco antes de morrer, sentindo o fim estava próximo, Chopin havia solicitado que Requiem de Wolfgang Amadeus Mozart ser cantado em seu funeral na Igreja da Madeleine. Ele também pediu que seu coração fosse removido e trazido em uma urna para Varsóvia, na Polônia.

Chopin morreu em 17 de outubro de 1849, mas não pôde ser enterrado por duas semanas, porque a igreja não permitia cantoras para o Requiem de Mozart.

Por fim, a igreja se arrependeu e o funeral foi realizado em 30 de outubro de 1849.

Uma multidão de quatro mil assistiram à cerimônia. Compositor Berlioz, artista Delacroix, poeta Adam Mickiewicz, cantor Viardot, estiveram presentes entre muitos outros círculos culturais de – mas o grande ausente era George Sand.

O coração de Chopin foi despachado em uma urna para Varsóvia, e seu corpo foi sepultado no cemitério de Pere Lachaise em Paris, França.

Frédéric Chopin – Compositor

Compositor polonês famoso por suas obras para piano. Um grande compositor romântico, que, no entanto, escreveu a música absoluta com títulos formais, como Mazurkas, Impromptus, Walzes, Nocturnes.

Pianista e compositor polaco. Filho de pai polaco e de mãe francesa, desde jovem chama a atenção pelo seu temperamento melancólico e sonhador, assim como pela sua viva inteligência. Aos vinte anos dá concertos de piano em Viena, Praga, Dresden e, finalmente, em Paris, onde se instala. Insatisfeito com o êxito parcial que obtém no seu primeiro concerto parisiense importante, reserva-se nos tempos seguintes para a intimidade e dedica-se à composição e ao ensino.

Bem acolhido pela classe alta polaca imigrada em Paris, tem numerosos alunos que expandem a sua fama. Em poucos anos escreve, além dos seus grandes concertos, sonatas e séries de estudos, diversas mazurcas, nocturnos, baladas, polonesas, prelúdios, sherzos, valsas e uma infinidade de peças de géneros semelhantes.

A música de Frédéric Chopin é de carácter essencialmente pessoal, com um acento romântico cheio de melancolia, em ocasiões de uma pungente tristeza.

Afasta-se decididamente da normativa clássica, tanto nos ritmos como nas harmonias. Se bem que seja de lhe reprovar certo sentimento doentio, também é verdade que a sua música está cheia de encanto, de sabor e de uma poesia delicada e penetrante. Provavelmente, a sua tuberculose não é alheia a esta morbidez.

Entre as suas composições mais originais há que citar a grande Valsa em mi menor, as valsas em lá menor e em ré bemol maior; a admirável polonesa n.º 8, a Fantasia de Improviso, o delicioso Scherzo em si bemol, o Concerto em mi menor, os Nocturnos, os Prelúdios, a Marcha Fúnebre…

Quanto ao seu gênio como pianista, segundo testemunhos da época, é de uma graça elegíaca, de uma elegância fora do comum e de uma poesia e um vigor pessoal sem igual.

Frédéric Chopin – Música

Frederic Chopin (1810 a 1849) foi um músico e compositor polonês radicado na França e compositor para piano da era romântica e de muito sucesso no século XIX.

Suas composições eram destinadas especialmente à pianos, um instrumento o qual ele dominou como poucos.

Chopin aprendeu piano aos sete anos de idade, ensinando por sua irmã Ludwika.

Desde cedo sempre mostrou destreza com o instrumento, o que com os anos de aprendizado e diversas apresentações lhe renderam o apelido de “novo Bethoven”.

Em 1830, dias antes de eclodir a Revolução Polonesa contra a ocupação russa, Chopin resolveu deixar Varsóvia e partir para Viena, que vivia sob o regime autoritário de Metternich.

Em julho do ano seguinte, Chopin seguiu para Paris, onde logo integrou-se à elite local, passando a ser requisitado como concertista e como professor. Nessa época conheceu músicos consagrados, como Rossini e Cherubini, e outros de sua geração, como Mendelssohn, Berlioz, Franz Lizst e Schumann.

Em 1838 Chopin uniu-se à controvertida escritora Aurore Dupin, que usava o pseudônimo masculino de George Sand. O casal resolveu passar um tempo em Maiorca, mas o clima úmido da ilha piorou o estado de saúde do compositor. Em 1839, os dois voltaram para a França e em 1847 romperam definitivamente o relacionamento.

No dia 17 de outubro de 1849, Frederic Chopin faleceu, aos 39 anos. Foi sepultado no cemitério de Père Lachaise, em Paris. Seu coração foi colocado
dentro de um dos pilares da igreja de Santa Cruz, em Varsóvia, conforme o seu pedido.

Chopin dedicou toda sua obra ao piano, com exceção de apenas algumas peças. Várias de suas obras têm influência do folclore polonês, como é o caso das mazurcas e das polonaises.

Frédéric Chopin – Biografia

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

Em 1o. de março de 1810, na cidadezinha de Zelazowa Wola, perto de Varsóvia, Polônia, nascia Fryderyk Franciszek.

Era filho de Tekla Justyna e Nicholas. A mãe era polonesa e o pai francês, mas tão incorporado ao novo país que chegou a lutar na Guarda Nacional. O sobrenome do pai? Chopin. Quem diria que o pequeno Fryderyk Franciszek, nascido num pedaço escondido da Polônia, tornaria-se o célebre Frédéric François Chopin, um dos maiores músicos da Paris do início do século XIX?

Antes do sucesso parisiense, porém, Fryderyk tinha que aprender sua arte.

Há dois fatores para seu aprendizado: os pais eram músicos e, quando o filho tinha dez meses de idade, foram morar em Varsóvia, onde transitavam entre os nobres e a burguesia rica.

Chopin teve, então, uma infância mimada e culta. Ganhou um professor de piano aos seis anos, Adalbert Zwyny, que lhe mostrou as obras de Bach e Mozart.

O primeiro concerto público de Fryderyk ocorreu quando ele tinha oito anos. Quase simultaneamente, viu ser publicada sua primeira obra, uma polonaise. Prosseguiu nessa direção promissora, conciliando seus estudos no Liceu de Varsóvia com as aulas de piano.

Em 1825, apresentou-se para o czar Alexandre I e publicou aquele que seria seu Opus 1: o Rondó em dó menor.

Quando terminou o liceu, no ano seguinte, entrou no Conservatório de Varsóvia, onde iniciou seus estudos de harmonia e contraponto com o renomado compositor Joseph Elsner.

Fryderyk não se entusiasmou muito com o formalismo clássico do professor, mas impôs seu talento: “aptidões admiráveis, gênio musical”, anotou Elsner no relatório do final do curso.

O jovem Chopin compunha muito nesta época. Os dois concertos para piano, sua primeira sonata, o único trio de câmara, são peças do período. No entanto, a que chamou mais a atenção dos contempôraneos foi o conjunto das Variações sobre Là ci darem la mano, op. 2, para piano e orquestra.

O tema utilizado é o do dueto homônimo do Don Giovanni de Mozart, e não poderia ser diferente: Chopin gostava muito de ópera e mais ainda de Mozart.

Robert Schumann, em seu primeiro artigo na Nova Gazeta Musical de Leipzig, faria enormes elogios à obra e proclamaria: “Tirem os chapéus, cavalheiros! Trata-se de um gênio!”.

Parecia claro tanto para Fryderyk como para seus pais que ele não poderia ficar em Varsóvia; seu gênio precisava aparecer ao mundo. Em 1830, resolveu partir para Viena, a mesma cidade de Haydn, Mozart e Beethoven. Ele deixou Varsóvia no dia 2 de novembro. Em 29 de novembro, eclodiria a Revolução Polonesa, contra a ocupação russa.

Chopin quis voltar, mas problemas de saúde o impediram: nunca mais voltaria para casa.

Entretanto as coisas não deram muito certo na conservadora Viena, que vivia sob o regime autoritário de Metternich. Em julho do ano seguinte, seguiu rumo à muito mais liberal Paris.

Na viagem, tomou conhecimento das más notícias: a insurreição polonesa foi violentamente esmagada pelos russos, que com suas tropas saquearam e incendiaram Varsóvia.

O músico ficou revoltado: “ah, se eu pudesse matar ao menos um moscovita!”, escreveu.

Paris acolheu muito bem o exilado polonês. Foi logo adotado pela elite culta da cidade, requisitado como concertista e como professor.

Aliás, a segunda opção mais do que a primeira: dar aulas para os jovens da sociedade fez com que Chopin conseguisse razoável conforto material nos seus primeiros anos parisienses. Já era mais Frédéric François que Fryderyk Franciszek.

Levava uma vida sofisticada, em meio aos salões da aristocracia e às salas de concerto que começavam a aparecer. Conheceu músicos consagrados, como Rossini e Cherubini, e outros de sua geração, como Mendelssohn, Berlioz, Liszt e Schumann.

Vários desses encontros foram frutos de viagens. Em uma dessas passagens pela Europa, em 1835, reencontrou Maria Wodzinska, que conhecera ainda criança em Varsóvia.

Alguns dias juntos, e Chopin sentiu que os dois eram mais que amigos. Estava apaixonado. No ano seguinte, tornou a encontrá-la, e ficaram noivos.

Mas Chopin estava ficando doente. Começaram a aparecer as hemoptises (expectorações de sangue) típicas da tuberculose, e a saúde do compositor, que nunca foi das melhores, degradava-se visivelmente a cada dia. A tuberculose nascente foi a gota d’água para que a família de Wodzinska, já não muito simpática a idéia, rompesse o noivado.

Chopin não se conformou, e guardou todas as cartas que Maria e seus pais enviaram em um envelope, que ficaria famoso pela anotação que faria: Moja biéda (em polonês, “minha desgraça”).

Em 1837, Chopin viria a conhecer aquela que seria sua companheira por quase dez anos: a escritora Aurore Dupin, mais conhecida pelo pseudônimo masculino que usava para assinar seus livros, George Sand.

A princípio, Frédéric não gostou nem um pouco dela: “Será mesmo uma mulher? Começo a duvidar”, escreveu. Sand, além do nome, vestia-se e fumava charutos como um homem, e não era bonita.

Era ela que estava interessada: fazia convites e mandava bilhetes para o músico.

No ano seguinte, já com as esperanças do reatamento com Wodzinska desfeitas, que Chopin entrega-se ao romance com Sand. Mas ele não quer que seu caso torne-se público, então resolvem passar um tempo em Maiorca. Ela achava que isso melhoraria a saúde de Frédéric, mas errou. O clima da ilha era úmido, e choveu o tempo todo.

Chopin sofria crises constantes de hemoptise e sua doença tornou o casal “objeto de pânico para a população”, como escreveu George Sand. Em 1839, voltaram para a França.

Com a doença cada vez pior, a paixão existente entre os dois acabou tornando-se uma amizade carinhosa: Sand passou a ser uma espécie de enfermeira particular do compositor. Passaram mais sete anos juntos, até que, em 1846, Sand publicasse, em forma de folhetim, o romance Lucrezia Floriani.

Lucrezia Floriani conta a história de uma bela e pura donzela, cujo nome dá título à novela, que se apaixona por um príncipe – tuberculoso e sensível como Chopin. Mas o nobre, egoísta, neurastênico e ciumento, acaba levando o amor entre os dois à ruína. Todos os que conheceram Chopin perceberam a relação entre ele e o personagem. Alguns amigos, como o escritor Heinrich Heine, consideraram o livro ofensivo.

Chopin engoliu a provocação, embora magoado.

Ele e George Sand só haveriam de romper definitivamente um ano depois, por ocasião de uma intricada briga familiar: Sand e a filha, Solange, tiveram um grande atrito, e Chopin, de forma inocente, defendeu a moça.

Os dois não se veriam mais, para desgosto do compositor, que ainda a amava: “Jamais amaldiçoei ninguém, mas neste momento tudo me é tão insuportável que eu me aliviaria se pudesse amaldiçoar Lucrezia”, disse, na viagem que fez a Londres, em 1848.

Mas a tuberculose piorava.

Chopin suportou mal, novamente, o clima úmido de Londres, e voltou em estado precário para Paris. A irmã Luísa veio de Varsóvia para fazer-lhe companhia, até porque mal podia sair de sua cama.

Na madrugada de 17 de outubro de 1849, faleceu Frédéric François Chopin.

A seu pedido, seu coração foi enviado para Varsóvia, e o corpo, enterrado em Paris. Mas seu caixão foi coberto por terra polonesa.

SUA OBRA

Chopin dedicou toda sua obra ao piano, com exceção de uma ou duas peças para violoncelo, um trio de câmara e algumas canções. Assim, seu nome ficou imediatamente ligado ao do instrumento, de forma que é impossível fazer uma história da música para piano sem Chopin.

A música de Chopin é extremamente sedutora para os ouvintes pouco acustumados à música erudita, em especial por causa de suas melodias peculiares, que criam imediatamente um ambiente de devaneio e encantamento.

A melodia chopiniana tem duas origens. Uma é o bel canto das óperas italianas que tanto apreciava – Chopin fazia o piano cantar. A outra é o folclore polonês.

Mas Chopin não era apenas um melodista inconfundível. No terreno da harmonia, ele tinha grande originalidade. Liszt, em um ensaio que escreveu sobre o colega polonês, mostra como toda a escrita pianística do século XIX deve alguns de seus aspectos importantes a Chopin.

É uma obra intimista por natureza. O próprio compositor era um homem reservado e seu estilo de tocar piano era muito suave, quase etéreo. Algumas das críticas que recebeu se deviam principalmente ao pouco volume que tinham suas execuções. De fato, preferia os pequenos salões e as casas dos amigos do que os grandes auditórios e salas de concerto.

Estruralmente, a obra de Chopin compreende basicamente as pequenas formas livres do início do século XIX: baladas, polonaises, mazurcas, valsas, fantasias, noturnos.

Não tinha inclinação à forma-sonata: as sonatas que escreveu, principalmente as duas últimas (a segunda tem como terceiro movimento a famosa Marcha fúnebre), são grandes renovações, e não foram bem recebidas pelos contemporâneos.

Seria um romântico iconoclasta?

Não. Chopin, tal como Berlioz, via-se mais como um clássico que como um romântico. Um exemplo interessante é o fato de considerar a obra de Handel como a mais próxima de seu ideal musical, e ter Bach e Mozart como modelos insuperáveis de perfeição. É uma ambigüidade de certa forma reveladora, para um compositor que compôs obras que parecem preconizar Debussy.

Dentre as obras que Chopin compôs quando jovem, ainda na Polônia, destacam-se os famosíssimos concertos para piano e orquestra, que são dois: o segundo sendo composto antes do primeiro. São concertos muito populares. Também para piano e orquestra são as Variações sobre Là ci darem la mano, sua primeira criação a arrebatar a crítica.

Escutá-la é fascinante: é como presenciar o diálogo de dois grandes gênios, Chopin e Mozart.

Em Paris, dedicou-se mais às peças para piano solo, e aos gêneros livres. Em particular, os Noturnos ficaram célebres. O gênero foi criado pelo irlandês John Field e Chopin o levou à perfeição. São devaneios poéticos, líricos e um tanto sombrios. O Opus 9, no. 2, é talvez o mais conhecido.

Também prediletas do público são suas Valsas.

Chopin compôs dezoito delas. Não são destinadas à dança, como as dos Strauss, por exemplo. São peças leves e muito elegantes. A Opus 64, no. 1, conhecida como a Valsa do minuto, é um belo exemplo.

Não podem ser esquecidas as peças de origem patriótica: polonaises e mazurcas.

Chopin as compunha aos montes: são, ao todo, mais de quinze polonaises e quase sessenta mazurcas! Todas são baseadas em danças e ritmos da Polônia. As polonaises são mais conhecidas.

Sofrendo por estar longe de sua terra natal, esmagada pelos russos, Chopin praticamente criou um novo gênero: a polonaise épica. Representativa é a sexta, dita Heróica, titânica e sentimental.

Chopin também escreveu quatro Scherzos que se assemelham a essa polonaise por sua tensão e vigor.

Um scherzo como peça independente é uma novidade de Chopin, já que a forma é geralmente integrante de obras maiores como sinfonias e sonatas. O Scherzo no. 1, op. 20, é um exemplo de angústia e desespero.

Mas três grandes ciclos são considerados os pontos culminantes da produção chopiniana: as Baladas, os Estudos e os Prelúdios.

As baladas são quatro. São peças grandiosas e terrivelmente difíceis para o solista, muito inventivas e apaixonantes. Elas passam uma quantidade de emoções e sentimentos surpreendente para obras tão curtas. A Quarta é a mais impressionante, pela variedade de sonoridades que apresenta.

Os estudos são vinte e quatro, distribuídos em dois volumes, Opus 10 e Opus 25. São um verdadeiro inventário da escrita pianística de Chopin, e exploram todas as possibilidades do instrumento.

Os prelúdios também são vinte e quatro, em um único volume, Opus 28. São um grande tributo a Bach e seu Cravo bem temperado.

Mas, ao contrário dos compostos por Bach, os prelúdios de Chopin não precedem uma fuga ou alguma outra peça: são perfeitamente acabados, tanto em nível estrutural como em nível emocional. Encantaram Liszt e vem encantando gerações desde sua publicação, em 1839. Exatamente como a obra inteira de Chopin.

Frédéric Chopin – Obra

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

Frédéric Chopin nasceu em Zelazowa Wola (Polônia) em 1 de Março de 1810 um francês de pai polaco e mãe.

Ele começou a sua educação musical em seis anos, seu primeiro trabalho composto por sete anos e fez sua primeira aparição pública em oito anos.

O pequeno prodígio é apresentado nos jornais, em Varsóvia e está rapidamente se tornando uma atração em recepções aristocrático.

A partir de 1826, ele estudou música na Escola de Música de Varsóvia liderada por Joseph Elsner que escreveu em um relatório “Chopin, Fryderyk, 3 anos, estudante excepcional talento, gênio musical”.

Em 1830, Chopin esquerda Polônia e mudou-se para Viena e, em seguida, no ano seguinte, em Paris.

A partida da Polônia deu um novo impulso ao seu talento como compositor e como funciona scherzo N º 1 ou doze Estudos Opus 10. A vida parisiense lhe adequa perfeitamente vidas e ele dá cursos para estudantes da aristocracia polaco e francês.

Ele tornou-se amigo de Franz Liszt, Berlioz ou Eugène Delacroix, e, a partir do amor depois de uma grande decepção reuniu-se com Maria Wodzinski, torna-se a amante de George Sand, que irá proporcionar uma extraordinária ternura e de prestação de cuidados e quente materna.

O Inverno de 1838/39 que o jovem gastou na ilha de Maiorca torna gravemente doente Chopin mostrando sinais de tuberculose que fazer sair.

Em seu retorno à França, o casal mudou-se para a mansão de George Sand em Nohant.

Durante este período, Chopin floresce totalmente composto em sua arte e de todas as mais belas obras de seu repertório.

Cada vez mais doente, Chopin decida a sair George Sand, em 1847, mas esta decisão ele quebra o coração e, a partir da data da separação até a sua morte dois anos depois, em 17 de outubro de 1849, o ilustre compositor n’écrira alguns miniaturas.

Sepultado no cemitério Père-Lachaise, em Paris, seu coração, removido de seu corpo após a sua morte, foi colocado em uma urna e instalado em um pilar na igreja Swietokrzyskie em Krakowskie Przedmiescie.

Toda a “obra de Chopin é escrito, ou ao redor do piano e ainda permite um jovem pianista a sua extraordinária gama de composições.

Frédéric Chopin – Artista

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

O compositor Frédéric Frédéric Chopin nasceu no dia primeiro de março de 1810, na Polônia, numa família de classe média.

Toda sua obra foi dedicada ao piano, com exceção de uma ou duas peças para violoncelo.

Desde criança ele já demonstrava talento e interesse pela música. Com apenas sete anos de idade, ingressou em uma escola de música e compôs sua primeira peça.

Em 1818, portanto com apenas oito anos, Frédéric Chopin deu início à primeira de muitas apresentações que faria ao longo de sua carreira, participando de um concerto.

Em 1831, aos 21 anos, o compositor seguiu para Paris, e até a sua morte não regressou mais à Polônia. Na capital francesa, encontrou rapidamente a fama e o sucesso e, devido à sua elegância e às suas boas maneiras, foi aceito rapidamente na alta sociedade francesa.

Nos anos 1830, Frédéric Chopin contraiu tuberculose, que naquela época era conhecida como “o mal do século”, pois era muito comum e na maior parte dos casos levava à morte.

Na busca do tratamento pela doença, Frédéric Chopin gastou todo o dinheiro que ganhou durante sua vida, e com isso passou o resto dos seus dias dependendo de amigos para sobreviver. Até que, em 17 de outubro de 1849, a tuberculose o matou.

Frédéric Chopin deixou uma obra que, estruturalmente, engloba as pequenas formas livres do início do século XIX, entre elas mais de 50 mazurcas e 15 polanaises – gêneros típicos da Polônia, baseados em ritmos e danças do país; 21 noturnos – entre os quais o Opus 9, no. 2, é talvez o mais conhecido; 18 valsas – destinadas à dança, como por exemplo a Opus 64, no. 1, conhecida como a Valsa do Minuto; quatro baladas; três sonatas; 24 prelúdios – em um único volume, Opus 28, e que representam um grande tributo a Bach; 24 estudos – distribuídos em dois volumes, Opus 10 e Opus 25; além de concertos para piano e orquestra e peças para piano solo.

Frédéric Chopin – Piano

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

Frédéric Chopin nasceu numa pequena aldeia polaca no dia 1 de Março de 1810. Viveu apenas 39 anos mas, a sua técnica, o seu estilo, a sua perfeição fizeram dele um dos maiores compositores da história.

O jovem Chopin era aclamado na sua aldeia natal como uma criança prodígio. Aos 20 anos deixou a Polônia para sempre, vivendo o resto da sua vida em Paris, onde fez carreira como interprete, professor e compositor.

Toda a sua obra inclui o piano, predominantemente com instrumento solista. Chopin introduziu novas formas musicais, inovações significativas, construiu a base principal do romantismo, e além disso foi o primeiro compositor ocidental a incluir elementos da música étnica tradicional nas suas composições.

Os historiadores polacos, tentaram de todas as formas encontrar raízes eslavas para a sua grande glória nacional, no entanto, o maior músico da Polônia era mesmo filho de um imigrante francês, que passou a maior parte da sua vida em Paris.

É hoje universalmente conhecido como Frédéric François Chopin , e não com o nome de Fryderik Franciszek que lhe foi dado quando o baptizaram.

Não se sabe bem por que o pai de Frédéric, Nicolas Chopin, filho de um carpinteiro de Marainville, perto de Nantes, nascido em 1771, deixou a Lorena aos 17 anos e foi para Varsóvia, onde se casou com a pianista Justina Krzyzanowska.

A vocação de Frédéric para a música revelou-se cedo. Consta que, ainda bebé, gatinhava para debaixo do cravo, sempre que a mãe estava a tocar.

Em Janeiro de 1818, pouco antes de fazer oito anos, o jovem Frédéric apresentou-se em público pela primeira vez, tocando um concerto para piano e orquestra de Adalberto Gyrowetz, compositor checo muito apreciado na época. Escreveu também, nessa ocasião, uma peça teatral, em colaboração com a sua irmã -; e o professor conseguiu que fosse publicada a sua primeira composição.

O Frédéric criança pouco tinha a ver com a imagem do adulto introspectivo, doentio e melancólico que nos vem à mente quando pensamos em Chopin.

Estudava seriamente música, mas tinha um carácter alegre e impulsivo, e os interesses de um menino normal, como demonstram as cartas escritas para casa durante as férias de verão passadas no sudoeste de Varsóvia, em casa dos pais de Domenico, um dos hospedes da família Chopin.

Em 1825 foi publicado, por Brzezina, o maior editor de música da Polônia, o seu Rondo em dó menor Op. 1, a crítica acolheu-o como ‘o maior pianista de Varsóvia’. Os estudos no Liceu estavam na sua fase final, mas a época era de grande tensão com o assassinato do czar Alexandre III e a revolta dos dezembristas que tinham provocado na Rússia ondas de violência e repressão que chegavam até a Polônia.

Tudo isso afetou muito o jovem Chopin que, em Junho, após obter o diploma, teve de ser levado pela mãe para um tratamento na estação de águas Reinerz, na Silésia.

De volta a Varsóvia, Chopin foi matriculado no Conservatório, para receber noções mais avançadas de harmonia e contraponto, onde conheceu um dos homens que maior influência teria sobre ele: o diretor da escola, José Elsner. Autor de 23 óperas, missas, sinfonias, Elsner empenhou-se muito, sobretudo, na criação de uma escola nacional polaca de música.

Nesse sentido, escreveu a Dissertação sobre a métrica e ritmo da língua polaca, na qual procurava demonstrar – contradizendo a opinião dos conservadores – ser perfeitamente possível desenvolver um repertório de canções na língua pátria, tão eufónica e adequada à escrita musical quanto o italiano, o francês ou o alemão.

Essa preocupação nacionalista de Elsner marcou profundamente o seu discípulo: as polacas, as mazurcas, o entranhado sabor polaco que há em cada uma de suas melodias.

Foram anos despreocupados, de alegres temporadas passadas no castelo de Antonio Radziwill, músico amador que tocava violoncelo e compunha (uma de suas filhas, Eliza, era artista plástica e desenhou várias vezes retratos de Chopin ao piano).

Mas foi também a época da primeira advertência quanto à grande sombra que planaria sobre ele a vida inteira: em Março de 1827, a tuberculose levou a sua irmã Emília (Justina envergou, pela filha, um luto que nunca mais tiraria). Os problemas de saúde que, de vez em quando, o obrigavam a ir descansar em Reinerz, em breve demonstrariam ser muito mais graves.

Nessa época, Chopin fazia enorme sucesso e compunha ativamente: valsas, polacas, mazurcas, o belo Nocturno em mi menor que só seria publicado após a sua morte. E principalmente as Variações sobre o tema do La ci darem la mano, de Don Giovanni de Mozart – que, ao serem publicadas, em 1831, provocariam de Schumann uma reação famosíssima.

Ele iniciaria um artigo no Jornal Geral da Música, de Leipzig, exclamando: ‘Tirem os chapéus, senhores, um gênio! “.

Frédéric Chopin – 1810 – 1849

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

Permanecer isolado na Polônia começava-lhe a pesar. Chopin sentia serem necessários voos mais ousados. ‘Não seria melhor se eu fosse para Paris?‘, perguntou ao médico que lhe aconselhava nova estação de águas em Reinerz. Sentia a vontade de cortar as amarras que só conseguiu depois de ir a Berlim em Setembro de 1828. Lá ficou, fascinado ao escutar a Ode para o dia de Santa Cecília, de Haendel. O contato com a cidade – que fazia Varsóvia parecer uma aldeia – e a possibilidade de ouvir obras de Spontini, Cimarosa, Weber e Mendelssohn deram-lhe a certeza de que o seu destino estava fora da Polônia.

Tendo o governo polaco recusado uma bolsa de 5 mil florins ao seu filho, Nicolas resolveu custear uma viagem de Chopin a Viena, onde ele chegou, com um grupo de amigos, a 31 de Julho de 1829. Descobriu partituras novas, obteve do editor de Haslinger a promessa de publicar as Variações sobre o tema do La ci darem la mano, e foi convidado pelo conde Gallenberg, intendente dos teatros imperiais, a dar um concerto no Teatro Kärntnerthor, em 11 de Agosto. Mas nem tudo, porém, saiu como Chopin esperava. A timidez fazia com que se sentisse inibido diante do público vienense.

Dezanove anos, admirado, festejado – o dramaturgo Stanislau Niemcewitz chegou a fazer dele a personagem de uma comédia satírica em que se vê a alta sociedade de Varsóvia fascinada por um jovem pianista – e, agora, também, apaixonado.

Foi numa carta ao seu amigo Tito Woyciechowski que ele teve a coragem de confessar os sentimentos que nutria por Constança Gladkowska, filha do administrador do palácio real: ‘Há seis meses que sonho com ela todas as noites e ainda não lhe dirigi a palavra. Foi pensando nela que compus o adagio de meu concerto (o em fá menor) e também a valsa escrita essa manhã (a n.º 3 Op. 70). Quantas vezes confio ao piano o que gostaria de poder desabafar com outro coração! ‘.

Constança estudava canto no conservatório, onde ele se poderia ter declarado, mas a timidez parecia impedi-lo de lhe falar dos seus sentimentos; ou, talvez, sentindo que estava próximo o momento da partida, não quisesse criar um vínculo que o prenderia à Polônia.

Os biógrafos de Chopin questionaram-se se esses sentimentos, intensos mas deliberadamente mantidos num nível platónico, não passariam do pretexto para efusões líricas, como fonte de inspiração para páginas como o adagio do Concerto, o fato é que foi uma outra amiga, Delfina Potocka, a quem acabou por ser dedicada essa peça, estreada pelo próprio Chopin num concerto, em Varsóvia, em 17 de Março de 1830.

No banquete de despedida, os amigos de Chopin deram-lhe de presente um copo de prata cheio de terra da Polônia – que ele pediria, anos mais tarde, para ser colocada dentro do seu caixão. E na saída de Varsóvia, Elsner ali estava com um coral, interpretando uma cantata composta em sua homenagem.

A 2 de Novembro de 1830, Chopin foi embora de Varsóvia para sempre.

Não foi fácil deixar seu país: ‘Tenho a impressão de que estou partindo para morrer’, escreveria em carta para seus pais. Nicolas Chopin, era o primeiro a pedir-lhe que não voltasse.

As notícias tristes vindas da pátria somavam-se às dificuldades com que esbarrava na Áustria.

Alguns velhos amigos tinham morrido, outros já não estavam na cidade, o conde Gallenberg, totalmente falido, fora demitido da intendência dos teatros imperiais, e o editor Haslinger, que prometera publicar sua música, já não podia cumprir a sua promessa:‘Hoje em dia só se vendem as valsas de Johann Strauss e os ländler de Joseph Lanner’. Já não fazia sentido ficar em Viena onde, além disso, os polacos eram hostilizados por se terem insurgido contra os russos, aliados do Império Austríaco.

O próprio Chopin dizia que os surpreendentes e sombrios acordes com que se inicia o Scherzo em si menor Op. 20 foram inspirados, numa noite, na catedral de Santo Estêvão, pelos sentimentos melancólicos que o invadiam: ‘A Minha cabeça estava cheia de harmonias fúnebres e mais do que nunca eu sentia a minha solidão’. Dilacerado pelo remorso em ter deixado Varsóvia, o sentimento de culpa por não estar a participar da luta ao lado dos seus amigos e a sensação de estar a perder tempo em Viena, veio-lhe de repente a certeza de que era em Paris que deveria tentar a sorte.

A revolta, o sentimento patriótico, a mistura de patético e violência explodem numa das suas obras mais célebres, inspirada pela notícia da queda de Varsóvia: o Estudo n.º 12 em dó maior – Revolucionário. Junto com as polacas e as mazurcas, esta página enérgica, de escrita extremamente brilhante, é uma das que melhor ilustram os sentimentos que ligavam Chopin à sua pátria, da qual nunca se desligou espiritualmente, mesmo tendo vivido grande parte da sua vida longe dela.

‘É o mais belo dos mundos’, exclamou Chopin, extasiado com a cidade que descortinava da janela do apartamento que alugara. Depois dos dias negros em Stuttgart, ‘Paris corresponde a todos os meus desejos’, escreveu Chopin ao seu amigo Tito. ‘É uma cidade onde todo mundo se pode divertir, entediar-se, rir, chorar, fazer o que quiser. Ninguém olha para ninguém, pois há milhares de pessoas fazendo a mesma coisa, cada um à sua maneira’.

Paris respirava um ar novo: a França acabava de sair da Revolução de 1830. Para quem fugia de uma rebelião reprimida a ferro e fogo, era surpreendente o clima de liberdade de um lugar onde todas as tendências e ideologias tinham conquistado o direito de conviver relativamente bem.

Refúgio de todos os asilados, Paris era o lugar ideal para um polaco desenraizado se sentir em casa, pois em toda parte Chopinencontrava compatriotas exilados.

E até mesmo o espetáculo de maior sucesso, no Circo Olímpico dos irmãos Franconi, famoso pelos seus cavalos amestrados, tratava dos acontecimentos na Polônia, e da heróica resistência dos seus compatriotas contra os russos.

Ao contrário do repressivo Leste Europeu, Paris surgia aos seus olhos como a pátria da liberdade artística, dos experimentalismos, da batalha recente em torno de Hernani, o drama de Victor Hugo que anunciava toda uma revolução na estrutura do teatro romântico. ‘Encontrei nesta cidade os melhores músicos e a melhor ópera do mundo’, contou a Elsner. ‘Somente aqui se pode saber o que é canto. Jamais ouvi uma execução tão bela do Barbeiro de Sevilha (de Rossini), quanto a do Teatro Italiano, com Lablache, Rubini e Malibran Garcia’. O bel-canto italiano será, de resto, uma inspiração constante para Chopin – e em nenhuma obra mais do que nos nocturnos se sente isso. O Noturno n.º 1 Op. 48, um dos mais pessoais, já foi descrito como um ‘diário íntimo’ de Chopin.

Os novos amigos que Chopin tinha feito em Paris, Liszt, o pianista Ferdinando Hiller, o violoncelista Augusto Franchomme achavam que ele perdia tempo a estudar com Kalkbrenner.

O próprio Mendelssohn, quando esteve em Paris, não hesitou em dizer-lhe: ‘O senhor não está a aprender nada, pois toca melhor do que ele’. Com isso, as aulas duraram apenas um mês.

Mas, em sinal de gratidão, Chopin dedicou o Concerto para piano n.º 1 ao pianista que se tornara seu amigo e lhe apresentou Camilo Pleyel, o fabricante de pianos e dono de uma das mais prestigiosas salas de concerto da capital francesa.

Foi na Sala Pleyel, da Rue Cadet, que Chopin deu o seu primeiro concerto parisiense, em 26 de Fevereiro de 1823. O público não era muito numeroso – na maioria polacos exilados -, mas os aplausos foram muito grandes, em especial para as Variações sobre o tema do La ci darem la mano.

Num artigo publicado no número de Março da Revista Musical, o crítico Francisco José Fétis saudou a profusão de ideias originais que existia na sua música e profetizou: ‘Existe, na inspiração do senhor Chopin, uma renovação da forma que está destinada a exercer profunda influência sobre o futuro das obras escritas para o seu instrumento’. Mal sabia ele o quanto estava certo.

A receita do concerto mal deu para pagar as despesas; mas atraiu a atenção de nomes importantes da vida musical parisiense – Berlioz, o tenor Adolfo Nourrit, que estava no auge da fama e se tornou um amigo querido de Chopin – e, finalmente, convenceu Haslinger, o editor vienense, a publicar as Variações.

A vida, em Paris, nesses primeiros tempos, porém, não era mais fácil do que em Viena. E entristecia-o a notícia, vinda de casa, de que Constança renunciaria à promissora carreira de cantora, para se casar com um rico proprietário de terras (ela ficou cega, aos trinta e cinco anos, após o parto do quinto filho, e morreu em 1889, depois de ter destruído todas as lembranças que tinha de Chopin).

A epidemia de cólera que grassava em Paris afugentava para as casas de campo, todas as famílias ricas, o que deixou os artistas ainda dependentes da nobreza para ganhar seu sustento, em situação difícil.

Chopin já tinha decidido emigrar de novo, desta vez para a América, onde lhe diziam haver oportunidades novas para um músico empreendedor, quando um caso o fez finalmente fixar em Paris, como um artista de sucesso. Encontrou-se, na rua, com um velho amigo de Varsóvia, Valentino Radziwill, que o convidou a acompanhá-lo numa recepção no palácio do rico banqueiro, o barão de Rothschild. ‘Eis-me lançado’, escreveu ele para casa logo depois desse dia. ‘Faço parte, agora, da mais alta sociedade, tenho o meu lugar entre embaixadores, princesas, ministros. E nem mesmo sei como cheguei lá’.

Ali chegara pelas mãos da baronesa Nathaniel de Rothschild que, encantada com aquele jovem polaco de aspecto frágil, lhe pediu que se tornasse seu professor de piano. O exemplo da riquíssima Sra. Rothschild não podia deixar de ser seguido por outras damas da sociedade, sempre prontas a seguirem a última moda.

De uma hora para outra, Chopin viu-se transformado no mais requisitado professor de piano de Paris. Com quatro horas de trabalho por dia, em média, ganhava 20 francos-ouro. Em poucas semanas, tornou-se um dos homens mais requisitados da capital francesa, convidado para todos os saraus. As mulheres de Paris suspiravam diante daquele jovem de 1,70 m com olhos azuis acinzentados.

Chopin muda-se para um amplo apartamento no n.º 5 da Chaussée d’Antin, todo decorado com móveis do século XVIII, a que os seus amigos chamaram de ‘Olimpo’. Comprou um coche conversível, contratou um cocheiro e criados. Vaidoso, consciente da sua beleza e elegância, vestia-se no alfaiate da moda, Dautremont, na Rue Vivianne – que lhe fazia belíssimas casacas em cinzento claro -; só comprava sapatos na loja de Rapp e chapéus na Feydeau, os mais afamados da época. Usava roupas brancas de linho importado, um lenço de seda de três voltas em vez da gravata, botas de verniz reluzente e uma capa preta forrada de cetim cinzento.

Nicolas estava encantado com o sucesso do filho, é claro; mas o seu bom senso camponês levava-o a pedir-lhe que fosse cauteloso: ‘Guarde sempre algum dinheiro, meu filho. (…) Deus o livre de alguma doença que o force a parar de dar aulas…” O trabalho que Chopin encontrara, porém, era o ideal para um homem tímido e inseguro, tanto que, nos 18 anos que viveu em Paris, ele deu apenas 19 concertos; e só em quatro deles foi o único solista. ‘Não acreditaria por que martírios eu passo nos três dias que precedem um concerto’, escreveu, em 1830, ao seu amigo Tito.

Para o amigo Liszt, escreveria em certa ocasião, comentando a sua própria insegurança e timidez: ‘Não sou talhado para dar concertos. O público intimida-me, sinto-me asfixiado pelo seu hálito, paralisado pelos olhares curiosos que me lança, mudo diante desses rostos estranhos…”

A essa introspecção, a esse modo de se abrir deve-se, provavelmente, um estilo de execução muitas vezes censurado por críticos que achava fraca a sonoridade que ele extraía do piano.

Entretanto, músicos clarividentes como Berlioz sabiam reconhecer o que havia de iluminador nessa maneira de tocar: ‘Existem detalhes incríveis nas suas mazurcas e, além disso, Chopin torna-se ainda mais interessante executando-as com extrema doçura, com pianíssimos delicados, os martelos tocando de leve as cordas, de tal maneira que somos tentados a aproximar-nos do instrumento para prestar atenção”, escreveu Berlioz nas suas Memórias. Era todo um estilo novo de execução que surgia, sem nada em comum com a retórica extrovertida a que o público estava habituado.

Mendelssohn admirava-o como pianista, mas dizia que as suas mazurcas eram afetadas ao ponto de serem insuportáveis. Todas essas invetivas, no fundo, não passavam de uma pontinha de despeito pela notoriedade do ‘primeiro pianista de Paris’, que podia dar-se ao luxo de cobrar 20 francos por aula, e para quem ‘todas as mulheres olham, e que deixa os homens enciumados’ – como dizia um amigo polaco, o médico Jas Matuszinski que, em 1834, tinha sido convidado a dividir com ele o apartamento da Chaussée d’Antin. ‘Ele está na moda’, escrevia o amigo. ‘Não vai demorar para que estejamos todos a usar luvas à Chopin. Somente a saudade da Polônia o consome’.

Chopin visita os pais em Carlsbad, e no regresso, passou por Dresden, onde se encontrou com a família da condessa Wodzinski, cuja filha, Maria, tinha sido sua colega no Conservatório, e a protagonista do episódio mais frustrante da sua vida sentimental. Maria tinha 16 anos, uma bonita voz de contralto, pintava e era muito culta. Juntos, passearam pela cidade, visitaram o museu, o Palácio Brühl e contemplaram o crepúsculo, nas margens do rio Elba. Um tio de Maria, teria alertado a condessa para a inconveniência de relações demasiado íntimas entre a herdeira de muitas propriedades na Polônia e um ‘pianistazinho que já nem é totalmente polaco”.

Não se sabe o que a condessa teria dito a Chopin, a quem chamava de ‘meu quarto filho’, mas ao deixar Dresden, Chopin ofereceu a Maria a Valsa n.º 1 Op. 69, conhecida como a Valsa do adeus e duas folhas, uma com o início do Nocturno n.º 2 em mi bemol maior Op. 9, um dos seus mais famosos, e outra onde escreveu: ‘Seja feliz’.

De Maria, sobraram apenas as cartas que trocaram e uma rosa ressequida que ela lhe deu, e que Chopin guardou dentro de um envelope encontrado entre os seus papéis.

Do lado de fora, ele escreveu, em polaco: ‘Moja Bieda’ (Meu sofrimento). Um sofrimento que se intensificou quando soube, ao chegar a Paris, no dia 15 de Outubro, da morte prematura do compositor italiano Vicenzo Bellini, que conhecera no inverno do ano anterior e a quem se afeiçoara muito já que ambos tinham uma sensibilidade artística muito próxima.

Frustração por ter de se separar de Maria, tristeza com a morte de Bellini, e pressentimentos sinistros quanto à sua própria saúde – são dessa época os primeiros sinais de tuberculose.

Chopin cai em depressão: já não escrevia aos pais, recusou o convite de Mendelssohn e Schumann para ir tocar no festival de Düsseldorf, o Correio de Varsóvia chegou a noticiar sua morte, e Nicolas escreveu a Matuszynski uma carta cheia de preocupação, pedindo-lhe que cuidasse bem do filho.

Apesar da hostilidade dos Wodzinski, Chopin não resistiu à tentação de rever Maria, e foi encontrar-se com a família em Marienbad, nas férias de Julho. Ali, ousou finalmente pedir Maria em casamento, e ela aceitou. A condessa, é claro, enfureceu-se, mas não se opôs, desde que o noivado permanecesse em segredo até ao verão seguinte – prazo pedido na esperança de que, até lá, já tivessem arrefecido os sentimentos.

Restava a Chopin corresponder-se com a noiva – que, respeitando os costumes, nunca lhe podia escrever sobre coisas muito pessoais. Quanto à futura sogra, esta não se privava de lhe pedir favores, entre eles que comprasse para ela, um piano da casa Pleyel e o mandasse para a sua propriedade de Sluzewo…sem falar em pagamento, é claro. Maria, enquanto isso, ia ficando cada vez mais distante e indiferente – até Chopin se dar conta que a condessa Wodzinski concordara com o noivado apenas para ganhar tempo e convencer a filha a desistir.

Em reação ao noivado desfeito, Chopin caiu numa vida dissipada, de diversões e excessos. O amigo polaco Stanislau Kosmian esteve com ele em Londres, onde o encontrou com Camilo Pleyel, famoso pelos seus pianos e pelas aventuras da sua mulher.

Não era saudável a vida que levava ali: ‘Instalaram-se num dos melhores hotéis, alugaram uma carruagem e procuram, visivelmente, gastar o máximo de dinheiro que podem’. Mas esse interlúdio terminaria, logo em seguida, quando Chopin conheceu a mulher que mais marcante influência exerceu sobre sua vida.

Foi Liszt quem a trouxe ao novo apartamento, no n.º 38 da mesma Chaussée d’Antin, para onde Chopin se tinha mudado. Chamava-se Amandina Aurora Lúcia Dupin, era oito anos mais velha do que Chopin e tinha sido casada com um oficial do Exército aposentado, o barão Dudevant, de quem tinha dois filhos. A falta de horizontes da vida familiar fez com que abandonasse o marido em 1831 e fosse tentar a carreira literária em Paris. Ao publicar Indiana, o seu primeiro romance, escolheu o pseudónimo masculino de Georg Sand.

Frédéric Chopin
Frédéric Chopin

No primeiro contato, Chopin não gostou dela. Chocava-o a vida livre que ela levava. A escritora tinha sido amante do poeta Alfredo Musset, mas, em 1834, durante uma viagem a Veneza, quando ele caiu doente, trocara-o pelo atraente médico italiano que viera atendê-lo no hotel. Agora, diziam que era amante de Mário Dorval, estrela da Comédia Francesa.

Mme. Sand, sentiu-se muito atraída pelo ‘pobre anjo triste’. Escrevia aos seus amigos que sentia necessidade de sofrer por alguém, e nada melhor do que aquele ser sofredor e cansado.

Tentou seduzir Chopin de todas as maneiras e, finalmente, numa longa carta que lhe fez chegar, deu-lhe um ultimato: ou a realidade do amor por ela ou a ilusão das frustrantes lembranças de Maria.

Diante disso, em Novembro de 1838, Chopin concordou em ir para Palma de Mallorca, nas ilhas Baleares, com Georg e seus dois filhos, Maurício e Solange.

Ela tinha-o convencido de que o clima do litoral lhe faria muito bem à sua saúde. ‘Encontro-me em Palma de Mallorca sob as palmeiras, cedros, aloés, laranjeiras, limoeiros, figueiras e pés de romã’, escreveu Chopin ao seu amigo Fontana, de início encantado com a vila que Sand alugara. ‘O céu é turquesa, o mar, lápis lázuli e as montanhas, cor de esmeralda. O ar é igualzinho ao céu. Todos se vestem como no verão e, à noite, ouve-se por toda parte canto e som de violões. Aproveito bem a vida, meu caro amigo, estou mais perto do que há de mais belo no mundo, sinto-me um homem melhor’.

Georg e Chopin tinham planeado ficar uma longa temporada em Mallorca, mas os dois perdulários gastaram tudo em poucas semanas e, entretanto, já não tinham com que pagar ao senhor Gomes o aluguer da casa. As chuvas torrenciais tornavam a casa húmida.

A tosse de Chopin agrava-se. Naquela época o povo tinha tanto medo da tuberculose como da peste, e os rumores de que havia um ‘tuberculoso’ na casa do Sr. Gomes, fizeram com que ficassem isolados e despejados da propriedade do Sr. Gomes.

Foram então acolhidos pelo cônsul da França, que os aconselhou a hospedarem-se na Cartuxa de Valdemosa, um mosteiro em lugar de difícil acesso: ‘A minha cela parece uma sepultura’, escreveu Chopin a um amigo. ‘É tudo tão silencioso que podemos uivar de solidão’. E eles gastavam somas exorbitantes cada vez que era necessário chamar um médico.

O clima da Cartuxa deprimia Chopin: ‘Ele não conseguia vencer a inquietude de sua imaginação’, escreveu Georg Sand em A história da minha vida. ‘O claustro enchia-o de terrores e fantasmas, mesmo quando estava melhor. Ao voltar dos meus passeios nocturnos pela Cartuxa, encontrava-o pálido, diante do piano, de olhos alucinados, com os cabelos arrepiados. Precisava de alguns instantes para me conhecer’.

Entre eles, também, as coisas não iam nada bem.

No seu romance Lucrezia Floriani, em que conta de forma estilizada o relacionamento com Chopin, e nas cartas que mandou de Mallorca para os amigos, Georg Sand não escondia que o músico era um homem frágil, extenuado pela doença e que isso se refletia negativamente nos seus contatos físicos: ‘Permaneci uma virgem imaculada durante todo o tempo que passamos juntos nesta ilha’. Além disso, a população encarava-os como se fossem pagãos ou maometanos. Todos viravam a cara àquela mulher de calças compridas, que fumava charutos, e se eles precisavam de verduras ou legumes, tinham de pagar preços inacreditáveis por eles.

Em 12 de Fevereiro, convenceram-se: a lua-de-mel tinha sido um fiasco.

Estava na hora de voltar à França. Mas não havia um só carro em Palma para levá-los até o porto.

No caminho, Chopin teve uma hemoptise, que se repetiu durante a viagem no precário barco espanhol El Mallorquín, carregado de porcos que grunhiam sem cessar, reagindo ao balanço daquela casca de noz. Só quando mudaram, em Barcelona, para o navio francês Le Méléagre, o médico de bordo conseguiu deter a hemoptise. Dias depois, estavam instalados no Hotel de Beauvau, em Marselha, onde ‘podendo finalmente dormir numa cama decente e estender a mão para as pessoas sem que elas recuassem horrorizadas’, Chopin sentiu-se ressuscitar.

Enquanto Georg acabava de escrever Gabriel, o romance que iniciara em Mallorca, Chopin lançava-se à luta com Schlesinger e Probst, dois dos seus editores, que queriam passá-lo para trás na assinatura do contrato para publicação das obras escritas na ilha: a Balada em fá maior, 2 polacas, o Scherzo n.º 3, a Sonata em si bemol, 2 nocturnos.

Um fato, entretanto, o abalou muito: a morte do amigo Adolfo Nourrit, em Nápoles. O mais famoso tenor da sua época, criador dos papéis de Raul em Notas de Hugo de Meyerbeer, ou de Arnaldo, em Guilherme Tell de Rossini, Nourrit vira-se de repente ultrapassado por um rival, Gilberto Duprez, que estudara em Itália, onde aprendera uma técnica nova, a do arrojado dó de peito, que enlouquecia as multidões. Desejoso de igualar-se a Duprez, o inseguro Nourrit fora a Nápoles, tentando aprender o mesmo, mas caiu em depressão e, em Março de 1839, suicidou-se, saltando do terraço do hotel onde estava hospedado.

Ao clima tristonho dessa fase está talvez ligada uma obra como o Nocturno n.º 1 em dó menor Op. 48, uma das peças mais longas e dramáticas, um verdadeiro ‘diário íntimo’ de Chopin. Daí até a ruptura em 1847, os momentos mais tranquilos que os dois amantes viveram foram em Nohant, a propriedade campestre de Georg Sand, mantida até hoje como museu da convivência difícil entre aqueles dois seres tão diferentes. Frustrada a esperança da grande paixão erótica, Georg pareceu compreender que lhe estava reservado, ao lado desse homem genial e de sensibilidade à flor da pele, o papel de protetora, de quase enfermeira. Segundo a escritora, ‘sua mãe foi a única mulher que ele amou de verdade’.

Seguiram-se meses tranquilos.

Quando estava em Paris, Chopin passava mais tempo em casa de Georg, no n.º 16 da Rue Pigalle, do que no seu novo apartamento, da Rue Tronchet, que tinha decorado com todo o cuidado, e onde passava os primeiros dias recluso, na companhia de uns poucos amigos seleccionados. Foi uma fase em que publicou muito, e tocou algumas vezes em público.

Chopin sentia-se tão assimilado à nova família que já não escrevia com tanta frequência para Varsóvia e rompera completamente as relações com os Wodzinski.

Recebeu até com indiferença a notícia do casamento de Maria. O inverno de 1843 foi, contudo, muito rigoroso, e Chopin ficou doente várias vezes. Esta é, porém, uma fase em que, apesar do declínio da sua saúde, diminuem os sentimentos sombrios, a fascinação pela morte que sempre o tinham marcado. É a época de obras luminosas, cheias de vida, como a graciosa Berceuse Op. 57, ou a Barcarola em fá sustenido maior Op. 60, que ele dedicara à baronesa de Stockhausen, inspirada no canto dos gondoleiros venezianos.

Quando chegou a notícia de que Nicolas, o pai, tinha morrido, em 3 de Maio de 1844, Chopin ficou tão aniquilado que Georg julgou necessário escrever à sua irmã Luísa, pedindo-lhe que viesse a Paris com o marido, para visita-lo: ‘Vão encontrar o meu querido menino muito triste e bastante mudado. Não se assustem demais, entretanto, com a sua saúde. Ela mantém-se sem maiores alterações há seis anos e, apesar da sua compleição delicada, o problema no peito parece curado’. A alegria de rever a irmã, porém, fê-lo recuperar-se um pouco. Era real o prazer que sentia em levá-la e ao marido para conhecer Paris, e em ver que Luisa se dava muito bem com Georg que, à noite, lia para ela, em voz alta, passagens do Charco do diabo, no qual estava a trabalhar.

O relacionamento dos dois amantes, entretanto, estava passando por um lento processo de erosão, de dentro para fora, e aproximava-se o momento em que a vida em comum já não seria mais possível.

Chopin suportava mal a personalidade autoritária da companheira, e esta irritava-se com as suas suspeitas, os seus ciúmes, a recusa dele em conviver com os seus amigos, vendo em cada um deles um potencial amante. Censurava-o também por não se interessar pelas suas ideias, pelas causas sociais que a mobilizavam, pela paixão, precursora do feminismo, com que batalhava pelos direitos do seu sexo; e, naqueles tempos de anti-clericalismo militante, considerava-o reaccionário por permanecer – como bom polaco – fiel à sua fé católica. Além disso, entravam constantemente em choque por motivos familiares, pois Chopin não gostava que ela favorecesse sempre Maurice, em detrimento de Solange; e Georg, embora visse com bons olhos o carinho que ele demonstrava pelos seus filhos, não permitia que a interferência passasse de determinado limite.

Causa espanto, em fase tão atribulada, que ele tenha conseguido escrever música tão despreocupada como as Mazurcas Op. 63…

A gota de água no relacionamento com Sand foi, em 1846, a publicação em capítulos, no Correio Francês, do romance Lucrezia Floriani, em que Georg Sand descrevia de forma estilizada as relações entre ambos.

Chopin fingiu, a princípio, não se reconhecer na figura do príncipe Karol, com quem a protagonista vive um amor apaixonado que, aos poucos, se transforma na guerra surda a que se entregam os casais desunidos que continuam juntos por pura rotina. Entretanto, havia sempre amigos que o alertavam.

Irritado com a publicação do livro, e já sem poder fingir não ter entendido que era a convivência dos dois que Georg descrevera,Chopin saiu em Novembro de 1846 de Nohant – para onde nunca mais voltaria. Voltou sozinho para Paris.

Em 16 de Fevereiro de 1848, Chopin deu o seu último concerto, na Sala de Pleyel. O sucesso habitual encorajou-o a tocar uma vez mais para esse público que o acolheu com tanto entusiasmo. Mas Paris estava em ebulição. Oito dias depois do concerto, começava a revolução de 1848, e o segundo recital teve de ser cancelado.

Chopin, porém, preferiu escapar da agitação, passando uns tempos em Londres, onde se encontrou com alguns amigos que tinham escolhido o mesmo caminho: Berlioz, Kalkbrenner, e a cantora Pauline Viardot. A situação política em Paris, porém, não o ameaçava de forma alguma. Se fugia, era das recordações penosas, da falta que Georg e os seus filhos lhe faziam.

Foi bem recebido pela aristocracia inglesa. A duquesa de Sutherland convidou-o para tocar para a rainha Vitória e para o príncipe Alberto. Conheceu Charles Dickens, Thomas Carlyle e lorde Byron, cujo temperamento agitado o irritou.

Entretanto, o clima chuvoso não lhe fazia nada bem, estava cansado e sentia-se estranho: ‘É como se o mundo desvanecesse a meu redor, de forma muito esquisita’.

Voltou a Paris, em 24 de Novembro de 1848. A sua saúde declinava a olhos vistos. Já não conseguia compor. Duas mazurcas, a n.º 2 Op. 67 e a n.º 4 Op. 68, foram as últimas coisas que escreveu. Percebeu, finalmente, ter chegado a hora de chamar Luísa.

Escreve-lhe uma carta amargurada, um testemunho de gratidão à cidade que o acolheu, desenraizado, afastado da sua terra natal, e deu-lhe um chão ao qual agora sente pertencer: ‘Está um tempo maravilhoso.

Estou sentado na sala, diante das minhas cinco janelas, pelas quais contemplo o panorama de Paris inteira: as torres, o Palácio das Tulherias, a Câmara dos Deputados, Saint-Germain-l’Auxerrois, Saint-Étienne-du-Mont, Notre-Dame, o Panthéon, Saint-Suplice, o Val-de-Grâce, os Invalides. E entre esses edifícios e eu, não há nada senão uma sucessão de jardins’.

Em 1949, no seu último ano de vida, sentia insatisfação com a sua obra, chegando a destruir muitas páginas. Luísa chegou no dia 8 de Outubro. No final de Setembro, levaram-no, já nas últimas, para um novo apartamento voltado para o sul, mais ensolarado. Foi uma tentativa inútil de fazê-lo melhorar. Na véspera de morrer, Chopin ainda encontrou forças para rabiscar um bilhete pedindo que o seu corpo fosse aberto e lhe tirassem o coração, pois perseguia-o, há muitos anos, o medo de ter uma crise cataléptica e de ser enterrado vivo.

Chopin faleceu em Paris, a 17 de Outubro de 1849 e os seus últimos desejos foram atendidos. Ouviu-se a Missa de Requiem de Mozart, como queria., cantada por Luiz Lablache e Pauline Viardot, cujas vozes Chopin admirava tanto.

Dentro da urna, depuseram a taça cheia de terra do seu país natal, que lhe fora presenteada pelos amigos, quando ele deixou Varsóvia, e o coração, que lhe tinha sido extraído do peito, foi levado para a Polônia e lá se encontra sepultado até hoje dentro de um pilar da Igreja da Santa Cruz.

Fonte: www.imdb.com/ihaa.com.br/www.stars-celebrites.com/www.vidaslusofonas.pt/ww1.rtp.pt

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