Beethoven

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Ludwig von Beethoven (1770 – 1827) foi um dos compositores mais respeitados amplamente da música clássica.

Ele desempenhou um papel crucial na forma de transição clássica para a música romântica.

Data de Nascimento: 16 dezembro de 1770 – Bonn

Morreu em: 26 de março de 1827 – Viena

Beethoven
Ludwig von Beethoven

Beethoven Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn (Alemanha), em 16 de dezembro de 1770, descendente de uma família de remota origem holandesa, cujo sobrenome significava ‘horta de beterrabas’ e no qual a partícula van, não indicava nenhuma nobreza.

Seu avô, também chamado Luís, foi maestro de capela do príncipe eleitor de Bonn.

O pai de Beethoven, Johann, foi tenor nessa mesma capela. Pretendeu amestrá-lo como menino prodígio no piano, mas era um homem fraco, inculto e rude, que terminou consumido pelo alcoolismo. Beethoven teve infância infeliz.

Aos oito anos de idade apresentou um concerto para cravo. Em uma carta pública de 1780, Christian Gottlob Neefe afirmava que o seu discípulo, Beethoven, de dez anos, dominava todo o repertório de J.S.Bach e o apresentava como um segundo Mozart.

Beethoven fez os primeiros estudos em Bonn sob a orientação de Neefe (1781), tornando-se organista-assistente da capela eleitoral (1784). Iniciou sua carreira de compositor com alguns lieder, três sonatas para piano e uns quartetos para piano e cordas. Sua fama começou a transcender e o príncipe eleitor o enviou para Viena. Maximiliano, arquiduque da Áustria, subsidiou seus estudos.

Foi uma viagem pouco proveitosa, pois Beethoven teve de voltar em pouco tempo para assistir a morte da mãe. Mesmo assim, chegou a conhecer Mozart já doente, absorto pela composição de Don Giovanni. Em Bonn, Beethoven atravessou um período de grandes dificuldades financeiras.

Pouco tempo depois, Haydn leu algumas de suas obras e convidou a voltar para Viena para seguir ‘estudos vigiados’ com ele. Também tomou lições com Albrechtsberg e Salieri. Exibia-se como pianista virtuose nos salões aristocráticos. Apesar das suas maneiras rudes e do seu republicanismo ostensivo, sempre esteve Beethoven generosamente protegido pela alta sociedade vienense (o arquiduque Rodolfo, as famílias Brunswick e Lichnowsky, o conde Rasumovsky etc.). Melhorou de posição social e formação musical pela ajuda de mecenas, que em 1792 lhe possibilitaram a mudança definitiva para Viena.

Em 1795 Beethoven publicou o sua primeira obra, integrada pelos Trios para piano Op. 1 (3). Obras que, como as Sonatas para piano Op. 2, mostravam a personalidade (embora não ainda o gênio) de seu criador. Esse gênio começou a se revelar só anos depois, em seu Op. 7 e Op. 10.

Os últimos anos do século XVIII parece ter sido a época mais feliz da desditosa vida de Beethoven: o sucesso profissional, a proteção e lisonja dos poderosos, as amizades profundas, talvez o amor. Embora várias figuras femininas tenham cruzado a sua vida, provavelmente a única realmente importante tenha sido a ‘jovem amada’, Giulietta Guicciardi, cujos 17 anos e encanto fútil conquistaram Viena, e a quem o compositor dedicou a sua Sonata ao luar.

Também foi nessa época (1801) que se instalou em Beethoven uma crescente surdez, que em pouco tempo se tornaria irreversível. Desesperado, Beethoven redigiu em Heiligenstadt, então subúrbio de Viena, seu testamento, decidido a suicidar-se. A crise foi, porém, superada e, sendo parcial sua surdez, o compositor ainda pôde continuar a sua carreira. Como ele mesmo descreveu, ‘foi a arte, e só a arte, que me salvou’. Beethoven utilizava uma corneta para atenuar sua surdez, antes de ter de usar os cadernos de anotações.

Foi o tempo de sua única ópera, Fidélio, exaltação do amor conjugal, das grandes Sonatas para piano – Patéticae Apaixonado, dos monumentais concertos, dos quartetos para cordas do período médio; o tempo, principalmente, das obras que lhe deram maior popularidade, suas revolucionárias sinfonias e, em especial, a Sinfonia n.º 5. Os membros da aristocracia austríaca, lhe concederam em 1809, uma pensão vitalícia. Sua carreira pública chegou ao ponto culminante em 1814, por ocasião do Congresso de Viena.

Depois desses sucessos, a surdez começou a piorar, isolando o mestre quase totalmente do mundo. A carência afetiva o levou a se trancar cada vez mais dentro de si mesmo.

Seus últimos anos também se viram amargurados pela saúde precária, dificuldades financeiras e, principalmente, pelos problemas com seu sobrinho Karl, os quais, indiretamente, foram a causa da sua morte: após uma discussão, Beethoven saiu de casa no meio de uma tempestade, contraindo uma pneumonia que pôs fim a seus dias em 26 de março de 1827. O cortejo fúnebre contou com uma impressionante multidão de 20.000 pessoas, coisa inusual em uma Viena que produzia gênios e depois, como com Mozart, dava-lhe as costas.

Beethoven impressionou os contemporâneos, além de sua arte, pelas manifestações rudes de sua independência pessoal. Em torno de sua forte personalidade formaram-se lendas, destinadas a salientar os sofrimentos e a grandeza do homem titânico, chegando a falsear a perspectiva biográfica. A famosa carta (sem data e sem endereço) à ‘amada imortal’ não tem maior importância para a interpretação da obra, porque na arte de Beethoven não é sensível o elemento erótico.

Errada também é a opinião de ter o mestre sofrido pela incompreensão dos contemporâneos: teve, em vida, os maiores sucessos e foi admirado como nenhum outro compositor.

Também teve notável êxito material e, chegou a ditar preços aos seus editores. Mas, sobretudo, foram mal compreendidos os efeitos de sua doença. Até 1814, a surdez não foi total, permitindo a elaboração de numerosas obras-primas musicais; depois dessa data, foi a própria surdez que abriu ao compositor as portas de uma nova arte, toda abstrata. A grandeza de Beethoven não foi, prejudicada pela surdez, e sua vida não se resume numa luta heróica contra a doença.

As obras de Beethoven são intensamente romântica pela extremo subjetivismo, no qual tem lugar a tragicidade patética e o júbilo triunfal, o idílio e o humorismo burlesco, o idealismo eloqüente e a música profunda. Mas a forma dessas manifestações é a do Classicismo vienense de Haydn e Mozart; são cuidadosamente elaboradas e severamente disciplinadas. Essa obra romântica é, paradoxalmente, a mais clássica que existe.

Beethoven viu-se admirado até a idolatria pelos seus contemporâneos. Sua influência sobre toda a música do século XIX foi avassaladora. Também as obras difíceis, as últimas sonatas e os últimos quartetos foram, enfim, compreendidos, e a imensa popularidade de Beethoven chegou a estender-se à Sinfonia n.º 9. Mas no fim do século começaram a surgir as primeiras vozes cépticas.

Achou-se que Beethoven tinha escrito sinfonias, sonatas e quartetos os mais perfeitos, de modo que sua arte significava um fim, embora glorioso. Debussy ousou manifestar aversão à eloqüência do mestre. Na época moderna já não existem compositores Beethovenianos. Sua influência parece terminada. Stravinsky encontrou palavras duras contra o subjetivismo e o emocionalismo do mestre, o que não o impediu de declarar a fuga para o Quarteto de cordas Op. 133 (1825), como a maior manifestação da música ocidental.

Diferente de muitos outros compositores, Beethoven não foi menino prodígio. Teve evolução lenta. À sua primeira obra escrita e publicada em Viena deu o nome de Trios Op. 1, fazendo entender, com razão, apenas interesse biográfico e histórico. Também é necessário descontar algumas obras escritas por encomenda e elaboradas sem inspiração, como a Sinfonia de batalha, que foi composta em 1813 e apresentada em Viena em 1816 com sucesso retumbante mas efêmero.

Resta a grandiosa evolução, dos Trios Op. 1 até o último Quarteto Op. 135 (1826), evolução que não tem igual na história da música.

O musicólogo russo Wilhelm von Lenz, considerando 1802 e 1814 como datas decisivas na vida do mestre, formulou a tese de três fases da criação de Beethoven: mocidade, maturidade, últimas obras. Embora cronologicamente inexata (algumas obras nãose enquadram bem no esquema) a tese de Lenz é até hoje geralmente aceita.

Primeira fase – A primeira fase, de 1792 até 1802, caracteriza-se pelo frescor juvenil, pelo brilho virtuosístico, pelo estilo galante do séc. XVIII, embora interrompida por tempestades pscológicas bem pré-românticas e acessos de melancolia. Galante, naquele sentido, é o famoso Septeto Op. 20 (1799-1800); despreocupadamente alegre é a sua Sonata para piano e violino em fá maior Op. 24 – Primavera (1801); bem mozartiano ainda é o Concerto para piano n.º 3 em dó menor (1800).

A melancolia manifesta-se na Sonata para piano n.º 3 em ré maior Op. 10 (1796-1798), nos Quartetos Op. 18 (6) (1798-1800) e na Sonata para piano e violino n.º 2 em dó menor Op. 30 (1802), mas sobretudo na célebre Sonata para piano n.º 2 em dó sustenido menor Op. 27, à qual a posteridade tem dado o apelido de Sonata ao luar. Obra capital do pré-romantismo Beethoveniano é a Sonata para piano em dó menor Op. 13, à qual o próprio mestre deu o nome de Patética (1798). A evolução do mestre evidencia-se na diferença sensível entre a Sinfonia n.º 1 (1799) e a Sinfonia n.º 2 (1802).

Duas obras das mais conhecidas de Beethoven não se enquadram bem no esquema de Lenz. Em 1803, já em plena segunda fase, a famosa Sonata para piano e violino em lá maior Op. 47 – Kreutzer é o exemplo mais brilhante da primeira fase. Por outro lado, já em 1802, a Sonata para piano n. 2 em ré menor Op. 31 manifesta toda a tragicidade do gênio Beethoveniano.

Segunda fase – A segunda fase, a da plena maturidade, abre em 1803 com a colossal Sinfonia n.º 3 em mi bemol maior – Eroica. Do mesmo estilo trágico são, em 1804, a sombria Sonata para piano em fá maior Op. 57 – Apaixonado, e o segundo ato da única ópera de Beethoven, Leonora (mais tarde rebatizada Fidélio). Mas ao mesmo tempo, em 1804, escreveu o mestre a triunfal Sonata para piano em dó maior Op. 53 – Aurora (ou Waldstein) e, depois de duas aberturas menos bem logradas para a ópera, a Leonora n.º 3 (1806), que conquistou a sala dos concertos, talvez a mais gloriosa de todas as aberturas. Do ano de 1806 também são o intensamente lírico Concerto para piano n.º 4 em sol maior Op. 58, o majestoso Concerto para violino em ré maior Op. 61, e os Quartetos Op. 59, em fá maior, mi menor e dó maior, dedicados ao conde Rasumovsky, os quartetos mais brilhantes que existem.

Depois as obras-primas seguem-se sem interrupção: a trágica Sinfonia n.º 5 em dó menor (1805-1807), a mais famosa de todas, e a não menos trágica abertura Coriolano (1807), a idílica Sinfonia n.º 6 em fá maior – Pastoral (1807-1808), a sombria Sonata para piano e violoncelo em lá maior Op. 69 (1808) e o Trio para piano em ré maior Op. 70 (1808), de profunda melancolia; em 1809, a Sonata para piano em mi bemol maior Op. 81 – Os adeuses. Em 1810, a música de cena (incluindo grandiosa abertura) para a peça de Egmont, de Goethe; em 1812, a Sinfonia n.º 7 em lá maior, a mais intensamente poética de todas, a humorística Sinfonia n.º 8 em fá maior (1812) e o justamente famoso Trio para piano em si bemol maior Op. 97 – Arquiduque; enfim, em 1812, a última Sonata para piano e violino em sol maior Op. 96, despedida poética da segunda fase.

Terceira fase – Depois das festas de 1814, Beethoven, agora completamente surdo, retira-se para a solidão, elaborando uma música totalmente diferente, abstrata, interiorizada. O pórtico da terceira fase é a gigantesca Sonata para piano em si bemol maior Op. 106 – Sonata para piano (1818). Seguem, 1820-1822, as três últimas sonatas para piano, em mi maior Op. 109, em lá bemol maior Op. 110 e em dó menor Op. 111. A última, Op. 111, seria – dir-se-ia – o sacrossanto testamento pianístico de Beethoven, se não tivesse escrito, em 1823, as 33 Variações sobre uma valsa de Diabelli Op. 120. Sobre um tema banal, a maior obra de variações da literatura musical.

Do mesmo ano de 1823 são a Sinfonia n.º 9, que o coral do último movimento, que assustou os contemporâneos e é hoje a obra mais popular do mestre, e a gloriosa Missa solene, obra de religiosidade livre de um grande individualista.

Em 1824 inicia Beethoven o ciclo dos últimos quartetos: em mi bemol maior Op. 127, em lá menor Op. 132 (1825), em si bemol maior Op. 130 (1825), do qual foi separada a Fuga final Op. 133. Enfim, em 1826, o Quarteto em dó sustenido menor Op. 131, mais uma dessas obras gigantescas para o pequeno elenco de quatro instrumentos de cordas, e o comovente último Quarteto em fá maior Op. 135 (1826). São obras de inigualável profundeza artística e grandes documentos humanos.

Ludwig von Beethoven – Biografia

Beethoven
Ludwig von Beethoven

O compositor alemão Ludwig von Beethoven nasceu em Bonn (1770) e morreu em Viena (1827).

Seu avô, membro de uma família que contava com muitos pintores e escultores, era o regente da Capela arquiepiscopal na corte da cidade de Colônia, da qual seu filho, pai de Ludwig, integrava o coro como tenor, além de exercer, também, a função de professor de música. Foi dele que Beethoven recebeu as primeiras lições dessa arte, contra os quais revoltou-se a princípio, mas sempre demonstrando, mesmo sem aprofundar-se nos estudos que recebia, ser possuidor de enorme talento para exercê-la.

Por isso, ao completar nove anos de idade foi entregue aos cuidados do organista Christian Gottlob Neefe (1748-1798), que o fez conhecer os grandes mestres alemães da música. Nasceu nessa época a admiração de Beethoven pelos compositores Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Georg Friedrich Handel (1685-1759), e a partir de então os seus progressos nos estudos foram tão grandes que aos onze anos (1781), ele já compunha as suas primeiras peças.

Três anos depois (1784), tornava-se segundo organista da capela do Eleitor, em Colônia, e pouco mais tarde (1787) foi enviado para Viena a fim de aprimorar sua técnica com o austríaco Franz Joseph Haydn (1732-1809), um dos mais importantes autores e solistas do período clássico. Costuma-se dizer, embora não existam provas de tal fato, que durante esse período ocorreu um encontro entre Beethoven e o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que já estava doente, mas mesmo assim trabalhando na composição da ópera Don Giovanni, durante o qual este, ao ouvir uma improvisação executada pelo jovem iniciante, teria dito que em pouco tempo o mundo todo ouviria falar dele.

A partir de 1792, morando definitivamente em Viena (de onde não mais sairia), ele iniciou uma série de excursões artísticas pela Europa, durante as quais fez nascer e consolidar-se em torno do seu nome, o prestígio e a fama de exímio pianista.

Datam dessa década, também, suas primeiras composições que se tornariam famosas pelos tempos futuros: as três sonatas para piano Op.2 (1795), o concerto para piano nº 1 em dó maior Op.15 (1795), a sonata nº.8 em dó menor Op.13 – Pathétique (1798), e os seis quartetos de cordas Op.18 (1800). Em 2 de Abril deste mesmo ano ele estreou em Viena a sua sinfonia nº 1 em dó maior Op. 21, mas no ano seguinte, declarando-se insatisfeito com o que produzira até então, confessou aos amigos que decidira seguir um novo caminho. E foi o que fez em 1803, compondo a sinfonia nº 3 em mi bemol maior Op.55 (Heróica), obra considerada pelos críticos como sem precedentes na história da música erudita.

Mesmo não ocupando qualquer cargo oficial junto à corte, Beethoven freqüentou os salões da alta aristocracia, que lhe dispensava proteção. Mas suas idéias republicanas prejudicaram essas boas relações. Entusiasmado pelos feitos iniciais de Napoleão Bonaparte, escreveu em sua homenagem a Sinfonia Heróica, ou terceira, mas esse sentimento depois se transformou em completa aversão, de tal forma que na proclamação do Império francês, em 1804, ele compôs a Marcha Fúnebre da mesma sinfonia.

A partir desse ano (1804) iniciou-se para Beethoven um período de grande criatividade, surgindo, em conseqüência, a sonata para piano nº 21 em dó maior Op.53 (Waldstein), seguida em 1805 pela sonata para piano nº 23 em fá menor Op.57 (Appassionata); em 1806 foi a vez dos três quartetos de cordas Op.59 (Razumovsky), da sinfonia nº 4 em si bemol maior Op.60, e do concerto para violino em ré maior Op.61; em 1807, o concerto para piano nº 4 em Sol maior Op.58; em 1808, a sinfonia nº.5 em dó menor Op.67, a sinfonia nº 6 em fá maior Op.68 (Pastoral); em 1809, o concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior Op. 73 (Imperador), em 1811, o quarteto em fá menor op.95 (Serioso), em 1812, a sinfonia nº 7 em lá maior Op.92 (1812) e a sinfonia nº 8 em fá maior.

A época mais feliz da vida de Beethoven ocorreu no final do século 18, início do século 19, período em que ele desfrutou de sucesso profissional, contou com a proteção dos poderosos, desfrutou de amizades profundas, e viu-se até mesmo dominado pelo amor. Embora várias mulheres tenham participado de sua vida amorosa, a que provavelmente mexeu com os seus sentimentos de forma mais intensa foi uma jovem de 17 anos, Giulietta Guicciardi, para quem o compositor dedicou a sua Sonata ao luar.

Também foi nessa época (1801) que ele passou a ter problemas de audição, processo esse que em pouco tempo se tornaria irreversível. Inconformado diante desse problema incurável Beethoven pensou até mesmo em suicidar-se, mas conseguiu superar a crise depressiva e voltou a compor valendo-se de uma corneta para atenuar a deficiência provocada pela surdez. Foi o tempo de sua única ópera, Fidélio, exaltando o amor conjugal. Composta em 1804, ela conta em dois atos a história de Leonore, que disfarçada de Fidélio salva o seu marido Fleurian de uma prisão política, exaltando a vitória do livre arbítrio e da liberdade sobre a opressão e a tirania.

Em 1819 a Áustria lhe concedeu uma pensão vitalícia, e em 1814 sua carreira chegou ao ponto culminante. Mas como a surdez que o martirizava começou a piorar, ele se afastou do público, fechou-se cada vez mais dentro de si mesmo, procurou isolar-se o quanto podia, o que transformou os últimos anos de sua vida em uma sucessão de amarguras motivadas pela saúde precária, pelas dificuldades financeiras e pelos problemas familiares que enfrentava.

Certo dia, após discutir seriamente com seu sobrinho Karl, saiu de casa em meio a uma tempestade e com isso contraiu a pneumonia que provocou sua morte em 26 de março de 1827. Seu cortejo fúnebre foi acompanhado por uma multidão de 20.000 pessoas, fato pouco comum na Viena daquele tempo.

Ludwig van Beethoven – Vida

1770-1827

Beethoven
Ludwig von Beethoven

Ludwig van Beethoven nasceu em 16 de dezembro de 1770, em Bonn, Alemanha.

Mas sua ascendência era holandesa: o nome de sua família é derivado do nome de uma aldeia na Holanda, Bettenhoven (canteiro de rabanetes), e tem a partícula van, muito comum em nomes holandeses – não confundir com o nobiliárquico alemão von. O avô do compositor, também Ludwig van Beethoven, contudo, era originário da Bélgica, e a família estava há poucas décadas na Alemanha.

Vovô van Beethoven era músico. Trabalhava como Kappelmeister (diretor de música da corte) do eleitor de Colônia e era um artista respeitado. Seu filho, Johann, que viria a ser o pai de Ludwig, menos talentoso, o seguiu na carreira, mas sem igual êxito. Depois da morte do pai, entregou-se ao alcoolismo, o que traria muitos problemas emocionais ao filho famoso.

Johann percebeu que o pequeno Ludwig (que fora batizado assim em homenagem ao avô) tinha talento incomum para música e tratou de encaminhá-lo à carreira de músico do eleitor. Mas o fez de forma desastrosa. Obrigava o filho a estudar música horas e horas por dia, e não raro o batia. A educação musical de Beethoven tinha aspectos de verdadeira tortura.

Desde os treze anos Ludwig ajudou no sustento da casa, já que o pai afundava-se cada vez mais na bebida. Trabalhava como organista, cravista ensaiador do teatro, músico de orquestra e professor, e assim precocemente assumiu a chefia da família. Era um adolescente introspectivo, tímido e melancólico, freqüentemente imerso em devaneios e “distrações”, como seus amigos testemunharam.

Em 1784, Beethoven conheceu um jovem conde, de nome Waldstein, e tornou-se amigo dele. O conde notou o talento do compositor e o enviou para Viena, para que se tornasse aluno de Mozart. Mas tudo leva a crer que Mozart não lhe deu muita atenção, embora reconhecendo seu gênio, e a tentativa de Waldstein não logrou êxito – Beethoven voltou em duas semanas para Bonn.

Em Bonn, começou a fazer cursos de literatura – até para compensar sua falta de estudo geral, já que saíra da escola com apenas 11 anos – e lá teve seus primeiros contatos com as fervilhantes idéias da Revolução Francesa, que ocorria, com o Aufklärung (Iluminismo) e com o Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), correntes não menos fervilhantes da literatura alemã, de Goethe e Schiller. Esses ideiais tornariam fundamentais na arte de Beethoven.

Apenas em 1792 que Beethoven haveria de partir definitivamente para Viena. Novamente por intermédio do conde Waldstein, dessa vez Ludwig havia sido aceito como aluno de Haydn – ou melhor, “papai Haydn”, como o novo pupilo o chamava. A aprendizagem com o velho mestre não foi tão frutífera quanto se esperava. Haydn era afetuoso, mas um tanto descuidado, e Beethoven logo tratou de arranjar aulas com outros professores, para complementar seu estudo.

Seus primeiros anos vienenses foram tranqüilos, com a publicação de seu opus 1, uma coleção de três trios, e a convivência com a sociedade vienense, que lhe fora facilitada pela recomendação de Waldstein. Era um pianista virtuose de sucesso nos meios aristocráticos, e soube cultivar admiradores. Apesar disso, ainda acreditava nos ideiais revolucionários franceses.

Então surgiram os primeiros sintomas da grande tragédia beethoveniana – a surdez. Em 1796, na volta de uma turnê, começou a queixar-se, e foi diagnosticada uma congestão dos centros auditivos internos. Tratou-se com médicos e melhorou sua higiene, a fim de recuperar a boa audição que sempre teve, e escondeu o problema de todos o máximo que pôde.

Só dez anos depois, em 1806, que revelou o problema, em uma frase anotada nos esboços do Quarteto no. 9: “Não guardes mais o segredo de tua surdez, nem mesmo em tua arte!”.

Antes disso, em 1802, Beethoven escrevou o que seria o seu documento mais famoso: o Testamento de Heilingenstadt. Trata-se de uma carta, originalmente destinada aos dois irmãos, mas que nunca foi enviada, onde reflete, desesperado, sobre a tragédia da surdez e sua arte. Ele estava, por recomendação médica, descansando no aldeia de Heilingenstadt, perto de Viena, e teve sua crise mais profunda, quando cogitou seriamente o suicídio. Era um pensamento forte e recorrente. O que o fez mudar de idéia? “Foi a arte, e apenas ela, que me reteve. Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim!”, escreveu na carta.

O resultado é o nascimento do nosso Beethoven, o músico que doou toda sua obra à humanidade. “Divindade, tu vês do alto o fundo de mim mesmo, sabes que o amor pela humanidade e o desejo de fazer o bem habitam-me”, continua o Testamento. Para Beethoven, sua música era uma verdadeira missão. A Sinfonia no. 3, Eroica, sua primeira obra monumental, surge em seguida à crise fundamental de Heilingenstadt.

No terreno sentimental, outra carta surge como importante documento histórico: a Carta à Bem-Amada Imortal. Beethoven nunca se casou, e sua vida amorosa foi uma coleção de insucessos e de sentimentos não-correspondidos. Apenas um amor correspondido foi realizado intensamente, e sabemos disso exatamente através dessa carta, escrita em 1812.

Nela, o compositor se derrama em apaixonadíssimos sentimentos a uma certa “Bem-Amada Imortal”:

Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser! Podes mudar o fato de que és inteiramente minha e eu inteiramente teu? Fica calma, que só contemplando nossa existência com olhos atentos e tranqüilos podemos atingir nosso objetivo de viver juntos. Continua a me amar, não duvida nunca do fidelíssimo coração de teu amado L., eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos.

A identidade da “Bem-Amada Imortal” nunca ficou muito clara e suscitou grande enigma entre os biógrafos de Beethoven. Maynard Solomon, em 1977, após inúmeros estudos, concluiu que ela seria Antonie von Birckenstock, casada com um banqueiro de Frankfurt – seria, portanto, um amor realizado, mas ao mesmo tempo impossível, bem beethoveniano. Ludwig permaneceria solteiro.

Em 1815, seu irmão Karl morreria, deixando um filho de oito anos para ele e a mãe cuidarem. Porém Beethoven nunca aprovou a conduta da mãe dessa criança – também Karl – e lutou na justiça para ser seu único tutor. Foram meses de um desgastante processo judicial que acabou com o ganho de causa dado ao compositor. Agora Beethoven teria que cuidar de uma criança, ele que sempre fora desajeitado com a vida doméstica.

Nos anos seguintes, Beethoven entraria em grande depressão, da qual só sairia em 1819, e de forma exultante.

A década seguinte seria um período de supremas obras-primas: as últimas sonatas para piano, as Variações Diabelli, a Missa solene, a Sinfonia no. 9 e, principalmente, os últimos quartetos de cordas.

Foi nessa atividade, cheio de planos para o futuro (uma décima sinfonia, um réquiem, outra ópera), que ficou gravemente doente – pneumonia, além de cirrose e infecção intestinal. No dia 26 de março de 1827, morreria Ludwig van Beethoven – segundo a lenda, levantando o punho em um último combate contra o destino.

SUA OBRA

Beethoven é reconhecido como o grande elemento de transição entre o Classicismo e o Romantismo. De fato, ele foi um dos primeiros compositores a dar papel fundamental ao elemento subjetivo na música. “Saída do coração, que chegue ao coração”, disse a respeito de uma de suas obras. Toda obra beethoveniana é fruto de sua personalidade sonhadora e melancólica, um tanto épica, verdadeiramente romântica.

Mas ele não abandonou as formas clássicas herdadas de Mozart e de “papai” Haydn. Beethoven soube fazer arte inovadora nos moldes tradicionais, sem os destruir, mas alargando suas fronteiras. Esse processo transfigurador aconteceu gradualmente, e culminou em obras como os últimos quartetos de cordas, radicalmente distantes dos similares de Mozart, por exemplo.

O estilo de Beethoven tem características marcantes: grandes contrastes de dinâmica (pianissimo x fortissimo) e de registro (grave x agudo), acordes densos, alterações de compasso, temas curtos e incisivos, vitalidade rítmica e, em obras na forma-sonata, desenvolvimentos longos em detrimento de exposições mais concentradas.

Estudiosos costumam dividir a obra beethoveniana em três fases, seguindo a linha definida pelo musicólogo Wilhelm von Lenz. A primeira daria conta das obras escritas entre 1792 e 1800, ou seja, suas primeiras peças publicadas, já em Viena. Isso incluiria os trios do opus 1, a Sonata Patética, os dois primeiros concertos para piano e a Primeira Sinfonia, obras ainda tradicionais, mas que já apresentam alguns aspectos pessoais. A segunda fase corresponderia ao período de 1800 a 1814, marcado pelo Testamento de Heilingenstadt e pela Carta à Bem-Amada Imortal – em outras palavras, pela surdez e pelas decepções amorosas.

São características dessa fase obras como a Sinfonia Eroica, a Sonata Ao luar, os dois últimos concertos para piano.

A última fase, de 1814 à 1827, ano de sua morte, seria o período das obras monumentais e das grandes inovações: a Nona Sinfonia, a Missa solene, os últimos quartetos de cordas.

Beethoven se dedicou a todos os gêneros de sua época. Compôs uma ópera, Fidelio, com seu tema tipicamente beethoveniano – fidelidade conjugal e o amor pela liberdade -, música para teatro (destaque para a abertura Egmont), balé (As criaturas de Prometeu), oratório (Cristo no Monte das Oliveiras), lieder (o ciclo À bem-amada distante é bem representativo), duas missas (entre elas a monumental Missa solene), variações (as Variações sobre uma valsa de Diabelli são as mais conhecidas) e obras de forma livre (a Fantasia para piano, coro e orquestra é uma delas).

Porém Beethoven ficaria mais conhecido pelos quatro grandes ciclos dedicados às formas clássicas: as sonatas, os concertos, os quartetos de cordas e, claro, as sinfonias.

As Sonatas

As sonatas para piano – 32 ao todo – foram para Beethoven uma espécie de laboratório, onde fazia experiências que seriam aproveitadas em outras formas. Elas se distribuem ao longo das três fases, mas as da segunda seriam as mais numerosas (dezesseis).

Beethoven fez grandes inovações no estrutura da sonata. Incorporou novas formas (fuga e variação), mudou o número de movimentos e sua ordem (colocou muitas vezes o movimento lento em primeiro lugar), aumentou seu escopo emocional.

Essas sonatas também acompanharam o desenvolvimento técnico do piano no início do século XIX. A princípio, eram destinadas, sem distinção, para o cravo ou para o pianoforte.

Somente a partir da opus 53, Waldstein, que Beethoven deixaria claro a instrumentação: pianoforte. Exigente, o compositor costumeiramente ficava irritado com a limitação dos pianos de sua época, tanto que suas últimas cinco sonatas foram compostas especificamente para o mais avançado piano de martelo vienense, o Hammerklavier. A opus 106 ficou justamente conhecida por este nome.

Entre as onze sonatas do primeiro período, a mais conhecida é a opus 13, Patética, com sua introdução dramática e seu clima sombrio (a maior parte de seus temas estão em tom menor).

As sonatas mais conhecidas estão no segundo período – são a opus 27, Ao luar, a Waldstein e a opus 57, Appassionata. A primeira delas, de modo inovador, inicia-se com um famosíssimo Adagio sostenuto, uma elegia de suave e sombrio romantismo, até hoje um dos trechos mais conhecidos de Beethoven.

Embora mais originais, as sonatas do último período são as menos populares. A opus 106, Hammerklavier, de caráter monumental, é quase uma sinfonia para piano solo. Outras grandes obras-primas são as duas últimas, opus 110 e 111, de caráter quase romântico.

Os Concertos

Beethoven escreveu cinco concertos para piano, um para violino e um tríplice, para violino, violoncelo e piano. Excetuando-se os dois primeiros para piano, todos foram compostos na fase intermediária, onde, de fato, encontra-se a maioria da produção beethoveniana.

Os dois primeiros concertos para piano são bastante característicos da juventude de Beethoven, e devem grande parte de sua linguagem à Mozart. Já o terceiro, composto em 1800, é uma obra de transição. Tem caráter mais sinfônico e é declaradamente sério e pesado, tendo muitas semelhanças com o Concerto no. 24 de Mozart (também escrito na tonalidade de dó menor).

O Concerto no. 4, composto seis anos depois, daria um salto ainda maior. Os movimentos externos são leves e tranqüilos, de profunda beleza e humanidade. Já o movimento central, Andante con moto, alterna o lirismo romântico do piano com intervenções vigorosas da orquestra (aqui reduzida às cordas graves), obtendo um resultado surpreendente até para Beethoven.

O último concerto para piano, conhecido como Imperador, tornaria-se mais célebre. É uma obra majestosa, de concepções grandiosas e de caráter tão sinfônico quanto o terceiro concerto, mas menos trágico.

Para violino, Beethoven escreveu o seu concerto mais popular. Obra belíssima, é dos concertos mais perfeitos já escritos para esse instrumento. Anteriormente, já havia o incluído no Concerto tríplice, para piano, violino e violoncelo, herdeiro da sinfonia concertante à maneira de Haydn e Mozart e claro precursor do Concerto duplo de Brahms.

Os Quartetos

Beethoven compôs música de câmara durante toda sua vida, mas a parte fundamental de sua obra neste gênero seria o conjunto dos seis últimos quartetos de cordas.

Eles foram escritos nos últimos anos de vida do compositor e representam o ponto culminante de sua terceira fase de criação. São obras concentradas e profundas, cheias de recursos como a variação e a fuga.

O opus 131 é o mais ambicioso deles. Tem nada menos que sete movimentos, todos encadeados entre si. O primeiro é uma fuga muito lenta e expressiva, o quarto é uma sucessão de sete variações, e o último é um enérgico Allegro, que retoma o tema principal do primeiro. Portanto, apesar de sua grande extensão, é uma obra coesa.

Além deste, são importantes os quartetos opus 133, Grande Fuga, e opus 135.

As Sinfonias

As sinfonias de Beethoven formam a parte mais conhecida de sua obra. São nove ao todo. A maior parte está na fase intermediária de sua criação, exceto a primeira e a última sinfonia. Entretanto, o musicólogo Paul Bekker classifica as sinfonias em dois grupos – as oito primeiras e a Nona. De fato, a dita Sinfonia Coral é um caso à parte, com sua enorme formação instrumental e o final com coro, até então inédito.

A Primeira Sinfonia, composta nos primeiros anos vienenses do compositor, está fortemente ligada à tradição de Haydn e Mozart. A Segunda é uma obra de transição e já apresenta algumas das suas características pessoais.

Beethoven só encontraria sua linguagem sinfônica definitiva na Sinfonia no. 3, Eroica. Planejada para ser uma grande homenagem a Napoleão Bonaparte, que admirava, esta Terceira é uma obra grandiosa, de concepção monumental e temática épica. Porém a dedicatória napoleônica foi retirada quando este coroou-se imperador da França – Beethoven, decepcionado, alterou o programa da obra, incluindo uma marcha fúnebre “à morte de um herói”.

A Quarta é uma sinfonia mais relaxada, conhecida por sua longa introdução, quase independente do restante da obra. Já a Quinta é a mais trágica das nove. Dita “do destino”, esta é uma sinfonia que faz a trajetória das trevas (os dois primeiros movimentos) para a luz (os dois últimos), de maneira original, que abriu precedentes na história da música (a Primeira de Brahms, a Segunda de Sibelius).

A Sexta Sinfonia, Pastoral, é outra ousadia. Organizada em cinco movimentos, cada um retratando um aspecto da vida no campo, abriu espaço para as experiências de Liszt e Berlioz no gênero da música programática.

A Sétima ficou famosa pelo seu movimento lento, um Allegretto pouco definido entre o elegíaco e o sombrio, que encantou compositores como Schumann e Wagner. A Oitava é seu par, e tem no terceiro movimento um minueto, o que é novidade – é a única que não tem um scherzo, o substituto beethoveniano do minueto de Haydn e Mozart.

Enfim, a Nona, talvez a obra mais popular de Beethoven. Sua grande atração é o final coral, com texto de Schiller, a Ode à alegria. É uma obra que marcou época. Sem ela, seria difícil conceber as sinfonias posteriores de Bruckner, Mahler, e até a ópera de Wagner.

“Escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante”. A definição famosa de Brahms da Nona Sinfonia pode ser aplicada igualmente à toda obra beethoveniana, uma das maiores e mais profundamente humanas de toda história da música.

Ludwig von Beethoven – Compositor

(Bona, 16 de Dezembro 1770 – Viena, 26 de Março 1827)

Beethoven
Ludwig von Beethoven

Beethoven foi um dos compositores mais importantes da história da música ocidental. Revolucionário por natureza, fez evoluir a linguagem musical do classicismo para o romantismo, espelhando assim a conturbada realidade política e social do início do século XIX. Mais ainda, a imagem que hoje temos do compositor continua a ser o arquétipo da imagem do artista, o que não impede que a música de Beethoven esteja entre as mais celebradas, populares e interpretadas.

Beethoven nasceu em Bona, no dia 16 de Dezembro de 1770. O pai e, sobretudo, o avô estavam ligados à música e foi do primeiro que obteve as suas primeiras aulas.

Em 1779 torna-se aluno de Christian Gottlob Neefe e, cinco anos mais tarde, seu assistente como organista da corte do Eleitor. Em 1786, Beethoven visita Viena pela primeira vez, mas é em 1792 que, com o apoio do conde Waldstein, o jovem músico se instala na cidade. O pretexto era estudar com J. Haydn, o que só acontece esporadicamente, sendo que Beethoven tem também aulas com Schenk, Albrechtsberg e Salieri. Nesta época, era sobretudo conhecido como pianista e improvisador virtuoso, mas em 1795, com a edição dos Trios com Piano, op. 1, começa também a estabelecer-se como compositor. Em 1798 descobre que sofre de surdez progressiva e embora só tenha ficado completamente surdo por volta de 1819, este é foi um fator determinante na sua vida e na sua criação.

Entre a publicação do seu primeiro opus e a sua morte, em Março de 1827, Beethoven prosseguiu uma brilhante carreira como pianista (até 1815) e como compositor, tornando-se muito popular em Viena e no estrangeiro, mesmo se as relações com o público nem sempre foram pacíficas. O funeral do compositor foi um verdadeiro evento nacional e o cortejo foi seguido por vários milhares de pessoas.

Costuma-se dividir a carreira de Beethoven em três fases distintas (ou em quatro, se considerarmos os anos passados em Bona), e embora esta divisão seja discutível, é extremamente útil para perceber a evolução estilística da sua obra. O primeiro período vai da sua chegada a Viena até 1802, e é durante estes anos que o compositor se estabelece como pianista e desenvolve as suas capacidades como compositor, nomeadamente ao assimilar as técnicas utilizadas pelos seus contemporâneos.

Em 1802 surge o Testamento de Heiligenstadt em que o compositor considera a hipótese de se suicidar – sobretudo por causa dos problemas crescentes de perda de audição –, e é aqui que se inicia o período intermédio. Durante os mais de dez anos que se seguem, Beethoven compõe várias das suas obras mais importantes e revolucionárias. Esta década, que se inicia em 1803-1804 com a Sinfonia Eroica, é muitas vezes apelidada de “década heróica”, por causa da natureza particularmente triunfante e gloriosa de algumas obras.

O período final tem um início bem menos definido do que o anterior.

A partir de 1812-1813, Beethoven vê-se confrontado com inúmeros problemas pessoais: à perda de audição e à desilusão em relação à situação política na Europa, vêm-se juntar problemas de ordem sentimental, financeira e familiar – em 1815 o seu irmão Caspar Carl morre e o compositor entra numa batalha legal para assegurar a guarda do seu sobrinho Karl. Consequentemente, e no que diz respeito a obras significativas, estes são uns anos pouco produtivos para Beethoven, sobretudo se considerarmos a década anterior. Mas, nos últimos dez anos de vida (sobretudo a partir de 1818, ano em que acaba a Sonata para Piano op. 106, Hammerklavier), Beethoven compõe algumas das suas obras mais significativas e influentes. Além de introspectivas e enigmáticas, como é o caso das últimas sonatas para piano e dos últimos quartetos de cordas, as obras deste último período estilístico apresentam também uma complexidade formal e harmónica inovadora. Foram sobretudo estas últimas obras que inspiraram os compositores do século XIX e que propulsionaram a música para o romantismo.

Ludwig van Beethoven – Pianista e Compositor

Beethoven
Ludwig von Beethoven

O compositor Ludwig van Beethoven foi batizado em 17 de dezembro de 1770, em Bonn, Alemanha. Ele foi inovador, ampliando o alcance das sonatas, sinfonias, concertos e quartetos, e combinando vocais com instrumentos de uma nova forma. Sua vida pessoal foi marcada pela luta contra a surdez, e alguns dos seus trabalhos mais importantes foram compostos durante os últimos dez anos de sua vida, quando ele estava praticamente incapaz de ouvir.

Juventude

O compositor e pianista Ludwig Van Beethoven, considerado o melhor compositor de todos os tempos, nasceu por volta de 16 de dezembro de 1770, na cidade de Bonn. Apesar da incerteza da data de seu nascimento, ele foi batizado em 17 de dezembro. Beethoven tinha dois irmãos menores, Caspar e Johann.

Sua mãe, Maria Magdalena van Beethoven, era uma mulher extremamente moralista, e seu pai, Johann van Beethoven, era um músico medíocre, mais conhecido por seu alcoolismo que por suas habilidades artísticas. Entretanto, seu avô, Kapellmeister Ludwig van Beethoven, era o mais próspero e eminente músico da cidade, e o orgulho do joven Ludwig.

Muito cedo, seu pai começou a lhe ensinar música, com tanto rigor e brutalidade, que afetaria Beethoven pelo resto de sua vida. O pequeno Ludwig era açoitado, trancafiado e privado do sono para praticar por horas extras. E apesar ou mesmo por causa de tanto rigor, Beethoven se mostrou um músico extremamente talentoso e criativo desde a tenra idade. Seu pai queria que o filho fosse reconhecido como Mozart, e organizou seu primeiro recital em 26 de março de 1778. Apesar de ter tocado impressionantemente, o recital não recebeu muita atenção.

Aos 10 anos, Beethoven saiu da escola para estudar música em tempo integral com Christian Gottlob Neefe, o organista da Corte. Ele foi apresentado a Bach, e aos 12 anos, publicou sua primeira composição, com variações no piano sobre uma composição de Dressler. Com o alcoolismo do seu pai cada vez pior e a impossibilidade de sustentar a família, Beethoven foi contratado para tocar na Corte.

Em 1787, a Corte enviou Beethoven para Viena, a capital da cultura e da música da Europa, onde ele esperava estudar com Mozart. Mas não há evidência nenhuma de que os dois teriam se conhecido. E após algumas semanas em Viena, Beethoven soube que sua mãe ficou doente e voltou para Bonn.

Quando o Santo Imperador Romano Joseph II morreu em 1790, Beethoven, aos 19 anos, recebeu a honra de compor um memorial musical. Porém, por razões inexatas, ele nunca chegou a tocá-lo. Entretanto, mais de um século depois, Johannes Brahms descobriu a “Cantata sobre a Morte do Imperador Joseph II”, considerada sua primeira grande obra.

Compondo para o público

Em 1792, com forças revolucionárias francesas ameaçando invadir Bonn, Beethoven foi novamente para Viena, estudando com Haydn – Mozart havia falecido um ano antes. Beethoven foi apadrinhado pela aristocracia de Viena, fazendo com que cortasse laços com sua cidade natal. Sua estreia para o público de Viena foi em 29 de março de 1795 e, em 1800, ele estreou sua Sinfonia nº 1 em Dó Maior no Teatro Real Imperial. À medida que o novo século se passava, ele foi compondo peça após peça, alcançando a maturidade musical.

Em 1804, apenas algumas semanas após Napoleão ter se proclamado Imperador, Beethoven escreveu a Sinfonia n° 3, em homenagem a ele, que foi chamada mais tarde de “Sinfonia Eroica”, por conta de sua desilusão com o imperador. Essa obra, no entanto, foi considerada na época a melhor composição musical já escrita.

A perda da audição

Ao mesmo tempo em que compunha obras monumentais, Beethoven lutava com um fato irrefutável: ele estava ficando surdo. Beethoven sofreu muito com essa condição, mas, apesar disso, continuava compondo furiosamente. De 1803 a 1812, conhecido como seu período heroico, ele compôs uma ópera, seis sinfonias, quatro consertos solo, cinco quartetos de cordas, seis sonatas de corda, sete sonatas de piano, cinco conjuntos de variações para piano, quatro aberturas, quatro trios, dois sextetos e 72 canções. As obras mais famosas desta época são as sinfonias números 3 a 8, Sonata ao Luar, a sonata Kreutzer para violino e Fidelio, sua única ópera.

Apesar de sua bela música, Beethoven era uma pessoa só e triste na sua ida adulta. Com um temperamento difícil e beirando à paranoia, Beethoven brigou com todos à sua volta, inclusive irmãos e patrões. Em uma ocasião ele tentou jogar uma cadeira na cabeça do Príncipe Lichnowsky, um dos seus amigos mais próximos.

Em outro momento, saiu gritando na frente do palácio do príncipe: “Lobkowitz é um burro!”. Por essas e outras razões, Beethoven nunca casou, mas foi apaixonado por uma mulher casada chamada Antonie Brentano.

Obras aclamadas e morte

De alguma forma, apesar de sua vida pessoal tumultuosa e sua complete surdez, Beethoven compôs suas melhores músicas – talvez as melhores compostas em todo o mundo – perto de sua morte. Essas obras incluem Missa Solemnis e o Quarteto n° 14. Sua nona e final sinfonia, finalizada em 1824, continua sendo sua obra mais ilustre.

Beethoven morreu em 26 de março de 1827, aos 56 anos e a autópsia concluiu que a causa da morte foi uma cirrose. O exame também indicou que, ao contrário de uma doença arterial, a surdez de Beethoven teria sido decorrente do tifo, que teria contraído no verão de 1796. Ainda mais recentemente, cientistas analisaram restos do crânio de Beethoven e acharam uma quantidade de chumbo que pode ter envenenado o músico. Essa teoria, no entanto, é altamente desacreditada.

Ludwig van Beethoven é considerado o melhor compositor de todos os tempos. E o fato de ele ter composto suas mais extraordinárias obras enquanto surdo o eleva a uma classificação de gênio super humano.

Fonte: www.classicos.hpg.ig.com.br/www.imcsouzacampos.com.br/www.ccb.pt/www.biography.com

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