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Quem trouxe a primeira ferrovia para o Brasil foi o conhecido Barão de Mauá, Sr. Irineu Evangelista de Souza, (1813-1889).
O empreendedor recebeu em 1852 uma concessão do Governo Imperial para a construção e exploração de uma linha férrea, no Rio de Janeiro, entre o Porto de Estrela, situado ao fundo da Baía da Guanabara e Raiz da Serra, em direção à cidade de Petrópolis.
A locomotiva “Baroneza”, como era chamada, fazia um percurso de 14,5 km e tinha bitola de 1,68m e foi inaugurada por D. Pedro II, em 30 de abril de 1854.
Mais tarde, esta composição recebeu o nome de Barão de Mauá, em homenagem a seu empreendedor.
Baronesa foi a primeira locomotiva a vapor do Brasil, construída por Willian Fair Bairns & Sons em Manchester, Inglaterra no ano de 1852, circulou até completar 30 anos de uso. Posteriormente, tornou-se parte do acervo do Centro de Preservação da História Ferroviária, situado no bairro de Engenho de Dentro, na cidade do Rio de Janeiro.
Irineu Evangelista de Sousa – Barão de Mauá
Barão de Mauá
A importância de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Barão de Mauá, para o desenvolvimento econômico do Brasil deixa margem a poucas dúvidas. Banqueiro, industrial, comerciante, fazendeiro e político, seu nome está associado à construção da primeira ferrovia no país.
Foi também pioneiro no estabelecimento da primeira fundição, na iluminação do Rio de Janeiro, na navegação de cabotagem no Amazonas e na viabilização do primeiro cabo submarino, ligando o Brasil à Europa e, desse modo, possibilitando a comunicação via telégrafo.
No entanto, tão impressionante como suas realizações e o vasto império que construiu foi o crepúsculo e o final de sua carreira empresarial. Para que se possa aquilatar a realização, no seu apogeu, ocorrido ao redor de 1867, o valor total dos seus ativos contabilizava 115 mil contos de réis, quando o orçamento do Império de D. Pedro II, era de 97 mil contos de réis.
Em 1877, após quase 30 anos de empreendimentos, Mauá teve sua licença de comerciante cassada como resultado da decretação de falência de seus negócios, porque não conseguiu que o governo renegociasse as dívidas, que vinha lutando para saldar desde a declaração da moratória da Mauá e Cia. 3 anos antes.
Na época da falência, o Barão redigiu o texto Exposição do Visconde de Mauá aos Credores de Mauá e Cia. e ao Público (MAUÁ, 1996).
Relata a trajetória de seus principais empreendimentos, bem como analisa as causas que o levaram à falência. Dizia esperar que outros não viessem a sofrer os dissabores que ele havia sofrido nas mãos dos dirigentes do seu país. Ficava implícito que as causas para seu fracasso não se deviam necessariamente a alguma imprevidência sua ou falta de capacidade gerencial no manejo e na condução dos seus negócios, mas resultaram de uma postura indiferente e, muitas vezes, hostil do governo em relação às suas iniciativas.
Mauá sublinhava o papel institucional do Estado na condução de políticas públicas e o impacto negativo que a intromissão governamental, em certas esferas, pode causar em iniciativas empreendedoras, visando ao desenvolvimento econômico do país. Desse modo, a história de Mauá se tornou um símbolo a ser lembrado de políticas governamentais incongruentes e de uma postura pouco propícia ao desenvolvimento de negócios, cujos objetivos não deixavam de ser a promoção do bem- estar comum.
De fato, o ambiente institucional existente na época dos empreendimentos do Barão, que abrangeu desde 1840 até meados de 80, quando ele finalmente teve sua licença de negociante cassada, não pode ser considerado exatamente um convite a empreendimentos industriais. Envolvia uma política econômica de restrição ao crédito, um cenário político de manutenção de antigas estruturas mercantilistas e judiciário ineficiente, atrelado ao antigo clientelismo colonial.
Visconde de Mauá
Barão de Mauá – Vida
No dia 28 de dezembro de 1813, na localidade da Vila de Nossa Senhora do Arroio Grande, na época distrito de Jaraguão, então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, atual Rio Grande do Sul, nascia o segundo filho do casal João Evangelista de Ávila e Sousa e Mariana de Jesus Batista de Carvalho, que viera a se chamar Irineu Evangelista de Sousa, o futuro Visconde de Mauá.
Quando completou os cinco anos de idade, no ano de 1818, seu pai veio a falecer logo após ser surpreendido por ladrões de gado que acabaram por assassiná-lo, deixando o jovem rapaz órfão. Este episódio viria a trazer grande influência na sua vida, pois anos mais tarde, mais especificamente em 1821, sua mãe veio a se casar novamente com João Jesus, que de alguma forma deixou bem claro que não desejava manter nenhuma espécie de relacionamento com os filhos do primeiro casamento da viúva.
Sua filha Guilhermina foi obrigada a casar-se, na época a pequena garota tinha apenas doze anos de idade, enquanto que Irineu, com oito anos, foi entregue a seu Tio Manuel José de Carvalho, que ficou responsável por manter sua guarda, levando-o para morar no interior de São Paulo, onde viera a ser alfabetizado.
Quando completou nove anos de idade passou a morar com outro tio que era comandante de embarcação da marinha mercante, José Batista de Carvalho, que fazia em seu navio o transporte de couros e charque do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro, na época capital do Império Brasileiro.
Crescimento profissional do Visconde de Mauá
Ainda aos nove anos de idade Irineu começou a trabalhar na Praça do Comércio, um estabelecimento comercial localizado no Rio de Janeiro onde ele ocupava o cargo de caixeiro do armazém, trabalhando em um turno que iniciava as sete da manhã e só encerrava às dez da noite, assim ele poderia se manter já que morava e se alimentava por lá.
Dois anos depois ele trocou de trabalho, indo para o comércio de Antônio Pereira de Almeida, um português que vendo em Irineu um rapaz de confiança acabou por promovê-lo no ano de 1828 a guarda-livros, porém quando aconteceu a crise no Primeiro Reinado, que durou do ano de 1822 à 1831, o comerciante veio a falência, mas teve todas as suas dívidas liquidadas por Irineu, que graças a esse feito foi recomendado pelo ex patrão para trabalhar na empresa de importação do escocês Richard Carruthers, no ano de 1830. Foi lá que ele aprendeu as técnicas que precisaria para obter sucesso na vida profissional, como inglês, contabilidade e mais algumas práticas na arte do comércio.
Seu crescimento na Carruthers foi apenas questão de tempo, quando tinha vinte e três anos ele já era gerente da empresa, e algum tempo depois viria a se tornar sócio. Dando conta de que o jovem rapaz possuía um grande potencial para os negócios, Carruthers iniciou Irineu na maçonaria, e em 1839 quando o mesmo retornou ao Reino Unido Irineu passou a assumir os negócios da empresa no Brasil.
Família
No ano de 1839 ele mandou buscar sua mãe, que já estava viúva novamente, e sua única irmã para que viessem morar com ele no Rio de Janeiro, junto elas trouxeram sua sobrinha, Maria Joaquina de Sousa Machado, carinhosamente chamada de May, a qual ele viria a se apaixonar e casar futuramente, no ano de 1841.
Dessa união eles tiveram dezoito filhos, porém apenas onze chegaram a nascer com vida, desses apenas sete chegaram a atingir a maioridade, e apenas cinco deles sobreviveram após o falecimento do pai. A explicação que se dava para a morte da maioria desses filhos era o fato da proximidade de parentesco entre eles, que poderia ter acarretado em diversos problemas genéticos.
Industrialização
Em 1840 Irineu viajou à Inglaterra à negócios, e lá conheceu a fundo as fábricas, fundições de ferro e o mundo dos empreendedores capitalistas, o que lhe despertou um certo interesse em trazer aquela tecnologia para o Brasil, já começando a trilhar o caminho da industrialização pro país.
No Brasil ele adquiriu uma fundição localizada na Ponta da Areia, em Niterói, Rio de Janeiro, no ano de 1846, onde veio a transformar em um estaleiro de construções navais logo em seguida, dando início a indústria naval brasileira.
Em 1847 o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia já aumentava em quatro vezes mais o seu patrimônio, e tornou-se o maior empreendimento industrial do Brasil, contando com um número superior a mil operários. Mais de setenta e dois navios foram produzidos em onze anos.
Aos quarenta anos de idade ele se dividia entre as atividades de industrial e banqueiro, e sua fortuna já estava em um montante inacreditável, crescendo cada vez mais.
Entre suas principais contribuições para a sociedade como empresário podemos destacar:
Fundação da Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro;
Companhias de navegação de bonde;
Construção de estradas de ferro.
Em 30 de abril de 1854, quando inaugurou o trecho da estrada de Ferro de Petrópolis ele recebeu do imperador Pedro II o título de Barão de Mauá, em reconhecimento pelo seu excelente trabalho.
O então Barão de Mauá também se arriscou no campo político, vindo a se tornar deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, porém, no ano de 1873, renunciou para poder ter mais tempo para cuidar de seus negócios, que vinha sofrendo uma certa ameaça desde a crise de 1864. Em 1874 recebeu o título de Visconde de Mauá, o que foi muito bem merecido, tendo em vista sua grande contribuição para o crescimento industrial nacional
Em 21 de outubro de 1889 veio a falecer em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando estava com 75 anos de idade.
Irineu Evangelista de Souza – Barão de Mauá
Barão de Mauá, pioneiro da estrada de ferro no Brasil
Nesse contexto de profundas transformações, possibilitadas especialmente pelo uso da energia a vapor, projetou-se Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, responsável por promover mudanças que causaram forte impacto no Brasil.
Na Inglaterra, em 1840, aos 27 anos, o futuro Barão de Mauá teve os primeiros contatos com as grandes mudanças técnicas que ocorriam na Europa. Isto incluía estabelecimentos de fundição de ferro, fábricas e grandes lojas.
Voltando ao Brasil, desejando colocar em prática o que havia visto, utilizou, como financiamento, recursos que antes eram usados na compra de escravos. Por outro lado, Irineu Evangelista acreditava que a formação de sociedades por ações poderia acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil. Assim, buscando novas fontes de recursos, associou-se a capitalistas ingleses.
Reunindo condições favoráveis, montou fundição de ferro e bronze, serralherias, estaleiros, companhias de bonde e de iluminação, introduziu o telégrafo submarino (fazendo contato com a Europa), criou o Banco Mauá McGregor &Cia. (com filiais na Inglaterra, França, Estados Unidos da América, Argentina e Uruguai) e ferrovias.
A alta nos preços do café no mercado internacional, a partir de 1845, proporcionaria um aumento nas vendas em torno de 23%, entre 1850 e 1851. A construção de ferrovias tornou-se uma necessidade para conduzir, até os portos principais do Império, as mercadorias de exportação. Em Pernambuco, visando escoar a safra do açúcar, surgiram empresas inglesas como a Recife-São Francisco, cuja construção iniciou-se em 1855. Também no Centro-Sul, Mauá fez investimentos em estradas de ferro, sendo responsável pelos 14 quilômetros de uma linha entre o porto de Mauá, na Baía de Guanabara, e a estação de Fragoso, na raiz da serra da Estrela (Petrópolis). Pretendia ir mais além, unindo o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba e depois a Minas, em um projeto que interligava os transportes marítimo, ferroviário e rodoviário que, entretanto, não se concretizou. A década de 50 ficou conhecida, por tudo isso, como a “era da estrada de ferro”, empreendimento que simbolizava naquele contexto, segundo Lilia Moritz Schwarcz, “o avanço e o progresso das nações”.
Das empresas de Mauá, como a de fundição, saíam desde canos de ferro, pregos, sinos, até navios e produtos diversos. Por outro lado, as mudanças que se processaram na chamada “era Mauá”, como a iluminação a gás, o sistema de esgotos, além da construção de ferrovias, retiraram os escravos das tarefas antes realizadas por eles nas cidades, onde perderam a “utilidade”. Os melhoramentos materiais promovidos por Irineu Evangelista de Souza poupavam a mão-de-obra, que agora fazia-se mais necessária e cara na lavoura, após a extinção do tráfico negreiro.
Irineu Evangelista de Souza, o visconde de Mauá – (1813 – 1889)
Biografia
Barão de Mauá, pioneiro da estrada de ferro no Brasil
Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o Visconde de Mauá, ou Barão de Mauá, nasceu em no município de Arroio Grande, então distrito de Jaguarão, estado do Rio Grande do Sul, no dia 28 de dezembro de 1813.
Industrial, banqueiro, político e diplomata, é um símbolo dos capitalistas empreendedores brasileiros do século XIX. Inicia seus negócios em 1846 com uma pequena fábrica de navios em Niterói (RJ).
Em um ano, já tem a maior indústria do país: emprega mais de mil operários e produz navios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, armas e tubos para encanamentos de água.
É pioneiro no campo dos serviços públicos: organiza companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas; em 1852 implanta a primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e Rio de Janeiro, e uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio de Janeiro, em 1854. Dois anos depois inaugura o trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora.
Em sociedade com capitalistas ingleses e cafeicultores paulistas, participa da construção da Recife and São Francisco Railway Company; da ferrovia dom Pedro II (atual Central do Brasil) e da São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí). Inicia a construção do canal do mangue no Rio de Janeiro e é responsável pela instalação dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa. No final da década de 1850, o visconde funda o Banco Mauá, MacGregor & Cia., com filiais em várias capitais brasileiras e em Londres, Nova York, Buenos Aires e Montevidéu. Liberal, abolicionista e contrário à Guerra do Paraguai, torna-se persona non grata no Império. Suas fábricas passam a ser alvo de sabotagens criminosas e seus negócios são abalados pela legislação que sobretaxava as importações. Em 1875 o Banco Mauá vai à falência. O visconde vende a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros.
Impulso à industrialização
Em 1844 é criada a tarifa Alves Branco, que aumenta as taxas aduaneiras sobre 3 mil artigos manufaturados importados. Seu objetivo é melhorar a balança comercial brasileira, mas acaba impulsionando a substituição de importações e a instalação de inúmeras fábricas no país. Com o fim do tráfico negreiro, os capitais empregados no comércio de escravos também impulsionam a industrialização.
Novas indústrias
Em 1874 as estatísticas registram a existência de 175 fábricas no país. Dez anos depois, elas já são mais de 600. Concentram-se em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e empregam mais de 20 mil operários.
O capital vem geralmente do setor agrário: vários fazendeiros diversificam seus negócios e transformam-se em capitães de indústria.
O Visconde de Mauá faleceu em Petrópolis-RJ, no dia 21 de outubro de 1889.
O maior empresário
Visconde de Mauá
A partir de 1850 o Brasil começa a viver um período de estabilidade política, no qual ocorrem algumas mudanças na região Sudeste, onde havia uma economia mais dinâmica e isso provoca também uma certa modernização capitalista no país.
Uma das figuras que mais se destacou no século XIX, no campo da economia, das finanças e dos empreendimentos modernos, foi o Barão de Mauá, depois Visconde de Mauá.
Seu nome era Irineu Evangelista de Sousa.
Nascido no Rio Grande do Sul, Irineu ficou órfão de pai aos 5 anos. Foi morar no Rio de Janeiro e aos 11 anos já trabalhava como contínuo, aos 15 era o empregado de confiança do patrão. Aos 23 já era sócio da firma escocesa onde trabalhava. Aos 27 anos, o ex-menino pobre viajou até a Inglaterra, conhecendo assim o país mais rico do mundo, visitando fábricas, fundições de ferro, muitos empreendimentos comerciais importantes.
De volta ao Brasil, resolve tornar-se industrial. Foi o primeiro do Brasil, aos 32 anos.
Visitando uma fundição de ferro na Inglaterra, Mauá escreveu: “Era precisamente o que eu contemplava como uma das necessidades primárias para ver aparecer a indústria propriamente dita no meu país… é a indústria que manipula o ferro, sendo a mãe das outras, que me parece o alicerce”.
Aos 40 anos Mauá já estava rico. Investiu na indústria pesada, fundições, estradas de ferro, estaleiros. “Fabricava ferro, sinos, pregos e navios a vapor. Em menos de uma década tinha setecentos operários de várias nacionalidades”.
Fábrica de Gás do Rio de Janeiro
Fundou também a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, companhias de navegação e companhias de bonde, e construiu estradas de ferro, inclusive a Estrada de Ferro do Recife ao São Francisco, a segunda do Brasil, e mais 17 empresas instaladas em seis países. O Barão foi precursor de multinacionais, da globalização e do Mercosul, e no Brasil seus negócios se espalhavam do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Mauá era um empresário da diversificação. Tudo que era moderno tinha suas mãos. Financista, o Barão tinha bancos, empresas de comércio exterior, mineradoras, usinas de gás, fazendas de gado e sócios milionários em toda a Europa.
No Rio de Janeiro, Mauá tinha a melhor demonstração dos seus negócios com seus navios a vapor, sua estrada de ferro até Petrópolis, as luzes da cidade com a companhia de iluminação a gás dos lampiões, as velas que se consumiam nas casas, a água que chegava pelos canos de ferro instalados por seus engenheiros.
Tudo no Brasil que significasse desenvolvimento e progresso, onde não houvesse escravos, tinha a marca de Mauá. Ele controlava 8 das 10 maiores empresas do país; as duas excluídas, eram o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro D. Pedro 2º, ambas estatais. Sua fortuna em 1867, atingiu o valor de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamento de todo o império contava apenas com 97 mil contos de réis. Sua fortuna seria o equivalente a 60 milhões de dólares, hoje.
Maria Fumaça
Mas, o Visconde de Mauá era um estranho no ninho. No ninho de um país ruralista, escravocrata e latifundiário, cuja economia vivia sob o controle estatal. Por isso era incompreendido e até perseguido, era “desprezado e talvez invejado por D. Pedro II, o monarca iluminista que só admirava as letras quando não eram promissórias e números se fossem abstratos… Jamais tiveram alguma discussão pública … mas sua incompatibilidade de gênios era notória. Mauá cometia o supremo pecado de ser devotado ao lucro e isso o arqueólogo diletante, linguista e filólogo, astrônomo amador… botânico de fim de semana, D. Pedro II, não podia tolerar”.
Em conseqüência disso, os políticos partidários do imperador inviabilizavam quanto podiam os projetos de Mauá, até ao ponto de torná-los impossíveis.
O Visconde era um gigante em terra de anões. Afinal depois de muita perseguição em 1875, Mauá faliu e pediu moratória por 3 anos. Vendeu tudo o que tinha (60 milhões de dólares ) pagou todas as dívidas e limpou seu nome.
Irineu Evangelista de Sousa, Barão de Mauá, era respeitado pelos grandes banqueiros ingleses, como “o único banqueiro confiável do Hemisfério Sul”. Morreu em 1889, famoso e respeitado na Europa. Chegou a ser citado por Júlio Verne num dos seus trabalhos. A perseguição e incompreensão dos poderosos proprietários escravocratas brasileiros que não se adaptavam à modernidade capitalista praticada por Mauá e que o levaram à falência constituiu um retrocesso e um dos mais lamentáveis fatos da história econômica brasileira do século XIX.
Barão de Mauá e Visconde de Mauá
Grande impulsionador da indústria brasileira, o empresário, banqueiro e político brasileiro Irineu Evangelista de Sousa, visconde de Mauá, esteve à frente das principais iniciativas a favor do progresso material no segundo reinado.
Irineu Evangelista de Sousa nasceu em Arroio Grande, então distrito do município de Jaguarão RS, em 28 de dezembro de 1813. Órfão de pai, viajou para o Rio de Janeiro RJ em companhia de um tio, capitão da marinha mercante. Aos 11 anos empregou-se como balconista de uma loja de tecidos. Em 1830 passou a trabalhar na firma importadora de Ricardo Carruthers, que lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de comerciar. Aos 23 anos tornou-se gerente e logo depois sócio da firma. Em 1845 Irineu tomou sozinho a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, com que iniciou a indústria naval brasileira. A viagem que fez à Inglaterra em busca de recursos, em 1840, convenceu-o de que o Brasil deveria caminhar para a industrialização.
Em plena ascensão como homem de negócios, forneceu os recursos financeiros necessários à defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu intervir nas questões do Prata, em 1850. Da Ponta da Areia saíram os navios para as lutas contra Oribe, Rosas e Lopes. A partir de então, dividiu-se entre as atividades de industrial e banqueiro. Devem-se a Mauá a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro (1851), a primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis RJ (1854), o assentamento do cabo submarino (1874) e muitas outras iniciativas.
Foi deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, mas renunciou ao mandato em 1873 para cuidar de seus negócios, ameaçados desde a crise bancária de 1864. Em 1875, viu-se obrigado a pedir moratória, a que se seguiu longa demanda judicial, derradeiro capítulo da biografia de grande empreendedor. Doente, minado pelo diabetes, só descansou depois de pagar todas as dívidas. Ao longo da vida recebeu os títulos de barão (1854) e visconde com grandeza (1874) de Mauá. O Visconde de Mauá morreu em Petrópolis-RJ, no dia 21 de outubro de 1889.
Barão de Mauá, patrono do Empreendedor Brasileiro
Em 1823, aos nove anos de idade, desembarcava no Rio de Janeiro um menino viria a ser o homem que transformaria a face do Brasil, colocando o país definitivamente no rumo do progresso industrial, do desenvolvimento e da modernização.
Seu nome: Irineu Evangelista de Sousa, o futuro Barão e Visconde de Mauá.
Órfão de pai, e não podendo continuar junto à mãe, no Rio Grande do Sul, Irineu, uma vez na capital do Império, começou a trabalhar como caixeiro em uma grande firma de comércio, comandada por portugueses. Posteriormente, ingressou numa firma inglesa, e, graças à sua capacidade e energia excepcionais, conseguiu tornar-se sócio, um evento único, pois os ingleses eram totalmente fechados ao elemento nativo.
A partir da década de 1840, ele começou a imprimir a sua marca nos destinos do país: em 1846, funda a indústria naval brasileira, com a construção dos estaleiros da Companhia Ponta da Areia, em Niterói, empregando mais de mil operários, tornando-se de imediato a maior empresa do país. Em 1851, fundou a companhia de gás, a qual permitiu a introdução da moderna iluminação pública na capital, aposentando os velhos lampiões a azeite de peixe.
Foi um grande sucesso, sendo a novidade aclamada pelo povo, o qual se perguntava sem cessar: “Como pudemos viver tanto tempo sem esta melhoria?”.
Fábrica de gás – 1928 (Rio de Janeiro)
Em 1854, implantou a primeira ferrovia do Brasil, ligando um porto no fundo da baía de Guanabara à Raiz da Serra de Petrópolis.
A locomotiva que puxava o comboio era a célebre Baronesa, pois nessa ocasião, Irineu foi agraciado com o título de Barão, e decidiu homenagear sua esposa com o nome dado à máquina.
A “Baronesa” — A primeira locomotiva do Brasil
Dentre os muitos feitos de Mauá, inumeráveis mesmo, podemos incluir a construção do princípio da primeira estrada pavimentada, entre Petrópolis e Juiz de Fora, a construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí, e a colocação do cabo submarino telegráfico, ligando o Brasil à Europa, em 1874. É preciso ter-se em mente que todos essas empreitadas necessitavam de somas de capital elevadíssimas, sem precedentes no mundo de então.
Seu perfil contrastava excessivamente com o da sociedade local, escravista e com elites avessas ao trabalho, com seu modo de vida baseado na propriedade de terras, ou nas benesses do estado Imperial. Assim, o sucesso de Mauá sempre despertou inveja, tendo ele muitos inimigos durante sua trajetória.
O futuro, contudo, estava ao seu lado, e seu trabalho árduo lançou as bases da infra-estrutura industrial e de serviços do Brasil, e apontou o caminho a seguir, introduzindo, com seu exemplo, o gérmen de uma nova mentalidade, que gerou nossa modernidade, de competência reconhecida mundialmente em vários setores. Por esta razão, nunca será demais rendermos homenagem a este homem, que foi um gigante entre os anões de seu tempo, e que ousou apostar no futuro.
Fonte: Enciclopédia Barsa, Volume 9, ano 1997/www.scielo.br/www.estudopratico.com/multirio.rio.rj.gov.br
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