Ayrton Senna

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Data de Nascimento: 21 de Março de 1960
Data de Falecimento: 1 de Maio de 1994
Idade: 34 anos
Naturalidade: São Paulo, Brasil
Últimas Residências: Monte Carlo, São Paulo

Altura: 1,75 m
Peso: 70 kg
Estatuto: Divorciado
Filhos: Nenhum
Passatempos: Modelismo de aviões
Desportos: Motos de água, Tennis e ‘Jogging’

Música: Vários, desde a Pop até à Clássica
Comida: Frutos e Comida Típica Brasileira
Bebida: Guaraná

Começo da sua Carreira: Karting, aos 4 anos
Primeiro Carro de Corrida: 1981, Fórmula Ford 1600, Van Diemen
Primeira Vitória: Campeão Pan-americano de Karting
Estreia na Fórmula 1: 25 de Março de 1984 no G.P. do Brasil

Ayrton Senna
Ayrton Senna

Enigmático, religioso, tímido, solitário e muitas vezes, melancólico, deslumbrou o mundo com o seu enorme talento, vivendo vitórias sucessivas.

Ayrton Senna da Silva nasceu em São Paulo, no Bairro Santana, na rua Pelo Leme, nº17, a 21 de Março de 1960.

Filho de pais abastados, a sua infância decorreu sem sobresaltos.

Milton da Silva e Neide de Senna da Silva constituíram um casal unido, que soube sempre o que era solidariedade.

Mais tarde, o próprio Ayrton escrevia: “Se cheguei onde cheguei e consegui fazer tudo o que fiz, isso se deve em grande parte a ter tido, mais do que tudo, a oportunidade de crescer bem, num bom ambiente familiar, de viver bem, sem qualquer problema económico e de ser orientado no caminho certo, nos momentos decisivos da minha vida.” A irmã, Vivianne, nascera dois anos antes e viria a dar-lhe três sobrinhos – Bianca, Bruno e Paula. Havia também mais um filho, de nome Leonardo.

Como todas as crianças da sua idade gostava de jogar à bola na rua e de caçar passarinhos. Quando fez quatro anos teve a sorte de receber, como presente do pai, um Kart. Foi uma alegria imensa! O tempo faria dele um perfeito piloto. Não sentia medo e confiava na sua habilidade. Tratava cuidadosamente dos seus motores. Foi aprendendo os segredos da velocidade. Realizou os primeiros estudos no Colégio do Bairro, passando, a seguir, para o Colégio Rio Branco, em 1970, para fazer o curso ginasial, tendo-o completado em 1978, com 18 anos. Foi-lhe, então, passado o respectivo certificado, que lhe conferiu o título de Auxiliar de Escritório de Edificações e apto a prosseguir estudos a nível superior. Mas a sua vontade estava bem definida. Ele seria piloto para o resto da vida.

E as corridas começam…

Com oito anos Ayrton entrou, pela primeira vez, numa corrida de Kart, a título particular. O seu pouco peso era-lhe favorável.

Não foi bem sucedido: “A três voltas do final, quando estava em terceiro, o piloto atrás de mim tocou-me e eu saí da pista. Não terminei a corrida, mas foi divertido.” Em 1973, tinha ele treze anos, correu em Interlagos. Foi a sua primeira vitória e, duas semanas depois, alcançou o primeiro lugar na categoria Júnior nos Campeonatos de Inverno. Com menos de catorze anos conseguiu o seu primeiro campeonato paulista. O primeiro contrato de fábrica surgiu em 1978. Era o Grande-Prémio de Itália. Foi considerado “Revelação do Ano”. Em 1979 veio correr em Portugal, no Estoril, depois de ter sido Vice-Campeão Sul-Americano em San Juan. As suas corridas em Kart deixaram-lhe grandes recordações. “O Kart deu-me muitos momentos de prazer e deixaram-me gratas recordações. Nunca a pilotagem foi tão divertida.”

Em Novembro de 1980 fez o seu primeiro teste num carro de competição de Van Dieman, mas não gostou muito: “Pensei que era muito difícil guiar este carro.”

Nesse tempo morava com Lilian Vasconcelos Sousa, com quem veio a casar em Fevereiro e passou a viver numa casa, tava desiludido com o automobilismo e com o próprio casamento.

Resolveu abandonar e voltar ao Brasil: “Voltei para casa para ajudar o meu pai no trabalho.” Mas os seus serviços de escritório eram para ele um suplício.

Sentia-se preso aos automóveis, que eram a sua grande paixão. “Tentei abandonar a competição, mas não consegui. Por isso, em Fevereiro percebi que não podia continuar no Brasil enquanto a temporada estava a começar na Europa.” Os pais concordaram. O regresso não se fez esperar. Van Dieman estava interessado em tê-lo ao seu serviço. Voltou a Inglaterra, no início da temporada de 1982, e a 28 de Março venceu em Silverstone, embora sem travões dianteiros. A 4 de Abril em Donington e a 9 do mesmo mês conseguiu o circuito de Snetterton.

Era finalmente a Fórmula 1. Os campeonatos sucederam-se e o sonho do jovem Ayrton estava, assim, realizado. Em 1984, com 24 anos era já um verdadeiro campeão. Acumulou um currículo de 161 corridas, 65 poles-positions, 41 vitórias. Três vezes Campeão do Mundo em 1988, 1990 e 1991 o seu nome jamais deixou de ser respeitado e venerado. Para lá de se ter revelado um dos mais extraordinários pilotos de Fórmula 1, Ayrton começa a mostrar outras particularidades em relação aos seus colegas de profissão. Nele, tudo é levado ao limite. A vida é vivida nos extremos máximos. O trabalho é um dos seus únicos interesses e, na definição do jornalista português Domingos Piedade, Ayrton Senna “é um ET, um ser de outro planeta, cuja dedicação ao trabalho não é igualada por nenhum outro piloto.” Para o conhecido comentador de Fórmula 1, “Ayrton trabalha 24 horas por dia e Prost só perde para ele porque trabalha 17 e dorme as outras 7.”

A Religião…

É aqui que surge o lado místico de Senna. Católico, o piloto afirma ter passado por experiências que o fizeram “entrar noutra dimensão”. Ayrton conta que depois do acidente em 1988, Deus começou a falar-lhe através da Bíblia e que, no Grande-Prémio do Japão, no mesmo ano, quando ganhou o seu primeiro título mundial, Ele lhe apareceu nas duas últimas curvas da prova. “Eu estava a agradecer-Lhe pela vitória. Mesmo rezando eu estava superconcentrado e preparava-me para dar uma curva longa de 180 graus, quando vi a imagem de Jesus. Ele era tão grande, tão grande… Não estava no chão. Estava suspenso com a roupa de sempre, a cor de sempre e uma luz em volta. O seu corpo inteiro subia para o alto, para o Céu. Ao mesmo tempo que guiava um carro de corrida eu tinha a visão dessa imagem incrível.”

Os amigos…

Com a ajuda de Deus ou sem ela, a verdade é que Ayrton era um sobredotado até biológicamente. O seu coração, por exemplo, tem um ritmo invulgar de bombear sangue para o corpo com um esforço mínimo. O preparador físico brasileiro Nuno Cobra, que tratava de Ayrton, diz que a frequência cardíaca do piloto está entre “44 e 46 batidas, o que mostra a enorme capacidade cardiovascular dele”. Se não tem muitos amigos fora das pistas também não se pode dizer que os tenha lá dentro. Mas o facto pode não ser da sua responsabilidade. É o seu feitio reservado e o seu empenhamento na vitória e em bater todos os recordes existentes que o levam a afastar-se dos seus pares e ao mesmo tempo o tornam um alvo fácil de invejas e ódios mesquinhos. Dizem os amigos que a tensão em que ele vive só abranda quando bater todos os recordes da Fórmula 1. E muitos já lhe pertencem…

1 de Maio de 1994…

O acidente fatal de Ayrton Senna em Imola deixou a Formula 1 em tumúlto, revoltada pela brutalidade do desaparecimento do seu maior ídolo da actualidade. A F1 continuou, claro. No entanto jamais será a mesma sem Ayrton. Para o povo brasileiro fica a saudade e a perda de um sonho e de um orgulho nacional.

O Brasil perdeu uma das suas bandeiras e saiu á rua para se despedir do melhor piloto da última geração, um dos maiores pilotos de todos os tempos. Cerca de 250 mil pessoas esperavam em S. Paulo o avião que transportou o corpo do piloto; mais de 200 mil acompanharam o velório; todos os momentos foram seguidos por vários canais de televisão. Os brasileiros reviam-se no homem tímido e com cara de menino que não dava tréguas na pista, sempre á procura de mais uma vitória, de menos um centésimo de segundo.

O Deus dos circuitos, para quem não havia justificação, seja em que circunstância for, para um segundo ou terceiros lugares. Vencer é como uma droga, admitia Ayrton. Especialista em andar nos limites, as suas 65 pole-positions ficarão por vários anos como um dos recordes a abater. Ayrton Senna entrou para a Formula 1 em 1984, depois de uma carreira vertiginosa e vitoriosa nos kartings e nas fórmulas de promoção, sobretudo na Inglaterra. Nesse ano teve a sua pior classificação num mundial, um nono lugar com a equipa Toleman. Depois na Lotus e na McLaren, nunca deixou de estar entre os 4 primeiros. Ganhou três títulos mundiais e venceu 41 grandes prémios, teve 24 acidentes em corrida – o último foi fatal.

Muito religioso e impulsivo, Ayrton era um homem à parte na Formula 1. A sua atenuada tendência de ferver em pouca água, aliada a uma condução notável, geraram-lhe muitas inimizades, como foram os casos mais marcantes de Nelson Piquet, Alain Prost e Nigel Mansell. Quase insuperável em piso molhado, Ayrton foi campeão do mundo em 88,90 e 91. No entanto a sua carreira foi brutalmente interrompida em Imola.

Grande Prémio de San Marino, 1 de Maio de 1994. À última volta, segunda depois do safety car abandonar a pista, o Williams Renault nº2 passa a fundo a reta da meta mas não completa a curva Tamburello, seguindo em frente a cerca de 300 Km/h. Do violento acidente resulta a morte de Ayrton Senna da Silva, 34 anos, brasileiro, tri-campeão mundial de Formula 1.O ídolo Ayrton Senna deixou-nos e fez chorar todo o mundo. O recorde de pole-positions dificilmente será batido.

Ayrton Senna – Vida

Ayrton Senna
Ayrton Senna

Nascido na capital paulista, filho de um rico empresário brasileiro, logo se interessou por automóveis. Incentivado pelo pai, um entusiasta das competições automobilísticas, ganhou o primeiro kart, feito pelo próprio pai (Sr. Milton), aos quatro anos de idade.

A habilidade do garoto na condução do novo brinquedo impressionou a família. Aos nove, já conduzia jipes pelas precárias estradas das propriedades do pai.

Começou a competir oficialmente nas provas de kart aos treze anos.

Em 1977, venceu o Campeonato Sul-Americano de Kart. Foi vice-campeão mundial da categoria, a única que não conseguiu o título máximo. Ayrton Senna da Silva foi detentor de um recorde impressionante que levou 10 anos para ser quebrado (poles), um paulistano de carisma e competência, deixou um grande legado para os brasileiros que vai além do exemplo como piloto. Idealizou o Instituto Ayrton Senna, instituição do terceiro setor atualmente dirigida pela irmã Viviane.

Mudou-se para a Europa em 1981, onde disputou a Fórmula Ford 1600 inglesa, conquistando o título de campeão. Em 1982, Senna participou dos Campeonatos Europeu e Inglês de Fórmula Ford 2000, sendo o campeão de ambos. Na temporada de 1983, venceu o famoso Grande Prêmio de Macau e a Fórmula 3 inglesa. Neste último campeonato, após várias vitórias em Silverstone, a imprensa inglesa especializada chegou a chamar o circuito de Silvastone em homenagem a Ayrton.

Em 1984, conseguiu uma vaga na equipe Toleman-Hart de Fórmula 1. Nesta categoria, mais uma vez seu talento não tardou a se destacar, especialmente no Grande Prêmio de Mônaco, disputado em condições adversas devido a uma forte chuva. Nesse GP, mesmo sem vencer, ele já demonstrava enorme talento. Nas últimas voltas da corrida, sob um forte temporal, Senna se aproximava rapidamente do piloto que liderava a corrida, o francês Alain Prost, quando esta foi dada por encerrada pelo juiz da prova antes do número regulamentar de voltas, por questões de segurança. Ainda neste ano, Senna chegaria em terceiro lugar em dois GP’s, um deles em Brands Hatch na Inglaterra.

No ano seguinte, Senna foi contratado como segundo piloto da então grande equipe Lotus e logo venceria seu primeiro GP em Estoril, Portugal, também debaixo de uma grande chuva. Com o excelente motor Renault de treinos, Senna passaria a ser o “rei das pole positions”.

Em 1986, reconhecendo estar com um carro inferior aos das Williams e McLaren, Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus, buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Essa estratégia o levou a ganhar o GP da Espanha de 1986, por exemplo, quando chegou na frente de Nigel Mansell com uma vantagem de milésimos de segundo. Na Hungria, um circuito ainda mais travado (que não permitia ultrapassagens), repetiu uma vez mais a estratégia, mas ali foi ultrapassado por Nelson Piquet, numa das mais sensacionais manobras da história da Fórmula 1 moderna. Ainda nesse ano, Senna tornar-se-ia, definitivamente, um ídolo no Brasil, ao vencer o GP de Detroit e superar o francês Prost.

Ao dar a volta da vitória, Senna exibiu uma bandeira brasileira, o que emocionou os brasileiros que entenderam o gesto como uma vingança em cima dos franceses.

Uma longa história de vitórias marcou a carreira deste herói das pistas.

O PILOTO

A imagem vitoriosa deste brasileiro, considerado um dos maiores esportistas da história, é reconhecida nos quatro cantos do mundo, seja por seu talento excepcional e por sua determinação impressionante, ou por desempenho quase mágico. É um mito do automobilismo mundial e considerado um dos melhores de todos os tempos.

Uma carreira de vitórias que começou aos 4 anos de idade, quando pegou no volante pela primeira vez e marcou o início de uma história maravilhosa de sucesso, que eventualmente incluiria 41 vitórias na Fórmula 1, 65 pole positions e 3 campeonatos mundiais.

Ao vestir o macacão, transpirava um equilíbrio sereno e se integrava ao carro para sentir cada reação na pista, fazendo manobras inacreditáveis, dignas de um perfeccionista.

A violência e a exatidão das pistas nunca assuntaram Ayrton Senna. Ele se transformava em potência superando todos os desafios sempre em busca da vitória.

Enquanto alguns disseram que Ayrton era um homem sem medo, Senna aliava a sua grande habilidade na pista à sua religiosidade e dedicação, cujas motivações permitiram -lhe buscar o equilíbrio, mesmo nos circuitos mais complicados e sair vitorioso.

A PESSOA

Longe das pistas, Ayrton Senna era uma pessoa normal. Depois de cumprir os compromissos com a equipe, imprensa, patrocinadores e fãs, procurava sair rapidamente dos autódromos.

Destino: Brasil.

Cidade: São Paulo.

Em São Paulo, transformava-se no competente empresário que cuidava dos negócios com a mesma dedicação e preocupação que tinha na F1, como pode ser visto ao olharmos para o sucesso das marcas que criou: o personagem Senninha e a Marca Senna.

Ayrton tinha orgulho de ser brasileiro. E queria fazer mais pelo país. Lançou a semente para a criação do Instituto Ayrton Senna que hoje atende mais de 400 mil crianças e jovens em todo Brasil.

O Empreendedor

Nos negócios, o mesmo empenho e vontade de vencer que lhe eram tão característicos como piloto, predominava. Combinado com a sua fabulosa capacidade de ganhar com as corridas, qualquer coisa como 25 milhões de dólares por temporada – em 1993 ele chegou a receber um milhão por corrida o que o ajudou a construir um imenso império financeiro.

Com seu jato particular ele viajava pelo mundo e no Brasil utilizava um helicóptero para se locomover.

Em 1994 Senna lançou o seu mais ambicioso projeto: Senninha, o personagem de revista em quadrinho desenhado baseado em si próprio. O primeiro número saiu na época do Grande Prêmio do Brasil. O segundo, foi para as bancas no trágico fim de semana de Imola.

Senna deu ainda o seu nome a diversos produtos de qualidade, como iates, motos, jet-skis, mountain bikes bem como vários acessórios pessoais. Para 1994 planejava lançar um produto em cada Grande Prêmio.

O pouco tempo de que dispunha o levava a delegar grande parte do trabalho de coordenação de todas estas atividades na família. Porém, as decisões eram sempre tomadas por ele.

A Despedida

“ O Ayrton estava preocupado com as condições de segurança da pista”, disse, perturbada, a sua namorada Adriane Galisteu, a quem telefonou para o seu apartamento no Algarve, sábado à noite. Ele visitou os locais de ambos os acidentes e disse que não estava com muita vontade para correr em Imola. Alguns jornalistas também notaram que Senna estava apreensivo durante o fim de semana.

Após um warm-up, sem incidentes, onde registrou novamente o melhor tempo, Senna tomou, de um modo frio e determinado, o seu lugar no grid daquela que seria a sua última corrida.

Partindo da pole, tomou a liderança seguido de perto por Schumacher. J. J. Lehto deixou o motor do seu Benetton-Ford morrer na largada, erguendo os braços para avisar aqueles que seguiam atrás. Todos se desviram, exceto Pedro Lamy, que vendo abrir-se uma brecha à sua esquerda e sem saber porquê, optou por seguir por ali. O seu Lotus bateu então na traseira do carro imóvel de Lehto, saindo disparado contra o muro à esquerda. Atravessa depois a pista até bater nas barreiras do lado oposto, onde finalmente pára.

O acidente pareceu bastante grave mas, pouco tempo depois, Lamy saiu ileso do seu carro parcialmente destruído. Lehto sofreu um pequeno ferimento no braço esquerdo. Quatro espectadores foram atingidos por destroços de ambos os carros e apresentando pequenos ferimentos foram tratados no Hospital de Imola.

O incidente trouxe para a pista o Safety Car e atrás dele, com Senna a liderar, mantiveram-se todos os pilotos durante quatro voltas. Quando surgiu a luz verde, Ayrton e Schumacher destacaram se de imediato dos demais concorrentes, retomando a sua batalha. Porém, esta só durou mais uma volta.

Ao passar na assustadoramente rápida curva Tamburello pela sexta vez, o carro de Ayrton Senna saiu e bateu violentamente no muro de cimento.

A bandeira vermelha é então mostrada e a corrida é interrompida. Pela terceira vez neste fim de semana negro, o Professor Sid Watkins lidera a equipe médica para socorrer a mais um acidente grave. Quando chega ao local, fica chocado com o que vê.

Ainda na pista corta o capacete de Senna, apercebendo-se então da gravidade dos ferimentos. “Foi muito difícil para mim”, disse depois. “Eu sabia que o rapaz não ia conseguir sobreviver”.

Durante 17 minutos os médicos lutaram por mantê-lo vivo, mas sabiam que isso era praticamente impossível. É depois transferido para o Hospital Maggiore em Bolonha onde é declarado morto às 18.40.

“Ele morreu devido a graves ferimentos no crânio e cérebro” comunicou o Prof. Watkins, neurocirurgião londrino. “Haviam várias fraturas no crânio, bem como fortes hemorragias na sua base. Ele esteve inconsciente o tempo todo. Entrou em coma profundo, de onde não mais saiu”.

Senna tinha 34 anos ao falecer de traumatismo craniano, devido a um dos braços da suspensão dianteira do Williams se ter transformado numa “lança” durante o choque contra o muro, entrando pela viseira do capacete de Ayrton Senna.

O seu corpo está sepultado no Jazigo 11, Quadra 15, Sector 7, do Cemitério do Morumbi (São Paulo).

Dados estatísticos:

Títulos da Fórmula 1: 3 em 1988, 1990, 1991 (todos com McLaren-Honda)
Vitórias:
41
Pole positions:
65
Pontos acumulados:
614 pontos para o Campeonato Mundial (610 dos quais úteis, já que segundo as regras implementadas pela FIA na Temporada de Fórmula 1 de 1988, os 2 piores resultados conseguidos eram subtraídos)
GP disputados:
161
GP em que participou:
163
GP finalizados:
105
Número de desistências:
56
Média de pontos por corrida:
3,81 (ou 3,79 se forem apenas contabilizados os 610 pontos)
Pódios:
80
Número de vezes na liderança:
109
Número de grandes prêmios na liderança:
86
Voltas na liderança:
2987
km na liderança:
13 676
Total de voltas percorridas:
8 219
Total de quilômetros percorridos:
37 934
Largadas na primeira fila:
87
Vitórias com pole position:
29
Vitórias de ponta a ponta:
19
Voltas mais rápidas:
19
Máximo de poles conseguidas numa só temporada:
13 (em 1988 e 1989)
Pole positions sucessivas: 8, nos seguintes países:
Espanha, Austrália, Brasil, San Marino, Mônaco, México e EUA (1988) e Brasil (1989)
Pole positions sucessivas numa só temporada:
7 (em 1988)
GP onde mais venceu:
Mônaco (6 vezes: 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)
“Hat Trick” (Pole, Vitória e Melhor Volta no mesmo GP):
7 (Portugal, 1985; Canadá e Japão, 1988; Alemanha e Espanha, 1989; Mônaco e Itália, 1990)
“Grand Chelem” (“Hat Trick” e Corrida Inteira na 1ª Posição):
4
Vitórias consecutivas:
4 (em 1988: Inglaterra, Alemanha, Hungria e Bélgica; em 1991: EUA, Brasil, San Marino e Mônaco)
Dobradinhas
(com o companheiro de equipe, Alain Prost): 14 (10 em 1988 e 4 em 1989, com Senna na frente em 11 dessas vezes)

Ayrton Senna subiu ao Pódio em 49,69% dos GP’s da Fórmula 1 que disputou. Obteve 25,46% de Vitórias e 40,37% de Pole Positions em GP’s que participou.

Ayrton Senna – 1960-1994

Ayrton Senna
Ayrton Senna

A partir de 1974, a carreira de Ayrton Senna deu um salto meteórico. Apoiado pelo pai, conseguia bons equipamentos, simplicidade e obsessiva sede de vencer. Guiado pelo seu talento e força de vontade trocou as marginais pelo kartódromo de Interlagos, onde passava dias inteiros treinando e se aperfeiçoando. Como prêmio, vieram os resultados e começou a acumular títulos no kart.

Nenhum brasileiro venceu tanto quanto ele. Apaixonou-se a tal ponto pela categoria que, anos depois, construiu um kartódromo em sua fazenda em Tatuí, a 135 Km de São Paulo.

Única frustração desta fase: não ter sido campeão do mundo. Bobagem? Para Ayrton isto era tudo. E não descansaria até conseguir.

Em 1979, Senna ainda era um jovem talento no kart, mas seu excepcional desempenho nas pistas prenunciavam vôos mais ousados.

Imaginava-se sentado no cockpit de um Fórmula 1, imagem que pedia emprestado dos posters que forravam seu quarto, como o de Niki Lauda e , principalmente, Gilles Villeneuve, cujo estilo arrojado exercia verdadeira atração no garoto. Decidiu, então, investir neste sonho.

Seu próximo passo, foi a custa do pai, um empresário bem sucedido e convencido do talento do filho, transferir-se para a Europa. Em Londres, trabalhava em oficinas acertando motores, até que, com muito custo e um pouco de sorte, conseguiu um bom contrato para correr na Fórmula Ford 1600 inglesa, em 1981, o convite partiu de Ralf Firman, dono da escudeira Van Dieme, uma das principais daquela categoria; as portas do automobilismo definitivamente se abriam para Ayrton.

Contratado pela Van Diemen como piloto de testes da fábrica e piloto oficial de competições, estreou dia 1º de março, no autódromo de Brands Hatch.

Terminou em 5º lugar: Uma semana depois, em Thruxton, foi 3º colocado. Sete meses, depois já tinha acumulado vinte grandes prêmios, dos quais vencera doze, fizera a melhor volta em 10 deles e sagrara-se campeão inglês e dos dois mais importantes torneios da categoria na Europa, o Towsend Thorensen e o Royal Automobile Club.

Desgostoso com Firman, que costumava creditar todo o mérito pelas vitórias ao bom carro que possuía, decidiu retornar ao Brasil, decepcionado.

No começo de 1982, não faltaram propostas de equipes italianas e inglesas do exterior para Ayrton voltar ao automobilismo. Ayrton, que então já se conformava em trabalhar na firma de materiais de construção do pai, não resistiu e voltou à Inglaterra . Como as equipes da fórmula 3 já estavam completas, restou a ele se encaixar na fórmula 2000. Foi arrasador. Parecia que corria sozinho, tantos os recordes, as poles positions e médias horárias. No campeonato Inglês, em 18 corridas, vencera 15; no Campeonato Europeu, em 9 provas, foi o primeiro em 6.

Sua experiência desde os tempos do Kart lhe deram conhecimento suficiente para entender de mecânica, como poucos.

Os mecânicos o respeitavam, acatando suas orientações. Em 1983, dirigindo na Fórmula 3, sentia-se a vontade em seu Ralt-Toyota, como se dirigisse o carro há muitos anos. As sucessivas vitórias na categoria despertaram os especialistas, que prognosticavam uma carreira brilhante para o jovem piloto, então com 23 anos.

Naquele campeonato inglês da categoria, disputou 21 provas e venceu 13,estabelecendo a volta mais rápida em 14 delas.

Ainda em 1983, Ayrton fez seu primeiro teste na Mclaren. Pouco pôde fazer, pois a neve do frio inverno europeu impediu a continuidade dos treinos.

Mesmo assim, ouviu de Dennis, diretor da equipe, uma frase profética “É óbvio que você tem condições de pilotar um Fórmula- 1. Só espero que seja uma Mclaren”. Em seguida, Franck Willians lhe fez um convite e Senna foi testar o carro da equipe inglesa. Frank impressionou-se com suas qualidades e, com ele, representantes da Toleman e da Brabham.

Em 1984, Ayrton Senna estreou na F-1, na equipe Toleman, que não demorou a fazer um convite ao brasileiro, após saber da desistência da Brabham em ter Ayrton como seu piloto. A Parmalat, patrocinadora da equipe inglesa Brabham, que também sonhava em tê-lo, exigia que um italiano fosse um dos pilotos (o outro era Nelson Piquet). Teo Fabi foi o eleito, Senna não se importou com o fato. O que importava era começar na F-1.

O brasileiro sofreu em sua primeira temporada na F-1. A Toleman era uma equipe pequena, cujo dono, Alex Hawkridge, tinha no automobilismo apenas uma paixão. Faltavam as milionárias verbas de outras equipes, o carro era equipado com um motor Hart, o mais fraco da época, sua estreia no Brasil não passou das primeiras voltas.

Nas duas provas seguintes, na África do sul e na Bélgica, terminou em sexto, conseguindo seus dois primeiros pontos.

Seu maior feito na temporada foi um segundo lugar em Montecarlo, quando já estava ultrapassando Prost no momento em que a direção da corrida suspendeu a prova, por causa da chuva. Em novembro, teve um problema de paralisia facial e seu rosto ficou deformado por três meses, encerrando o campeonato mais cedo, num modesto décimo lugar.

Em 1985, ano em que separou-se de Lílian, sua única esposa, Senna ingressou na Lotus, onde conseguiu resultados brilhantes . Embora tenha, em 16 corridas abandonado dez vezes, ganhou duas prova ( Portugal e Bélgica), chegou em segundo duas vezes e mais duas em terceiro. Conquistou sete poles. Seu estilo arrojado, especialmente em pistas molhadas, gerou muitas críticas de seus colegas, alegando que Ayrton deixava a segurança para segundo plano.

Em 1986, Senna teve de brigar contra o fraco desempenho do motor Renault da Lotus, compensando a desvantagem com muita disposição, demonstrada nos treinos e nas provas. O começo do campeonato foi arrasador. No Brasil ( segundo), na Espanha( primeiro, milésimos de segundo à frente de Mansell) e em San Marino (abandono) desafiou com sua técnica Nelson Piquet e Nigel Mansell e seus potentes motores Honda, ou o TAG Porsche do campeão Alain Prost e Keke Rosberg. Em julho, a Mclaren fez uma oferta para Ayrton trocar de equipe, mas ele recusou, apostando na evolução da Lotus.

O restante do campeonato, porém, não deixava margens à dúvida de que a Lotus precisa mudar urgentemente. Teve apenas mais uma vitória, em Detroit.

Terminou o campeonato em quarto (Prost, o campeão), mas venceu uma briga particular: conseguiu convencer a equipe Lotus a acertar um contrato com os motores Honda para a temporada e 1987.

O novo campeonato prometia, mas a equipe Lotus pisou na bola feio. Fora o motor, seu carro , o Lotus 99T, trazia pouca novidade, insuficiente para a briga pelo título, o saldo, para quem sabia até onde poderia ir, foi triste.

Apenas duas vitórias, em Mônaco e Detroit, e somente uma pole, uma de suas especialidades, em San Marino. Teve de assistir de longe a briga entre Piquet, o campeão, e Nigel Mansel, da Willians. Em abril, porém, Senna já tinha acertado com a Mclaren.

” Encontrei a equipe que sempre procurei “, declarou Senna. Segundo ele, a Mclaren Significava um time vencedor, onde todo mundo trabalhava na busca da Vitória.

Não deu outra, nem a companhia, na mesma equipe, do bi-campeão Alain Prost impediu o primeiro título de Senna. É verdade que o francês ameaçou até a última corrida, dia 30 de outubro, no Japão, mas o brasileiro foi quase perfeito todo o campeonato. E Senna, finalmente, era campeão do mundo, Prost, teve de contentar-se com o segundo lugar.

A disputa pelo título de 1988 abriu caminho para uma das maiores rivalidades na F-1. De amigos, Senna e Prost se transformaram em quase inimigos. Não conseguiam esconder isso nem nas entrevistas nem nas pistas. O resultado foi o campeonato de 1989 disputado curva a curva até Adelaide, na Austrália, no meio da corrida, aconteceu um choque com Prost, que não pôde continuar, Senna, por segurança, cortou caminho, evitando uma curva, a manobra, na opinião da Fia, porém, foi irregular. Senna vitorioso foi desclassificado e o título ficou com o francês.

O episódio inaugurou também uma inimizade, que duraria ainda muito tempo entre o presidente da Fia (Federação Internacional de Automobilismo), o francês Jen Balestre, e Ayrton Senna e , porque não dizer, toda a torcida brasileira.

Os dois anos seguintes, 1990 e 1991, foram dominados por Senna. Sua Mclaren estava praticamente imbatível. Ainda com Prost como companheiro de equipe, pôde dar o troco no francês, no GP do Japão, em Suzuka. Na primeira curva da corrida , Prost, que largara em segundo e precisava da vitória, tentou forçar um ultrapassagem à direita, Senna não deixou, os dois bateram, saíram da corrida e Senna era bicampeão.

Em 1991, o brasileiro, agora com Berger na mesma equipe, disparou com sucessivas vitorias na classificação, mas caiu de rendimento na metade do campeonato, isso coincidiu com a ascensão da Willians dirigida pelo Leão Nigel Mansell. No Japão, Mannsell liderava e podia ser o campeão, mas cometeu um erro e saiu da pista, para não voltar mais.

Senna ficou em segundo, dando passagem para o amigo Berger vencer na reta de chegada, e comemorou o tri-campeonato antecipado.

Ayrton Senna – Biografia

Ayrton Senna
Ayrton Senna

Ayrton Senna da Silva não foi apenas um grande piloto de Fórmula-1.

Ele foi o maior ídolo de um país tão carente de ídolos como o Brasil.

Todo brasileiro lembra-se de, pelo menos uma vez, ter acordado domingo de manhã para ver alguma corrida de Senna pela TV. Ou de ter ficado acordado madrugada a dentro torcendo por mais um título mundial.

Aos 34 anos de idade, tricampeão mundial de Fórmula-1, detentor de 41 vitórias (segunda melhor marca da F-1) e 65 pole positions – recorde absoluto na categoria – em 11 anos de carreira, Senna morreu da forma como sempre gostou de viver: guiando em alta velocidade. Suas vitórias e seus momentos mais gloriosos, como nas duas vitórias em GPs Brasil (1991 e 1993), e em tantos outros circuitos, sempre com a bandeira brasileira em punho, jamais serão esquecidos.

Você sabia que Ayrton Senna conquistou sua primeira vitória na F-1 em Portugal em 1985, com uma Lotus/Renault? E que, depois disso, jamais voltou a vencer no Estoril?

Que seu primeiro pódio foi no GP de Mônaco, em 1984, guiando uma Toleman/Hart? Senna chegou em segundo lugar, e só não venceu a corrida por questão de metros.

Que Senna é o maior vencedor da história do GP de Mônaco? Ele conquistou seis vitórias nas ruas de Monte Carlo, quebrando o histórico recorde de cinco vitórias do inglês Graham Hill, tornando-se o “Mr. Mônaco”.

Que, apesar de ser rapidíssimo em treinos, chegando a conquistar 65 pole positions em sua carreira, Senna obteve apenas 19 voltas mais rápidas em corridas?

Que em sua última corrida pela McLaren, em Adelaide (AUS) em 1993, Senna venceu e deu à escuderia a supremacia sobre a Ferrari em número total de vitórias na F-1?

Trajetória

Ayrton Senna da Silva nasceu em São Paulo, em 21 de março de 1960.

Entre os amigos, tinha um apelido: Beco.

Quando pequeno, Senna tinha alguns problemas motores, o que acabou retardando seu desenvolvimento físico. Estes problemas, entretanto, lhe ensinaram que a perseverança poderia fazer com que ele superasse obstáculos e dificuldades. Aos 7 anos, entretanto, um fato inusitado mostrou que ele havia nascido para vencer nas pistas. Aproveitando-se de um descuido de seu pai, Ayrton, que passava o carnaval em Itanhaém (SP), entrou no carro da família e, sem que ninguém jamais o tivesse ensinado a dirigir, deu partida e saiu guiando. E só foi parado por um policial, que declarou, mais tarde, que o menino mal conseguia alcançar os pedais.

Senna sempre teve adoração por automobilismo. Tanto que, em redações feitas na escola primária, já se descrevia como um piloto de Fórmula-1. Aos 13 anos estreou em corridas, vencendo a primeira prova de kart realizada em Interlagos. Estava dado o primeiro passo do piloto Ayrton Senna rumo às pistas nacionais e internacionais.

Correndo em karts, Senna só não sagrou-se campeão mundial. Entre 1978 e 81 foi o campeão brasileiro. Em 1977 e 78, campeão sul-americano. Ainda em 78, partiu para a disputa do mundial de kart. Foi 6º em seu ano de estréia. Nos dois anos seguintes (1979 e 80), foi vice-campeão mundial. Em 1981 e 82, classificou-se respectivamente em 4º e 14º lugar no mundial de kart.

Em 1981, Senna partiu para mais um desafio: o Campeonato Inglês de Fórmula Ford-1600.

Assinou com a equipe Van Diemen e disputou dois campeonatos simultâneos: RAC (Royal Automobilism Club) e Toensede Thorensen.

Venceu ambos, com uma campanha sensacional: em 19 provas, conquistou 11 vitórias, quatro segundos lugares, um terceiro, um quarto e um quinto. Fez duas pole positions e 10 voltas mais rápidas.

No ano seguinte, Senna deu mais um passo em sua carreira: foi disputar a Fórmula 2000, nos campeonatos inglês e europeu, pela equipe Rusher Green.

Após 28 provas, sagrou-se campeão com nova demonstração de talento: 21 vitórias e dois segundos lugares, além de 13 pole positions e 22 voltas mais rápidas.

Ainda em 1982, Senna estreou na Fórmula-3, último passo antes da F-1. Já na estréia, o brasileiro fez a pole position, venceu e estabeleceu a volta mais rápida da prova. Mas não conquistou o campeonato. O título veio em 1983, com 13 vitórias e dois segundos lugares em 20 provas. Na categoria, ele acumulou 14 pole positions e 13 voltas mais rápidas.

Com estas credenciais, Senna conseguiu um contrato na Fórmula-1 pela equipe Toleman, que apesar de pequena, acenava com a oportunidade que o brasileiro tanto sonhava.

A estréia na F-1 foi no dia 25 de março de 1984, no GP do Brasil, em Jacarepaguá, ao volante de uma Toleman/Hart.

Apesar dos problemas que o levaram a abandonar a corrida de estréia, Senna mostrou talento e marcou pontos nas duas provas seguintes: África do Sul e Bélgica. Mas a maior emoção do ano ficaria por conta do GP de Mônaco. Disputada sob chuva torrencial, a corrida estava ameaçada de ser suspensa. Ayrton Senna pressionava Alain Prost, então campeão mundial que corria com a McLaren. Vendo que Senna certamente venceria a prova, o belga Jack Ickx encerrou o GP momentos antes de Senna ultrapassar o francês. Como a prova foi encerrada prematuramente, os pontos foram distribuídos pela metade. Senna recebeu 3 pontos e Prost 4,5. Ao final da temporada, Prost perdeu o campeonato para Niki Lauda por apenas 0,5 ponto. Caso tivesse chegado em segundo lugar, Prost teria sido campeão do mundo.

Senna terminou sua primeira temporada em 9º lugar com 13 pontos em 15 provas disputadas (ele não se qualificou para disputar o GP de San Marino).

Em seu segundo ano, 1985, Senna assinou com a Lotus, equipe de maior porte que lhe possibilitaria almejar vitórias no campeonato, algo impossível com a Toleman. E assim foi. Em Portugal, no dia 21 de abril, também sob chuva, Senna fez uma corrida perfeita, largando na pole position, liderando a prova de ponta a ponta e fazendo a melhor volta. Era a primeira vitória do brasileiro na F-1. No campeonato, Senna conseguiu uma melhora considerável de rendimento, marcando 38 pontos e terminando em 4º lugar.

Em 1986, Senna continuou a se destacar. As vitórias começaram a surgir na Lotus, e ele passou a ser considerado não mais uma promessa, mas um piloto que cedo ou tarde conquistaria um campeonato mundial. Naquele ano, terminando também em 4º lugar, mas com 55 pontos, Senna se preparava para conquistar seu primeiro título na F-1, sentindo que ele não tardaria a chegar.

Em 1987, com o domínio das Williams de Nélson Piquet e Nigel Mansell, Senna tentou ao máximo levar sua Lotus, já com motores Honda, aos primeiros lugares. Foram duas vitórias e uma pole position. Terminou o campeonato em 3º lugar, atrás apenas de Piquet e Mansell. Mas o melhor da temporada foi o contrato que assinou com a McLaren. A partir de então, Senna passaria a contar com um equipamento de ponta graças a um acordo de exclusividade para fornecimento de motores fechado com a Honda.

Com a motivação redobrada pelos bons treinos realizados com o novo equipamento, Senna estreou na nova equipe em 1988, tendo como companheiro o já bicampeão mundial Alain Prost, vencedor dos dois últimos mundiais, ambos pela McLaren.

Graças a este verdadeiro time dos sonhos, a McLaren dominou completamente o campeonato de 1988, vencendo 15 das 16 provas, e Senna estabeleceu o recorde de 13 pole positions em uma única temporada. Para fechar o ano com chave de ouro, o brasileiro venceu oito provas – contra sete de Prost – e sagrou-se campeão mundial de F-1 pela primeira vez. A corrida decisiva aconteceu em Suzuka (JAP), e Senna, que teve problemas na largada, fez uma prova memorável, conquistando a vitória e o título.

O ano seguinte, 1989, também foi amplamente dominado pelas McLaren, que não tinha concorrentes. O campeonato seria decidido novamente entre Senna e Prost. O francês chegou ao GP do Japão com vantagem. Caso nenhum dos dois terminasse a prova, o título iria para Prost. O francês liderava a corrida e Senna tentava de todas as formas ultrapassá-lo. Até que, na 46ª volta, Senna fez o ataque definitivo. Prost bloqueou sua passagem e o choque foi inevitável. Prost imediatamente saiu do carro, mas Senna, pegando um atalho por entre a proteção da pista, voltou à prova.

Após parar no boxe para consertar o spoiller dianteiro, afetado no choque, Senna partiu em perseguição a Alessandro Nannini, que liderava a prova. Faltando poucas voltas para o final, Senna conseguiu ultrapassar Nannini no mesmo ponto em que havia tido o acidente com Prost, e venceu a corrida. A direção da prova, entretanto, desclassificou o brasileiro, alegando que ele utilizou um atalho para continuar na prova. Prost sagrava-se campeão pela terceira vez, com a ajuda de Jean Marie Balestre, o então presidente da FIA.

A temporada de 1990 foi marcada pela ida de Prost para a Ferrari, e pela chegada do austríaco Gerhard Berger na McLaren. Senna tinha todas as condições de ser bicampeão, já que a Ferrari apresentava problemas no desenvolvimento do carro. Mas Prost, com grande maestria, levou a Ferrari à disputa do título mundial. A decisão seria novamente em Suzuka, e a largada, com Senna e Prost na primeira fila, prometia ser emocionante. A situação era inversa em relação a 1989. Senna estava na frente no campeonato, e caso nenhum dos dois terminasse a prova, o brasileiro seria campeão. Assim que a luz verde foi acesa, Prost, que estava na pole position, pulou na frente, e Senna manteve-se na segunda posição. Mas, no início da primeira volta, Senna provocou um acidente com Prost, tirando o francês da pista e também deixando a prova. O bicampeonato de Senna estava garantido, mas sem o mesmo brilho de 1988.

Em 1991, a McLaren manteve sua hegemonia. Pela primeira vez as vitórias valeriam 10 pontos. Senna começou arrasador, com quatro vitórias nos quatro primeiros GPs da temporada. Mas a Williams, com Nigel Mansell e Riccardo Patrese, começava a mostrar força. A vitória mais emocionante de Senna no ano foi no GP Brasil, prova que o piloto ainda não havia vencido. Com problemas mecânicos durante mais da metade da corrida, Senna teve que conduzir seu McLaren com apenas a sexta marcha, resistindo à aproximação de Patrese. No final, completamente esgotado, Senna mal teve forças para sair do carro. No pódio, para delírio da torcida, o piloto comemorou como se tivesse conquistado um título.

Com a vantagem conseguida nas primeiras provas, Senna passou a administrar a liderança do campeonato, compensando no braço a superioridade tecnológica dos carros da Williams. O final da temporada não foi tão emocionante como os anteriores, mas deu ao brasileiros seu terceiro título, com 96 pontos, contra 72 de Mansell.

Os anos de 1992 e 1993 foram ruins para o piloto brasileiro. Ainda na McLaren, Senna não conseguia mais conter as Williams, que dominaram completamente as provas. Nos bastidores, ele mantinha conversas com Frank Williams e os rumores da transferência do brasileiro para a equipe inglesa eram cada vez mais fortes. Até que, em meados de 1993, após mais uma vitória no GP do Brasil, Senna anunciou oficialmente sua ida para a equipe, terminando com um casamento de seis anos com a McLaren. Mas antes de se despedir de sua principal equipe, Senna conquistou a sexta vitória em Mônaco e, em sua última prova pela McLaren, em Adelaide, Austrália, Senna venceu e deu à equipe a supremacia em total de vitórias sobre sua mais tradicional rival, a Ferrari

O sonho de pilotar a Williams acabou em três provas, com três pole positions mas sem receber nenhuma bandeirada de chegada. Num fatídico Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, o melhor piloto de todos os tempos encontrou a morte ao bater de frente num muro de proteção. As investigações que se seguiram ao acidente revelaram que seu capacete foi perfurado por uma haste da suspensão dianteira, causando a morte cerebral do piloto, que faleceu pouco depois de chegar ao hospital.

Seu corpo foi recebido no Brasil por uma multidão órfã de seu maior ídolo, que o velou na Câmara de São Paulo e o acompanhou pelas ruas da cidade até o local do enterro, reservado à família e aos amigos próximos. A cena do caixão carregado pelos campeões mundiais Émerson Fittipaldi, Jackie Stewart e Alain Prost, acompanhados de Berger, Rubens Barrichello e Christian Fittipaldi, resumiu o que o brasileiro representou para a mais nobre categoria do automobilismo mundial.

Ayrton Senna – Carreira

Ayrton Senna
Ayrton Senna

O início da carreira no kart Desde a infância, Ayrton Senna sempre teve interesse pela velocidade. Aos quatro anos, ganhou seu primeiro “carro”, feito pelo seu pai, Milton da Silva. Tempos depois, Senna já pilotava karts mais potentes e chegou a guiar um modelo que fôra dos irmãos Fittipaldi na década de 60.

A primeira corrida oficial foi em 1º de julho de 1973. E Ayrton, o mais jovem entre os competidores, ficou com a pole obtida através de um sorteio, a primeira pole de muitas outras que viriam em seguida. Na corrida, Senna segurou adversários mais experientes, mas abandonou depois de um toque com outro piloto.

Com as vitórias se tornando cada vez mais constantes, no ano seguinte Ayrton conquistou o título Paulista da categoria Júnior. Em 1976, Senna venceria o Campeonato Brasileiro e as Três Horas de Interlagos. Na temporada seguinte, o brasileiro conquistaria o bicampeonato da prova, além do Sul-Americano no Uruguai.

Uma da maior frustração de Senna, foi o título dos Campeonatos Mundiais, único título que não conquistaria na carreira. Em 1978, Ayrton, no circuito de Le Mans, foi a revelação do evento, mas terminou na 6ª colocação.

Com mais três títulos de campeão brasileiro – 1979, 1980 e 1981 – tentou novamente o título mundial. Desta vez, terminou empatado em número de pontos com o campeão, o holandês Mark Koene, sendo entretanto superado no critério de desempate. Em 1980, ele voltaria a ser vice.

Quando já competia na Inglaterra pela Fórmula 1600, Ayrton voltou a disputar o mundial na Itália: ficou em quarto lugar. Sua última tentativa foi em de 1982, quando teve vários problemas e acabou em 14º na Suécia.

Recordista e campeão na Inglaterra Ccom alguns contatos estabelecidos na Inglaterra, Senna foi para a Europa em 1981 para disputar o campeonato da Fórmula Ford 1600. Na época, a categoria era a vedete entre as que serviam de ligação entre o kart e os campeonatos maiores. O resultado eram grids cheios e pilotos dispostos a arriscar qualquer coisa por um futuro melhor no automobilismo.

Ayrton disputou 20 corridas ao longo do ano. Foram 12 vitórias, dez voltas mais rápidas e três poles, o suficiente para assegurar o título da Copa Townsend Thoresen.

Mas passada a euforia pelo título, Senna sofreu uma das maiores frustações até então: um telefonema do pai, pedindo que retornasse imediatamente ao Brasil. Milton da Silva, que era um empresário de médio porte, queria o filho por perto para gerenciar os negócios da família. A brincadeira na Europa chegava ao fim naquele momento.

Mas o “escritório” ao qual Ayrton estava acostumado era bem menor. Procurado pela Van Diemen para renovar seu contrato para a F-Ford 2000, em 1982, o piloto acabou conseguindo carta branca para voltar às pistas.

Na nova categoria, seu domínio foi ainda maior. Ele venceu 20 das 27 corridas que disputou. O desempenho impressionante, que incluiu também 14 poles e 21 voltas mais rápidas, rendeu um convite para disputar uma etapa da F-3 na pista inglesa de Thruxton. Mesmo sem conhecer o carro, Senna venceu de ponta a ponta, com direito ainda à melhor volta. A West Surrey, equipe de ponta da Fórmula 3, não tardou em assegurar o jovem piloto Ayrton para a temporada seguinte.

O título na F-3 Com um currículo invejável na Fórmula Ford, Senna chegou à F-3 Inglesa como grande promessa. Em sua única corrida pela categoria, o brasileiro havia dado um show, com pole, vitória e volta mais rápida. Embora toda a imprensa mundial apontasse Ayrton como favorito, os ingleses insistiam em super valorizar Martin Brundle, a nova estrela da casa.

Durante as vinte provas da temporada o que se viu foram duelos épicos entre os dois jovens. Senna venceu nove provas seguidas, mas passou outras três sem terminar, dando margem para a recuperação do inglês. No final, Ayrton conquistou 15 vitórias – um recorde na época – e chegou ao título nacional. Brundle ganhou outras quatro provas e a única vitória que escapou da dupla ficou nas mãos do americano Ross Cheever.

Brundle teria sua última chance de desbancar Senna no tradicional GP de Macau, que sempre reuniu os melhores pilotos de Fórmula 3 em todo o mundo. Mas, naquele momento, não havia nada a se fazer para parar Ayrton. A vitória, como na maior parte das vezes, veio em seguida à pole e à volta mais rápida.

O bom desempenho rendeu à Senna um teste na equipe Williams, atual campeã mundial de Fórmula 1.

O primeiro teste na Fórmula 1 Um brasileiro de 23 anos, destaque da F-3 Inglesa, estaria prestes a escrever a primeira linha de sua história no topo do automobilismo mundial. Como prêmio por suas vitórias, a Williams deu ao piloto a chance de testar o modelo FW7. Isso ocorreu em Donington Park, no dia 19 de julho de 1983.

Aos poucos, uma a uma, as marcas foram caindo. Poucas voltas foram suficientes para que Senna quebrasse o recorde da pista, deixando a equipe impressionada.

Saindo do carro, o piloto disse ao irmão Leonardo: “Isso aqui não tem mistério, é moleza”.

Mas ainda não seria em 1984 que Senna correria pela Williams. Com as principais equipes fechadas para a temporada que chegava, restou ao brasileiro lutar por vagas nos times menores, e foi a Toleman, um time médio, que acolheu o futuro campeão.

Senna: O estreante que impressionou todos No domingo, 25 de março de 1984, o GP Brasil mobilizava o Brasil. Todas as atenções estavam voltadas para Nelson Piquet, campeão da temporada anterior e um dos favoritos ao título. Entre os estrangeiros destacavam-se Alain Prost, Niki Lauda, Keke Rosberg, Nigel Mansell, Jacques Laffite, Renè Arnoux e Elio de Angelis, que conseguiu levar a pole-position.

Num dos melhores grids da Fórmula 1, Senna ficou com a 16ª colocação, uma a frente de seu companheiro de equipe, Johnny Cecotto, campeão de motovelocidade. Mas o estreante não teve sorte. Ganhou três posições e andava em 9º quando teve problemas em seu turbo. Era a primeira das 14 provas que disputaria em 1984 e, certamente, não foi a melhor delas.

As duas corridas seguintes foram muito boas para Senna. Na África do Sul, largou em 13º e chegou em 6º, marcando seus primeiros pontos na F-1.

Ao final da prova, recusou maiores comemorações de Alex Hawkridge, seu chefe na Toleman: “Estou pronto para chegar ao pódio, arrume carro para isso”, disse. Três semanas depois, na Bélgica, o 6º lugar se repetiu, desta vez após uma largada em 19º.

O GP de San Marino, contudo, foi desastroso. Com dois motores quebrados e impossibilitado de marcar tempo na sexta-feira, Ayrton acabou traído pela forte chuva que caiu no sábado. Pela primeira e última vez, Senna estava fora de uma corrida por não ter obtido tempo de classificação. Na França, duas semanas depois, foi traído pelo turbo, que quebrou quando estava em 5º lugar.

Mas a grande prova do brasileiro em 1984 foi o GP de Mônaco. Largando de 13º, Ayrton foi passando por pilotos com muito mais experiência na F-1. Não demorou muito e encostou em Niki Lauda. Encostou e passou fácil. Já estava em segundo e Alain Prost seria a próxima vítima. Mas acabou não sendo, porque o diretor de prova, o ex-piloto belga Jack Ickx, encerrou a corrida antes da hora para, segundo se diz, dar a vitória a Prost.

As corridas seguintes foram marcadas por muitas falhas mecânicas e bons treinos de classificação. A partir do GP do Canadá, Senna ficou por cinco vezes seguidas entre os dez primeiros do grid. Entretanto só completou em duas. Ficou em 7º em Montreal e subiu ao pódio em Brands Hatch, com um 3º lugar. A Toleman disputou o GPs da Alemanha, Áustria e Holanda com um único carro e, nas três provas, Senna teve problemas. Àquela altura, o brasileiro já estava acertado com a Lotus para 1985. A Toleman descobriu e chamou o italiano Pierluigi Martini para treinar em Monza. Martini sequer se classificou para a prova.

A equipe acabou voltando atrás e o brasileiro disputou, ao lado de Johansson, as duas últimas provas do ano. No GP da Europa, em Nurburgring, Ayrton largou em 12º mas se envolveu num acidente com outros sete carros.

Na última corrida do ano, em Portugal, Senna conseguiria sua melhor posição de largada até então: um 3º lugar, atrás de Prost e Piquet. A despedida da Toleman aconteceu no pódio, também com um 3º lugar, o que lhe rendeu a 9ª colocação no campeonato, com 13 pontos no total.

Virando realidade na Lotus Piloto revelação da temporada anterior, Senna chegou à Lotus em busca da primeira vitória na Fórmula 1. Na prova de estréia, no Brasil, Ayrton foi bem nos treinos, ficando com a 4ª colocação. Na corrida um problema elétrico o tirou da prova. Na prova seguinte, em Portugal, teria melhores resultados.

Senna marcou a pole e na corrida deu show: largou em primeiro, liderou todas as voltas e, em uma delas, estabeleceu a melhor marca da prova. A 1ª vitória de Ayrton Senna ocorreu sob um dilúvio no circuito do Estoril.

Ali, o brasileiro ganhou um título que sempre o acompanhou: o “Rei da Chuva”.

Depois disso veio uma seqüência de três poles da Lotus, duas com Senna e uma com De Angelis. O italiano venceu em San Marino, mas Ayrton não marcou pontos em nenhuma dessas provas. Senna vinha bem nos treinos, mas nas corridas era quase sempre vítima de problemas mecânicos da Lotus ou do motor da Renault, que consumia muito mais que os adversários.

Na segunda metade do campeonato, contudo, as coisas melhoraram, com mais três poles, quatro pódios e uma nova vitória, esta na Bélgica, que credenciaram Ayrton Senna como piloto vencedor. No final do ano, Ayrton ficou em 4º no mundial, o melhor dentre todos os estreantes do ano. À frente dele, apenas Prost, Alboreto e Rosberg.

Brigando entre os grandes A temporada 1986 começou conturbada na Lotus. Sabendo que Derek Warwick estava sendo cotado para ser seu companheiro de equipe, Senna causou polêmica ao vetar a contratação do inglês, alegando que a equipe não tinha condições de ter dois pilotos de ponta.

O veto foi aceito e o companheiro escolhido foi um obscuro escocês, campeão da F-3 Inglesa: Johnny Dumfries.

A primeira prova do ano seria o GP Brasil e Ayrton Senna já dividia as atenções da mídia e dos torcedores com Nelson Piquet, da Williams. Os dois dividiram a primeira fila, com Senna na pole. Na corrida, a ordem se inverteu, com Piquet em primeiro e Senna em segundo. Foi a segunda dobradinha brasileira correndo em casa.

A corrida seguinte, o GP da Espanha, em Jerez, marcou a terceira vitória de Senna e também uma das menores diferenças da história da categoria. Ayrton, mais uma vez o pole, venceu Mansell por apenas 14 milésimos. Em San Marino, duas semanas depois, o brasileiro conquistou mais uma pole, mas na corrida teve problemas e abandonou.

Senna vinha somando o máximo de pontos que lhe eram possíveis quando chegou a Detroit e fez a pole, depois de um jejum de três corridas. Ayrton venceu a prova, com Prost em terceiro. Foi a vingança do país pela derrota para a França na Copa do Mundo, um dia antes, e a última conquista de Senna em 86.

Com poucas chances na disputa pelo título após uma seqüência de cinco maus resultados, Senna ainda marcaria três poles – um total de oito ao longo do ano – e dois pódios, ficando com a 4ª colocação no mundial que marcou o bicampeonato de Alain Prost.

A despedida da Lotus Muito se especulou sobre uma possível transferência de Senna para a McLaren no início de 1987, mas o brasileiro disputaria mais uma temporada pela Lotus. A equipe iniciava uma fase de decadência e, mesmo tendo motores Honda, não deu a chance que Senna queria para brigar pelo título.

O novo companheiro de equipe do brasileiro seria o simpático japonês Satoru Nakajima, indicado pela fornecedora nipônica, mais conhecido por seus acidentes que propriamente pelos seus resultados. Foi um ano amplamente dominado pela William, que conquistou 12 poles e 9 vitórias. Ayrton, que havia conquistado 8 poles em 1986, teve que se contentar com apenas uma, na pista de San Marino.

Essa temporada mostrou que além de “Rei da Chuva” Ayrton era também o “Rei da Rua”, pois suas duas vitórias naquele ano foram conquistadas nas ruas de Detroit e Mônaco.

Senna começou a analisar as propostas que recebia.

A melhor delas era bancada pela Honda: o brasileiro iria para a McLaren, com igualdade de condições para Alain Prost e a promessa de um carro que lhe permitisse brigar pelo tão sonhado campeonato.

Para o lugar de Senna, a Lotus contratou seu maior rival até então: o inimigo declarado Nelson Piquet.

O primeiro título mundial, na McLaren Quatro temporadas depois de chegar à Fórmula 1, Ayrton tinha, enfim, a chance que tanto perseguira: ter um carro que lhe permitisse disputar o título. A corrida de estréia na McLaren, no Brasil, tinha tudo para ser perfeita. O modelo MP4/4, projetado por John Barnard, mostrou-se um carro excepcional e Senna garantiu a pole. O domingo, no entanto, começou mal para Ayrton. Um problema no câmbio já no grid de largada o obrigou a largar do box, na última posição. O piloto deu um show de ultrapassagens e já era o 6º colocado quando foi desclassificado sob alegação de que teria usado o carro reserva.

Na corrida seguinte, em San Marino, os problemas pareciam ter chegado ao fim. Depois de treino e corrida perfeitos, Senna venceu sem maiores dificuldades, consagrando seu primeiro triunfo na nova equipe.

A terceira corrida daquele ano, em Mônaco, mudou a vida de Ayrton. A vitória estava garantida e, quando liderava com quase um minuto de vantagem, Senna cometeu um erro, talvez o maior de sua carreira. O brasileiro perdeu a concentração e bateu na curva da entrada do túnel. A partir de então, Ayrton passou a trabalhar mais seu lado psicológico, visando evitar novos dissabores.

O restante da temporada foi uma briga constante entre Senna e Alain Prost, seu companheiro na equipe. Em apenas uma das 16 etapas, a McLaren não saiu vencedora. Foi em Monza, quando Ayrton Senna liderava e acabou batendo no retardatário Jean Louis Schlesser. A vitória caiu no colo de Gerhard Berger, da Ferrari.

O campeonato chegou ao Japão, penúltima etapa, podendo ser decidido em favor de Senna. Saindo na pole, o brasileiro teve problemas na largada e caiu para a 14ª colocação.

O que se viu depois foi uma das mais fantásticas corridas de recuperação da história da Fórmula 1: Ayrton foi superando seus adversários até chegar em Alain Prost, na 27ª volta. O francês tentou reagir, mas não conseguiu conter Senna. O garoto que sonhava em chegar à Fórmula 1 e por pouco não desistiu de tudo, conquistava seu primeiro título mundial.

Polêmica decisão em Suzuka Com o título de Senna o clima na McLaren não poderia ser melhor. Poder-se-ia dizer que havia satisfação geral na equipe, não fosse a honrosa exceção de Alain Prost. Desde o início da década de 80 no time, Prost sentia um misto de decepção e ciúmes. Nas cinco primeiras corridas, Senna conquistou a pole; mas não foi isso que detonou uma rivalidade declarada entre os dois.

Em San Marino ambos fizeram um pacto de não agressão durante a primeira volta: ninguém tentaria ultrapassar, por questões de segurança. Pois Ayrton descumpriu o combinado e partiu para cima. A manobra valeu a vitória para o brasileiro; mas, muito mais que uma prova, Senna ganhou um inimigo. Farpas à parte, a decisão chegou mais uma vez ao Japão, palco da disputa anterior.

A prova de Suzuka ilustra muito bem o clima de guerra que estava declarado: aproveitando-se da vantagem que tinha no mundial, Prost jogou o carro para cima de Senna, tentando forçar um duplo abandono. A manobra tirou Prost da prova, mas Ayrton, ajudado pelos fiscais de pista, foi para o box, trocou o spoiler dianteiro e voltou para a pista em busca da vitória, que adiaria a decisão do título. Na última volta, Senna conseguiu ultrapassar a Benetton de Alessando Nannini e comemorou a vitória como poucas vezes se viu.

Mas a FIA e seu presidente Jean Marie Balestre – declarado amigo de Prost – anulou o resultado, alegando que, ao voltar à pista, o brasileiro não havia contornado a chicane. A briga de Senna com Balestre quase fez o piloto desistir da Fórmula 1, incluindo uma pesada entrevista de Senna com a imprensa internacional. Mas em 1990, lá estava Ayrton novamente em sua McLaren.

Bicampeonato com revange sobre Prost a temporada de 1990 seria decisiva para Ayrton: o sonho do bicampeonato, adiado nos bastidores na temporada anterior, estava mais vivo do que nunca. Alain Prost, o principal rival, havia trocado a McLaren pela Ferrari, onde faria uma dupla explosiva com Nigel Mansell. Para o lugar do francês a McLaren contratara Gerhard Berger.

Na etapa de abertura, em Phoenix, um adversário diferente incomodou o brasileiro. Com as Ferrari fora da briga, Ayrton deparou-se com um inspiradíssimo Jean Alesi, da Tyrrell. Campeão da F-3000, Jean segurou Senna enquanto pôde, mas acabou cedendo às pressões e contentando-se com a segunda posição.

Um grande público lotou Interlagos para apoiar Ayrton no GP Brasil. A pole no sábado dava a entender que o longo tabu de vitórias seria quebrado. Só esqueceram de avisar ao japonês Satoru Nakajima; retardatário, o piloto fechou Senna, que perdeu o bico e várias posições, ao entrar nos boxes para trocar o conjunto danificado pela barbeiragem nipônica. No final Ayrton ainda terminou com a 3ª colocação.

Mesmo em equipes diferentes a rivalidade entre Senna e Prost permaneceu a mesma. Ao longo do ano os dois foram revezando boas e más fases e, pela terceira vez, chegaram ao Japão para uma decisão do título. Disposto a não correr o risco de perder mais uma vez para o francês, Senna planejou um troco à manobra de 1989. Largando na pole, o brasileiro saiu mal e ficaria atrás de Prost na freada da primeira curva.

Mas Senna fez uma opção arriscada por não frear: o acidente foi inevitável e, com ambos fora da prova, o bicampeonato estava garantido.

Mais uma festa em Suzuka O ano de 1991 foi marcado por duas fases distintas para Ayrton Senna. No início do ano, com a McLaren ainda em igualdade de condições com as Williams, o brasileiro venceu as quatro primeiras provas, disparando na classificação.

Entre as vitórias de Ayrton, destaque para a do GP Brasil, em Interlagos: com um carro visivelmente em frangalhos – tinha apenas a sexta marcha nas voltas finais – Senna venceu pela primeira vez correndo em casa. O piloto mal podia conter a emoção – e as fortes dores – após a prova.

Mas a McLaren não conseguia desenvolver seu carro como deveria. A Honda, que sairia da Fórmula 1 ao final do ano, não desenvolvia motores com o afinco de outros tempos, e o resultado foi uma perigosa aproximação das Williams-Renault, lideradas por Nigel Mansell.

Uma série de quebras e azares fez com que o título, que parecia certo no início, ficasse aberto. Quis o destino que a pista decisiva, mais uma vez, fosse a de Suzuka, no Japão. Como só a vitória interessava a Mansell, a McLaren fez um jogo de equipe buscando desconcentrar o inglês. Gerhard Berger, com pneus mais macios, largou na frente, com Senna em segundo e Nigel em terceiro. Desesperado para passar o brasileiro, Mansell passou reto na curva após a reta, perdendo qualquer chance de ser campeão. Senna ainda passou Berger na pista, mas no final abriu para a vitória do companheiro, acatando ordens do time, como agradecimento ao desempenho do austríaco.

O desenvolvimento das Williams-Renault no fim de 1991 já era evidente, mas não se imaginava que já no ano seguinte a equipe fosse dominar a Fórmula 1. Munida de um aparato tecnológico inovador para a época – entre eles suspensão ativa e controle de tração – a escuderia não deu chance aos rivais.

Logo nas primeiras etapas o domínio ficou evidente: Mansell venceu as cinco primeiras provas, abrindo uma folgada diferença que apenas cresceu ao longo da temporada. No final, o inglês foi campeão na Hungria, com cinco etapas de antecipação e 52 pontos a mais que Riccardo Patrese, o 2º colocado.

Para Ayrton, restaram atuações isoladas, como a vitória em Mônaco e na Hungria.

Mesmo nos treinos, sua especialidade, o brasileiro não teve chances: apenas uma pole em 16 etapas, contra 14 de Mansell.

A definição de Senna, ainda nas primeiras etapas, foi a melhor encontrada para descrever o modelo FW14: “É um carro de outro mundo”.

O domínio da Williams, marca da temporada de 1992, continuou no ano seguinte. Senna declarou que aceitaria qualquer oferta para correr pela equipe e chegou a ser procurado, mas o novo piloto teria vetado o brasileiro. O nome dele? Alain Prost.

A temporada começou com o GP da África do Sul e, como no ano anterior, era impossível seguir o ritmo dos carros de Frank Williams.

Apenas um fator poderia complicar a vida de Prost: a chuva. Mas, como não choveu em Kyalami, o francês não teve problemas para vencer.

No Brasil, quinze dias depois, a história foi diferente. Sem chances de brigar pela pole, Senna largou em terceiro, atrás de Prost e Hill. Durante a prova, uma tempestade caiu sobre Interlagos. Com a pista completamente molhada, Senna fez a festa da torcida. Após sua segundo vitória no Brasil, Ayrton foi erguido pelos fãs, que invadiram a pista.

Para quem pensou que o show de Interlagos havia sido o último do ano, Senna guardou uma atração ainda maior: o GP de Donington Park.

Largando na quarta colocação, Ayrton caiu para quinto e foi passando um a um os adversários: Schumacher, Wendlinger, Hill e, por fim, Prost. Ao final da primeira volta, Senna já era líder.

O feito fez com que o piloto recebesse uma justa homenagem: uma placa, colocada na entrada do circuito, em homenagem ao que foi denominado de “a primeira volta mais fantástica da história”.

Mesmo com um carro inferior Ayrton conseguiu equilibrar a disputa até o GP do Canadá, quando Prost começou uma série de quatro vitórias, praticamente garantindo o título. Para terminar bem a temporada, Senna venceu as duas últimas provas, com direito a pole na Austrália. No pódio de Adelaide, Ayrton fez um dos gestos mais nobres da história da Fórmula 1. Vencedor, o brasileiro puxou Alain Prost para o degrau do primeiro colocado. Era o fim das brigas e acusações.

A nova casa e a última temporada Eram passados dez anos desde que Senna havia andado pela primeira vez em um carro de Fórmula 1, justamente uma Williams, em julho de 1983. O garoto de 23 anos se transformara num tricampeão mundial, com um recorde de 62 poles e já acumulava 41 vitórias. Os carros da equipe inglesa haviam dominado as duas temporadas anteriores e a expectativa era novo massacre em 1994.

Na primeira corrida, o GP Brasil, Ayrton marcou a sua primeira pole pela sua nova equipe, aumentando seu recorde de poles. Senna ia bem e liderava com relativa facilidade, mas perdeu a ponta para o alemão Michael Schumacher, a mais nova fera da categoria, no reabastecimento. No ímpeto de alcançar Michael, Ayrton Senna acabou rodando e abandonou a prova, vencida por Schumacher. Seu companheiro na Williams, Damon Hill, ficou em segundo.

Passaram-se quinze dias e a F-1 foi a Aida, Japão, para a disputa do GP do Pacífico. Na pista, que recebia pela primeira vez a categoria Senna conquistou mais uma pole. O brasileiro teria mais uma vez Michael Schumacher a seu lado no grid.

A corrida de Senna, contudo, acabou logo na largada: Ayrton foi atingido pela McLaren do então inexperiente Mika Hakkinen; Nicola Larini, da Ferrari, também foi envolvido no acidente. Longe das confusões, Schumacher venceu mais uma prova, fazendo 20 (pontos) a 0 no placar.

A pressão sobre Senna crescia muito. Afinal, Schumacher tinha uma boa vantagem e a Williams tinha um carro tido como imbatível por todos. O fato verdadeiro é que, com a proibição dos dispositivos eletrônicos, a equipe ainda procurava um acerto ideal para voltar a ter a supremacia dos anos anteriores. Senna reclamava da instabilidade do carro que, segundo ele, estava difícil de guiar. A Williams prometeu algumas mudanças no modelo, mas Senna não teve tempo de presenciá-las.

O GP de San Marino de 1994 foi o pior de todos os tempos na Fórmula 1. Na sexta-feira, Rubens Barrichello bateu forte e teve escoriações no nariz, ficando impedido de correr. A segurança da pista já era discutida quando, no treino classificatório de sábado, morreu o austríaco Roland Ratzenberger.

No domingo Ayrton parecia triste, abatido e desmotivado. Alguns dizem que ele não queria correr. Outros, que Senna havia previsto sua morte. Mas a bandeira da Áustria, com a qual ele homenagearia Roland Ratzenberger caso vencesse aquela corrida, mostra que, até o fim, ele queria a vitória.

Mas foi uma vitória que não veio naquele 1º de maio de 1994.

O laudo do hospital Maggiore, em Bolonha, veio implacável, inapelável: Ayrton Senna da Silva, 34 anos, brasileiro, piloto de corridas, morreu.

E os brasileiros nunca mais tiveram um piloto à altura para amar e idolatrar. Nunca mais houve outro Ayrton Senna da Silva!

Fonte: br.geocities.com/www.abrali.com/www.andriellamensagens.hpg.ig.com.br/www.lochasracing.hpg.ig.com.br

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