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Antonio Manuel Lima Dias, nascido em 1944 em Campina Grande, Paraiba (Brasil).
Até 1957 passa a infância em diversas localidades do alto sertão e da costa de Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
Aprende as técnicas elementares do desenho com o avô e as põe em prática desenhando alguns primeiros trabalhos, entre eles o rótulo para uma aguardente-de-cana da região.
1958/59 estuda em regime de internato no Rio de Janeiro. Com 15 anos começa a trabalhar como desenhista de arquitetura e gráfico. Estuda sob orientação de Oswaldo Goeldi no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes. Passa a fazer ilustrações e desenhar capas de livros, entre outros para obras de Bertolt Brecht, Clarice Lispector, Gregory Rabassa e Eduardo Portella. 1964: a sua segunda exposição individual na Galeria Relêvo, no Rio de Janeiro, é apresentada por Pierre Restany.
1965: primeira exposição individual na Europa na Galerie Houston-Brown, em Paris. É vencedor do prêmio da exposição Jovem Desenho Brasileiro do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, assim como do prêmio de pintura da Bienal de Paris. Recebe bolsa do governo francês. Reside até 1968 em Paris, depois transfere-se para Milão, onde mantém um atelier até hoje. Trabalhos adquiridos para a coleção do Museum of Modern Art, Nova lorque.
1971 participa da 6th International Exhibition do Guggenheim Museum, Nova lorque. Edita um disco (Record: The Space Between) e inicia uma série de filmes em super 8 intitulada The Illustration of Art. Em 1972, uma bolsa da Simon Guggenheim Foundation lhe possibilita residir e trabalhar durante um ano em Nova lorque. Recebe o prêmio da International Exhibition of Original Drawing em Rijeka, na Croácia (antiga Yugoslávia).
1977: viagens para a Índia e o Nepal. Em Barabishe-Tatopani, um campo de trabalho nas imediações da fronteira entre o Tibet e o Nepal, Antonio Dias estuda as técnicas de produção artesanal de papel com as tribos Sherpa, Tamang e Newari. Com tapeceiros tibetanos aprende as técnicas de coloração vegetal. Publica a edição Tramas de xilografias em Kathmandu.
1978: retorno ao Brasil. Professor da Universidade Federal da Paraíba, para quem cria o Núcleo de Arte Contemporânea, um grupo de trabalho cuja proposta era a difusão da arte contemporânea, nacional e internacional, naquele Estado.
1980: convite para participar da Bienal de Veneza.
1981: retorno a Milão
1983: lançamento de uma publicação a respeito de seus trabalhos em papel com texto de Catherine Millet, assim como de uma monografia sobre pintura e trabalhos em papel, com textos de Sandro Spoecati e Helmut Friedel.
1984: em Munique, extensa individual de seus trabalhos na Städtische Galerie im Lenbaehhaus. É convidado pelo Museum of Modern Art, Nova lorque, a participar da mostra An International Survey ofrecent Painting and Sculpture, com a qual o museu celebra a sua reabertura.
1985: individual no Taipei Fine Arts Museum em Taiwan, assim como participação na retrospectiva A Generation in Italian Art, apresentada em diversos museus da Finlândia. 1986: participa da Prospect 86 na Kunstverein de Frankfurt.
Em 1988 é bolsista do DAAD e reside em Berlim durante um ano. Neste período, a Staatliche Kunsthalle desta cidade promove uma exposição retrospeciva dos seus trabalhos em papel dos últimos dez anos.
Em 1989 muda-se para Colônia, onde reside até hoje, com eventuais estadias em Milão.
1990: participa da mostra Geqenwart / Ewiqkeít no Martin-Gropius-Bau em Berlim.
1992: é convidado a participar da Bilderwelt Brasilien na Kunsthaus de Zürich e da Latin American Artists in the Twentieth Century no Museum Ludwig em Colônia e no Museum of Modern Art, Nova lorque. Professor da Sommerakademie für bildende Kunst em Salzburgo e, em 1993, da Staatliche Akademie der bildenden Künste em Karlsrube.
Antônio Dias – Biografia
Antônio Dias
Antonio Manuel Lima Dias (Campina Grande PB 1944).
Pintor, desenhista, artista intermídia, gravador.
Aprende as técnicas elementares do desenho com o avô.
Em 1959, no Rio de Janeiro, começa a trabalhar como desenhista de arquitetura e gráfico.
Estuda sob a orientação de Oswaldo Goeldi no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes e ilustra capas de livros. Em 1964 sua exposição individual, na Galeria Relevo, é apresentada pelo crítico francês Pierre Restany.
No ano seguinte é premiado na Bienal de Paris e participa da mostra Opinião 65. Recebe bolsa do governo francês e reside até 1968 em Paris, transferindo-se para Milão, onde mantém ateliê. Em 1971, edita o disco Record: The Space Between e inicia uma série de filmes em super-8 intitulada The Illustration of Art. Em 1972 recebe bolsa da Simon Guggenheim Foundation para trabalhar em Nova York. Viaja para Índia e Nepal, onde estuda as técnicas de produção artesanal de papel e de coloração vegetal em 1977.
Publica em Katmanduo o álbum Tramas, de xilografias. Em 1978 retorna ao Brasil e é professor da Universidade Federal da Paraíba, onde cria o Núcleo de Arte Contemporânea.
Em 1988 reside em Berlim como bolsista do Daad (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico). Em 1992 torna-se professor da Sommerakademie für Bildende Kunst, em Salzburgo, Áustria, e no ano seguinte da Staatliche Akademie der Bildenden Künste, em Karlsruhe, Alemanha.
O despertar de um artista
Antônio Dias nasceu em Campina Grande (PB) em 1944. As circunstâncias da vida nordestina, rigorosa e incerta, fizeram dele e de sua família um grupo de nômades, pois os primeiros anos de sua vida se passaram vagando de uma cidade para outra, no sertão alagoano, na orla marítima e também nos Estados de Alagoas e Pernambuco.
Aprendeu os primeiros traços de desenho com seu avô e, criança ainda, conseguiu dar sentido prático à arte, para ganhar uns trocados, chegando a desenhar rótulos para bebidas.
Aos 14 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro,buscando internação numa escola de ensino elementar e já no ano seguinte arrumou seu primeiro serviço como desenhista, ao mesmo tempo em que participava do Ateliê Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes.
Em 1962, participava de sua primeira exposição no Salão Nacional de Arte Moderna, ainda com trabalhos bem comportados, seguindo fielmente as tendências do modernismo na época. Não duraria muito tempo essa submissão.
Nasce um rebelde
As portas lhe foram abertas por inteiro ao participar do 20º Salão Paranaense de Artes Plásticas, em que não só foi contemplado com a medalha de ouro, como com o prêmio de aquisição de desenho. Assim, a honraria veio acompanhada de dinheiro que chegou em boa hora.
Mas o mais importante mesmo, foi o contato com a juventude: «Larguei tudo e parti para conhecer gente de minha idade. Até então, eu só havia andado com gente mais velha do que eu – era um contido.»
A geração de jovens dos anos sessenta era privilegiada por viver momentos significativos da vida nacional, mas, ao mesmo tempo, tinha de viver momentos de perplexidade entre os ideais que levava consigo e os conceitos impostos como o políticamente correto.
Tal dualidade de pensamentos atingiu em cheio o artista, que começou a pintar o homem em raio-x: eram visceras, o ser humano ferido, a contradição entre a justiça e a força, levando suas ferramentas de trabalho a um engajamento político total.
Essa visão política da arte vem acompanhando-o através dos tempos: «Sentia-me preso e descobri, de repente, que milhares de jovens lutavam para a libertação, lutavam por fazer alguma coisa que fosse resultante de suas idéias e de suas relações com o mundo.»
Pelos caminhos da vida
Sem o desejar, e sem que isso estivesse planejado, Antônio Dias tornou-se um lider e um parâmetro aos jovens artistas de seu tempo. Mas a situação política brasileira vinha, ano-a-ano, tornando-se mais tensa e, em 1967, mudou-se para París, onde estivera pela primeira vez, dois anos atrás, participando de exposição.
Politicamente, París não vivia, também, tempos de paz e tranqüilidade. Após uma série de conflitos estudantis, mantidos sob controle, estourou a revolta maior dos estudantes, no Quartier Latin, que durou várias semanas e chegou a por em xeque a 5ª República francesa.
O pintor mudou-se, então para a Itália, montando seu ateliê em Milão, onde residiu por vinte anos. Finalmente, em 1988, transferiu-se para Colônia, na Alemanha, onde reside até hoje.
Antônio Dias foi um dos raros artistas de vanguarda que, praticando uma arte de contestação, se arriscou em firmar âncoras na Europa, e se deu bem com isso.
Pintura sem limites
A arte de Antônio Dias é um desafio permanente ao convencional. Seus quadros não obedecem às regras elementares das duas dimensões. Em alguns deles figuram como medidas a altura, o comprimento e também a profundidade.
Na maioria das obras, o artista apela para a tridimensionalidade, usando gesso, colagem e todos os recursos ao alcance das mãos. A técnica mista – uma expressão generalizada que por si não significa nada – em suas mãos, ganha uma diversidade que chega ao paroxismo: relevo em massa, colagem sobre tecido, óxido de ferro, grafite, pigmentos de toda natureza, que se misturam e se combinam. O importante é jamais ser igual, o essencial é mudar a todo instante.
A experiência é a sua própria alma: participou de filmes, gravou disco, foi à Índia, ao Tibet e ao Nepal para aprender coisas diferentes, como a produção de papel artesanal ou a preparação de pigmentos através de vegetais. Mergulhou, enfim, em procedimentos milenares escondidos no mais profundo dos mistérios da Ásia.
Tudo isso valeu-lhe o reconhecimento mundial, com o nome mencionado e as obras incluídas no acervo dos principais museus de arte contemporânea no mundo. Em Colônia, Alemanha, ele reside com sua esposa, a cantora lírica ítalo-brasileira Lica Secato.
Se toda sua obra não fosse o bastante, Antônio Dias tem importância na arte contemporânea por haver participado e, involuntariamente, liderado uma revolução nas artes plásticas, invertendo a rotação da terra e sacudindo, como um terremoto, os valores tradicionalmente aceitos.
Pinturas
Fonte: www.museuvirtual.com.br/www.itaucultural.org.br/www.pitoresco.com/www.colegiosaofrancisco.com.br
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