Anita Catarina Malfatti – 1889 – 1964
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Anita Catarina Malfatti é anunciada como a primeira artista brasileira a introduzir formas de europeus e americanos do Modernismo para o Brasil.
Anita Catarina Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 1889, filha de pai italiano e mãe norte-americana, que foi ela quem foi sua primeira professora de pintura.
Com a ajuda de um tio e padrinho, Anita pôde viajar para a Europa e Estados Unidos, desenvolvendo sua técnica pictórica de acordo com as tendências contemporâneas, principalmente cubistas e expressionistas.
Anita Catarina Malfatti – O Farol
Sua primeira mostra individual no Brasil acontece em 1914, com pouca repercussão, e a segunda em 1917, em que é duramente criticada pelo escritor Monteiro Lobato.
Apesar de sua defesa pelos futuros modernistas, principalmente Oswald de Andrade, ela preferiu dedicar-se, nos anos seguintes, ao estudo da pintura acadêmica.
Convidada pelos modernistas, participa da Semana de 22. A nova exposição lhe garante uma bolsa de estudos, e ela muda-se para Paris, de onde só voltaria em 1928 para dedicar-se ao ensino da pintura no curso normal.
Anita Catarina Malfatti – A boba
Anita Catarina Malfatti – Boba
Da década de 1930 em diante, além da atividade docente ( professora ), a artista estaria engajada nos movimentos de classe dos artistas plásticos, ajudando a fundar a SPAM (Sociedade Pró-Arte Moderna), e se tornando a presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos.
Suas mostras individuais, de 1937 e 1939, chamam a atenção pelo ecletismo do estilo, que revela influências primitivistas, acadêmicas e modernistas, desconcertando críticos e colegas.
Nas décadas seguintes, participaria de várias mostras comemorativas e homenagens, obtendo reconhecimento inquestionável dentro do panorama artístico brasileiro.
Após a morte da mãe, retira-se para uma chácara em Diadema, dedicando-se menos à pintura.
Sua ausência nada contribui com o seu esquecimento: a artista seria sempre lembrada, inclusive com uma sala especial na VII Bienal de São Paulo, em 1963.
Anita Malfatti falece em 6 de novembro de 1964, deixando aos nossos olhos e corações o orgulho por ela ter existido.
Anita Catarina Malfatti – Biografia
Anita Catarina Malfatti
Anita Catarina Malfatti nasceu em 1889 na cidade de São Paulo e cresceu com a cidade progredindo a sua volta, vendo São Paulo ‘antigo’ tornar-se uma metrópole.
Filha de mãe norte-americana e pai italiano foi à Itália com três anos para uma intervenção cirúrgica no braço e na mão direitos, atrofiados congenitamente e voltou ao Brasil após longa e difícil adaptação em 1894, praticamente sem melhoras. Anita não pode se livrar da atrofia então adestraria mais tarde a mão esquerda.
Formou-se em 1908 pelo Mackenzie, e começou a lecionar, ajudando a mãe, que quando tornou-se viúva, passou a dar aulas de idiomas e pinturas.
A fim de estudar pintura, embarcou para a Alemanha, em 1910 ingressava no atelier Fritz Burger e no ano seguinte matriculava-se na Academia Real de Belas Artes, em Berlim.
Anita Catarina Malfatti – As margaridas de Mario
Na adolescência procurava seu caminho, dirigia seu interesse para a arte, queria saber se “tinha ou não talento”, de inicio pensou na poesia, mas esse se revelou ser “na cor e na pintura”.
Anita vinha de uma família de engenheiros e construtores, que desenhavam frequente4mente, por conseguinte acostumou-se cedo ao lápis, ao nanquim, e mesmo ao óleo. A primeira tela de Anita retrata a cabeça de um velho com uma enxada no ombro, em cores terrosas mais ou menos entre 1909 e 1910.
Anita Catarina Malfatti – Obra
Em 1912 teve a revelação da arte moderna através das originais de Cezane, Gauguin, Van Gogh, Matisse e Picasso, e seria a primeira artista brasileira a perceber e absorver a nova arte, trazendo-a para o Brasil. Na Europa a revolução no campo da arte vinha de longa data e Malfatti viveu nesse meio até 1914, justamente o período de amadurecimento do expressionismo.
Quando chegou a Europa Anita viu “pela primeira vez a pintura”, ao visitar os museus ficou ‘tonta’, e não se atrevia a pintar, desenhou seis meses “dia e noite”. passou a se encaminhar intuitivamente para formas mais atualizadas de pintura, assim a mais marcante manifestação de 1912 a atingiu, a grande retrospectiva da arte moderna em Colônia, e no verão de 1912 começou sua procura dentro da arte moderna.
Anita Catarina Malfatti – Obra
Regressou em 1914 ao Brasil, realizando sua primeira exposição individual em 23 de maio, mostrou uma linguagem nova ainda em formação. No fim desse ano viajou para os Estados Unidos em busca de aprimoração de sua técnica, ingressou em uma academia para continuar os estudos, mas se desapontou como método, até que encontrou um filosofo incompreendido e que deixava os outros pintar à vontade, Anita Malfatti vivia encantada “com a vida e com a pintura”. O ano de 1916/17 teve um marasmo no meio artístico, as ocasiões para expor eram raras, mas quando apareceram, Malfatti delas participou.
Em 1917 participa do Salão Nacional de Belas Artes e de uma exposição organizada por Di Cavalcanti, que a princípio foi bem recebida, mas Anita sentiu-se atingida pelo ataque de Monteiro Lobato, efetuando assim em 1919 um recuo estático, que demonstra sua insegurança. Nesse período de depressão, de3 1918 a 1921 aproximadamente, sua pintura mostra grandes modificações, a partir até da temática, se interessa por natureza morta, o que chega a ser um ‘nacionalismo’ tipo ‘caipira’.
Anita era uma das expositoras da mostra realizada no Teatro Municipal de São Paulo como integrante da Semana da Arte Moderna em fevereiro de 1922 e no mesmo ano, em junho, passou a integrar o grupo dos cinco.
Outra vez seguiu para a Europa em 1923, freqüentando cursos livres de artes, academias e ateliês. Sua procura por uma arte moderna sem excessos não agradou aos modernistas brasileiros que aos poucos foram se afastando da pintora, que com ou sem dúvidas, não deixou de trabalhar com a cor. Essa fase de procura – 1926 e 1927- Anita se apresentou sistematicamente a critica, nos salões e em uma individual. No ano de 1929 declarava à imprensa ter resolvido fazer sua exposição mais completa, com obras anteriores e recentes reunidas.
Foi um dos 39 membros fundadores da SPAM e organizou o carnaval na cidade de SPAM em 16 de fevereiro de 1933. Em 1935 e 1937, realizou duas individuais onde o problema da procura de compradores continuava subjacente, a de 35 tinha um catálogo cuidado com a relação de obras expostas, o que foi raro em sua carreira.
A individual de 1945 mostra bem os temas que interessavam a Anita Malfatti nos anos 40: retratos e flores, paisagens e cenas populares. A primeira retrospectiva de Anita ganha lugar no Museu de Arte de São Paulo em 1949 e em 1951 participa do I Salão Paulista de Arte Moderna e da I Bienal da São Paulo.
A mãe de Anita falecera e isso a levou e se desligar do meio artístico, porém em abril de 1955 apresentou, numa individual no Museu de Arte de São Paulo, sua produção recente, desses anos de retiro, e fazia questão de reafirmar que agora “faz pura e simplesmente arte popular brasileira”.
Anita Malfatti faleceu a seis de novembro de 1964, após ter recebido, no ano anterior, uma exposição na Casa do Artista Plástico e uma sala especial na II Bienal de São Paulo.
Anita Catarina Malfatti – Vida
Anita Catarina Malfatti (São Paulo SP 1889 – idem 1964).
Pintora, gravadora, desenhista.
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866-1952).
Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar.
No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867-1927), Lovis Corinth (1858-1925) e Ernst Bischoff-Culm.
Nesse período também dedica-se ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Bridgman, Dimitri Romanoffsky (s.d.-1971) e Dodge, na Art Students League, e com Homer Boss (1882-1956), na Independent School of Art.
Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida, quando em uma exposição protagonizada pela artista – em que também expunham artistas norte-americanos – recebe críticas ferrenhas de Monteiro Lobato (1882-1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação?
Em sua defesa, Oswald de Andrade publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio.
Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856-1942) e com Georg Elpons (1865-1939) exercita-se no modelo nu.
Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, Entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886-1973), Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti Del Pichia (1892-1988), o Grupo dos Cinco.
No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde cursa desenho e mantém contatos com Fernand Léger (1881-1955), Henri Matisse (1869-1954) e Fujita.
Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê.
Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna – SPAM, a Família Artística Paulista e participa do Salão Revolucionário.
A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp.
Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo
Anita Catarina Malfatti – 1889 – 1964
Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo no final do século XIX, mais precisamente no dia 2 de dezembro do ano de 1889.
A república ainda estava no berço e Papai Noel preparava sua viagem de trenó, vindo do Pólo Norte.
A menina viveu sem grandes problemas financeiros até o final da adolescência, quando morreu o seu pai italiano. A mãe, americana, mulher culta e dedicada a pintura, foi responsável pela sua educação e passou a trabalhar nessa ocasião. Anita começou a dar aulas para ajudar no orçamento. Apesar dessas ligeiras dificuldades, conseguiu ir para a Alemanha estudar arte, presente de um tio e do seu padrinho. Teve contato com grandes nomes da pintura e depois seguiu para os Estados Unidos.
Fazia sucesso e era reconhecida no exterior quando resolveu voltar para o Brasil. Fez uma primeira exposição e já era bastante conhecida quando preparou a segunda, em 1917, que a tornou imediatamente famosa. Mas não foi da maneira como desejava.
Paisagens com grande força envolvente – Anita Malfatti
A exposição de 1917 recebeu uma crítica violenta de Monteiro Lobato, nome extremamente prestigiado já naquela época. Monteiro Lobato goza da fama de homem amoroso, contador de histórias e criador de muitos personagens infantis como o Visconde da Sabugosa, Emília, Dona Benta e toda aquela galera que faz do Sítio do Pica-Pau Amarelo uma delícia para adultos e crianças. É merecedor dessa fama, mas foi também um crítico violento, destemperado e um cronista mordaz, com fortes preconceitos. Lobato nem sequer foi a exposição de Anita, mas disparou contra o modernismo e descarregou em cima da 3 toda a violência de suas palavras.
Durante o seu período no exterior, ela havia quebrado as amarras com as normas vigentes da pintura clássica e abandonado os cânones tradicionais, pintando com liberdade de pensamento e sentimento.
Na exposição de 1917, Anita mostrou toda a influencia do cubismo e da modernidade trazida da Europa e Estados Unidos. Foi disso que Lobato não gostou.
O Homem Amarelo
Retrato de Mário de Andrade – competência com os pinceis
A crítica de Monteiro Lobato foi uma coisa pessoal do autor contra o grupo modernista e Anita foi usada nesse processo. O artigo foi preconceituoso, irracional e irresponsável, mas o prestígio do escritor era muito grande e Anita saiu machucada e seriamente ferida do episódio. Afastou-se da arte por um tempo e só aos poucos voltou a estudar a pintura clássica. Uma viagem a Paris ajudou-a a recuperar-se e acabou participando da Semana de Arte Moderna de 1922. Apesar dessa recuperação aparente, a crítica de Lobato foi extremamente destruidora para Anita e a colocou em profunda depressão, acentuando uma insegurança que lhe acompanharia por toda a vida. Reprovável o que fez o escritor possivelmente em busca de público e a procura de uma polêmica que chamasse a atenção dos leitores.
Esse tipo de comportamento não é absolutamente raro e temos visto críticos e curadores dispostos a destruir uma carreira arrasando um 3 iniciante com sutileza de uma motoniveladora. Talvez sintam necessidade de mostrar o poder de suas palavras ou a força de sua opinião. Vaidade? Arrogância? Idiotice? Seja o que for, esse tipo de crítica violenta e radical pode ser extremamente prejudicial sem contribuir com nada. Trata-se então de ser bonzinho e aceitar qualquer coisa?
Claro que não, mas nenhum de nós é dono da verdade e temos o direito de concordar ou discordar, mas nunca de classificar um 3 como “paranóico” ou como “furúnculo da cultura” e seu trabalho como “produto do cansaço e da decadência”. Era a luta de um peso pesado contra uma jovem insegura e inexperiente. O efeito foi arrasador.
Paisagens – cenários que parecem conter o observador
Como o mundo dá muitas voltas e gira mais rápido do que se pensa, Anita rapidamente tornou-se uma das mais importantes 3s do cenário brasileiro e a semana de 22 transformou-se em um marco da história da arte em nosso país. Em contrapartida, as palavras de Lobato soam hoje como despropositais e ingênuas.
Aqueles que ele chamou de idiotas acabaram atravessando o tempo de forma vitoriosa; todos aqueles conceitos inovadores dos quais Lobato não gostava, ocuparam o seu lugar na arte brasileira. Pertence àquele tempo o que ainda hoje é o mais valioso quadro brasileiro, o Abaporu, arrematado por um milhão e meio de dólares em 1996. O quadro, de Tarsila do Amaral, deu início ao movimento antropofágico e tinha, na intenção do trabalho, exatamente o que mostrava Anita Malfatti, o desejo de questionar a arte tradicional, as cores e proporções instituídas, os cânones estabelecidos.
Abaporu, de Tarsila do Amaral e o retrato de Tarsila feito por Anita – US$ 1.500.000,00
A arte de Anita Malfatti pode parecer bem inserida no contexto do nosso tempo, mas já foi revolucionária, mesmo em um momento onde muitas revoluções artísticas estavam acontecendo simultaneamente. O cubismo, de Picasso e seus muitos parceiros, é apenas um exemplo. O movimento antropofágico, que visava desmoralizar as proporções clássicas da pintura tradicional, o futurismo, surrealismo, tudo isso e muito mais, provocou o que talvez tenha sido o período mais revolucionário da arte em todo o mundo. Anita aderiu a esse movimento de mudança. Lobato antepôs-se a ele e vez valer a força das suas palavras de hábil escritor. Mas não pode, obviamente, parar o tempo e se pudesse observar o mundo como ele é hoje, ficaria surpreso como as suas palavras soam preconceituosas e despropositais.
Um nu feminino de 1917 no estilo cubista e um nu masculino em carvão – mudanças na arte
O talento de Anita é indiscutível e o próprio Lobato reconhecia. As suas paisagens transmitem um grande vigor de sentimento. Você sente-se na cena e percebe como a 3 amava aquilo. Os retratos são igualmente emotivos. Pinta-se uma pessoa com sentimentos e a forma como tudo isso é percebido pela dona dos pinceis.
O retrato de Tarsila e de Lalive, rivalizam na interpretação de uma pessoa. Tarcila, amiga de Anita ao longo da maior parte da vida, é pintada com uma meiguice e um carinho que quase pulam da tela. A 3 era hábil no manejo do óleo sobre tela, pastel, carvão e outras técnicas que usou em várias ocasiões. Em matéria de arte é difícil classificar quem pinta bem ou mal porque esse terreno é grandemente mutável e interpreta-se as coisas de diferentes maneira, mas certamente Anita Malfatti está entre as grandes pintoras nascidas nesse país. E mais certamente ainda, entre as mais revolucionárias na história de nossa arte. Monteiro Lobato que o diga!
Vaso com flores e o retrato de Lalive, respectivamente usando a técnica do pastel e óleo sobre tela – perfeição
De certa maneira, Anita é tremendamente injustiçada pela história. Você encontrará enorme dificuldade para achar informações e imagens da autora que não estejam dentro do contexto da Semana de Arte Moderna de 1922 e da exposição de 1917. Pouco se fala fora desses dois fatos e na verdade a 3 exerceu um trabalho de peso ao longo de muitos anos, fazendo parte das forças ativas que moveram a arte brasileira na primeira metade do século XX. Nascida no ano da República, Anita morreu em 1964, ano de outra revolução. O Império morreu sem disparar um tiro e o governo revolucionário instalou-se de arma na mão sem precisar gastar muitas balas. Será esse um traço brasileiro? Entre esses dois pontos marcantes de nossa história Anita Cristina Malfatti escreveu o seu nome de maneira indelével na história da arte brasileira.
Fonte: geocities.com/ www.portalartes.com.br/www.pinturabrasileira.com/www.itaucultural.org.br/www.usp.br
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