Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu – Vida

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1839-1860

Casimiro José Marques de Abreu nasceu na freguesia do Rio São João, no Estado do Rio de Janeiro, em 4 de janeiro de 1839.

Filho de pai português e mãe brasileira, fisicamente débil e de vida completamente desregrada, contraiu tuberculose pulmonar, como a maioria dos poetas de sua época, e morreu aos 21 anos de idade.

Passou a infância na casa materna, Fazenda da Prata, em Correntezas. Recebeu apenas instrução primária, estudando dos 11 aos 13 anos no Instituto Freeze, em Nova Friburgo (1849-1852), onde foi colega de Pedro Luís, seu grande amigo para o resto da vida.

Quando Casimiro de Abreu começou a demonstrar sua debilidade, seu pai, receando pela saúde do filho, obrigou-o a trabalhar no comércio desde cedo e impossibilitou-o completar os estudos, proibindo-o fazer o curso superior. Para o pai de Casimiro a idéia do homem trabalhador caminhava de braços dados com a saúde e a vitalidade, não com o ócio e os estudos.

Durante toda a sua curta existência teve sempre atritos com seu pai — homem que idolatrava o trabalho duro, e que não aceitava a veia poética e não compreendia a maneira do filho levar a vida.

Porém, foi às custas do pai que Casimiro de Abreu fez uma viagem a Portugal e lá encenou, no Teatro D. Fernando, sua peça em verso, “Camões e Jaú”, escrita aos 15 anos de idade e publicada após a apresentação. O pai de Casimiro, enganado pelo filho, o mandara para Portugal afim de que ele lá completasse seus conhecimentos na prática comercial.

Com apenas dezessete anos, e completamente só em Portugal, Casimiro colaborava na imprensa portuguesa, ao lado de Alexandre Herculano, Rebelo da Silva e outros.

Não escrevia só poemas, o jornal O Progresso imprimiu o folhetim Carolina, e na revista Ilustração Luso-Brasileira saíram os primeiros capítulos de Camila, recriação ficcional de uma visita que o autor fez ao Minho, terra de seu pai.

Foi também o pai de Casimiro, conforme carta do poeta a um amigo, quem pagou a publicação de “As primaveras”, livro editado e publicado no Rio de Janeiro em 1859.

A estadia de 4 anos em Portugal teve uma importância fundamental na vida de Casimiro de Abreu, o poeta deixa a marca dessa estadia em numerosas reminiscências em quase todos os seus poemas.

Em virtude de sua pouca instrução e de sua pouca idade, a poética de Casimiro de Abreu é muito limitada, talvez por isso sua obra poética não tenha profundidade filosófica, e talvez pelo mesmo motivo, a impressão que dela resulta é a de estarmos em frente a um poeta extremamente simples, ingênuo e espontâneo, chegando, às vezes, a parecer infantil.

Logo depois da edição de seu único livro de poemas, “As primaveras”, o velho pai português de Casimiro, então gravemente enfermo, chamou o filho à terra natal para uma última e eterna reconciliação, pois faleceu a 17 de abril de 1859, logo após ter dado termo a vontade de reconciliar-se com o filho.

No mesmo ano Casimiro ficara noivo de Joaquina Alvarenga da Silva Peixoto.

Em julho, segue para Nova Friburgo para tentar a cura da tuberculose que o acometera.

Casimiro de Abreu morreu de tuberculose a 18 de outubro de 1860, na Fazenda de Indaiaçu, com 21 anos de idade.

Foi enterrado no dia seguinte, no cemitério da Barra de São João.

A doença que matou Casimiro de Abreu foi um mal que ceifou a vida de muitos poetas românticos no Brasil, que sofriam basicamente de duas coisas: tédio e tuberculose.

Entre os que foram vítimas deste mal estão: Castro Alves, Álvares de Azevedo e o próprio Casimiro de Abreu, ou seja, a fina flor da literatura, que ainda não desabrochara totalmente.

Casimiro de Abreu foi o que de forma mais contundente representou sua época, carregava com ele todos os males em voga naqueles dias. Era vítima de um tédio comparável ao de Baudelaire, vivia a sonhar com as orgias venezianas de Byron, tinha uma inspiração tão assustadoramente macabra como a de Poe e morreu tísico feito Chopin.

Essa famosa “causa mortis” de século e meio atrás, que é ainda comentada devido às ilustres vítimas que fazia, e ao qual os franceses chamavam “ennui”, os ingleses “spleen”, e que para nós era simplesmente o tédio, podia ser representada em seu sentido mais abrangente na figura de Casimiro de Abreu.

Casimiro de Abreu é um exemplo para tal questão. Como poucos ele travou uma batalha com seu tempo, uma luta contra o tédio que engrossava o ar de sua época, formando um bruma espessa e mortal.

E foi contra essa bruma sufocante de tédio que, segundo as palavras de Antonio Callado, representava a angústia dos “artistas criadores em geral da Europa mas também das Américas” que os fazia travar combate “contra esse inimigo terrível porque mal definido e dele se defendiam com os remédios que encontravam nas adegas e farmácias da época: vinho e as mais variadas aguardentes, além do absinto, do ópio, do haxixe, mais tarde da cocaína, e tudo mais que produzisse visões como as de Poe e iluminações como as de Rimbaud.”

“Os ingleses, sempre buscando apoio no racional, fixaram o tédio no baço, ‘spleen’, onde ferveriam os negros humores da melancolia, do cansaço da vida, do pior dos desesperos, que é aquele sem causa aparente.”

“O poeta francês Charles Baudelaire, de tão guloso que era de qualquer forma de tédio, em qualquer língua, reuniu poemas seus numa seleção intitulada ‘Le Spleen de Paris’. Baudelaire, como se sabe, de tanto se comportar mal e chocar a burguesia, acabou processado e condenado a pagar multa ao Estado¹”. Foi através da bruma que este mal imprimia à vida dos literatos brasileiros de século e meio passado que Casimiro viveu sua curta passagem pelas terras e literaturas portuguesas e brasileiras. 1. Callado, Antonio, Folha de S.Paulo de 16.04 94, Ilustrada, pág. 5-8.

Casimiro de Abreu – Poeta

Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu

Casimiro José Marques de Abreu nasceu e morreu em Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro.

Filho de um imigrante português enriquecido às custas do comércio, Casimiro de Abreu estudou em Nova Friburgo e depois foi para Lisboa, contra a própria vontade, estudar comércio. Em Lisboa entrou em contato com o meio intelectual, mas logo adoeceu e retornou ao Brasil, onde iniciou sua produção literária.

Escreveu para alguns jornais e graças a essa tarefa conheceu Machado de Assis.

Em 18 de outubro de 1860, quando tinha apenas 21 anos, faleceu vítima de tuberculose.

A poesia de Casimiro de Abreu é marcada por dois traços fundamentais: o pessimismo decorrente do mal-do-século e o saudosismo nacionalista, que se revela na melancolia produzida pela saudade da terra natal e da infância.

Graças a um lirismo já gasto, às rimas repetitivas e a uma linguagem simples, Casimiro de Abreu transformou-se em um dos poetas mais populares do Romantismo brasileiro. De toda a sua produção poética, que está reunida na obra “As Primaveras” (1859), destaca-se o poema “Meus oito anos”.

Casimiro de Abreu – Poeta brasileiro

 

Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu

Publicou em vida um único livro, As primaveras (1859), que teve enorme aceitação popular.

Casimiro de Abreu é o patrono da Cadeira n. 6 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Teixeira de Melo.

Os anseios da juventude e as saudades da infância, por um lado, e o prazer de um firme compromisso com sua terra natal, por outro, conjugaram-se com idêntico peso para fazer da obra de Casimiro de Abreu, precoce, curta e espontânea, uma das expressões mais legítimas da poesia do romantismo brasileiro.

Filho natural de um rico comerciante português e de uma fazendeira envolvidos num caso de amor tempestuoso, Casimiro José Marques de Abreu nasceu na fazenda da Prata, no atual município de Silva Jardim RJ, em 4 de janeiro de 1839. No prefácio de seu único livro publicado em vida, As primaveras (1859), o poeta apresentou-se como “pobre filho do sertão” e ainda como “filho dos trópicos” que deveria “escrever numa linguagem — propriamente sua — lânguida como ele, quente como o sol que o abrasa, grande e misteriosa como as suas matas seculares”.

Treinado em vão para suceder ao pai nos negócios, transferiu-se para o Rio de Janeiro e, ainda garoto, foi estudar em Portugal (1854). A formação acadêmica, no entanto, foi preterida pela vida de artista e uma entrega cada vez mais total à brasilidade nascente.

No prólogo da cena dramática Camões e o jaú, encenada em 1856 em Lisboa, Casimiro referiu-se, com saudade dos trópicos, ao “Portugal velho e caduco” que não lhe dizia mais muita coisa. Em Camila, fragmentos de um romance inacabado, “os ridículos desta sociedade enfatuada” foram trazidos à baila. Em A virgem loura, diz que foi obrigado, como poeta, a abraçar a vida comercial, “essa vida prosaica que absorve todas as faculdades num único pensamento, o dinheiro, e que, se não debilita o corpo, pelo menos enfraquece e mata a inteligência”.

No poema de circunstância “A Faustino Xavier de Novais”, ele demonstra não ter sido somente o cantor de uma ternura ingênua.

Imbuído do mais puro sarcasmo, aponta suas armas, nesse poema, contra os desvios sociais da época: “Venha a sátira mordente, / Brilhe viva a tua veia, / Já que a cidade está cheia / Desses eternos Manés: / Os barões andam às dúzias / Como os frades nos conventos, / Comendadores aos centos, / Viscondes — a pontapés. // (…) Pinta este Rio num quadro: / As letras falsas dum lado, / As discussões do Senado, / As quebras, os trambolhões, / Mascates roubando moças, / E lá no fundo da tela / Desenha a febre amarela, / Vida e morte aos cachações.”

Foram porém os versos líricos, de fatura em geral bem despojada, que garantiram, após a morte do poeta, o sucesso extraordinário que sua obra alcançou até meados do século XX. Versos que muitas vezes ganharam forma emblemática e entraram para a linguagem corrente, como o que diz que “Simpatia é quase amor”.

Ao regressar de Portugal, em 1857, Casimiro de Abreu fixou-se no Rio de Janeiro para continuar sua obra e trabalhar na firma do pai, mas logo foi vítima do mal dos românticos: a tuberculose.

Com exatos 21 anos, dez meses e 14 dias, faleceu na fazenda do Indaiaçu, no atual município de Casimiro de Abreu RJ, em 18 de outubro de 1860.

Em Lisboa, ele escrevera em 1857 uma “Canção do exílio” (“Meu lar”) em que partia da aceitação premonitória, “Se eu tenho de morrer na flor dos anos”, para a formulação de um desejo que se realizou plenamente: “Quero morrer cercado dos perfumes / Dum clima tropical.”

Obras de Casimiro de Abreu

Fora da Pátria, prosa, 1855
Minha Mãe, poesia, 1855
Rosa Murcha, poesia, 1855
Saudades, poesia, 1856
Suspiros, poesia, 1856
Camões e o Jau, teatro, 1856
Meus Oito Anos, poesia, 1857
Longe do Lar, prosa, 1858
Treze Cantos, poesia, 1858
Folha Negra, poesia, 1858
Primaveras, poesias, 1859

Casimiro de Abreu – Biografia

Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu

Nascimento: 4 de janeiro de 1839, Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro
Falecimento: 18 de outubro de 1860, Nova Friburgo, Rio de Janeiro
Nacionalidade: Brasileiro

Era filho natural do abastado comerciante e fazendeiro português José Joaquim Marques Abreu e de Luísa Joaquina das Neves.

O pai nunca residiu com a mãe de modo permanente, acentuando assim o caráter ilegal de uma origem que pode ter causado bastante humilhação ao poeta.

Passou a infância sobretudo na propriedade materna, Fazenda da Prata, em Correntezas.

Recebeu apenas instrução primária, estudando dos 11 aos 13 anos no Instituto Freeze, em Nova Friburgo (1849-1852), onde foi colega de Pedro Luís, seu grande amigo para o resto da vida.

Em 52 foi para o Rio de Janeiro praticar o comércio, atividade que lhe desagradava, e a que se submeteu por vontade do pai, com o qual viajou para Portugal no ano seguinte.

Em Lisboa iniciou a atividade literária, publicando um conto e escrevendo a maior parte de suas poesias, exaltando as belezas do Brasil e cantando, com inocente ternura e sensibilidade quase infantil, suas saudades do país. Lá compôs também o drama Camões e o Jau, representado no teatro D. Fernando (1856). Ele só tinha dezessete anos, e já colaborava na imprensa portuguesa, ao lado de Alexandre Herculano, Rebelo da Silva e outros. Não escrevia apenas versos. No mesmo ano de 1856, o jornal O Progresso imprimiu o folhetim Carolina, e na revista Ilustração Luso-Brasileira saíram os primeiros capítulos de Camila, recriação ficcional de uma visita ao Minho, terra de seu pai.

Em 1857, voltou ao Rio, onde continuou residindo a pretexto de continuar os estudos comerciais. Animava-se em festas carnavalescas e bailes e freqüentava as rodas literárias, nas quais era bem relacionado. Colaborou em A Marmota, O Espelho, Revista Popular e no jornal Correio Mercantil, de Francisco Otaviano.

Nesse jornal, trabalhavam dois moços igualmente brilhantes: o jornalista Manuel Antônio de Almeida e o revisor Machado de Assis, seus companheiros em rodas literárias. Publicou As primaveras em 1859. Em 60, morreu o pai, que sempre o amparou e custeou de bom grado as despesas da sua vida literária, apesar das queixas românticas feitas contra a imposição da carreira. A paixão absorvente que consagrou à poesia justifica a reação contra a visão limitada com que o velho Abreu procurava encaminhá-lo na vida prática.

Doente de tuberculose, buscou alívio no clima de Nova Friburgo. Sem obter melhora, recolhe-se à fazenda de Indaiaçu, em São João, onde veio a falecer, seis meses depois do pai, faltando três meses para completar vinte e dois anos.

Em As primaveras acham-se os temas prediletos do poeta e que o identificam como lírico-romântico: a nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza, a religiosidade ingênua, o pressentimento da morte, a exaltação da juventude, a devoção pela pátria e a idealização da mulher amada. A sua visão do mundo externo está condicionada estreitamente pelo universo do burguês brasileiro da época imperial, das chácaras e jardins. Trata de uma natureza onde se caça passarinho quando criança, onde se arma a rede para o devaneio ou se vai namorar quando rapaz.

À simplicidade da matéria poética corresponde amaneiramento paralelo da forma. Casimiro de Abreu desdenha o verso branco e o soneto, prefere a estrofe regular, que melhor transmite a cadência da inspiração “doce e meiga” e o ritmo mais cantante. Colocado entre os poetas da segunda geração romântica, expressa, através de um estilo espontâneo, emoções simples e ingênuas. Estão ausentes na sua poesia a surda paixão carnal de Junqueira Freire, ou os desejos irritados, macerados, do insone Álvares de Azevedo. Ele pôde sublimar em lânguida ternura a sensualidade robusta, embora quase sempre bem disfarçada, dos seus poemas essencialmente diurnos, nos quais não se sente a tensão das vigílias. No poema “Violeta” configura a teoria do amor romântico, segundo a qual devem ficar subentendidos os aspectos sensuais mais diretos, devendo, ao contrário, ser manifestado com o maior brilho e delicadeza possível o que for idealização de conduta. O meu livro negro, em toda a sua obra, é o único momento de amargura violenta e rebeldia mais acentuada; noutros o drama apenas se infiltra, menos compacto. Em sua poesia, talvez exagerada no sentimentalismo e repleta de amor pela natureza, pela mãe e pela irmã, as emoções se sucedem sem violência, envolvidas num misto de saudade e de tristeza.

Escreveu as seguintes obras:

Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu

Camões e o Jau, teatro (1856);
Carolina, romance (1856);
Camila, romance inacabado (1856);
A virgem loura Páginas do coração, prosa poética (1857);
As primaveras (1859).

Foram reunidas na Obras de Casimiro de Abreu, edição comemorativa do centenário do poeta; organização, apuração do texto, escorço biográfico e notas por Sousa da Silveira.

Fonte: www.speculum.art.br/br.geocities.com/www.mundocultural.com.br

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