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Em meio a muitas plantas e flores, havia uma linda casa cercada por um muro alto. Nela viviam um menino, de quatro anos de idade, seus pais e um gato angorá.
O gato, que se chamava Butano, dormia na sala, em uma cestinha de vime sobre almofadas de cetim. Seu pêlo fato e brilhante era de um colorido diferente: nas costas, dourado com amarelo-claro, no peito, uma mistura de marrom e vinho, sobre as patinhas um desenho amarelinho, da cor de ouro, em formato de coração. Seus grandes olhos eram da cor verde-limão, com um brilho tão profundo que pareciam entender as coisas do mundo.
Todas as manhãs o menino levava o gato para o jardim, junto ao muro, para que ele ouvisse o cachorro do vizinho latir. O gato, mais dormindo do que acordado, parecia nada perceber, mas o menino pedia: “Late, late.
Au…Au… Você pode latir”, dizia abrindo e fechando a boca do bichano tentando ensiná-lo a latir. E repetia:
“Au…Au…Au…faz!”O gato ouvia tudo pacientemente, mas não latia.
A mãe do menino, vendo aquilo, dizia: “Filho, gato mia. Cachorro é que late”. Ao que ele respondia:
“Esse gatinho tem que aprender a latir. Miado não espanta ladrão, só latido. “E continuava o treino ainda por muito tempo. “Late gatinho, late!”
Numa noite bastante fria, a família recolheu-se mais cedo. O gato aninhou-se nas almofadas e dormia profundamente, quando sentiu a presença de um estranho forçando a porta da frente. Saiu sorrateiro para ver o que era. Olhou através do vidro da janela e viu dois jovens tentando arrombar a porta.
Pensou: “Devem ser ladrões e só um latido os espantará. Mas não sei latir. E agora? Que farei? Vou arranhar a porta do menino para ele acordar”, pensou e assim fez. Porém o menino não acordou. Butano voltou nervoso para a sala. Os ladrões estavam quase entrando.
No desespero. Ele jogou um objeto no chão, fazendo barulho. De nada adiantou. Faltava pouco para os rapazes invadirem a casa. O gato, já arrepiado de medo, andava de um lado a outro sem saber como defender a família.
Num repente, lembrou-se de como o menino o ensinava a latir e tentou. Mas só saiu um chiado fraquinho, fraquinho. Não desanimou e tentou novamente. Veio outro chiado, agora um pouco melhor.
Após várias tentativas, conseguiu um esquisito latido. O barulho lá fora cessou por instantes e alguém falou:
– Você não disse que nesta casa não tem nenhum cão?
– Disse, ué! Aqui não tem cachorro!
– Mas eu ouvi um latido.
– Não, não foi latido. Aqui só tem um gato preguiçoso e gato não late. E continuaram forçando a porta.
Butano, mais animado com a preza chateado por Ter sido chamado de preguiçoso, tentou novamente, dessa vez com mais garra. Conseguiu um latido meio rouco:
“Au…Au…Au…”O barulho lá fora cessou. Outro latido, esse mais perfeito, e o gato subiu na janela para ver. Os dois ladrões olharam-se apavorados e correram em direção ao portão. Tropeçaram, caíram, levantaram rapidamente e pularam o muro se arranhando, pensando Ter um cão feroz atrás deles. Butano rolava de rir e latia mais e mais forte, até que eles sumiram na escuridão da rua.
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