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É AMIZADE, que vem de tempos velhos;
São vizinhos e nunca, em sua vida,
De canários, ou vida de coelhos,
Foi, de um desgosto a nuvem, pressentida.
A princípio era um – só um – canário,
Ou, antes, um casal, que, após, viera
A companheira, e o ninho solitário
Foi povoado em toda a primavera.
O ninho era no ângulo de um muro
Velho, arruinado, entre lençóis de grama,
E, ali na sombra, como um veio puro,
Do amor, brilhava a imperecível chama.
Pertinho havia um coelho, e, de vizinhos,
Foram amigos logo se tornando:
O coelho tinha esposa e mais filhinhos,
Todos de um gênio carinhoso e brando.
E entenderam-se logo às maravilhas.
Comiam juntos e, ao frugal repasto,
Uns falavam da terra, e campo, e trilhas;
Outros, do céu amplo, sereno e vasto…
Se um caçador, adivinhando a presa,
Vem cauteloso e acerca-se mansinho
nunca os pilha na toca de surpresa:
Previne o assalto a voz do passarinho.
De outra vez, se o alçapão traiçoeiro, aberto
Na sombra, as aves, sedutor, chamava,
Atento à história, um bom coelhito esperto,
Logo, o perigo aos pássaros mostrava.
Jamais uma disputa, uma querela;
Sempre a confiança mútua nos dois lares;
Uns e outros leais; vida singela,
E o instinto ou alma a rir nos seus olhares.
Auxiliam-se em mútuas diligências;
Previnem-se de sustos e receios;
E vão e vem, as leves confidências,
Em murmúrios sutis ou em gorjeios
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