Sinal | Utilização | Exemplos |
---|---|---|
Apóstrofo (‘) | assinala a supressão de um fonema, geralmente uma vogal (frequente em versos, em certas pronúncias populares ou em palavras compostas ligadas pela preposição de) | minh’alma, n’os Lusíadas, Sant’Ana, ‘tá bem, pão d’alho |
Cedilha (,) | coloca-se por baixo do c antes de a, o e u, para lhe atribuir o som s | força, terço, açúcar, caçar, maciço |
Hífen (-) | usa-se para ligar os elementos de palavras compostas por justaposição que mantêm a sua autonomia fonética; | finca-pé, alto-forno, guarda-redes |
usa-se para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixação; | além-mar, bem-fazer, vice-rei, supra-renal, couve-flor, pré-escolar | |
usa-se para ligar as formas monossilábicas do verbo haver e a preposição de; | hei-de, hás-de, hão-de | |
usa-se para ligar formas verbais a pronomes nas conjugações pronomiais e reflexas; | amam-se, visto-me, fazê-mo-lo | |
usa-se nos topónimos em que os dois elementos são ligados por um artigo; | Trás-os-Montes, Idanha-a-Nova | |
usa-se para indicar a partição da palavra em final de linha. | liga-/ção, ligam-/-se |
Sinais Gráficos – O que são
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É o conjunto de sinais gráficos que possui basicamente duas funções: representar, na língua escrita, as pausas e a entoação da língua falada, na tentativa de reconstituir o movimento vivo, recursos rítmicos e melódicos que a oralidade possui e dividir as partes do discurso que não têm entre si uma íntima relação sintática.
EMPREGO DOS SINAIS GRÁFICOS
VÍRGULA (,)
Emprega-se a vírgula nos seguintes casos:
1. para separar termos da mesma função sintática
Exemplos:
Pedro, João, Mateus e Tiago eram alguns dos apóstolos de Jesus. (Pedro, João, Mateus e Tiago exercem a mesma função sintática nessa oração, ou seja, a de sujeito.)
Ana vendeu um sofá, duas poltronas, uma estante e uma mesinha. (sofá, poltronas, estante e mesinha funcionam, aqui, como objetos diretos da oração.)
Observações: Quando as conjunções “e”, “ou” e “nem” vierem repetidas numa enumeração, dando ênfase ao que se diz, costuma-se separar os termos coordenados.
Exemplos:
Abrem-se lírios, e jasmins, e rosas, e cravos… Ou você presta atenção à aula, ou você conversa, ou você sai da sala. Nem eu, nem tu, nem qualquer outra pessoa resolverá este caso.
Quando se usa a conjunção “ou” para indicar equivalência entre dois termos, pode-se ou não empregar-se uma vírgula antes da conjunção e outra depois da palavra que indica equivalência.
Exemplos:
Cláudia, ou sua irmã, deverá ser a oradora da turma. Cláudia ou sua irmã deverá ser a oradora da turma.
Torna-se necessária a vírgula antes da conjunção “e” quando servir para separar orações coordenadas que tenham sujeitos diferentes.
Exemplos:
A primavera despertava as flores, e os coqueiros balançavam preguiçosos ao vento. (Neste exemplo, o “e” não está ligando flores a coqueiros, pois este termo é sujeito da forma verbal balançavam, e flores é objeto direto de DESPERTAva que tem como sujeito a palavra primavera.)
Ele dizia muitas coisas, e sua esposa só ouvia.
2. para isolar o objeto direto anteposto ao verbo nas construções em que ele aparece também com sua forma pleonástica
Exemplos:
A mesa, nós a empurraremos. (A mesa = objeto direto / pronome a = objeto direto pleonástico)
O homem, fê-lo Deus à sua semelhança. (O homem = objeto direto / lo = objeto direto pleonástico)
Os sapatos, João os comprou na C&A. (Os sapatos = objeto direto / os = objeto direto pleonástico)
3. para isolar o aposto explicativo
Exemplos:
Alice, a diretora, estava muito feliz. (aposto = a diretora)
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi enforcado por lutar pela nossa independência. (aposto = o Tiradentes)
4. para isolar o vocativo
Exemplos:
Maria, porque não respondes? (vocativo = Maria)
Ajuda-me, Senhor, neste trabalho. (vocativo = Senhor)
5. para isolar o adjunto adverbial antecipado
Exemplos:
No campo, a chuva é sempre bem-vinda. (adjunto adverbial = No campo)
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste. (adjunto adverbial = com fé e orgulho)
Pela manhã, fui ao sítio de meu avô. (adjunto adverbial = Pela manhã)
No entanto, quando o adjunto for constituído de apenas um advérbio, a vírgula será facultativa.
Exemplos:
Ali várias pessoas discutiam sobre futebol. Ali, várias pessoas discutiam sobre futebol.
Hoje não comprei o jornal. Hoje, não comprei o jornal.
6. para se separar a localidade da data, e nos endereços
Exemplos:
Rio de Janeiro, 31 de julho de 1957. Rua Barata Ribeiro, 200, ap. 101, Copacabana.
7. para marcar a supressão do verbo numa oração (zeugma)
Exemplos:
Eu fui de ônibus; ela, de avião. Os valorosos levam as feridas; e os venturosos, os prêmios.
8. para separar orações coordenadas assindéticas, isto é, separar orações que não apresentam conjunções que as interliguem
Exemplos:
Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou os dedos. Vim, vi, venci.
9. para separar as orações coordenadas sindéticas adversativas, conclusivas e explicativas
Exemplos:
Não me disseste nada, mas eu vi tudo. Ana namorava Carlos, entretanto não o amava. Tu és homem, logo és mortal. Estou com o mapa no carro, portanto não errarei o caminho. Venha, que já é tarde. Não fumes aqui, porque é perigoso. Volte amanhã, pois o diretor não o atenderá hoje.
10. para isolar certas expressões exemplificativas e de retificação
Exemplos:
Além disso, por exemplo, isto é, ou seja, a saber, aliás, digo, minto, ou melhor, ou antes, outrossim, com efeito, a meu ver, por assim dizer, por outra, etc.
11. para isolar o predicativo deslocado
Exemplos:
A mulher, desesperada, correu em socorro do filho. Desesperada, a mulher correu em socorro do filho.
Cansados, os meninos dormiram mesmo no chão. Os meninos, cansados, dormiram mesmo no chão.
12. para isolar certas conjunções deslocadas
Exemplos:
Naquele dia, porém, não pude vir. (todavia, contudo, entretanto, No entanto, etc.)
Observação: Quando a conjunção “pois” for conclusiva, virá sempre depois do verbo da oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgulas.
Exemplo: As jóias não eram, pois, tão valiosas assim.
13. para isolar as orações intercaladas
Exemplos:
Amanhã mesmo vou embora, assegurou Rogério, batendo a porta da rua. Ele sabia que, mesmo comprometendo a sua segurança, precisava fazer a denúncia.
Observação: Neste caso, também é possível substituir as vírgulas por travessões.
14. para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas
Exemplos:
Léa, que tem manias estranhas, entrou na sala agora. O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
15. para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal (Exceção das comparativas).
Exemplos:
Quando se levantou, os seus olhos tinham uma imensa paz. Se chover muito, não irei à casa de Paula. Apesar de ter ido ao passeio, ela não se alegrou. Ana é tão inteligente como a irmã.
Observações:
– Pode-se separar as orações adjetivas restritivas quando muito extensas no período ou no encontro dos verbos;
Exemplos:
As famílias que se estabeleceram naquela favela de pequenas e sujas vielas, estão preocupadas com os bandidos.
O homem que falou, representou-me na reunião.
– São também separadas por vírgulas as orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de particípio que se antepõem à oração principal.
Exemplos:
Marchar mais e mais, insistia o sargento. Sendo muitos os problemas, resolva-os sempre um por um. Incentivado, viajou para Londres.
– Quando houver um parêntese no período, no lugar em que já exista uma vírgula, esta se coloca depois do parêntese fechado, uma vez que este sempre esclarece o que ficou antes da vírgula, e não o que vem depois dela.
Exemplo: Estava Mário em sua casa (nenhum prazer sentia fora dela), quando ouviu gritos na rua.
CASOS EM QUE NÃO SE DEVE EMPREGAR A VÍRGULA
A) Não se deve separar por vírgula o sujeito de seu predicado, os verbos de seus complementos e destes os adjuntos adverbiais se vierem na ordem direta.
Ordem direta = SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS + ADJUNTOS ADVERBIAIS
Exemplos:
Pedro, comprou um livro no sebo. (errado) Pedro comprou, um livro no sebo. (errado) Pedro comprou um livro, no sebo. (errado) Pedro comprou um livro no sebo . (certo)
B) Segundo alguns gramáticos mais antigos, não se deve colocar vírgula antes de “etc”, pois se trata de letras que abreviam a expressão latina “et cetera”, que significa “e outras coisas”, “e o resto”, “e assim por diante”. Nesse sentido, também é condenável o uso da conjunção “e” antes de ETC.
Exemplos:
Sandra comprou blusas, calças, meias e etc. (condenado) Sandra comprou blusas, calças, meias etc. (aceito)
No entanto, o Acordo Ortográfico que está vigendo no Brasil determina que se use, obrigatoriamente, a vírgula antes de etc.
Exemplo: Acordou, tomou café, tomou banho, etc.
Quando a frase termina com “etc.”, basta colocar um ponto, que acaba tendo duplo papel: o de marcar a abreviatura da expressão e o de encerrar o período. É o que se vê nos dicionários e no “Formulário Ortográfico Oficial” em todos os casos em que se emprega essa abreviatura.
PONTO-E-VÍRGULA (;)
Este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, aproximando-se ora mais de um ora mais de outro, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. Apesar da imprecisão deste sinal, pode-se estabelecer alguns empregos para ele.
1. Serve para separar orações coordenadas com certa extensão e que possuam a mesma estrutura sintática, sobretudo, se possuem partes já divididas por vírgulas;
Exemplos:
Das graças que há no mundo, as mais sedutoras são as da beleza; as mais picantes, as do espírito; as mais comoventes, as do coração.
Nos dias de hoje, é preciso andar com cautela; antigamente, a vida era mais tranqüila.
2. Para separar orações coordenadas assindéticas de sentido contrário
Exemplos:
Cláudio é ótimo filho; Júlio, ao contrário, preocupa constantemente seus pais.
Uns se esforçam, lutam, criam; outros vegetam, dormem, desistem.
3. Para separar orações coordenadas adversativas e conclusivas quando se deseja (com o alongamento da pausa) acentuar o sentido adversativo ou conclusivo dessas orações
Exemplos:
Pode a virtude ser perseguida; mas nunca desprezada. Estudei muito; não obtive, porém, resultados satisfatórios. Ele anda muito ocupado; não tem, por isso, respondido às suas cartas.
Observação: Em certos casos, a ênfase dada a essas orações pode pedir o emprego do ponto em lugar do ponto-e-vírgula.
Exemplo: O exame de física foi bastante difícil. Entretanto, o de português foi bem melhor.
4. Para separar os diversos itens de uma lei, decreto, portaria, regulamento, exposição de motivos, etc
Exemplo:
Artigo 187 O processo será iniciado:
I – por auto de infração;
II – por petição do contribuinte interessado;
III – por notificação, ou representação verbal ou escrita.
5. Para separar itens diferentes de uma enumeração
Exemplo:
O Brasil produz café, milho, arroz; cachaça, cerveja, vinho. (Separando gêneros alimentícios de bebidas)
6. Para separar os itens de uma explicação
Exemplo:
A introdução dos computadores pode acarretar duas conseqüências: uma, de natureza econômica, é a redução de custos; a outra, de implicações sociais, é a demissão de funcionários.
PONTO (.)
O ponto assinala a pausa máxima da voz. Serve para indicar o término de uma oração absoluta ou de um período composto. Quando os períodos simples e compostos mantêm entre si uma seqüência do pensamento, serão separados por um ponto chamado de “ponto simples”; e o período seguinte que expressa uma conseqüência ou uma continuação do período anterior será escrito na mesma linha. Porém, se houver um corte, uma interrupção na seqüência do pensamento, o período seguinte se iniciará na outra linha, sendo o ponto do período anterior chamado de “ponto parágrafo”.
Finalmente, quando um ponto encerra um enunciado, dá-se o nome de “ponto final”.
O ponto serve ainda para abreviar palavras.
Exemplo: V. S. = Vossa Senhoria; prof. = professor, etc.
DOIS PONTOS (:)
Serve para marcar uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída.
Emprega-se nos seguintes casos:
1. Antes de uma citação
Exemplos:
Como ele nada dissesse, o pai perguntou: – Queres ou não queres ir?
Disse Machado de Assis: “A solidão é oficina de idéias.”
2. Antes de uma enumeração
Exemplo:
Tínhamos dezenas de amigos: Pedro, João, Carlos, Luís, mas nenhum deles entendeu nosso problema.
3. Antes de uma explicação, uma síntese ou uma conseqüência do que foi enunciado, ou ainda antes de uma complementação
Exemplos:
A razão é clara: achava sua conversa menos interessante que a dos outros rapazes.
E a felicidade traduz-se por isto: criarem-se bons hábitos durante toda a vida.
No quartel, quem manda é o sargento: só nos cabe ouvir e obedecer.
Aquela mãe preocupava-se com uma coisa só: o futuro dos filhos.
“Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” (C. Meireles)
Observação: Nos vocativos de cartas, ofícios, etc, usa-se vírgula, ponto, dois pontos ou nenhuma pontuação.
Exemplos:
Prezado Senhor, Prezado Senhor. Prezado Senhor: Prezado Senhor
PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)
É um sinal que indica uma pausa com entoação ascendente.
Emprega-se nos seguintes casos:
1. Nas interrogações diretas
Exemplos:
Quem vai ao teatro hoje? Que é Deus?
2. Pode-se combinar o ponto de interrogação com o ponto de exclamação quando a pergunta também expressar uma surpresa
Exemplo:
– Ana desmanchou o noivado de cinco anos. – Por quê?!
3. Quando houver muita dúvida na pergunta, costuma-se colocar reticências após o ponto de interrogação
Exemplos:
– Então?… Qual o caminho que devemos seguir?… – E você também não sabe?…
PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)
Neste sinal, a pausa e a entoação não são uniformes, já que somente no contexto em que está inserida a frase exclamativa poderemos interpretar a intenção do escritor, pois são várias as possibilidades da inflexão exclamativa como, por exemplo, as frases que exprimem espanto, surpresa, alegria, entusiasmo, cólera, dor, súplica, etc.
Normalmente se emprega nos seguintes casos:
1. Depois de interjeições ou de termos equivalentes como os vocativos intensos, as apóstrofes
Exemplos:
– Ai! Ui! – gritava o menino.
– Credo em cruz! – gemeu Raimundo.
– Adeus, Senhor!
“Ó Pátria amada, idolatrada, Salve! Salve!”
2. Depois de um imperativo
Exemplos:
– Não vai! Volta, meu filho!
– Direita, volver!
Não matarás!
Observação: Para acentuar a inflexão da voz e a duração das pausas pedidas por certas formas exclamativas, pode-se empregar os seguintes recursos:
A) Combinar-se o ponto de exclamação ao de interrogação quando a entoação numa frase interrogativa for sensivelmente mais exclamativa.
Exemplo:
Para que você veio me contar essas histórias a esta hora da noite!?
B) Emprega-se a combinação acima mais reticências para dar à frase mais um matiz: o da incerteza.
Exemplo:
– Coitado! Envolvido com drogas, quem poderá dizer como acabará!?…
C) Repete-se o ponto de exclamação para marcar um reforço especial na duração, na intensidade ou na altura da voz.
Exemplo:
– Canalhas!!! Não escaparão à Justiça Divina!!!
Observação: Deve-se evitar usar este recurso quando se enviar um texto para uma pessoa cega que utilize computador com ledores de tela (como o Virtual Vision e o Sistema DOSVOX), que interpretam estes pontos repetidos apenas como sinais de pontuação, não dando à palavra ou à frase antecedidas por eles nenhuma entoação especial. Torna-se, neste sentido, obviamente desnecessária e mesmo inútil o emprego repetitivo dos pontos de interrogação e exclamação, posto que isto causará somente um extremo incômodo aos ouvidos dos leitores/ouvintes cegos.
RETICÊNCIAS (…)
Serve para marcar a suspensão da melodia na frase.
Emprega-se em casos muito variados como:
1. Para interromper uma idéia, um pensamento, a fim de se fazer ou não, logo após, uma consideração
Exemplo:
– Quanto ao seu pai… às vezes penso… Mas asseguro-lhe que é verdade quase tudo que se contam por aí sobre homens que enriqueceram facilmente.
2. Para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa, dúvida ou timidez de quem fala. E ainda, certas inflexões de alegria, tristeza, cólera, ironia, etc
Exemplos:
– Rapaz, veja lá… pensa bem no que vai fazer… – alertou o amigo.
– Você… aí sozinha… não tem medo de ficar na rua a esta hora?
– Eu… eu… queria… um agasalho – respondeu soluçando o mendigo.
– Há quanto tempo não o via… lágrimas vieram-lhe aos olhos… foi um encontro inesquecível.
3. Para indicar que a idéia contida na frase deve ser completada pela imaginação do leitor
Exemplos:
“Duas horas te esperei. Duas mais te esperaria. Se gostas de mim, não sei… Algum dia há de ser dia.” (F. Pessoa)
4. Para indicar uma interrupção brusca da frase
Exemplos:
(Um personagem corta a fala de outro) – A senhora ia dizer que… – Nada… Esquece tudo isto.
Observações:
A) Se a fala do personagem continua depois da interrupção, costuma-se colocar reticências no início da frase.
Exemplo:
– Eu pedi que fizesse a lição… – Que lição? Não há lição alguma. – …a lição sobre a vida de Ghandi.
B) As reticências podem formar uma linha inteira de pontos para indicar a supressão de palavras ou de linhas omitidas na cópia ou tradução de uma obra. Podem ainda vir entre parênteses no início e no fim de um trecho selecionado.
PARÊNTESES ()
São empregados para intercalar, num texto, qualquer indicação ou informação acessória de caráter secundário.
Exemplos em que se empregam os parênteses:
1. Numa explicação
Beto (tinha esse apelido desde criança) não gostava de viajar.
2. Numa reflexão, num comentário à margem do que se afirma
Jorge mais uma vez (tinha consciência disso) decidiu seu destino ao optar pela mudança de país.
3. Numa manifestação emocional expressa geralmente em forma exclamativa ou interrogativa
“Havia escola, que era azul, e tinha um mestre mau, de assustador pigarro… (Meu Deus! Que isto? Que emoção a minha quando estas coisas tão singelas narro?)”
4. Nas referências a datas, indicações bibliográficas, etc
Kardec revela-nos em “O Livro dos Espíritos” (1857) os mistérios do Mundo Invisível.
5. Numa citação na língua de origem
Como disse alguém: “A natureza não dá saltos” (natura non saltit).
Observações:
A) Os parênteses podem ser usados também para isolar orações intercaladas, sendo mais freqüentes, no entanto, para este fim, as vírgulas e os travessões.
Exemplo:
Mais uma vez (contaram-me) a polícia tinha conseguido deitar a mão naquele perigoso bandido.
B) Os parênteses muito longos devem ser evitados, pois prejudicam a clareza do período. Na leitura, a frase que vem entre parênteses deve ser pronunciada em tom mais baixo. Na escrita, a frase inicia-se por maiúscula somente quando constituir oração à parte, completa, contendo uma consideração ou pensamento independente. Neste caso, é comum se colocar os parênteses depois do ponto final.
Exemplo:
“Existem jovens, por exemplo, que só conseguem crescer se tiverem uma sogra tirana. (É bastante comum Afrodite “surgir” em sogras. A madrasta má é outro exemplo.)”
C) O asterisco entre parênteses chama a atenção do leitor para alguma observação ou nota final da página ou do texto.
ASPAS (“)
São empregadas nos seguintes casos:
1. No início e no fim de uma citação ou transcrição literária
Exemplo:
Fernando Pessoa nos revela em um de seus poemas que Júlio César definiu bem toda a figura da ambição quando disse: “Antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma”.
2. Para fazer sobressair palavra ou expressões que, geralmente, não são comuns à linguagem normal (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, gírias, etc.)
Exemplos:
O Sistema DOSVOX é um “software” especial para cegos. Os escravos chamavam meu bisavô de “sinhô” ou “nhonhô”. O diretor daquela escola pública, para todos os alunos, era considerado “sangue bom”.
3. Para realçar o significado de qualquer palavra ou expressão, ou para marcar um sentido que não seja o usual
Exemplos:
O vocábulo “que” pode ser analisado de várias maneiras. Ela deu um “espetáculo” no saguão do prédio. (A palavra ESPETÁCULO aqui tem o sentido de ESCÂNDALO.)
Observação: As aspas também podem ser empregadas no lugar dos travessões em diálogos quando da mudança de interlocutor.
Exemplos:
“Vamos mudar de assunto”, disse eu. “OK, vamos então falar de amor?” replicou Clara. “Boa idéia!” concordei, sorrindo-lhe.
4. Para fazer sobressair o título de uma obra literária, musical, etc.
Exemplos:
Adorei ler “Nosso Lar”, de André Luiz. Você gostou do disco “Sozinho”, do Caetano Veloso?
Observação: Quando as aspas abrangem parte do período, o sinal de pontuação é colocado depois delas: Na política, ainda são bastante numerosos os “partidários do Brizolismo”.
Quando, porém, as aspas abrangem todo o período, o sinal de pontuação é colocado antes delas: “Nem tudo que reluz é ouro.”
Quando já existe aspas numa citação ou numa transcrição, devemos usar a “aspa simples” (‘), ou negrito, ou ainda letras de outro tipo para destacar o termo ou expressão desejados: Aquele crítico de arte declarou assim: “Todos admiravam o ‘feeling’ daquele artista”.
TRAVESSÃO (-)
Emprega-se nos seguintes casos:
1. Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor
Exemplo:
– Você tem religião? – Sim, a do Amor.
2. Para isolar, num contexto, palavras ou orações intercaladas
Exemplo:
O presidente declarou – e nem sabemos quanto lhe custou essa decisão – que estava renunciando.
3. Para dar mais realce a uma expressão ou oração, pode-se empregar o travessão em lugar dos dois pontos
Exemplo:
Era mesmo o meu quarto – a roupa da escola no prego atrás da porta, o quadro da santa na parede…
4. Para substituir um termo já mencionado (uso comum nos dicionários)
Exemplo:
pé, s. m.: parte inferior do corpo humano;
de-moleque: doce feito de amendoim.
ASTERISCO (*)
Serve para chamar a atenção do leitor para alguma nota ao final da página ou do capítulo.
Sinais Gráficos – Palavras
Sinais gráficos ou diacríticos são certos sinais que se juntam às letras, geralmente para lhes dar um valor fonético especial e permitir a correta pronúncia das palavras.
Til (~)
Indica nasalidade.
Exemplos
maçã
Irã
órgão
Trema (¨)
Indica que o u dos grupos gue, gui, que, qui é proferido e átono.
Exemplos
lingüiça
tranqüilo
Apóstrofo (‘)
Indica a supressão de uma vogal. Pode existir em palavras compostas, expressões e poesias.
Exemplos
caixa-d’água
pau-d’água
Hífen (-)
Regras Gerais
Emprega-se o hífen:
a- em palavras compostas.
Exemplos
beija-flor
amor-perfeito
b- para ligar pronomes átonos às formas verbais
Exemplos
dar-lhe
amar-te-ia
c- para separar palavras em fim de linha.
d- para ligar algumas palavras precedidas de prefixos
Exemplos
auto-educação
pré-escolar
Observação
O uso do hífen é regulamentado pelo Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.Por se tratar de um item extremamente complexo, com regras confusas e extensas, os autores são contraditórios quando tratam do assunto.Procuramos sintetizar em um quadro o uso do hífen com os prefixos mais comuns.
Uso do hífen com os prefixos mais comuns
Prefixos | Quando se ligam a palavras iniciadas por | Exemplos |
---|---|---|
infra-, intra-, ultra-, contra-, supra-, extra-, pseudo-, neo- auto-, semi- | Vogal, h, r e s | infra- estrutura, intra-uterino, ultra-romântico, contra-senso, supra-sensível, extra-oficial, pseudo-hermafrodita
exceção: extraordinário |
anti-, ante-, arqui-, sobre- | H, R, S | ante-sala, anti-higiênico, sobre-sala |
inter-, hiper-, super- | H, R | super-homem, inter-relação, hiper-raivoso |
sub- | R, B | sub-região, sub-raça, sub-base |
pan-, mal-, circum- | H ou vogal | mal-assombrado, circum-adjacente, pan-americano |
bem- | Quando a palavra seguinte tem vida autônoma | bem-amado, bem-humorado |
além,aquém, recém, pós, pré, pró | Sempre | pré-escola, pós-doutorado, pró-diretas, além-mar |
5- Acento agudo
Indica vogal tônica aberta:
pó
ré
6- Acento circunflexo
Indica vogal tônica fechada:
astrônomo
três
7- Acento grave
Sinal indicador de crase:
à
àquele
8- Cedilha
Indica que o c tem som de ss:
pança
muçulmano
moço
Atenção
O cedilha só é acompanhado pelas voagais a,o,u
Fonte: www.priberam.pt/intervox.nce.ufrj.br
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