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Havia em Rosário, a montante do rio Cuiabá, um rico senhor de escravos, de modos rudes e coração cruel. Ocupava-se na mineração de ouro, e seus escravos diariamente vinham de lhe trazer alguma quantidade do precioso metal, sem o que eram levados para o tronco e vergastados.
Tinha ele um escravo já velho a quem chamavam pai Antônio. Andava o negro num banzo que dava dó, cabisbaixo, resmungando, pois não lhe saía da bateia uma só pepita de ouro, e mais dia menos dia lá iria ele para o castigo. Certo dia, em vez de trabalhar, deu-lhe tamanho desespero, que saiu andando à toa pelo mato. Sentou-se no chão, cobriu as mãos e começou a chorar.
Chorava e chorava, sem saber o que fazer. Quando descobriu o rosto, viu diante dele, branca como a neve, e com uma linda cabeleira cor de fogo, uma formosa mulher.
– Por que está triste assim, pai Antônio?
Sem se admirar, o negro contou-lhe a sua desventura.
E ela:
– Não chore mais. Vá comprar-me uma fita azul, uma fita vermelha, uma fita amarela e um espelho.
– Sim, sinhazinha.
Saiu o preto do mato às carreiras, foi à loja, comprou o espelho e as fitas mais bonitas que achou, e voltou a encontrar a mulher dos cabelos de fogo. Então ela foi diante dele, parou num lugar do rio, e ali foi esmaecendo até que sumiu. A última coisa que ele viu foram os cabelos de fogo, onde ela amarrara as fitas.
Uma voz disse, de lá da água:
– Não conte a ninguém o que aconteceu.
Pai Antônio correu, tomou a bateia e começou a trabalhar. Cada vez que peneirava o cascalho, encontrava muito ouro. Contente da vida, foi levar o achado ao patrão.
Em vez de se satisfazer, o malvado queria que o negro contasse onde tinha achado o ouro.
– Lá dentro do rio mesmo, sinhozinho.
– Mas em que altura?
– Não me lembro mais.
Foi amarrado no tronco e maltratado. Assim que o soltaram, correu ao mato, sentou-se no chão, no mesmo lugar onde estivera e chamou a Mãe do Ouro.
– Se a gente não leva ouro, apanha. Levei o ouro, e quase me mataram de pancada. Agora, o patrão quer que eu conte o lugar onde o ouro está.
– Pode contar – disse a mulher.
Pai Antônio indicou ao patrão o lugar. Com mais vinte e dois escravos, ele foi para lá. Cavaram e cavaram. Já tinham feito um buracão quando deram com um grande pedaço de ouro.
Por mais que cavassem não lhe viam o fim. Ele se enfiava para baixo na terra, como um tronco de árvore. No segundo dia, foi a mesma coisa. Cavaram durante horas, todos os homens, e aquele ouro sem fim se afundando para baixo sempre, sem que nunca se pudesse encontrar-lhe a base. No terceiro dia, o negro Antônio foi à floresta, pois viu, entre as abertas do mato, o vulto da Mãe do Ouro, com seu cabelo reluzente, e pareceu-lhe que ela o chamava.
Mal chegou junto dela, ouviu que ela dizia:
– Saia de lá amanhã, antes do meio-dia.
No terceiro dia, o patrão estava como um possesso. O escravo que parava um instante, para cuspir nas mãos, levava chicotada pelas costas.
– Vamos – gritava ele -, vamos depressa com isso. Vamos depressa.
Parecia tão maligno, tão espantoso, que os escravos curvados sentiam um medo atroz. Quando o sol ia alto, pai Antônio pediu para sair um pouco.
– Estou doente, patrão.
– Vá, mas venha já.
Pai Antônio se afastou depressa. O sol subiu no céu. Na hora em que a sombra ficou bem em volta dos pés no chão, um barulho estrondou na floresta, desabaram as paredes do buraco, o patrão e os escravos foram soterrados, e morreram.
A Mãe do ouro – História
Mãe do ouro
As lendas do ouro sul-americano trouxeram conquistadores da Europa durante séculos, muitos dos quais assassinaram e saquearam o continente em busca de tesouros.
A Mãe do Ouro é um fantasma que atrai esses homens sem escrúpulos para sua perdição.
Não há descrições específicas da Mãe de Ouro porque ninguém que já viu o fantasma de perto viveu para contar. Em vez disso, diz-se que o espírito aparece como uma bola de ouro ao longe, ou às vezes uma mulher em vestes douradas acenando para aqueles que procuram o lendário ouro das montanhas no Brasil e no Paraguai.
Qualquer um tolo o suficiente para morder a isca e tentar alcançar o espírito morrerá. Às vezes, o fantasma simplesmente leva os tolos caçadores de ouro para um poço ou outra armadilha, outras vezes o fantasma se transforma em um monstro cobra gigante e engole suas vítimas inteiras.
O povo Guarani acredita que a Mãe do Ouro é um espírito protetor, defendendo seu povo dos invasores que vieram para matá-los e tomar suas terras e ouro. Ela é conhecida como a Guardiã dos Tesouros da Mãe Terra, e às vezes aparece como uma cabeça flutuante gigante para assustar os caçadores de tesouros.
Não se sabe muito sobre a origem da Mãe do Ouro. É possível que seja um espírito natural, um protetor do povo ou um espírito de vingança. No entanto, também é possível que seja o fantasma de uma mulher morta por homens em busca de ouro.
Acredita-se que o espírito move o ouro, que pode ser um tesouro específico em algumas lendas, e se alguém conseguir encontrar o espírito enquanto ela está no processo de mover o tesouro, eles não serão mortos, mas devem escolher. pegar o ouro, mas nunca sair da área ou deixar o ouro e ficar louco para nunca lembrar onde o ouro estava localizado.
Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br/maskofreason.wordpress.com
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