Dia Mundial do Tradutor

30 de Dezembro

A Importância Dos Tradutores Na História e Na Sociedade

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Atualmente os tradutores têm uma importante participação cultural no mundo, onde distribuem conhecimento.

Quando você está traduzindo um livro de romance você está transmitindo uma cultura, um costume de outros povos.

Imagine você que tem uma vida acadêmica e intelectual, só com o conhecimento que os seus parentes e sociedade lhe deram, certamente você teria uma mente reduzida com falta de conhecimento.

Hoje a maioria dos artigos científicos e até as descobertas cientificas são publicados em inglês, dai o importante papel do tradutor na sociedade.

Keythe Tavares em uma de suas palestras usou o termo “parteiro” para caracterizar o tradutor, no sentido de que o texto é concebido numa língua/cultura e nasce em outra língua/cultura por meio da ação do tradutor, “aquele que faz nascer o saber por meio do seu trabalho”, de acordo com o conceito do filósofo grego Platão.

A arte de traduzir e as suas dificuldades

Falar de tradução é falar de arte.

Traduzir não é só obter uma página ou um artigo em outro idioma qualquer e passar para a sua língua de origem, existem muitos obstáculos em meio à tradução.

O tradutor tem que ter um conhecimento geral cultural da língua que ele é especializado.

Vamos falar da tradução técnica.

Nós tradutores somos desafiados a todo o momento com traduções técnicas, traduzir um artigo técnico que não é de sua área, ou seja, quando você não conhece o vocabulário e os termos técnicos, é o mesmo que atirar com os olhos vendados em um pássaro por não conhecer os termos técnicos da área que você está traduzindo.

O tradutor tem que ter conhecimento etimológico da área em que ele está traduzindo, ou seja, ele tem que basicamente conhecer a evolução do significado de uma palavra desde sua origem, significa descobrir seu verdadeiro sentido e conhecê-la de forma mais completa.

Fonte: www.artigonal.com

Dia Mundial do Tradutor

30 de Dezembro

O dia mundial do tradutor é uma homenagem a São Jerônimo, tradutor da Bíblia para o latim.

Atualmente, a tradução começa finalmente a ser considerada não uma arte secundária e derivativa, mas sim uma arte substantiva; ela não se insere num ramo da literatura comparada, mas ela própria é uma disciplina muito mais vasta que combina áreas como a linguística, os estudos literários, a história cultural e a filosofia.

Até há bem pouco tempo a atividade era apenas de amadores, limitando-se a ser um processo mais técnico do que criativo e que qualquer um podia exercer, desde que tivesse uma competência linguística básica numa outra língua que não a sua.

Hoje existem cursos, debates e workshops sobre tradução, toda uma formação acadêmica que visa fornecer o embasamento necessário para encarar com mais segurança uma profissão continuamente desafiante.

Mas é preciso também não esquecer: tal como os cursos de escrita criativa não geram forçosamente escritores, os tradutores serão feitos pela sua formação, é certo, mas também pela sua intuição, pela sua queda, pelo seu jeito, pela prática diária, pelo saber vindo com os anos.

Universidades renomadas como a Unesp (Estadual Paulista) e a UnB (Universidade de Brasília) oferecem, há décadas, o curso Letras – Tradução, com duração de 4 anos e grau de bacharel na língua escolhida.

O campo de trabalho é vasto, incluindo Embaixadas, editoras, legendagem de filmes, trabalho autônomo e tradução simultânea em congressos.

Fonte: Associação Brasileira de Tradutores

Dia Mundial do Tradutor

30 de Dezembro

A teoria de tradução de Lutero

No que se refere à tradução, o Renascimento é responsável pela formação das bases da tradutologia moderna, e, não por coincidência, pela produção das primeiras reflexões de maior envergadura sobre a arte da tradução: as mudanças que então aconteceram na Europa Ocidental incluem também a concepção e prática da tradução. Estas reflexões constituem, pois, as fontes primárias para a investigação da história da tradutologia moderna e da teoria tradutológica renascentista. Entre as mais representativas daquele período histórico europeu, se encontram as reflexões tradutórias de Lutero, ao lado de outras como as de Leonardo Bruni, Luis Vives, Étienne Dolet, Fausto da Longiano e George Chapman.

Da ingente obra do escritor alemão mais prolífico do século XVI, além de vários comentários em suas Tischreden, dois textos básicos expõem o pensamento de Martinho Lutero (em alemão, Martin Luther, 1483-1546) sobre a tradução: Sendbrief vom Dolmetschen (1530) e Summarien über die Psalmen und Ursache des Dolmetschens (1531). Estes textos, no entanto, apresentam não apenas sua concepção de tradução mas também alguns pontos centrais de sua teologia, ou melhor, os princípios diretores de sua tradução são oferecidos pela teologia. Tanto sua concepção lingüística como tradutológica se subordinam à sua concepção religiosa, ou, dito de outra maneira, a tradução da Bíblia só tem sentido dentro de uma perspectiva teológica (recordemos aqui os três princípios básicos da Reforma protestante: 1) a Bíblia como única regra, 2) só a fé salva, e 3) a universalidade do sacerdócio que faz com que cada homem possa e deva ler a Bíblia e interpretá-la).

A ‘teorização’ de Lutero sobre a tradução não se encontra de forma didática ou preceptiva em nenhum dos textos em que trata da questão; sua intenção primeira com a publicação do Sendbrief – seu principal texto sobre a tradução – não era escrever um ‘manual’ sobre como traduzir, mas justificar o processo de sua tradução do Novo Testamento. Por isso não é de estranhar que Lutero apresente sua concepção e prática da tradução não como um teórico secular o faria, mas como um homem de fé, e, ao mesmo tempo em que esclarece seu procedimento tradutório vai apresentando e defendendo alguns elementos fundamentais de sua teologia, como o da ‘justificação pela fé’ (sola-allein), em Sendbrief. É interessante observar neste texto como Lutero começa a argumentação sobre sua tradução com o exemplo de sola-allein, dentro de um princípio de tradução lingüístico-retórico, e como termina sua dissertação com o mesmo exemplo, porém agora dentro do princípio da hermenêutica teológica. Isso não é casual, nem apenas um recurso retórico e lógico-formal, mas talvez principalmente uma reiteração da doutrina básica do luteranismo.

Em seus escritos ‘tradutológicos’, Lutero trata exclusivamente da tradução de textos sagrados; na prática traduziu também fábulas de Esopo. Apesar disso, sua concepção pode estender-se a todo tipo de textos dada a universalidade e o valor de seus raciocínios. A grande diferença com respeito aos seus antecessores e o revolucionário do pensamento do Reformador é a abordagem de tipo comunicativo e suas implicações lingüísticas. Lutero advoga por uma tradução retórica (proprietas, perspicuitas, consuetudo…) e de estilo popular, não com fins estéticos mas comunicativos – a compreensibilidade do texto e o leitor -, salvaguardando sempre a mensagem divina. Lutero considerava indispensável o conhecimento das línguas e literaturas da Antigüidade para a prática de uma verdadeira teologia (Bocquet, 2000:50) e para o manejo da língua alemã: suas concepções lingüístico-filosóficas e teológicas se fundamentam nos progressos filológicos do Humanismo (Wolf, 1980:65). E nisso também se diferencia de anteriores tradutores da Bíblia, não só por haver produzido um texto realmente legível, mas também por trabalhar sobre os originais hebraico e grego (o que é uma característica humanista).

Numa de suas Tischreden (1532: II, nº 2771 a-b), define assim a tradução: Vere transferre est per aliam linguam dictum applicare suae linguae (A verdadeira tradução é a adaptação do que foi dito numa língua estrangeira à sua própria língua). O Reformador concedia grande importância ao meio cultural dos destinatários, por isso traduzia adaptando o texto à mentalidade e ao espírito dos homens de seu tempo a fim de dar a compreender as realidades históricas, culturais e sociais relatadas na Bíblia e próprias de uma sociedade distanciada no tempo e no espaço (Delisle/Woodsworth,1995:59). As diretrizes básicas de sua teoria da tradução são a hermenêutica teológica e a enunciação melhor possível do conteúdo na língua do receptor. Na prática, observa-se o predomínio de uma tradução que privilegia o texto na língua de chegada, mas que também admite estrangeirismos se a formulação do original expressa melhor o conteúdo da mensagem. Ainda que sua prática tradutória e seus comentários sobre a tradução enfatizem a tradução ad sensum, Lutero não afirma que esta seja melhor que a ad verbum, simplesmente declara ter-se servido das duas:

[…] daß wir zu weilen die wort steiff behalten, zu weilen allein den sinn gegeben haben (Luther 1955:139)[1].

1. A diretriz hermenêutica teológica

O Renascimento despertou para a importância da filologia na compreensão da literatura, e Lutero a aplicou aos escritos bíblicos, e os estudou em seus originais. A fé e o trabalho missionário levaram-no a buscar o máximo de compreensão dos textos portadores da mensagem divina, e de fidelidade na transmissão desta mensagem. Compreender para comunicar. A Bíblia deve explicar-se por si mesma, e ainda que tenha sido escrita por inspiração divina, é um livro histórico e deve ser investigado também enquanto literatura e língua num tempo e espaço dados. Embora Lutero não tivesse uma consciência materialista dos escritos sagrados, reconhece que

[…] uerbi intelligentia ex tota scriptura et circumstantia rerum gestarum petenda est. (WA 2:302, apud Wolf, 1980:104).[2]

A mensagem divina se esclarece quando é interpretada dentro de seu contexto.

So halten wir nun dafür, daß der Mensch gerecht wird ohne des Gesetzes Werke, allein durch den Glauben[3].

é a tradução de Lutero de “Arbitramur enim iustificari hominem per fidem sine operibus legis”[4] (da Vulgata de São Jerônimo). A inclusão da palavra sola-allein na tradução da Epístola aos Romanos (3,28) se justifica ao investigar o pensamento de São Paulo em todo seu conjunto. Diz respeito não apenas a uma questão de hermenêutica teológica mas também histórica e política relativa ao contexto de Lutero. Ao acrescentar a palavra allein em sua tradução, Lutero estaria assegurando a doutrina essencial do luteranismo, ou seja, de que o homem pode merecer o céu somente pela fé, sem necessidade de obedecer aos mandamentos da Igreja católica. Com apenas uma palavra, Lutero também põe em questão o valor da Igreja católica enquanto instituição.

A diretriz hermenêutica não é senão a interpretação dos textos bíblicos apoiada na teologia e nos instrumentais oferecidos pela filologia, ou seja, o conhecimento de culturas antigas e suas expressões lingüístico-culturais, e sua adaptação à cultura de chegada. No entanto, tudo isso seria muito pagão sem um dos principais requisitos do tradutor: ter fé. Um dos elementos fundamentais da teologia luteraniana é o da ‘justificação pela fé’: só a fé salva. Lutero quer que todos os homens descubram esta verdade de fé e de libertação, mas só podem descobri-la se puderem compreendê-la desde sua fonte e em sua fonte. E porque só poucos dos mortais adquirem um domínio das línguas bíblicas, a tradução da Bíblia deve ser fiel e inteligível a todos, o que só é possível se falar a mesma língua do leitor.

2. A diretriz lingüístico-retórica

A necessidade de produzir uma tradução legível e intelegível implica uma prática tradutória que, salvaguardando a mensagem, dá primazia à língua de chegada:

[…] nicht der sinn den worten, sondern die wort dem sinn dienen und folgen sollen (Luther 1955:132)[5].

O desejo que guiava a Lutero durante a tradução era de escrever num alemão puro e claro:

Ich habe mich des beflissen im Dolmetschen, daß ich rein und klar Deutsch geben möchte. […] und leider nicht allwege erreicht noch getroffen habe (Luther 1996:120;124)[6].

E o pensamento básico que o julgava era:

Ist das Deutsch geredet? Welcher Deutsche verstehet solches? Was ist aber das für Deutsch? Wo redet der deutsch Mann so? Der deutsche Mann redet so (1996:124)[7].

Para escrever num “reinen und klaren Deutsch” é necessário ter como medida a língua falada do povo: “so redet die Mutter im Haus und der gemeine Mann”[8]; uma língua vigorosa, direta e plástica. Lutero

[…] bevorzugt den verbalen Ausdruck statt der nominalen Aussage, er erlaubt sich Freiheiten in Wortstellung und Satzgliedfolgen, er verwendet Ellipsen und Modalpartikel. Auch im Rückgriff auf dialogische Elemente und in der Interpunktion als Sprechgliederung ist das Leitbild der mündlichen Kommunikation zu erkennen (Wolff, 1994:130)[9].

Traduzir em bom alemão supõe primeiramente a compreensão (filológica) do original e o domínio (retórico) da língua alemã:

Wer Deutsch reden will, der muß nicht den Ebreischen wort weise füren, sondern muß darauff sehen, wenn er den Ebreischen man verstehet, daß er den sinn fasse und denke also: Lieber, wie redet der Deutsche man inn solchem fall? Wenn er nu die Deutsche wort hat, die hiezu dienen, so lasse er die Ebreischen wort faren und sprech freh den sinn eraus auffs beste Deutsch, so er kan (1955:133)[10].

Os requisitos básicos para o domínio da língua alemã são:

a) reconhecer o que é o bom alemão (“Das heißt gutes Deutsch geredet”[11]); a medida é o homem comum (“so redet die Mutter im Haus und der gemeine Mann”[12]);

b) possuir um amplo vocabulário (“großen Vorrat von Wort haben”[13]);

c) possuir ouvido (“wenn eins [ein Wort] nirgendwo klingen will”[14]).

A tradução de Lutero, segundo ele mesmo, não foi apenas de tipo livre, mas também literal:

Doch hab ich wiederum nicht allzu frei die Buchstaben lassen fahren, sondern mit großer Sorgfalt samt meinen Gehilfen darauf gesehen, so daß, wo es etwa drauf ankam, da hab ich’s nach den Buchstaben behalten und bin nicht so frei davon abgewichen (Luther 1996:128)[15].

Acima da boa produção textual na língua de chegada está a mensagem contida no original, e se a mensagem não se sustém mesmo no melhor estilo da língua de chegada, deve-se sacrificar o estilo e calcar o original:

Wiedderumb haben wir zu weilen auch stracks den worten nach gedolmetscht (Luther 1955:134)[16].

Em nome da fidelidade ao pensamento do original:

Darumb, daß an den selben worten etwas gelegen ist (Luther 1955:134)[17].

E pela fé:

Darumb müssen wir zu ehren solcher lere und zu trost unsers gewissens solche wort behalten, gewonen und also der Ebreischen sprachen raum lassen, wo sie es besser macht, denn unser Deutsche thun kan (Luther 1955:135)[18].

Se por un lado este procedimento literalista de Lutero recorda a posição jeronimiana de respeito à ordem das palavras, na prática se revela muito distinto. Lutero não está preocupado com a ordem das palavras mas com a melhor transmissão do conteúdo.

O Reformador justifica sua tradução por argumentos lingüísticos e por reflexões teológicas, e de sua postura enquanto tradutor se deduzem os requisitos básicos do bom tradutor: domínio lingüístico e formação teológica. Além disso é necessário prática e aptidão: Kunst, Fleiß, Vernunft, Verstand[19]. Os requisitos do bom tradutor não se resumem somente aos de ordem técnica e intelectual mas extrapolam para o âmbito do espiritual:

Es gehört dazu ein recht, fromm, treu, fleißig, furchtsam, christlich, gelehrt, erfahren, geübt Herz. Darum halt ich dafür, daß kein falscher Christ noch Rottengeist treulich dolmetschen könne (Luther 1996:128)[20].

Por isso, Lutero concebia a tradução como uma arte difícil, exigente e para poucos:

Was Dolmetschen für Kunst und Arbeit sei, das hab ich wohl erfahren. […] Es ist dolmetschen keineswegs eines jeglichen Kunst (Luther 1996:128)[21].

Podemos concluir esta breve análise da teoria da tradução de Lutero reiterando que sua inovação e importância consistem precisamente na sua característica humanista, ou seja, no uso da filologia e no trabalho sobre os originais a traduzir (diretriz hermenêutica teológica), e na produção de um texto retórico-literário na língua de chegada (diretriz lingüístico-retórica). A concepção de tradução de Lutero e o domínio de seus requisitos unidos à sua habilidade poética contribuíram para o incremento da diversidade de recursos expressivos da língua alemã, que evoluiu nos domínios da fonética, morfologia e principalmente léxico. Com sua tradução da Bíblia, Lutero conseguiu produzir

uma “nova prosa artística”, que é única na escolha das palavras e construção da frase, no emprego de todos os meios estilísticos, na fluência, ritmo e sonoridade da língua (Wolff, 1994:132)[22].

Bibliografia

1. Literatura primária
Luther, Martin (1955): “Summarien über die Psalmen und Ursachen des Dolmetschens (1532)”, in: Hans Volz (Hrg.) (1955): Ausgewählte deutsche Schriften, Tübingen, Max Niemeyer Verlag.
Luther, Martin. (1996): “Sendbrief vom Dolmetschen/Circular acerca del traducir”, in: F. Lafarga (ed.) (1996): El Discurso sobre la Traducción en la Historia. Antología Bilingüe, Barcelona: EUB. Trad. de Pilar Estelrich.
2. Literatura secundária
Arndt, Erwin (1962): Luthers deutsches Sprachschaffen, Berlin: Akademie Verlag.
Bocquet, Catherine (2000): L’Art de la Traduction selon Martin Luther – ou lorsque le traducteur se fait missionaire, Arras: Artois Presses Université.
Delisle, Jean et Woodsworth, Judith (1995): Les traducteurs dans l’histoire, Ottawa: Université.
García Yebra, Valentín (1979): “Lutero, traductor y teórico de la traducción”, in: Pedro Rocamora Valls (dir.) (1979): Arbor – ciencia, pensamiento y cultura, Tomo CII, nº 399, Madrid, S. 23-34.
Rener, Frederick M. (1989): Interpretatio – language and translation from Cicero to Tytler, Amsterdam-Atlanta: Rodopi.
Ribhegge, Wilhelm (1998): “Latein und die nationalen Sprachen bei Erasmus von Rotterdam, Martin Luther und Thomas More”, in: Latein und Nationalsprachen in der Renaissance, Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, S. 151-180.
Salzer, Anselm u.a.: Illustrierte Geschichte der Deutschen Literatur, Band I. Köln: Zweiburgen Verlag.
Schanze, Helmut (1999): “Problemas y tendencias en la historia de la retórica alemana hasta 1500”, in: J. J. Murphy (ed.) (1999): La elocuencia en el Renacimiento – estudios sobre la teoría y la práctica de la retórica renacentista, Madrid: Visor. Trad. de Luisa Fernanda Aguirre de Cárcer, S. 133-155.
Tonin, Neylor (ed.) (1983): Lutero, Pecador e Evangelista de Jesus Cristo, Grande Sinal, revista de espiritualidade, nº 9/10, Petrópolis: Editora Vozes.
Wolf, Herbert (1980): Martin Luther – eine Einführung in germanistische Luther-Studien, Stuttgart: Metzler.
Wolff, Gerhart (1994): Deutsche Sprachgeschichte – ein Studienbuch, Tübingen/Basel: Francke Verlag.

Antologias Espanholas de Textos Clássicos sobre Tradução

Impulsionada pelo forte desenvolvimento da tradutologia ocidental a partir da segunda metade deste século, a historiografia da tradução redescobre em antigos e clássicos textos teóricos ou de reflexões sobre a tradução farto material de pesquisa. Prólogos, prefácios, introduções, leis, ensaios, comentários, críticas, dedicatórias e cartas que tratam da tradução, abrangendo um largo período de tempo, desde o século I a.C. até os últimos anos deste milênio, são reunidos em coletâneas. Muitos dos textos são apresentados em sua íntegra, outros em excertos. Se por um lado estas antologias geralmente não intentam apresentar a evolução da tradutologia através dos textos selecionados, por outro oferecem a possibilidade de acesso fácil a grandes pensadores e pensamentos sobre a tradução através dos tempos.

Os alemães e ingleses foram os primeiros a organizar este tipo de obras: J. Störig, em 1973, publica Das Problem des Übersetzens; T. R. Steiner, em 1975, English Translation Theory, 1650-1800. Depois deles, surgem tais antologias em vários outros países. Na Espanha, J. C. Santoyo publica, em 1987, Teoría y crítica de la traducción: antologías. E de 1994 a 1998 aparecem neste país outras quatro obras do gênero:

Textos clásicos de teoría de la traducción, Miguel Ángel Vega, editor. Madrid: 1994, Ediciones Cátedra.

Teorías de la traducción: antología de textos, Dámaso López García, editor. Cuenca: 1996, Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.

El discurso sobre la traducción en la história – antología bilingue, Francisco Lafarga, editor. Barcelona: 1996, EUB.

El tabaco que fumaba Plinio – escenas de la traducción en España y América: relatos, leyes y reflexiones sobre los otros, Nora Catelli e Marietta Gargatagli. Barcelona: 1998, Ediciones del Serbal.

À parte alguns poucos textos que se repetem nestas obras – como um de Cícero, um de Lutero, um de Luis Vives e mais alguns-, as seleções de textos são em sua maioria distintas e preciosas. “Seguramente la enumeración de todos los teóricos de la traducción sería el cuento de nunca acabar” (Larbaud apud Vega, p.13). Por isso, ao eleger dentre centenas de textos, os editores destas antologias usaram critérios de seleção tipo “humanista” (Vega, p. 14), ou, “aquellos textos que muestran más elocuentemente la forma de captar o definir a los otros en nuestra cultura ” (Catelli e Gargatagli, p. 19), ou, como admite López García em seu prólogo, “los criterios de selección y omisión no son siempre fáciles de explicar ni de resumir” (p. 23). O critério mais claro e coincidente destas antologias é a apresentação dos textos em ordem cronológica.

As principais características formais destas quatro antologias espanholas podem ser assim descritas:

Textos clásicos de teoría de la traducción, de Miguel Ángel Vega. 358 páginas, com 72 autores e 92 textos, de Cícero (46 a.C.) a A. V. Fedorov (1983). Consta também de uma introdução de mais de 50 páginas sobre a história da tradução no ocidente, 10 páginas de bibliografia e uma tabela sinótica da história da tradução a partir do Renascimento.

Teorías de la traducción: antología de textos, de Dámaso López García. 624 páginas, com 58 autores e 69 textos, de Cícero (46 a.C.) a Gianfranco Folena (1973). Possui um índice analítico e outro onomástico.

El discurso sobre la traducción en la história – antología bilingue, de Francisco Lafarga. É a primeira antologia bilingue, do gênero, na Espanha, com 498 páginas, 40 autores e 45 textos, partindo de Cícero (46 a.C.) até Larbaud (1913). Apresenta um índice onomástico.

El tabaco que fumaba Plinio – escenas de la traducción en España y América: relatos, leyes y reflexiones sobre los otros, de Nora Catelli e Marietta Gargatagli. É a única dentre estas antologias que apresenta a cada um dos textos com comentários e opiniões. 446 páginas, com 77 textos, desde Hasday Ben Saprut (século X) a Borges (1925). Inclui também um índice onomástico.

O conjunto destas antologias compõe seguramente um acervo indispensável aos interessados e estudiosos do tema, e os textos selecionados proporcionam em última análise conhecimentos sócio-culturais de como o Ocidente se posicionou em distintos momentos dos últimos 2000 anos frente a problemas lingüísticos e políticos quando da necessidade de interação entre poéticas e culturas, ultrapassando as expectativas de Vega (1994), para quem o objetivo de uma antologia dessa ordem é mostrar “al traductor ya en activo o el que todavía se está formando” que “lo que se dice en nueva fraseología y terminología es el heracliteano eterno retorno de la polémica: libertad/fidelidad, adaptación/traducción, imitación/versión … historia magistra vitae”, e que “sepa de dónde viene y adónde debe ir, para que no repita los mismos errores” (p. 14).

Fonte: www.pget.ufsc.br

Dia Mundial do Tradutor

30 de Dezembro

TRADUÇÃO: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E DEFINIÇÕES

Resumo

A tradução é uma das estratégias de ensino para a aquisição de uma língua estrangeira que muito tem sido discutida nos últimos tempos, no que se refere aos mecanismos utilizados para que a língua seja aprendida com sucesso. Para se fazer uma reflexão a respeito da tradução enquanto um dos mecanismos de ensino de línguas, é imprescindível que se tenha clareza de como é definida por alguns autores. Será feita, primeiramente, um breve comentário sobre a história da tradução e então uma exposição de definições sobre a mesma na opinião de alguns estudiosos.

Apesar de a tradução não ter a aprovação da maioria dos professores de língua estrangeira, há quem considere que ela também possa ter sua parcela de contribuição na aquisição eficiente de uma língua estrangeira ou segunda língua.

A tradução, então, como uma ferramenta de ensino, apesar de eliminada do discurso de muitos professores, sempre esteve presente nas aulas de língua estrangeira, lado a lado com a cópia, a repetição, a leitura em voz alta e com trabalhos em pares, o que confirma que ela ainda continua sendo bastante usada. Nós professores de língua estrangeira, sabemos que mesmo que façamos a tradução oral ou mímicas de apenas aquelas palavras que percebemos que o aluno não conseguiu entender através de nossa explicação na língua alvo, nossos alunos fazem o que estudiosos chamam de tradução mental, que é uma ocorrência involuntária por parte do aluno, ou seja, é automática.

Através deste estudo não se quer afirmar que em nossas aulas de língua estrangeira devemos adotar a tradução como método de ensino devido a essa ação involuntária do aluno, mas mostrar o que é a tradução segundo alguns autores para, em estudos posteriores, verificar se as atividades de tradução podem contribuir ou não para a aquisição e o aprendizado de uma língua. Portanto considera-se interessante estudar um pouco a respeito da história da tradução e o que é a tradução segundo alguns autores.

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A TRADUÇÃO

Friedrich (1992) afirma que a história da teoria da tradução começa com o Império Romano, quando a tradução significava incorporar o assunto da cultura estrangeira em uma cultura própria de uma língua sem prestar atenção às características lexicais ou estilísticas dos textos originais da língua-fonte (origem).

Se no Império Romano a apropriação de conteúdo parecia despertar maior interesse nos tradutores, durante o período da Renascença, estes exploravam como as estruturas lingüísticas de uma ou de outra língua poderiam enriquecer a sua própria. Dessa forma, nesses dois períodos, a tradução era vista como uma exploração rigorosa da original para acentuar as dimensões estéticas e lingüísticas de sua própria língua. Então, tradutores e escritores, através de mudanças, no século XVIII, começaram a ver outras línguas como iguais e não como formas inferiores de expressão, em comparação com suas próprias línguas.

Segundo alguns estudiosos, a profissão de tradutor e intérprete é bastante antiga na América. Chegou com Cristóvão Colombo, há 500 anos, e surgiu da necessidade de comunicação com os nativos das terras recém descobertas.

Como só havia intérpretes dos idiomas árabe e hebreu, Colombo trouxe alguns nativos para serem guias e futuros intérpretes. Assim, descobridores e conquistadores tiveram facilitada sua tarefa com o auxílio desses intérpretes, que eram chamados “línguas”. Esses línguas podiam atuar como intérpretes nos julgamentos, junto aos nativos e até nas “audiências reais”. Para exercer esta função, tinham que jurar que usariam sua profissão para o bem e com lealdade.

Apesar de não estarmos tratando, especificamente, da tradução feita por tradutores, e, sim, da tradução no ensino de línguas estrangeiras, no Brasil, o tradutor deve conhecer, em profundidade, a teoria da tradução que, através de seus aspectos técnicos, lhe permitirá um melhor desempenho na prática da tradução de textos variados, pertençam eles ao campo humanístico, científico ou técnico.

DEFINIÇÕES SOBRE A TRADUÇÃO

Para realizar uma reflexão a respeito do uso da tradução/língua materna nas aulas de língua estrangeira, é relevante que conheçamos algumas definições atribuídas à tradução, pois esta, por sua vez parece receber diferentes interpretações, dependendo da situação em que acontece.

Campos (1986, p. 07), diz que, segundo os dicionários, “tradução é o ‘ato ou efeito de traduzir’” e “traduzir vem do verbo latino traducere, que significa ‘conduzir ou fazer passar de um lado para outro’” e define, então, que “traduzir nada mais é que isto: fazer passar de uma língua para outra, um texto escrito na primeira delas. Quando o texto é oral, falado, diz-se que há ‘interpretação’, e quem a realiza então é um intérprete”. Portanto percebe-se que na visão do autor, a tradução falada não seria uma tradução e sim uma interpretação.

O autor destaca, ainda, que a tradução, enquanto passagem de um texto de uma língua para outra, certas vezes está relacionada ao léxico, ás vezes a sintaxe, outras vezes, à morfologia da língua que se está traduzindo e da língua para a qual se está traduzindo.

Cabe ressaltar, ainda, que este autor defende que nenhuma tradução pode ter a pretensão de substituir o texto original, pois é apenas uma tentativa de recriação dele. E sempre poderão ser feitas outras tentativas.

Não se traduz afinal de uma língua para outra, e sim de uma cultura para outra; a tradução requer assim, do tradutor qualificado, um repositório de conhecimentos gerais, de cultura geral, que cada profissional irá aos poucos ampliando e aperfeiçoando de acordo com os interesses do setor a que se destine o seu trabalho. (CAMPOS, 1986, p.27,28).

A tradução se orienta através de dois fatores que são chamados de equivalência textual e correspondência formal. Isto quer dizer que “uma boa tradução deve atender tanto ao conteúdo quanto à forma do original, pois a equivalência textual é uma questão de conteúdo, e a correspondência formal, como o nome está dizendo, é uma questão de forma” (p.49).

A tradução entre línguas diferentes como um processo de comunicação, inevitavelmente, tem alguma perda de informação como qualquer situação de comunicação e pode ser considerada como um fator implícito nesse processo.

Para Frota (1999, p.55), (…) a tradução passa a ser considerada uma reescritura, um texto que inevitavelmente transforma o texto estrangeiro, não só devido às diferenças estritamente lingüísticas, mas, sobretudo, devido as diferentes funções que o texto traduzido pode ter na cultura de chegada.

Portanto, a tradução, segundo a autora desse ensaio, passa por uma situação de reescrita, devido às diferenças lingüísticas, mas, principalmente, devido às diferenças culturais da outra língua.

Já, Wyler (1999, p.97), parte do pressuposto de que a tradução é uma interação verbal, cuja forma e tema se encontram ligados às condições sociais e reagem de forma muito sensível às flutuações dessas condições.

Na visão de Ladmiral (1979, p.15),

A tradução é um caso particular de convergência lingüística: no sentido mais amplo, ela designa qualquer forma de ‘mediação interlingüística’ que permita transmitir informação entre locutores de línguas diferentes. A tradução faz passar uma mensagem de uma língua de partida (LP), ou língua-fonte, para uma língua de chegada (LC), ou língua-alvo.

Widdowson (1997) considera que a tradução naturalmente nos leva a associar a língua a ser aprendida com a que já conhecemos e usá-la para explorar e aumentar o conhecimento. Ela proporciona a apresentação da língua estrangeira como uma atividade relevante e significativa comparada à língua materna do aprendiz. Permite, também, a invenção de exercícios que envolvem a resolução de problemas de comunicação que exigem conhecimento além do simplesmente lingüístico.

Este princípio naturalmente nos leva a associar a língua a ser aprendida ao que ele já sabe e a usar a língua para a exploração e extensão do seu conhecimento. Para usar a língua, em resumo, da forma que ela é, normalmente usada. (…) Ela propicia a apresentação da língua estrangeira como uma atividade comunicativa relevante e significativa comparada a apropria língua do aprendiz. Ela permite a invenção de exercícios que envolvem a solução de problemas comunicativos, problemas que exigem referência além da simplesmente lingüística, que demanda habilidades lingüísticas somente a tal ponto que eles sejam uma característica de habilidades comunicativas. (Widdowson, 1997, p.158,159)

Muitos escritores como Humboldt (1992, p. 03,04), destacam que: “Nem toda palavra de uma língua tem um equivalente exato na outra. Dessa forma, nem todos o conceitos que são expressados através de palavras de uma língua, são exatamente os mesmos que são expressados através de palavras de uma outra”. O que significa que não existe uma palavra equivalente a cada uma das outras na língua estrangeira, portanto, nem todas as palavras que expressam um conceito em uma língua o farão em outra. Será preciso entender o significado e então transpor para a língua a ser traduzida com a estrutura e as palavras que forem necessárias e que não serão, necessariamente, as do texto original.

Paz (1992, p.07) afirma que também estamos diante de um tipo de tradução, quando ela acontece entre línguas e dentro de uma mesma língua. O que não é diferente da tradução entre duas línguas, quando o aluno não entende uma determinada palavra na sua língua materna e pede explicação.

Schulte E Biguenet (1992, p. 09) dizem, de forma resumida, que ler também é traduzir e que o processo de tradução se constitui pelo entendimento humano secreto do mundo e da comunicação social. A língua, por si só, é uma tradução e o ato de recriá-la, através do processo de leitura, constitui uma outra tradução. Dessa forma, a tradução funciona como uma forma de revitalização da língua, que pode estimular a criação de novas palavras na língua traduzida e influenciar as estruturas gramaticais e semânticas da mesma, portanto, pode ser vista como enriquecimento da língua.

Dryden (1961, p. 17) destaca que toda tradução pode ser reduzida a três partes: a metafrase, a paráfrase e a imitação. A metafrase é a tradução feita palavra por palavra; a paráfrase acontece quando o tradutor se mantém na visão do autor, mas focalizado no sentido e não na tradução termo por termo e a imitação, na qual o tradutor, se é que ainda pode ser considerado assim, assume a liberdade de não somente variar as palavras e o sentido, mas também de abandoná-los e pegar só idéias gerais do original e fazer a tradução como quer. Mas esse autor afirma, também, que o tradutor tem que compreender perfeita e inteiramente o sentido do autor, a natureza de seu assunto e os termos ou assunto tratado e então traduzir, ao invés de traduzir palavra por palavra, o que é bastante tedioso, confuso, além de correr-se o risco até mesmo de distorcer o sentido do texto, se não for interpretado corretamente.

Para Schopenhauer (1992), nem toda palavra tem uma equivalente exata em outra língua. Portanto, nem todas as palavras que expressam um conceito em uma língua o fazem da mesma maneira na outra. Para certos conceitos, a palavra existe só em uma língua e, então, é adotada por outras línguas.

Então, quando se aprende uma língua, nosso problema principal está em entender cada conceito para o qual a língua estrangeira tem uma palavra, mas que na nossa própria língua falta um equivalente exato, portanto não se pode aprender somente palavras e sim adquirir conceitos. Nós nunca entenderemos o sentido do que é falado na língua estrangeira, se primeiro traduzirmos palavra por palavra na nossa língua materna.

O autor destaca, ainda, que pessoas limitadas intelectualmente não dominarão, facilmente, uma língua estrangeira, pois, na verdade, aprendem as palavras e tentam aproximar tudo o que aprendem da língua materna, portanto são incapazes de adquirir o ‘espírito’ da língua estrangeira.

“De tudo isso, se torna claro que novos conceitos são criados durante o processo de aprendizagem da língua estrangeira para dar significados a novos signos” (SCHOPENHAUER, 1992, p.34). E que um número infinito de nuances, similaridades e relações entre objetos aumentam o nível de consciência de uma nova língua, o que confirma que nosso pensamento é modificado e inovado através da aprendizagem de cada língua estrangeira, e que o poliglotismo representa, além de suas vantagens imediatas, um meio direto de educar a mente pela correção e perfeição de nossas percepções, através da diversidade e refinamento dos conceitos.

Schopenhauer (1992) defende que a tradução é um assunto de necessidade para a nação da qual somente uma pequena parte pode adquirir conhecimento suficiente de línguas estrangeiras.

Uma tradução não pode e não deveria ser um comentário. Não deveria ser ambígua, devido ao pouco entendimento, a não ser quando o original não expressa claramente suas idéias. A tradução é um meio e, para ser compreendida como tal, deve se voltar ao original.

Schleiermacher (1992, p.108) diz que a tradução pode ser feita tanto na direção do autor quanto na do leitor. Ou o autor é trazido para a linguagem do leitor, ou o leitor é levado para a linguagem do autor. No primeiro caso, não se faz uma tradução, e sim, uma imitação ou uma paráfrase do texto original.

Jakobson (1992) afirma que temos três diferentes maneiras de interpretar o signo verbal. Ele pode ser traduzido em outros signos da mesma língua, em outra língua, ou em outro sistema de símbolos não verbal. Esses três tipos de tradução podem ser: a tradução intralingual, que é uma interpretação de signos verbais por meio de outros signos da mesma língua; a tradução interlingual, que é a interpretação de signos verbais por meio de alguma outra língua e a tradução intersemiótica, que é uma interpretação de signos verbais por meio de um sistema de signos não verbais.

A tradução intralingual de uma palavra, dentro de uma mesma língua, usa tanto uma outra palavra como outros recursos mais ou menos sinônimos, para uma circunlocução. Uma palavra ou expressão idiomática só pode ser completamente interpretada por meio de uma combinação equivalente de unidades de códigos. Já, no nível da tradução interlingual, não há equivalência completa entre códigos, as mensagens podem servir como interpretações adequadas de códigos ou mensagens estrangeiras.

Mais freqüentemente, entretanto, a tradução de uma língua, dentro de uma outra, substitui mensagens em uma língua, não por unidades de códigos separados, mas por mensagens inteiras em algumas outras línguas. Tal tradução é um discurso direto, ou seja, o tradutor recodifica e transmite a mensagem recebida de uma outra fonte. Então, a tradução envolve duas mensagens equivalentes em dois códigos diferentes, em duas línguas diferentes.

Para Paz (1992, p.152), quando aprendemos a falar, estamos aprendendo a traduzir. A criança, que pede a sua mãe para dizer o significado de uma palavra, está pedindo para que a traduza para um termo familiar, já conhecido dela. Nesse caso, a tradução dentro de uma língua não é diferente da tradução entre duas línguas. Para esse autor, a tradução, palavra por palavra, não é impossível, ele apenas não a considera tradução, mas um mecanismo que ajuda no entendimento do texto em sua língua original. O autor afirma, ainda, que, mesmo quando a intenção da tradução é significação, no caso de textos científicos, ela implica na transformação do texto original.

Há uma ligação inegável e muito importante entre a semântica e a tradução, de acordo com Schogt (1992), pois uma lida com o significado e a outra, com a transferência do significado. Mas as teorias da semântica e da tradução não estão conectadas proximamente e, freqüentemente, especialistas de tradução sentem-se incomodados ao invés de ajudados pelos princípios da teoria da semântica.

Dizer que a semântica se preocupa com o significado é simples, no entanto, é necessário que se esclareça as principais questões que ela investiga, as quais, segundo o autor, seguem uma ordem de importância. Em primeiro lugar, a semântica estuda os problemas filosóficos e epistemológicos da relação entre as línguas, pensamento (reflexão) e mundo externo; em segundo, a relação entre o elemento significativo de uma língua e os outros elementos do mesmo nível de análise, que se encontram nessa língua e, em terceiro, a comunicação entre indivíduos que falam a mesma língua, seja oral ou escrita.

No primeiro caso, pode-se dizer, de maneira geral, sem se referir a uma língua específica, que há uma relação grande entre língua, pensamento e realidade, pois realidades diferentes geram línguas diferentes e vice-versa. Até mesmo as pessoas, que pensam ter aprendido uma língua estrangeira, continuam presas aos sistemas da língua-mãe, e são, então, incapazes de se comunicar efetivamente na língua que pensam dominar.

A segunda questão trata dos elementos da estrutura lingüística e descreve-os do ponto de vista funcional, ao invés de se referir a qualquer característica física, que pode estar isolada. Tal fenômeno é mais conhecido como fonologia/fonemas. Dessa forma, os esforços feitos até agora para estruturar unidades significativas, tal como é feito com os fonemas, têm alcançado, apenas, sucesso parcial.

De acordo com a terceira idéia, a comunicação acontece quando alguém formula uma mensagem e alguém a recebe e a interpreta. Se ambas seguirem as mesmas regras gramaticais e tiverem o mesmo léxico, a mensagem chega sem mudanças, mas, caso haja mudanças em algum dos elementos de alguma dessas línguas, a tradução pode ser comprometida.

A teoria da semântica enfoca o significado cognitivo e deixa as complexidades da intenção e insinuação para outras disciplinas. Lyons (1987) diz, que a semântica trabalha com problemas de atos ilocucionários, fenômenos paralinguísticos e níveis de interpretações múltiplos.

Sendo assim, no mundo de hoje, a tradução tem uma missão, que muitas vezes é considerada não produtiva, por estabelecer uma comunicação média e censurada, mas representa, na verdade, um meio de trocar idéias entre um indivíduo e outro, é como se fosse um tipo de estação de rádio subterrânea da qual a humanidade se utiliza para mandar notícias para o mundo, sem esperança de ser ouvida, porque a interferência dos sinais é muito forte.

Catford (apud RODRIGUES, 2000, p37)[i] argumenta que a

(…) teoria da tradução diz respeito a certo tipo de relação entre línguas’, mas, enquanto as relações entre línguas bidirecionais, ainda que nem sempre simétricas, ‘a tradução, como um processo, é sempre unidirecional’, sempre realizada de uma língua-fonte para uma língua alvo.

Através dessa reflexão, percebe-se que a tradução, apesar do longo percurso que tem percorrido, através de sua história e das teorias que procuram explicá-la, independentemente de ser usada por intérpretes, tradutores ou professores nas aulas de língua estrangeira, não surgiu recentemente no contexto do ensino de línguas e continua sendo discutida por estudiosos e profissionais da área de línguas.

Vários pesquisadores do assunto divergem em suas opiniões e teorias sobre a tradução. No entanto a maioria concorda com a função que ela desempenha e como ela ocorre e, além disso, aponta e acrescenta outros fatores diferenciados, que também devem ser levados em consideração, pois formam um conjunto que pode influenciar a tradução.

Portanto, conclui-se que a tradução, apesar de ser vista de maneira diferenciada pela maior parte dos estudiosos, ocorre até mesmo quando não imaginamos que a estamos usando. Dessa forma, ela é considerada por alguns autores como uma estratégia que facilita a aprendizagem da língua, enquanto outros acreditam que ela em nada contribui para a sua aquisição. Alguns autores destacam que, até mesmo o fato de a criança pedir uma explicação sobre um determinado termo, significa que está fazendo uso da tradução e que a mesma ocorre, na maioria das vezes, involuntariamente, porque não se decide naquele exato momento que se vai traduzir determinado termo ou expressão, mas ela ocorre sem que percebamos, mesmo que mentalmente, o que não deixa de ser uma forma de tradução.

Então, é de suma importância que novos estudos continuem sendo feitos com relação ao que vem a ser o uso da tradução nas aulas de língua estrangeira realmente, e o que pode ser definido como tradução para que o ensino/aprendizagem de línguas seja melhorado.

Notas:

1 “This principle naturally leads us to associate the language to be learned with what the learner already knows and to use the language for the exploration and extension of this knowledge. To use language, in short, in the way language is, normally used. (…) It provides for the presentation of the foreign language as a relevant and significant communicative activity comparable to the learner’s own language. It allows for the devising of exercises which involve the solving of communicative problems, problems which require reference to knowledge other than that which is simply linguistic, which make demands on the linguistic skills only to the extent that they are an intrinsic feature of communicative abilities.”

2 “Not every word in one language has an exact equivalent in another. Thus, not all concepts that are expressed through the words of one language are exactly the same as the ones that are expressed through the words of another.”

3 “From all this it becomes clear that new concepts are created during the process of learning a foreign language to give meaning to new signs”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, Geir. O que é Tradução. São Paulo: Brasiliense, 1986 (Coleção Primeiros Passos). 
DRYDEN, John. On Translation. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p. 17-31.
FRIEDDRICH, Hugo. On the Art of Translation. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p. 11-16. 
FROTA, Maria Paula. Por Uma Redefinição de Subjetividade nos Estudos da Tradução . In: Martins, Márcia A. P. (org) Tradução e Multidisciplinaridade. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999, p.52-70. 
HUMBOLT, Wilhelm von. From Introduction to His Translation of Agamemnon. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p.55-59. 
JAKOBSON, Roman. On Linguistic Aspects of Tranlation. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p.144-151. 
LADMIRAL, Jean-René. A tradução os seus problemas. Lisboa: Edições 70, 1972. 
LADMIRAL, Jean-René. TRADUCÃO – Teoremas para a tradução. Lisboa: Publicações Europa-América, 1979. 
LYONS, John. Linguagem e Lingüística uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabar Koogan S. A., 1987. . 
MARTINS, Marcia A. P. Tradução e Multidisciplinaridade. Rio de Janeiro:Lucerna, 1999. 
PAZ, Octavio. Tranlation: Literature and Letters. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p.152-162. 
RODRIGUES, Cristina Carneiro. Tradução e diferença. São Paulo: Editora Unesp, 2000. 
SCHÄFFER, Ana Maria de Moura. Reflexões Sobre o Papel da tradução (Mental) no Desenvolvimento da Leitura em Língua Estrangeira. Campinas , 2000. 172 f . Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada ) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas. 
SCHOG, Henry. Semantic Theory and Translation Theory. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p.193-203. 
SCHOPENHAUER, Arthur. On Language and Words. In: Shulte, Rainer; Biguenet, John. (editores) Theories of Translation: an anthology of essays from Dryden to Derrida. Chicago e London : The University of Chicago Press, 1992, p.32-35. 
SCHULTE, Rainer; BIGUENET, John. Theories of Translation: An Anthology of Essays from Dryden to Derrida. Chicago and London : The University of Chicago Press, 1992. 
SMITH, Michael Sharwood. Second Language Learning: Theoretical Foundations. England : Longman, 1997. 
WIDDOWSON, H.G. Teaching Language as Communication. Hong Kong: Oxford University Press, 2000. 
WYLER, Lia. Uma Perspectiva Multidiciplinar da Tradução no Brasil. In: Martins, Márcia A. P. (org) Tradução e Multidisciplinaridade. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999, p. 97-104.

Fonte: www.dacex.ct.utfpr.edu.br

Dia Mundial do Tradutor

30 de Dezembro

Um belo dia, lá para o ano de 382, o papa Dâmaso chegou à conclusão de que alguém precisava dar um jeito na Bíblia latina.

A Bíblia, como entendida pelos cristãos, é uma coletânea de textos escritos originalmente em hebraico e aramaico. O que os cristãos chamam Novo Testamento só nos resta em grego.

Havia, desde o tempo de Alexandre Magno, uma tradução grega das escrituras judaicas, feita pela comunidade judaica de Alexandria, mas, à medida que o cristianismo se expandia para o ocidente e se perdia o conhecimento de grego, fazia-se necessária uma tradução em latim, que era a língua que a maioria entendia.

Na verdade, já existia um texto latino, ou, melhor dizendo, uma porção deles, mas nenhum muito confiável. Era necessário, então – entendia o papa – fazer uma tradução que prestasse ou, ao menos, revisar, organizar, uniformizar e consolidar o que havia.

O papa encarregou seu secretário de arrumar aquilo tudo. Já naquela época, tradução era considerada coisa de secretária, como você vê.

O secretário do papa era um tal de Eusebius Sophronius Hieronymus. Sabia latim, que era o que se falava em Roma, sabia bem grego, como todo homem culto de seu tempo, e enganava bem em hebraico.

Sua vida agitadíssima, algo rocambolesca, terminou em 30 de setembro de 420.

Intelectual cristão respeitado até pelos judeus, Jerônimo teve lá suas limitações e falhas, como todo tradutor que se preze. Não vou agora ficar apontando as falhas dele como tradutor.

Nem que quisesse, poderia, porque entendo quase nada de latim, menos ainda de grego e absolutamente nada de hebraico e aramaico

Como traduzir textos técnicos

Em primeiro lugar, o tradutor precisa estar familiarizado com o assunto de que trata o texto.

Não adianta o tradutor encontrar uma tradução adequada para um determinado termo se ele não entende o significado do termo.

Um erro comum é usar traduções de dicionários bilíngües ou glossários de terceiros sem procurar o sentido do termo em questão, nem compreender de que forma ele é usado por profissionais da área. Estar familiarizado não significa saber tudo sobre a área em questão.

O tradutor familiarizado saberá, por exemplo, onde encontrar as melhores soluções para suas dúvidas de terminologia e dominará as técnicas de tradução específicas para os textos da área.

A leitura cuidadosa, do início ao fim, do texto original é essencial para a compreensão do texto. Mesmo assim, há tradutores que não lêem o texto antes da tradução e traduzem à medida em que lêem.

Na verdade, a leitura prévia deve acontecer bem antes da tradução, ainda na fase de elaboração do orçamento – só assim o tradutor poderá determinar com maior precisão o tempo necessário para traduzir e os problemas potenciais do original e da futura tradução e, com essas informações, oferecer ao cliente um preço adequado pelo serviço.

Ainda antes da tradução, é essencial também fazer o glossário dos termos novos encontrados no texto a traduzir e, é claro, pesquisar esses termos nos dois idiomas – na língua de partida e na língua de chegada.

Não raro, parte dos termos técnicos somente ganhará uma tradução boa no decorrer da tradução, pois dependem da tradução de outros termos ou de uma certa dose de inspiração que só ocorre quando o tradutor está profundamente mergulhado no estilo e vocabulário do texto.

Um dos grandes problemas de manuais técnicos em geral é quando o autor do original não escreve bem.

Alguns tradutores não se dão conta disso, acham que o original faz perfeito sentido e produzem traduções igualmente sem sentido.

É comum o autor de um manual em inglês não ser nativo do inglês (pode ser um alemão, um sueco ou um mexicano, por exemplo), e é bem possível que o autor use o chamado “inglês internacional”, uma versão híbrida do idioma inglês, ocasionalmente com sintaxe e ortografia estranhas em relação às normas cultas nacionais do inglês (americano, britânico, canadense etc.).

É importante o tradutor saber reconhecer esse tipo de problema.

Em caso de dúvidas na compreensão do estilo ou de termos técnicos, é bom procurar o cliente. Ao contrário do que muita gente pensa, um tradutor com dúvidas não é necessariamente um tradutor incompetente, mas sim um profissional preocupado em agregar valor ao seu próprio serviço e em atender ao cliente da melhor maneira possível.

Se o cliente for um cliente direto, possivelmente o contato será rápido e enriquecedor para o tradutor e deixará o cliente mais confiante na competência do tradutor.

Se o cliente for uma agência de tradução, muitas vezes o contato é demorado e truncado, pois a agência pode não querer que o tradutor e o cliente final estejam em contato direto, ou o contato acaba tendo tantos intermediários a ponto de ser impraticável.

Na elaboração de glossários com os termos desconhecidos, é importante usar fontes seguras. E na maioria das vezes, os glossários bilíngües encontrados na internet não são fontes seguras.

Fontes seguras seriam, por exemplo, glossários, léxicos e dicionários “monolíngües” criados por empresas atuantes na área de que trata o original.

Nada de glossários bilíngües elaborados por alunos de determinados cursos de tradução ou por determinados sites de agências de tradução.

Comparando fontes monolíngües no idioma de partida e no idioma de chegada, o tradutor chega com mais certeza às traduções de determinados termos.

Mas embora devam ser usados com cautela, os dicionários bilíngües ainda são capazes de ajudar bastante o tradutor.

Em documentações técnicas de aparelhos, costuma haver partes que não precisam ser traduzidas.

Por exemplo, geralmente há menção a dizeres de telas do software de comando dos aparelhos: ON, OFF, PUSH, SHUT-DOWN, ALARM.

Aqui é importante observar se o software de comando também foi ou está sendo traduzido. Muitas vezes, o software não é traduzido, e por isso o tradutor deverá deixar no idioma original as instruções de tela que aparecem no texto.

Mas haverá também ocasiões em que essas instruções devem ser traduzidas. Novamente, o contato entre tradutor e cliente resolverá essa questão.

Por fim, uma nota sobre a questão do estilo.

O estilo técnico de escrever pode parecer estranho para os amantes da “boa literatura”, mas ele faz perfeito sentido para os leitores dos textos técnicos.

O texto técnico é por natureza “seco”, direto, voltado para informar e não para provocar deleites literários nos leitores. Por isso, é importante o tradutor não tentar embelezar a tradução, sob pena de torná-la enfadonha e imprópria.

Isso não impede, porém, que o tradutor use e abuse de soluções criativas para tornar o texto fluente – isto é: fluente para os leitores de textos técnicos, que são pessoas em busca de informações específicas e objetivas.

Acima de tudo, o texto técnico, assim como o literário, o jornalístico e o jurídico, precisa ser idiomático e respeitar as regras de gramática e estilo do idioma de chegada.

A Tradução de Linguagens de Especialidade e de Terminologia

A tradução de linguagens de especialidade e de terminologia é uma questão bastante importante no âmbito da prática da tradução em geral.

Uma das principais características de um texto técnico é a utilização de linguagem de especialidade, isto é, a linguagem utilizada numa dada área que engloba tanto a terminologia como as formas de expressão específicas da área em questão.

A linguagem de especialidade não se limita apenas à terminologia; ela inclui termos funcionais (que descrevem operações ou processos), e propriedades sintácticas e gramaticais; adere a convenções próprias, tais como evitar a voz passiva (na maior parte dos textos técnicos) e o uso de terminologia consistente.

Todo este conceito é também apelidado de tecnolecto.

O conceito de terminologia é já mais restrito do que o de linguagem de especialidade, pois consiste num conjunto organizado de termos técnicos próprios de um determinado campo – uma ciência, uma arte, uma disciplina (cf. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia de Ciências de Lisboa, 2001, Verbo).

Terminologia pode ainda ser definida da seguinte forma:

(…) a base ontológica da terminologia consiste na delimitação dos conceitos produtivos de um campo específico, sendo certo que cada termo só pode definir-se como tal quando corresponde a um único conceito, por ele transmitido com concisão e precisão.
CNALP (1989: 179)

Na verdade, algo que acontece frequentemente na tradução é o fato de conhecermos as palavras (ou julgarmos que as conhecemos) mas desconhecermos o conceito a que estão associadas no texto pois este poderá variar com o contexto.

Na tradução técnica é raro (embora não seja impossível), haver casos de polissemia, pois abrange, por norma, um tipo de linguagem mais específica e objetiva.

A tradução de termos técnicos é, frequentemente, independente do contexto em que estes surgem e, neste caso, estabelecer uma equivalência a nível terminológico não deverá oferecer nenhum tipo de dificuldade acrescentada.

No entanto, isto não significa que seja mais fácil para o tradutor técnico achar uma equivalência terminológica para o texto de partida.

Muito pelo contrário, esta equivalência, a nível terminológico, pressupõe uma normalização terminológica, isto é, tanto na língua de partida como na língua de chegada há uma necessidade para a criação de uma compilação de termos de uma determinada área.

A normalização de bases de dados terminológicas torna-se, porém, bastante difícil, pois a evolução linguística não consegue acompanhar o rápido avanço tecnológico e o português tem vindo, ao longo dos últimos tempos, a sofrer fortes, e até violentas, influências de estrangeirismos, especialmente de anglicismos.

Na verdade, há uma tendência generalizada para institucionalizar a terminologia técnica numa só língua de modo a facilitar a comunicação entre os profissionais de diversos países.

Mas, se por um lado isso realmente acontece, por outro, tal empobrece a nossa língua com a agravante de se correr o risco de marginalizar os leitores que não estão familiarizados com o texto ou com a temática em causa.

A tradução de empréstimos poderá despoletar alguma controvérsia, uma vez que pode retirar toda a naturalidade e fluência a um texto. No entanto, essa falta de naturalidade e de fluência surge da falta de familiaridade com o termo traduzido.

Um termo desconhecido pode parecer estranho e, assim sendo, é evitada a sua utilização. Tal acontece com termos tais como software, ou website. Só muito recentemente foi introduzido de forma regular no vocabulário português o termo sítio para designar website ou simplesmente site.

Assim, na minha opinião, torna-se imperativo que tradutores, terminólogos e especialistas em textos técnicos e científicos tomem iniciativas de recolha de informação terminológica nas várias áreas com vista a catalogar e normalizar bases de dados específicas da língua portuguesa, eliminando, sempre que possível, os empréstimos para que estes não passem a fazer parte do vocabulário português, mais por uma questão de habituação e até mesmo de negligência do que propriamente de necessidade.

Fonte: www.plannertraducoes.com.br

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