Dia da Mãe Preta

28 de Setembro

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Por um lado, prevalece há séculos a noção convencional da Mãe Preta construída pela sociedade racista: um símbolo de subordinação, abnegação e bondade passiva.

Por outro lado, surge o retrato da mulher negra construído por ela própria na ação social, na militância política e na vivência cultural.

Mãe Preta ( Autor: José de Freitas (1889-1984)

Foram muitos “nenéns” que se amamentaram
Pretos e brancos, todos recém-nascidos 
Dos brancos até doutores se formaram
São irmãos de leite, porém desconhecidos.

Na Senzala à tarde faziam oração 
Para agradecer a Deus o trabalho do dia, 
E para “Mãe Preta” com fé e boa intenção
Encerrava-se a reza com a “Ave Maria”:
Um monumento por filhos desconhecidos:
Até em ouro poderiam erigi, 
Em troca dos afagos também recebidos 
De quem muitas das noites passou sem dormir.

Salvem mães pretas escravas santas 
Que por Deus serão sempre abençoadas,
Já deram vidas à muitas crianças 
Até mesmo à crianças enjeitadas. 
Mãe preta de nome bem aventurado,
Representando a santa mãe Universal.
Sois digna de uma data feriado
Com bandeira hasteada e hino Nacional.

Fonte: Unicamp

Dia da Mãe Preta

28 de Setembro

A MÃE PRETA

Afinal,o dia dela chegou;dia de homenagear um dos pilares na formação social e cultural da família brasileira nos séculos XVIII e XIX,a ama-de-leite,a mãe preta,que forjou a personalidade de muitas gerações de brasileiros,principalmente no Nordeste.

As iaiás coloniais casavam muito cedo,não só para proteção contra os apelos da carne,como também,pela escassez de mulheres brancas ,indispensáveis á formação das famílias brasileiras.

Meu S. João.casai-me cedo

Enquanto sou rapariga,

Que o milho rachado tarde

Não dá palha,nem espiga.

A ama era figura fundamental na Casa Grande.Era escolhida pela docilidade,pela higiene,pela força(física e espiritual)e pela beleza.A maioria dos criados de dentro eram angolanos,que logo se adaptavam ao dia a dia dos Engenhos e assimilavam facilmente os costumes e a religião dos brancos,embora jamais perdessem suas características africanas,como o linguajar “mole” e as crenças nos seus deuses primitivos.Pelo contato com as Iaiás,tornavam-se quase pessoas da família,confidentes e leva-e-trás das mocinhas e senhoras.

Mas,a função principal da ama era criar o sinhozinho,amamenta-lo,cuida-lo,embalar a sua rede,ensina-lo a falar e a rezar,enfim,era responsável pela saúde,pela higiene e pela formação do futuro senhor de engenho.

Uma boa ama tinha que ser corpulenta,carinhosa,seus peitos deviam ser nem muito rijos,nem moles demais,os bicos nem muito ponteagudos,nem encolhidos,segundo o médico J,B.A. Imbert.Pela boca da ama ,os guris aprendiam as primeiras palavras,os ôxente,os pru mode,absorviam superstições,como o bicho papão,o homem do surrão e o saci pererê ,o curupira.A negra “amaciou a língua portuguesa,para desespero dos padres puristas,como fazia com a comida dos nenén,tornando a carne dura mais palatável,com o molho de ferrugem,e,o pirão mais comível,com o amassado das verduras e os caldos suculentos.As palavras,como o alimento,desmanchavam na boca.

Daí vieram as palavras Cacá,bumbum,pipi,dindinha,au-au,tatá,neném,mimi,cocô,e os apelidos,as transformações dos nomes próprios portugueses:Antonio,virou Totonho,Tonho;Francisco,Chico,Chiquinho;Teresa,virou Teté;Manoel,Nézinho ou Mané;Maria,Maroca,Mariquinha,e,por aí vai.Sem esquecer os diminutivos:ioiô.iaiá,nhonhô,calu,sinhá,sinhozinho,como era chamado meu avô,com tanta freqüência que,poucos sabiam seu nome de batismo,Antonio Jerônimo.

As amas e mucamas também eram responsáveis pela iniciação sexual das iaiás e sinhozinhos,ensinando-lhes os mistérios do sexo,assunto tabu,entre as senhoras brancas;meninas que se casavam quase sempre depois da primeira menarca,com senhores mais velhos,escolhidos pelos pais,inocentes de tudo que se passava no leito conjugal,não fosse pelos “ensinamentos” das escravas.

E,as orações,então!?Ainda me lembro que aprendi e ensinei a meus filhos e netos ,as orações que minha mãe aprendeu de minha avó,que aprendeu das negras:

Com Deus me deito

Com Deus me levanto.

Com a graça de Deus

E do Espirito Santo.Ou.

Santo Anjo do Senhor,meu zeloso guardador,se a ti me confiou a piedade divina,sempre me rege,guarda,governa,ilumina amém.Ou,ainda:Sta.Anna bendita

Rogai com affecto

Por nós miseráveis

A Deus,vosso netto.(escrita no português da época).

Rendo minhas homenagens a essas mulheres extraordinárias,que tiraram o leite de seus filhos para alimentar e nutrir os filhos de seus algozes e lhes ensinou,além dos mistérios da vida,o amor,a confiança,as crenças e os valores que hoje são o alicerce das sociedades modernas.

Fonte: www.artigonal.com

Dia da Mãe Preta

28 de Setembro

MÃE PRETA

Ubiratan Lustosa

Em 28 de setembro, data da promulgação da Lei do Ventre Livre, comemora-se, também, o Dia da Mãe Preta.

É uma expressão tradicional. Hoje, o mais correto seria dizer-se Mãe Negra.

A Lei do Ventre Livre, sancionada em 1871 pela Princesa Isabel, foi dos primeiros atos oficiais visando a libertação dos escravos, talvez o mais difícil, porem dos mais emotivos, nessa caminhada longa que o Brasil percorreu até a abolição da escravatura.

E foi a delicada mão de Isabel, a Redentora, que assinou a lei através da qual os filhos concebidos pelas negras escravas seriam livres a partir de então. Escravas, elas passavam a carregar no ventre filhos libertos.

A alegria que sentiram, ainda que continuassem presas aos grilhões do cativeiro cruel, provavelmente só quem é mãe pode compreender em sua plenitude.

Toda mãe deseja uma vida melhor para seus filhos e, ainda que ela sofra, será feliz se puder assegurar ao fruto do seu ventre um futuro de bem estar e alegria. Por isso as negras escravas festejavam.

Não mais a sombra nefasta do trabalho escravo, não mais o pesadelo do pelourinho e da chibata, não mais o fantasma dos castigos sangrentos, das punições cruéis, dos maus- tratos sem direito de queixa.

Nesse dia longínquo, por certo se ouviu nas senzalas um cântico alegre só entoado nos dias de festas na África distante de onde vieram e da qual sentiam tanta saudade.

Dia de alegria para a mãe preta, mãe negra que muitas vezes teve que deixar de lado o próprio filho para alimentar em seu peito o filho da Sinhá, a senhora da sua vida e do seu destino.

Ah, mãe preta tão sacrificada, tão desprendida, tão amorosa.

Mãe preta de leite branco que tantos brancos alimentou.

Mãe preta a quem o Brasil tanto deve e de cuja resignação e espírito de sacrifício muito aprendemos.

Mãe preta que mesmo velha, encarquilhada, carapinha branca, junto com os segredos da cozinha e do forno, junto com a arte dos quitutes que tão bem preparava, ensinava as mais sublimes lições de amor e de ternura, de abnegação e de perdão, pois a todos recebia em seu regaço, mesmo sofrendo e sendo espezinhada.

Nós te saudamos Mãe Preta, figura majestosa da nossa história colonial, exemplo de tantas virtudes e fonte de tanto carinho.

Deus te abençoe, Mãe Preta, mãe negra feita de ternura.

Fonte: www.ulustosa.com

Dia da Mãe Preta

28 de Setembro

No dia 28 de Setembro de 1871, a princesa imperial regente, em nome de Sua Majestade, o imperador D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a Lei do Ventre Livre: “declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daqueles filhos menores e sobre a libertação anual de escravos”.

Embora tenha sido objeto de grandes controvérsias, a lei representou, na prática, um passo tímido na direção do fim da escravatura. Assim, juntamente com o fim do tráfico de escravos, secavam-se as fontes, ou melhor os ventres das escravas, que forneciam os novos de escravos, aumentando a população escrava do país.

Nesse dia, homenageamos aquela que além de gerar seus filhos, com incontáveis sacrifícios, ainda sofria tendo de entregá-los ao seu senhor, para serem escravizados e que, além disso, tinha a obrigação de cuidar e amamentar, com carinho e respeito, os filhos do seu amo.

A lenda da Mãe Preta surgiu no Rio Grande do Sul, juntamente com a cidade de Passo Fundo. Conta a lenda que a Mãe Preta era uma escrava do Cabo Neves, senhor das glebas de Passo Fundo. Era conhecida por Mariana e tinha um filho que era a sua alegria.

Certa vez, o jovem fugiu de casa, não mais retornando, deixando sua mãe inconsolável a ponto de definhar. Dessas lágrimas que Mãe Preta derramou teria brotado uma fonte, que se tornou famosa entre a comunidade e os viajantes. Ainda segundo essa lenda, dizem que antes de morrer, Mãe Preta foi visitada por Jesus Menino, que lhe pediu que não chorasse, porque seu filho se encontrava na mansão celeste. Jesus ter-lhe-ia falado ainda: “Em recompensa de tua dor, pede o que quiseres que te darei”

Mãe Preta então pediu: “Dá-me a felicidade de ir para junto de meu filho, mas, como lembrança, quero deixar esta fonte, para quando aquele que dela beber, retorne sempre a esse lugar”. Um chafariz foi construído sobre a fonte, cuja terra, Cabo Neves havia doado. Esse chafariz serviu, inicialmente, para fornecer o abastecimento à vila de Passo Fundo, cujo transporte era feito pelos escravos.

Fonte: ecoflash.tripod.com

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