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Dia Nacional do Fotógrafo
08 de Janeiro
Della Porta, Nièpce, Daguerre, Talbot, Maldox, podemos afirmar, dentro de suas épocas e contextos, eram fotógrafos. Todos importantes e pioneiros, que desfilaram na história geral da fotografia, trazendo experiências e contribuições para a arte de fixar uma imagem sob ação direta da luz.
A arte da fotografia não foi inventada. Ela foi se constituindo, somando as descobertas de muitos artistas e pesquisadores.
A câmara escura
Um princípio, é inegável, foi fundamental nessa arte: o da observação, fosse da natureza, fosse de objetos estáticos, através de uma câmara escura. O conhecimento desse princípio ótico é atribuído a um chinês de nome Mo Tzu, no século V, e até ao filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.). Consta que este último teria feito suas constatações (do efeito dos raios solares ao passar por entre as folhas de uma árvore, projetando-se no solo), ao observar o eclipse parcial do sol.
O uso da câmara escura para observar eclipses solares foi difundido através dos séculos.
Existe um primeiro desenho da câmara escura encontrado nas anotações de Cesare Cesariano, discípulo do pintor Leonardo da Vinci no século XVI. O próprio pintor a descrevia em suas notas, como auxiliar para os desenhos e pinturas.
Giovanni Baptista della Porta, Kepler, Kircher
Foi o cientista italiano Della Porta que publicou uma descrição detalhada da câmara e de seus usos, também no século XVI. Um compartimento vedado à luz, com um orifício de um lado e voltado para uma parede pintada de branco. Com a entrada da luz, cujos raios passavam para o interior da câmara, o objeto que era posto diante do orifício tinha sua imagem projetada na parede branca, de forma invertida.
O astrônomo Kepler a utilizava para desenhos topográficos, no século XVII; o jesuíta Kircher, na mesma época, a descreveu e utilizou para seus desenhos.
Barbaro e Danti
O uso da câmara escura foi sendo difundido e aperfeiçoado através dos tempos. Para a nitidez das imagens refletidas, por exemplo, o veneziano Danielo Barbaro descobriu, ainda no século XVI, que a variação do diâmetro do orifício provocava diferenças na imagem projetada, e inventou o primeiro diafragma.
Egnatio Danti, matemático florentino, aperfeiçoou a utilização de um espelho côncavo para reinverter as imagens. O uso de lentes e espelhos foi sendo aperfeiçoado até que se conseguiu boa projeção da imagem. Agora era fixá-la.
A química para fixar as imagens
Pesquisas com compostos de prata foram importantes para a fixação das imagens. Schulze, um professor de Anatomia do século XVIII, deu sua contribuição quando notou, por acaso, em meio as suas experiências, que um vidro contendo ácido nítrico, prata e gesso se escurecia exposto à luz da janela.
Todos os objetos são sensíveis e se modificam com a luz (ao que chamamos de fotossensibilidade), o que difere é o tempo que levam para modificar-se. Para fixar uma imagem era preciso descobrir um material que se pudesse manipular e que realizasse rapidamente o registro da imagem na câmara escura.
Miépce e Daguerre
No século XVIII, o físico Nicéphore Nièpce, que utilizava suas pesquisas de soluções químicas, a princípio, para imprimir litografias, foi responsável pela primeira imagem, que é considerada a primeira fotografia do mundo. Expôs durante cerca de oito horas na sua câmera escura uma placa de betume que utilizava para as pesquisas com as litografias e conseguiu uma imagem do quintal da sua casa, a qual chamou heliografia (ou escrita do sol).
Juntou-se ao pesquisador Louis Jacques Daguerre e teve suas idéias por ele aprimoradas. Daguerre, já no século XIX, conseguiu, depois de várias experiências, fixar imagens mais ou menos assim: utilizando chapas de cobre sensibilizadas com prata e tratadas com vapor de iodo, expondo a imagem ao mercúrio, reduzindo o tempo de exposição de horas para minutos. A esse processo complexo deu-se o nome de daguerreotipia.
O daguerreótipo foi popular por muitos anos, mas tinha duas inconveniências: quando os modelos eram pessoas e não paisagens, elas necessitavam ficar imóveis por no mínimo cerca de três minutos. E o principal: como se tratava de uma placa de cobre coberta por uma emulsão que, ao revelada, tornava-se visível, não era possível copiá-la e multiplicá-la.
Talbot, Archer, Maddox, Eastman e a Kodak
Foi o cientista inglês William Fox-Talbot quem experimentou a troca da placa metálica emulsionada pelo papel com cloreto de prata, obtendo uma imagem negativa, daí, emulsionando outra folha, fez um positivo e este processo, que permitia reproduções, foi chamado de calotipia (é conhecido também como talbotipia).
Com as experiências do inglês Archer, que em chapa de vidro, misturou emulsão com uma substância adesiva chamada colódio, e depois outro inglês, Maddox, que em vez de colódio usou uma suspensão de nitrato de prata em gelatina, que secava rápido e tornou a fotografia, por fim, instantânea, outra contribuição importante foi do também inglês George Eastman, que no final do século XIX, substitui a transparência do vidro pela nitrocelulose e emulsionou o primeiro filme em rolo da história.
Depois, para poder utilizar o filme em rolo, criou uma câmera pequena e leve de nome Kodak. Depois que o rolo terminava, o fotógrafo mandava a câmera para o seu laboratório, recebia o negativo, cópias positivas em papel e um novo rolo que lhe dava direito a 100 novas poses.
Com todo esse processo e com o slogan que ficou conhecido mundialmente “você aperta o botão, nós fazemos o resto”, tornou a Kodak uma empresa responsável pelas maiores evoluções em termos de fotografia de que se tem notícia.
Quatro Grandes Fotógrafos
Marc Ferrez
Narc Ferrez, Ponte Curva sobre o São Francisco – 1883
Fotógrafo brasileiro, nascido no Rio em 1843, é considerado o pioneiro na arte de fotografar, no Brasil. Sua família, de origem francesa, veio para o Brasil acompanhando a missão francesa que fundou a Academia de Belas Artes. É o autor do primeiro acervo de fotos sobre a cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX. No final do século XIX, registrou paisagens por todo o país. Suas imagens eram consideradas composições perfeitas. Era um perfeccionista quanto aos melhores efeitos da luz.
Ao participar de uma expedição de geologia, patrocinada pelo imperador Pedro II, realizou trabalho fotográfico tão perfeito com informações sobre espécies de animais e vegetais, composição e formação de rochas e terrenos, que foi utilizado para mapear o Brasil.
Henri Cartier-Bresson
Cartier – Bresson, Ile de la Cité, Paris – 1952
Nasceu em Paris, em 1908, e como muitos de seus antecessores, começou na arte através da pintura, com influência surrealista (o estilo que recusa os encadeamentos da lógica). Descobriu o gosto por fotografar quando foi para a África, em 1939, viagem que mudou sua vida. Ao voltar a Paris comprou a câmera alemã Leica que o acompanhou para sempre. Bresson é influência no trabalho de milhares de fotógrafos em todo o mundo.
A famosa foto de Munkacsi
Consta que ao ver o famoso trabalho do fotógrafo Martin Munkacsi, um dos maiores do século XX, publicado em 1931, em que três garotos africanos brincam livres no mar, teve toda a inspiração necessária para seguir essa carreira.
Bresson foi dono de um estilo reformulador em sua época, de leveza e liberdade, apesar dos temas fortes que escolhia para fotografar: por ter sido prisioneiro de guerra dos alemães por três anos, fez documentários sobre os campos nazistas; fotografou o fim do domínio britânico na Índia, o assassinato de Gandhi e os primeiros meses do governo de Mao Tse Tung na China.
Pierre Verger
Pierre, Verger, Belém – 1947
Nascido em Paris, em 1902, contemporâneo de Bresson, o Doutor em Etnologia pela Sorbonne, e fotógrafo francês passou parte de sua vida na Bahia, depois de fazer contato com o mundo do candomblé, que passou a ser a sua paixão. Morreu em 1996, e seu precioso acervo ficou em Salvador, na Fundação que leva seu nome, onde deixou 63 mil negativos fotográficos em preto e branco, além de gravações realizadas na África e Brasil usando como tema o culto aos orixás. Com sua câmera Rolleiflex, percorreu e documentou fotograficamente Ásia , África, América do Norte, Antilhas e América Latina.
Sebastião Salgado
Sebastião Salgado, Comunidade de Chimborazo, Equador – 1982
Talvez o mais famoso fotógrafo brasileiro de todos os tempos, tendo hoje cerca de 50 anos, Sebastião Salgado só começou a fotografar em 1971, quando, já doutor em Economia, foi enviado pela Organização Internacional do Café, para coordenar um projeto nos cafezais de Angola, na África. Sua maneira de captar a iluminação ele descobriu quando tirou a sua primeira foto em Paris, uma foto de sua mulher, que tirou com a máquina dela.
Seu trabalho, uma reportagem social, é conhecido e premiado internacionalmente. Vem documentando a saga do movimento migratório das populações (como por exemplo os mexicanos tentando ultrapassar a fronteira para os Estados Unidos) e situações extremas em que vivem e trabalham pessoas em todo o mundo.
São exemplo trabalhadores de carvoarias, minas de carvão e de ferro, garimpeiros de Serra Pelada, cortadores de cana do Nordeste, índios Yanomami, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), andarilhos no deserto de Sahel, flagelados de guerras civis em Ruanda e Quênia, na África.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Dia Nacional do Fotógrafo
08 de Janeiro
A descoberta da fotografia e sua evolução nos aproximou das pessoas, culturas, lugares. As fotos nos revelam hábitos, registram momentos de violência, amor, amizade, alegria e solidariedade. Elas ajudam cada povo a criar sua identidade e nos revelam momentos e épocas passadas. Cada foto conta e guarda um pedaço da nossa história.
E seu valor não se limita ao que ela nos mostra, mas as perguntas que ela nos estimula a fazer.
A fotografia, quando começou a ser usada na imprensa, carregava em si um discurso de que era a mimese da realidade, um fato em si. Até o século XIX, a fotografia era visto como um artefato objetivo, desnudado de todo e qualquer subjetividade.
Mas com o discurso da semiótica e da semiologia, e a idéia de que o olhar do fotógrafo influencia no resultado e carrega a fotografia de sentidos, a fotografia perdeu um pouco de seu status como descrição verídica da realidade.
Através do enquadramento, o fotógrafo compõe o cenário retratado, podendo colocar como assunto o que ele quiser. É ai que entra a subjetividade do fotógrafo.
E essa subjetividade pode ser utilizada de forma interessante quando a sensibilidade do fotógrafo consegue registrar um momento único.
Fonte: UFGNet, Soleis
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