Córsega

História de Córsega

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A Córsega está localizada no coração do Mar Mediterrâneo. É uma ilha paradisíaca, onde a praia e a montanha fazem uma mistura de rara beleza. A Córsega pode-se definir como uma grande montanha localizada no meio do mediterrâneo, cujo pico mais alto, supera os 2.700 metros.

O território da Córsega tem sido a sua principal arma para defesa dos invasores, o seu terreno acidentado, os seus altos picos, a sua divisão territorial, sempre serviu para defender o seu território dos invasores ao longo da sua história, mas também serviu para preservar os costumes e criou fronteiras ideológicas e sociais. Sendo por isso, importante destacar o desenvolvimento desta ilha, que passou pelos fenícios, gregos, romanos, Vândalos, o governo Bizantino, Aragão, Gênova e por ultimo, os Franceses, que ficaram com a ilha após o Tratado de Versalhes, em 1768.

Pela sua situação geo-estratégica, a Córsega também fazia parte da rede de portos estratégicos, onde passavam muitos navios.

Se dermos o salto para a época clássica, entramos num período em que entraram novos invasores eliminando os anteriormente, enquanto que os habitantes locais se refugiaram nas regiões do interior.

Era Romana

A época romana começou no século III A.C., e é necessário reconhecer que foi uma época de maior duração na região, os romanos aguentaram nesta terra cerca de 7 anos.
Os romanos ao chegarem a esta Ilha, repartiram os terrenos para seus veteranos, que assim viram recompensados os seus esforços.

Idade Média

Já durante a Idade Média, na altura da queda do Império Romano do Ocidente, a Córsega foi o campo de batalha onde Godos e Vândalos resolviam as suas diferenças, os Vândalos venceram e com a madeira proveniente das florestas da ilha construíram uma frota inacreditável.

De seguida, os bizantinos passaram por esta terra, os godos novamente, africanos, até que no século IX Carlo Margo conquistou este território.

Durante o século XII, os Pisanos são os que dominaram a ilha, prova disto é a Igreja de Santa Maria la Mayor, de estilo românico PISANO. É a mais antiga de Bonifácio.

Após os Pisanos, veio a época do domínio genovês, intercalado com o domínio Aragão. Certa vez, a ilha foi dividida entre os adeptos de Génova, os apoiantes de Pisa e os apoiantes da Coroa de Aragão. Até que em 1447, o Papa Nicolau V declarou a ilha pertencente a Génova, e os Aragoneses foram expulsos de Córsega.

A chegada dos franceses

No século XVI começam a dar-se os primeiros confrontos com os franceses, que estão começando a invadir a Córsega. Tropas francesas e turcas desembarcaram em Bastia e Bonifácio, e a ocupação anterior foi gradualmente caindo em toda a ilha excepto Calvi, que aguentou muito tempo aos ataques franco-turcos.

Nesta ação os genoveses responderam com a ajuda dos espanhóis, em especial do Rei Charles V, que recuperou parte da ilha.

Séculos mais tarde, no século XVIII, A França travava na Córsega uma luta contra os genoveses. Em situação insustentável, eram explorados pelos franceses para retomar o controlo da ilha. Um controle que ainda hoje perdura.

Foi precisamente em Maio de 1769 quando os franceses reconquistaram Córsega, depois da vitoriosa batalha de Louis XV da França, uma vitória que marcou o fim definitivo da independência da Córsega, mas não o domínio francês, porque a ilha era um breve período nas mãos dos britânicos, que desembarcaram com o comando do almirante Nelson tirando assim partido das fissuras que existiam entre os corgos, embora esta situação durasse apenas alguns anos, em 1796 os franceses regressaram à Córsega pela mão de um dos maiores corsos francófonos Napoleão Bonaparte.

No século XVIII e XIX, A Córsega definitivamente junta-se à França.

Principais cidades

Córsega

Córsega é uma ilha dividida em 2 regiões administrativas, a Regiao da Alta Córsega, cuja capital é Bastia e que possui uma povoaçao de cerca de 145 mil habitantes, e a Córsega do Sul, cuja capital Ajaccio, é também a capital da Ilha. A populaçao da regiao administrativa do Sul tem cerca de 130 mil habitantes.

O norte e o sul, as duas regiões administrativas, são as cidades de primordial importância, e muitas coisas para fazer.

Começando a partir do norte da região, a Alta Córsega, destacamos cidades como Bastia, e destaca-se a sua Cidadela; Tribunal de Justiça, onde a universidade está localizada na Córsega, Calvi, Saint Florent e seu pequeno porto; ALERIA e seus restos arqueológicos; Ventiseri ou Cervione.

Córsega do Sul para destacar a capital, Ajaccio, tem cerca de 60.000 habitantes, e Porto Velho, uma das cidades mais turísticas da ilha junto com Calvi e Bonifácio.

Fonte: www.corcega.costasur.com

Córsega

A “montanha no mar”, como lhe chamou Maupassant, é feita de picos rochosos muitas vezes nevados, rodeados por um mar morno e transparente. Mas os clichés da ilha-paraíso não lhe servem: moldada por ventos e marés, a Córsega possui um carácter forte e indomável – e os seus habitantes também.

Córsega, beleza indomável

O assalto aos sentidos começa mal se põe o pé em terra; misturados com a maresia chegam-nos perfumes resinosos de mato e flores açucaradas. Junto à costa, o mar é baixo e alterna azuis-turquesa com verdes-menta, debruados pela tira branca da areia.

O sol quente aviva as cores e faz apetecer passeios pela sombra e banhos de mar. Oliveiras e medronheiros cobrem as encostas de verdes secos e sombras apetecíveis.

Generosamente, a Córsega oferece tudo isso e algo mais: montanhas nevadas por onde descem riachos gélidos, que nos fazem esquecer o Mediterrâneo.

O seu interior é percorrido por estradinhas sinuosas e estreitas, que rodopiam entre florestas e cabeços rochosos, alguns encimados por taffoni, arcos de pedra perfurados pela erosão.

Vales glaciários abrem-se na rocha nua, com aglomerados de casas cinzentas e o inevitável campanário aguçado no centro, a marcar a presença humana: a aldeia de Zonza e seus monumentais pitões de granito cinzento, conhecidos por Agulhas de Bavella, são a imagem mais conhecida da montanha corsa.

Vales como o de Asco ou Spelunca estão muito longe daquilo que as similares palavras portuguesas poderiam sugerir e, nas gargantas da Restonica, o percurso pedestre até aos lagos de Melo e Capitello é um encontro com a beleza selvagem da ilha, só comparável com a ascensão aos 2.706 metros do monte Cinto, o seu ponto mais alto.

Córsega
Zonza, Córsega

Também na costa existem lugares notáveis pela sua beleza em estado puro: o balão azul-turquesa da baía de Rondinara e o Parque Natural de Scandola – este último considerado Património Mundial da Humanidade – possuem, como poucos, o encanto bravio da costa mediterrânica.

Não muito longe, ficam as Calanches de Piana, também protegidas pela UNESCO, que ninguém descreve melhor que Guy de Maupassant, em “Une Vie”: “(…) uma floresta, uma verdadeira floresta de granito púrpura.

Eram picos, colunas, pequenas torres de campanário, figuras surpreendentes, modeladas pelo tempo, o vento corrosivo e a bruma do mar. Altos até aos trezentos metros, finos, redondos, torcidos, recurvados, disformes, imprevistos, fantásticos, estes surpreendentes rochedos pareciam árvores, plantas, bichos, monumentos, homens, monges de hábito, diabos cornudos, pássaros desmesurados, todo um povo monstruoso, uma exibição de pesadelo petrificada pelo desejo de um qualquer deus extravagante …”. E ali ao pé fica o golfo azul de Porto, onde as calanche se refletem, varridas ferozmente pela tramuntana e pelo libeccio.

A prodigalidade da natureza não se fica pelo relevo: a vegetação da ilha é constituída por cerca de duas mil espécies, das quais quase oitenta são endémicas; da fauna também faz parte uma vintena de mamíferos selvagens, entre os quais o muflão (u muvrone), que se tornou o emblema da montanha corsa, altiva e rebelde.

Claro que quem percorre as florestas interiores, a pé ou de automóvel, encontra mais facilmente rebanhos de cabras e ovelhas ou varas de porcos, numa vagabundagem inédita nestes tempos de CEE.

De vez em quando pára um carro, e aparece alguém com milho para distribuir; é que, embora não pareça, os animais têm dono, mas aqui acredita-se seriamente nas vantagens desta criação assilvestrada, que permite o cruzamento com javalis e uma alimentação mais natural.

São famosos os enchidos de javali, mas nada chega à excelência do brocciu, aquele queijo de ovelha ou cabra de perfume explosivo (quem não leu “Astérix na Córsega”?), ou às magníficas castanhas, que invadiram o gosto da cerveja e dos crepes; ao mel silvestre, ou ao azeite. Bela e farta, a ilha incita aos prazeres da mesa e ao lazer.

Habitada desde há muito, ao percorrê-la, espanta a ausência de gente. Metade dos seus cerca de duzentos e cinquenta mil habitantes vivem em Ajaccio e Bastia. No interior, as povoações têm um aspecto austero e quase abandonado, mas cada capu (monte) ou lavu (lago) tem o seu nome próprio.

Na costa, o turismo instalou-se como primeira fonte de rendimento e sobram as marinas, hotéis, aldeamentos, e cafés mundanos. Mas também na arquitetura a Córsega misturou estilos, filtrou e criou um estilo “corso” com referências históricas incontornáveis.

Ilha de Fortes e Torres no Mediterrâneo

O símbolo presente nos folhetos e cartazes turísticos, por exemplo, são as famosas – e abundantes – torres genovesas, que parecem o modelo original da Torre do Jogo de Xadrez. Foram construídas durante o domínio de Génova, com funções de vigilância permanente da costa: os Turchi, piratas vindos da África do Norte, eram um perigo real para os habitantes.

Destruíam culturas e aldeias inteiras, e faziam escravos todos os que apanhassem; chegaram a contar-se uns seis mil corsos cativos em Argel, só no ano de 1560. Com uma altura média de quinze metros, as torres permitiam avisar as populações através de fogos ateados no cimo, em caso de aproximação de barcos desconhecidos.

Córsega
Bonifácio, Córsega

A abundância de fortes – os de Calvi e Bonifácio são os mais espectaculares – prende-se com esta necessidade perpétua de defender a ilha da fácil abordagem, não só de piratas, mas da cobiça das várias potências marítimas.

Como todas as ilhas do Mediterrâneo, a Córsega também andou de mão em mão, pertencendo ao reino de Pisa (1077 – 1284) e ao de Génova (1284 – 1768), antes de ser vendida à França pela última.

Das torres genovesas restam cerca de oitenta e cinco, umas restauradas e outras em ruínas; muitas mais que as pequenas pontes de pedra, de arco único e “bossa” no meio, que datam da mesma época – um dos exemplares mais bem conservados atravessa as gargantas de Spelunca, junto a Ota.

Bem cuidadas estão as igrejas em estilo “românico pisano”, como as de Aregno ou de San Michele de Murato, edifícios bicolores decorados com figuras geométricas, imagens de animais e personagens simbólicas deliciosamente naifs.

Ajaccio, Bastia, Corte e Bonifácio

Não há nenhuma povoação na ilha que assuma a urbanidade e cosmopolitismo de uma cidade. Mesmo Ajaccio, a capital, terra de Napoleone Bonaparte, e Bastia, na costa oriental, são cidades agradavelmente pequenas e provincianas.

Abundam as motoretas e os estacionamentos em lugares proibidos, as esplanadas, a roupa pendurada nas varandas, um certo estilo muito latino. Animadas e soalheiras, revelam-se bem diferentes de Corte ou Bonifacio que, talvez por serem mais pequenas, mantêm o aspecto austero das ruas estreitas com casas de pedra.

Genuinamente corsas, ambas são cidades fortificadas, construídas sobre morros transformados em barcos de pedra pelas ruas empedradas, de casario alto.

Bonifácio tem a atmosfera de um velho castelo ancorado em águas transparentes, com a sua falésia calcária a esboroar-se em ilhotas. Corte, nobre cidade universitária, chegou a ser capital da Nazzioni Corsa durante catorze anos.

Córsega
Bastia, Córsega

Foi Pascal Paoli quem proclamou a independência, em 1755, depois de diversos levantamentos populares contra Génova, a intervenção francesa, e a intervenção ou tomada de partido dos diversos clãs corsos.

Mas em 1768, os que tomaram partido pela França – por exemplo, Charles-Marie Bonaparte, pai do futuro imperador – vencem a batalha, e a Córsega torna-se definitivamente francesa.

França, mas não muito

Sendo uma ilha, para mais com um relevo montanhoso bem marcado, é natural que anteriores experiências coletivas de isolamento e dificuldades de comunicação, entre certos pontos da ilha e também com o continente, determinassem a existência de carácteres individualistas e fortemente conscientes da sua diversidade; verificam-se, por exemplo, diferenças linguísticas entre o norte e o sul, apesar da ilha não ultrapassar os 8.680 quilômetros quadrados.

Tem a forma de um punho fechado, com um “indicador” – o Cap Corse – a apontar inquisidoramente a costa francesa, de onde vêm as únicas embirrações que conseguem unir os corsos, mas também os subsídios da Comunidade Europeia e a maior parte do turismo.

A questão da independência levanta-se, de vez em quando, com grupos mais ou menos radicais a reivindicarem parte dos atentados que vão ocorrendo. Na versão de alguns corsos com quem falámos, trata-se, sobretudo, de ajustes de contas pessoais e guerrilhas internas pelo poder, que levam a que seja punido o bode expiatório francês.

A França acabou por se tornar aquele “inimigo de estimação” de quem fica sempre bem um político demarcar-se, mas que não se odeia realmente. É verdade que ainda estão a sarar os ressentimentos de certas atitudes neo-colonialistas, como a adjudicação das melhores terras agrícolas da ilha a mais de quinze mil franceses vindos da Argélia.

Córsega
Spelunca, Córsega

Presentemente, ao contrário de políticas anteriores, são aceites as diferenças regionais, mesmo as mais marcadas, sobressaindo os bretões e os corsos como os mais conhecidos “dissidentes culturais” do Hexágono – para não falar nos longínquos territórios espalhadas por outros continentes, como a ilha da Reunião ou a Guiana.

Sendo uma ilha, para mais com um relevo montanhoso bem marcado, é natural que anteriores experiências coletivas de isolamento e dificuldades de comunicação, entre certos pontos da ilha e também com o continente, determinassem a existência de carácteres individualistas e fortemente conscientes da sua diversidade; e a Universidade de Corte, fundada por Paoli e encerrada em 1769, só reabriu em 1981.

De raízes celtas e lígures, o corso foi progressivamente latinizado e sofreu fortíssima influência toscana, sobretudo a partir do séc. IX. A sintaxe ainda continua próxima do toscano medieval, enquanto o vocabulário foi – e vai – sendo enriquecido com vocabulário francês “corsificado”.

O séc. XX foi, portanto, o da afirmação da língua corsa, com a publicação do seu primeiro jornal, “A Tramuntana”, assim como alguns romances, poesia e contos folclóricos; podemos portanto dizer que u corsu è oghj una lingua.

E para quem ouve pela primeira vez, tem ressonâncias latinas e uma musicalidade muito próxima do italiano; buciardo cume a scopa, “mentiroso como a urze” (que floresce mas não dá fruto), é uma deliciosa expressão local que traz para a língua os perfumes de um maquis composto de medronheiros, urzes, alecrins e estevas perfumadas.

Uma cabeça de mouro com um lenço na fronte, atado à corsário, continua a ser o símbolo da ilha, utilizado oficialmente, mas também por grupos independentistas ou como bandeira de barcos de recreio.

Embora aluda à expulsão dos mouros no séc. IX, é a imagem onde a ilha se revê: o corsário livre, indomável aventureiro, destemido e independente. Os outros, nomeadamente os franceses do continente, têm uma versão diferente, mas não totalmente oposta; a esta ideia de espírito rebelde, o estereótipo do corso fica completo com um toque de indolência, uma pitada de susceptibilidade, uma boa dose de espírito de clã (do arreigamento à família ao nacionalismo exacerbado), certa propensão para a trafulhice, e a vendetta como passatempo nacional – logo a seguir a destruir os sinais de trânsito a tiro.

Pessoalmente, substituiria algumas destas ideias feitas por uma certa desconfiança, um apreciável sentido de humor, e a capacidade de não deixar escapar uma bela conversa com um desconhecido. “Para que são as fotos? Olhe que eu sou procurado pela polícia…” – dizia o dono de um restaurante em Ajaccio; “Não quer provar os meus cogumelos? Tem medo de morrer envenenado?” – perguntava um simpático habitante de Asco, ao convidar-nos para uns cogumelos na brasa acabadinhos de trazer do bosque.

Córsega, Ilha com caráter

A cento e setenta quilômetros da costa francesa e apenas oitenta e dois de Itália, a Córsega fundou o seu carácter neste belíssimo pedaço de terra, farta em água e vegetação. Os fenícios chamaram-lhe Korsai, “lugar arborizado”, e os gregos Kallisté, “a mais bela” – ambos com carradas de razão.

Córsega
Propriano, Córsega

– Está calor. Este tempo não é normal, pois não?

– Não, mas as pessoas também não são. Temos a mania que somos os reis do mundo. Já viu como se conduz, e o que fazem às placas das estradas, cravejadas de tiros? E esta ilha até podia ser um paraíso…

– E os atentados, por que é que acontecem?

– Ah, isso é cá entre nós. Isto está bom é para começar um negócio de explosivos, ou então de vidraceiro…

– Não acha que têm afinidades com a Itália? A língua, por exemplo, soa mesmo a italiano…

– Nem pensar! Não somos franceses nem italianos – somos corsos!

Conversas soltas em esplanadas sombrias, pela hora do calor. Ilha de luz e sombra, contrastes e matizes, que não deixa ninguém indiferente. Casas de paredes espessas e janelas pequenas, espelhos de água que refletem o céu, escavados na rocha das montanhas, baías de um azul luminoso, rodeadas por uma vegetação bravia – na Córsega não há lugar para a banalidade ou a sofisticação. Tudo é forte e marcante, do clima à paisagem. Indolente e indomável, a ilha conquista-nos com o seu coração selvagem.

OS PRIMEIROS CORSOS

Os mais importantes vestígios pré-históricos da ilha ficam a norte e a sul de Sartène: Filitosa, no primeiro caso, Palaggiu e Ca Uria, no segundo.

Os primeiros testemunhos da ocupação humana surgiram junto a Bonifacio, e datam de cerca de 7000 AC; trata-se do esqueleto de uma mulher, que ficou conhecida por “Dama de Bonifacio”. A civilização megalítica desenvolveu-se entre 3500 AC e 1000 AC, legando os mais interessantes – e visíveis – vestígios do Neolítico e Idade do Bronze.

Inserem-se neste caso os locais acima citados, que proporcionam uma agradável e muito atmosférica visita à pré-história da ilha.

Fonte: www.almadeviajante.com

Córsega

Terra de quem?

Descoberta e fundada por gregos, já pertenceu à Itália, já pertenceu à França, depois fora devolvida pelos franceses aos genoveses, passou um curto período aos cuidados da Inglaterra , voltou a ser e é, atualmente, da França – verdade seja dita, a Córsega pertence à Córsega!

Córsega

Situada ao Sul da França, a Oeste da Itália, ao Norte da Ilha de Sardenha, a ilha mediterrânea, com mais de 8 mil km/2, é a mais bela montanha no mar. Ao longo dos séculos, ela mantém acesa a utopia pelo controle de território. Seus famosos souvenires, canivetes feitos de madeiras nobres, vêm com a seguinte inscrição: Vendetta. Vingança faz parte da cultura corsa.

Com 260 mil habitantes e em pleno século XXI vemos nas placas de sinalização nas estradas furos de balas perdidas. Não é incomum casas ou estabelecimentos comercias serem incinerados de repente.

Córsega

O povo corso tem muita influência sobre o rumo de sua história, ainda hoje, em época de eleição, políticos vão até as casas dos eleitores, a procura da conquista e da simpatia de votos.

Sempre a frente de seu tempo, em 1755, a Córsega era vanguarda da preocupação democrática e foi considerada a primeira Nação Moderna da Europa – ainda faz jus ao título, atualmente, luta pela preservação de suas praias recônditas, para que o cimento não as assole e elas permaneçam rudes.

Herança ancestral, para proteger-se de invasões, os corsos sempre preferiram às montanhas ao mar. Apesar de produzirem excelentes ostras, sua economia é calcada na agricultura e pastoril.

Criam animais soltos, porcos, ovelhas e, comumente, robustos cachorros berger guiam cabras e bodes por estradas planas e trilhas íngremes. Casas feitas de granito fazem parte da paisagem bucólica, algumas servem de abrigos aos pastores, para a sesta, em dias ensolarados.

Córsega

Caminhar pelas montanhas da Córsega é uma aventura inesquecível, todavia atenção, o nível fácil das caminhadas, indicado nos guias, não é tão fácil para quem é sedentário, mas não é impossível.

As trilhas estão sinalizadas com pedras, pintadas de diferentes cores, identificando o nível de dificuldade de cada trajeto. Com vontade e disposição dá para desbravar montanhas rochosas e gigantescas. Para quem tem vertigem, é bom analisar e escolher bem o trecho que irá seguir, as subidas são longas e inclinadas, existem momentos que, literalmente, se escala a montanha.

O pico mais alto é o Monte Cinto, com 2.706 metros. Atingir 1.500 metros significa, muito provável, deparar-se com hipnóticos lagos glaciais onde pássaros negros imperam sobrevoando entre eles.

Se vir um lago como esse, curta o momento atemporal, pois a descida não será um alívio porque “a essas alturas” a fadiga é um fato não uma conjetura.

Comece a caminhada logo quando o sol se levantar, termine antes do entardecer e prepare-se para repor as energias, passeando por vilarejos como o de Corte, Bonifácio, pelas Callanches, Ajaccio (capital da ilha), e deliciar-se num de seus charmosos restaurantes.

Córsega 

A comida corsa é rica, encorpada e variada, existem infinitos tipos de queijo, inclusive de cabra, cada um melhor e mais forte que o outro, numa tartine, o antepasto já pode começar! Nos menus dos restaurantes não faltam, como opção, carnes de caça (javali com chocolate!) que devem ser acompanhadas com excelentes vinhos tintos regionais, que não são exportados – para um bom apreciador, a visita e a “aquisição” pelas adegas corsas, principalmente em Corte, se faz indispensável – e, para fechar, como dessert, o clássico crème brulée é impecável.

Córsega

A Córsega é assim: de um lado, reservadas montanhas de dorso escarpado e, por outro, a assanhada costa litorânea, envolvida pelo mar mediterrâneo, que não é nada tímido, se mostra toda e, cristalina que é, vê-se por cima da água os peixes, as pedras, o fundo do mar e, no horizonte, barcos a velejar.

Montanha ou ilha? As duas! Não é em vão que, entre batalhas sangrentas desde antes Napoleão ter nascido, em Ajaccio, e até mesmo antes de Cristo ter nascido, os corsos lutam por sua independência, eles sabem da pequena e mais bela pátria que têm.

Fonte: www.veep.com.br

Córsega

História

Em 1975 foi descoberto, perto de Bonifácio, um esqueleto feminino com mais de 8500 anos, o que atesta a antiguidade da presença humana nesta ilha.

No início do 6.º milênio a.C. a agricultura começa a desenvolver-se, substituindo, nos vales e nas colinas baixas, a atividade da caça.

Córsega

Em 565 a.C. os gregos instalam-se na costa ocidental e fundam a cidade de Alalia. Este povo introduz a escrita, inicia o cultivo da vinha e da oliveira e desenvolve o comércio com recurso a um sistema monetário.

Em 259 a.C. os romanos desembarcam na Córsega e destroem Alalia. Os habitantes locais oferecem forte resistência durante perto de 100 anos, mas acabam por ser completamente dominados. Em 100 a.C. a cidade de Alalia passa a chamar-se Aléria, transformando-se na capital da ilha.

A partir de 455 a Córsega é invadida sucessivamente por Vândalos, Ostrogodos, Bizantinos e Mouros. O mar envolvente torna-se hostil, levando os habitantes da ilha a refugiar-se nas montanhas onde se dedicam à agricultura de subsistência e à pastorícia.

Carlos Magno afasta os Mouros durante algum tempo mas estes acabam por regressar. Apenas em 1016 são definitivamente expulsos por por pisenses e genoveses que lutam entre si, durante vários séculos, pelo controlo desta ilha.

Em 1553 as tropas de Henri II, rei dos franceses, comandadas pelo coronel corso Sampieru Corsu, conquistam Bastia, Corti, Ajácio e Calvi. Este militar transforma-se numa figura emblemática da luta contra os genoveses. Pelo tratado de Cateau-Cambrésis, em Abril de 1559, a França devolve a Córsega aos genoveses.

Sampieru Corsu reinicia a sua conquista em 1564 mas acaba, três anos depois, por ser morto numa emboscada. Os genoveses expõem a sua cabeça em Ajácio.

De 1569 a 1729, Génova exerce um poder absoluto sobre a Ilha. Jovens corsos formados nas universidades italianas de Pisa, Florença, Bolonha e Roma rergressam à sua ilha natal decididos a obter lugares proeminentes na gestão da Córsega. Deixados à margem pelos genoveses, acabam por emigrar.

Em 1730 há um sublevação popular contra um novo imposto à qual se seguem levantamentos contra o domínio genovês enfraquecido militarmente devido a decadência política. A revolução conduz a Córsega à independência, proclamada em 1735.

Em Novembro de 1730, pelo tratado de Fontainebleau, a França ajuda os genoveses a reconquistar a Córsega. As tropas francesas permanecem na ilha até Fevereiro de 1753, altura em que Génova exige a sua retirada.

Em 1755 Pascal Paoli é eleito “General da nação Corsa”. O seu espírito aberto leva-o a realizar a independência da ilha de uma maneira mais refletida. É adepto da liberdade de consciência e do sufrágio universal, incluindo o voto das mulheres chefes de família.

Com ele a Córsega torna-se a primeira nação moderna da Europa. A sua postura inspira Georges Washington. Desenvolve a agricultura (é desta altura a introdução do cultivo da batata) e abre a ilha ao comércio mediterrânico.

A pedido dos genoveses, Luís XV envia, em 1765, o conde de Marbeuf com o intuito de conciliar os interesses dos corsos e dos genoveses. Paoli recusa passar-se para o serviço da França.

Em 1769, nasce, em Ajaccio, Napoleão Bonaparte, que se tornará, mais tarde, imperador dos franceses.

Em 15 de Maio de 1768 é assinado o tratato de Versailles. Em troca dos serviços prestados pelos franceses (imposição da ordem na ilha), os genoveses prescindem dos seus direitos de soberania sobre a Córsega. Paoli revolta-se contra este tratado mas acaba por ser dominado pelos exércitos franceses, sendo obrigado a exilar-se na Inglaterra.

É o fim da independência da Córsega que passa a estar incorporada no território da França.

Em 1794 os franceses deixam a Córsega e esta torna-se inglesa. Paoli regressa mas o seu papel é minimizado pelos ingleses que vêm na ilha apenas fins estratégicos e económicos. Chamado a Londres, acaba, alguns anos depois, por aí morrer.

Em 1796 os franceses retomam definitivamente o controlo da Córsega.

Nos últimos anos os Corsos tem vindo a desenvolver esforços no sentido de obter uma maior autonomia relativamente ao poder central.

Fonte: www.leme.pt

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