Parnasianismo

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O que é o parnasianismo?

O Parnasianismo é uma das escolas literárias que acontece quase concomitantemente ao Realismo. É um movimento literário poético e é considerado quase como a forma poética do Realismo, se não fosse seu afastamento de questões políticas e sociais. O nome dessa escola literária é inspirada no Monte Parnaso, que fica na Grécia, e que muitos acreditavam ser onde o deus Apolo vivia. Apolo era popular na Grécia Antiga por ser o deus que inspirava aos artistas e por sua arte ser perfeita e ideal. O tripé artístico da Grécia Antiga era que a arte deveria ser bela, boa e verdadeira. Tudo o que era bom, era verdadeiro e belo. Tudo o que era belo, era bom e verdadeiro. E tudo o que era verdadeiro, era bom e belo.

Contexto histórico

Assim como durante o Realismo e o Naturalismo, o Parnasianismo ocorre no momento pós Revolução Francesa e durante a Segunda Revolução Industrial, onde há a luta de classes, ascensão da burguesia, etc. No entanto, isso não é retratado na arte.

Características do Parnasianismo

  • A arte pela arte: nesse movimento literário, a arte existe apenas para mostrar a arte. A arte não existe para provocar reflexão ou criticar valores, ela existe apenas para ser bela. No entanto, os autores parnasianos tinham grande consciência do contexto histórico da época. Contudo, a forma do poema era colocada acima de seu conteúdo, o que torna os poemas parnasianos vazios no que diz respeito ao seu conteúdo;
  • Impessoalidade: o autor nega o próprio “eu” e foca completamente a sua poesia no objetivismo e no descritivismo;
  • Retomada da cultura grega: os autores voltam a mencionar deuses, musas, os temas e tópicos relacionados à cultura grega;
  • Metrificação clássica: o Parnasianismo retoma ideais gregos e a estruturação dos poemas volta a ser o soneto. O soneto é considerado uma escultura em forma de palavra, a escultura da literatura.

Principais autores: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

Por Amanda Abreu

Parnasianismo – O que é

Começando no final dos anos 1870 como uma resposta ao Romantismo e continuando na primeira parte do século 20, o parnasianismo surgiu como um movimento da poesia defendendo a “arte pela arte.”

Principalmente oposta à sensibilidade desenfreada do Romantismo e formas poéticas desenfreadas, parnasianismo anunciado controle artístico, polonês, elegância, objetividade e impassibilidade.

Parnasianismo foi um conjunto de teorias e práticas de uma escola de poetas franceses no século 19, especialmente uma ênfase na arte pela arte, métricas cuidadosos, bem como a repressão de elementos emotivos.

Parnasianismo – Movimento

Trata-se de um movimento literário surgido em França na primeira metade do séc. XIX, constituindo uma reação contra o romantismo, contra o excesso de sentimentalismo, visando despersonalizar ou objetivar a poesia.

Já Vigny e Vitor Hugo, reagindo contra o excesso de sentimento romântico, se tinham lançado no tratamento de temáticas de âmbito geral, e não individual, rejeitando métodos pessoais e íntimos de expor o sentimento, como a confidência amorosa.

Pretendia, também, este movimento, reagir contra a anarquia formal, propondo o regresso às formas clássicas da poesia, consideradas perfeitas. O retorno à Antiguidade Clássica é uma característica comum aos parnasianos, valorizando as formas fixas, as rimas invulgares.

Esta reação teve como lema «a arte pela arte», ou seja, a arte como um fim em si mesma, colocando-a ao serviço da sociedade. A poesia era quase considerada uma religião. O nome deste movimento deriva do título dado a uma coletânea feita por Lemerre ( Parnase Contemporain ), na qual reuniu os poetas novos. Como seus fundadores, consideram-se Théophile Gautier (1811-72) e Leconte de Lisle (1818-94).

Em Portugal, esta corrente só se começou a sentir na segunda metade do séc. XIX e nunca chegou a assumir-se verdadeiramente. As ideias novas, tendo chegado ao nosso país tardiamente, confluiram com ideias que entretanto floresciam. Eça de Queirós e Antero de Quental chamavam a atenção, nesta altura, para o papel intervencionista do escritor, com a função de interagir na cultura e no pensamento da população, como uma missão social que lhe é atribuída, o que se pode relacionar com o ideal da «arte pela arte» já referenciado.

parnasianismo foi colidindo com o realismo, com o simbolismo, tendo como aspecto comum a todos eles a renúncia ao sentimentalismo e ao egocentrismo românticos resultando em alguns autores, como Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Guilherme Azevedo, Cláudio José Nunes, Alexandre da Conceição, Cândido Figueiredo, uma poesia multifacetada, entendida como sendo ora de influência parnasiana, ora aflorando a temática simbolista. Teófilo Braga reuniu muita desta poesia híbrida no Parnasso Português Moderno (1877).

Como parnasianos genuínos, temos a considerar João Penha (1838 – 1919) que fez coexistir a observação do real quotidiano com o rigor rimático e que, como diretor da revista «A Folha» reuniu, em Coimbra, alguns escritores, quer parnasianos, quer realistas, que formaram o primeiro grupo de parnasianos, tais como: Gonçalves Crespo, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, Teófilo Braga, entre outros.

João Penha nunca pretendeu imitar os parnasianos franceses, deixando claros os seus objetivos ao afirmar:

Eu nunca os segui [os nefelibatas], como também nunca segui os parnasianos, ou outros quaisquer metrificadores de pensamentos. Tenho-me seguido a mim mesmo, não por orgulho, mas porque nunca me senti com tendências para andar na retaguarda de pessoa alguma […]. A estética dos parnasianos resume-se em que toda a produção poética deve ser uma obra de arte. Quanto ao mais, não vejo entre eles o mais insignificante ponto de contato.

A estética que sigo é realmente aquela, mas com as modificações que, se me não engano, são minhas próprias.

(Ap. Maria Virgínia Veloso, O Parnasianismo em Portugal, 2ª parte «O parnasianismo português», p.86).

Tais afirmações foram reforçadas por Pierre Hourcade, ao dizer que o grupo parnasiano português trabalhava de forma autónoma e original:

Também olhou para o tempo, de acordo com um hábito que se tornou quase um rito, semelhante a João Penha e seus amigos para um movimento literário francês: Parnassus. Infelizmente, para além Gonçalves Crespo foi o deleite de Théophile Gautier e Contemporânea Parnassus, uma leitura cuidadosa da Folha revela uma profunda adoração lírica romântica, e uma indiferença igualmente profunda no sentido de Leconte de Lisle e os amigos. O termo APLIQUE “parnasiana” para a geração da Folha não pode definir sua preocupação incessante de uma forma trabalhados. (Ibid., O Parnasianismo em Portugal, 2ª parte «O parnasianismo português», p.87).

Para João Penha, o poeta vai-se construindo a si próprio, chamando a atenção para a necessidade de criar uma grande harmonia entre as palavras, como som, e as palavras, como pensamento. Toda a obra de João Penha se explica pela atitude que tomou em face do ultra-romantismo. A mulher, que até aí fora adorada como uma deusa, foi tratada por ele com vulgaridade e a sua poesia tem um carácter material e prosaico. Gonçalves Crespo acrescentou à sua poesia o gosto pelo descritivo.

Nos anos 80, o parnasianismo encontrou um novo impulso: o segundo grupo de poetas parnasianos em que, ao nível de Luís de Magalhães e de Manuel da Silva Gaio, com características verdadeiramente simbolistas, se destacou António Feijó (1859 – 1917) que representou a influência das teorias parnasianas numa outra geração. Há neste poeta vestígios da pintura artística de Crespo, mas os seus textos não conseguem ser puramente objetivos, devido à sua grande sensibilidade lírica.

Entre os poetas da segunda fase parnasiana, salienta-se, também, Cesário Verde (1855-86), considerado o mais significativo poeta parnasiano português e o poeta do quotidiano que procura refletir a realidade concreta, poetizando as profissões mais humildes, elevando a nível poético aspectos vulgares e seus respectivos protagonistas: os transeuntes, as vendedeiras, a engomadeira, etc.

A variedade de tipos urbanos, na poesia cesariana, encontra-se a par de estados de alma nos quais predominam o tédio da cidade e da vida diária, ao lado das evocações nostálgicas do passado e do campo como refúgio.

No Brasil, o parnasianismo teve maior repercussão do que em Portugal e teve um nascimento mais faseado:desacreditou-se o romantismo, pois, apesar do grande entusiasmo que a poesia romântica ganhara junto do público leitor, também foi vítima do descrédito lançado por aqueles que defendiam ideias novas, os realistas, sobretudo entre 1878-80.

Dentro deste grupo de opositores, salientam-se Sílvio Romero, Machado de Assis e Raimundo Correia; conseguiram, assim, destronar a sentimentalidade, o egotismo, porque estes aspectos se alheavam dos fatos e problemas da vida social, mais importantes, graves e abrangentes do que o sofrimento, angústia, dor, desgosto de cada um individualmente, que constituía o fulcro do romantismo.

O versilibrismo foi igualmente destronado por ser responsável por uma anarquia geral a nível da forma e da linguagem usada. Numa segunda fase, experimentou-se uma «poesia científica», centrada no cientificismo, uma «poesia socialista», focalizada em preocupações revolucionárias e uma «poesia realista», dominada por temas do quotidiano.

Artur de Oliveira (1851-82) que estivera em Paris, divulgou no Brasil as teorias parnasianas francesas. Um artigo escrito por Machado de Assis, «A Nova Geração», e publicado em 1879, foi decisivo no arranque do Parnasianismo.

Porém, nem as poesias científica, socialista, nem realista conseguiram cativar os poetas de maiores recursos, pelo que o caminho mais atraente a seguir era o Parnasianismo, onde se destacaram Olavo Bilac (1865-1918), Alberto de Oliveira (1857-1937), Raimundo Correia (1860-1911) e Vicente Carvalho (1866-1924).

Quanto às temáticas comuns a estes poetas, registam-se o realismo (o Homem é um ser integrado na realidade, na vida, na sociedade), o universalismo (busca dos valores/ aspectos gerais e intemporais da realidade, quer estética, quer moral e do Homem enquanto ser universal) e esteticismo (perfeição quanto à sintaxe, ao léxico, ao ritmo). Este tópico é basilar dentro da teoria parnasiana, para a qual a perfeição formal é necessária para a expressão da realidade.

A diferença entre os parnasianos e os realistas é que os primeiros valorizam apenas os aspectos que podem ser esteticamente reproduzidos ou dão um tratamento poético, pela primeira vez na poesia, de temas do quotidiano, enquanto os segundos tratam sem distinção todos os aspectos da realidade, preferindo, por vezes, as suas vertentes mais sombrias.

Parnasianismo valoriza, pois, a estética, a serenidade, o equilíbrio, aproximando-se assim do espírito clássico, servindo-lhe até de exemplo o nome grego de «Parnasso», monte dedicado a Apolo, inspirador de poetas, evocando assim o ideal apolíneo.

O Parnasianismo

Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, entre o século XIX e o início do século XX. Brasil e França foram os dois únicos países em que se floresceu com toda força .

Na França, o movimento surgiu em 1866 , com a publicação da revista Le Parnaise Contemporain, que congregava poetas que defendiam uma poesia anti-romântica, descritiva, científica e formalista. Entre esses poetas, destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle .

O nome Parnasianismo retoma a denominação de um monte da Grécia antiga ( Monte Parnaso ), onde lendariamente os poetas se isolavam do mundo para uma maior integração com os deuses através de sua poesia .

Os poetas consideravam a poesia a mais alta expressão literária da humanidade – razão pela qual o Parnasianismo ficou sendo um estilo principalmente poético, mas não tendo grandes manifestações no terreno da prosa .

No Brasil , a luta por uma poesia de reação ao Romantismo teve lugar no final da década de 1870. Identifica-se como marco inicial a publicação do livro Fanfarras ( 1882 ), de Teófilo Dias .

Em Portugal , não chegou a constituir um programa estético organizado .

Contexto Histórico

Os aspectos históricos dos quais podemos destacar: a consolidação do poder burguês, o incremento das discussões em torno de conceitos como o Liberalismo, a Democracia e a justiça social ; o desenvolvimento das ciências naturais ; as lutas imperiais .

Na passagem do século XIX para XX , o Brasil conheceu um razoável desenvolvimento cultural.

A fundação da Academia Brasileira de Letras em 1897 aponta para um aspecto fundamental desse desenvolvimento: o prestígio social da atividade intelectual , em proporções até então jamais vistas em nosso país .

O escritor , quase sempre associado ao boêmio , vai encontrando possibilidades de profissionalização.

A imagem do escritor marginalizado vai cedendo espaço para a figura do artista plenamente integrado à sociedade de sua época: um cidadão .

O ponto positivo de tudo isso foi o amadurecimento da vida cultural brasileira . Por outro lado , para firmar como cidadão , o escritor teve a tendência de privilegiar uma prática literária ao oficialismo e ao academicismo . Representou um domínio de um estilo elitista , excessivamente preocupado em expressar-se de forma a evidenciar o virtuosismo e o talento poético .

Características

Como eram ao contrário aos Românticos , o emocionalismo foi substituído por racionalismo , se para os românticos a poesia era o resultado da inspiração pura e simples , os parnasianos considerava a poesia como um fruto do trabalho do poeta – um trabalho árduo , difícil , conhecimento técnico e a aplicação incansável .

O trabalho do artesão das palavras era comparado ao do artífice de uma jóia: perseverança, delicadeza e dedicação para lidar com um material delicado e frágil, isso resumia-se na imagem do “poeta joalheiro ”

Para os parnasianismos , a poesia seria perfeita desde que sua forma atendesse a alguns requisitos :

O vocabulário era refinado, erudito, dicionaresco,o uso de palavras difíceis, tornava-se a poesia uma atividade da elite. A sintaxe poética deveria também obedecer às regras gramaticais, não apenas para demonstrar conhecimento técnico, mas também para adequar-se a normas consagradas de escrita .

Ponto de honra da poesia parnasiana era a utilização de rimas. Eles preferiam as rimas raras , isto é , aquelas mais difíceis de serem encontradas, por vezes surpreendentes. Evidentemente, a métrica também seria um aspecto importante dentro do formalismoparnasianismo.

Os versos de dez ( decassílabo ) e doze ( alexandrinos ) sílabas, consideradas clássicos, eram utilizados com freqüência, principalmente em uma forma poética igualmente clássica: o soneto.

Parnasianismo representou um retorno à Era Clássica, Valores como a Razão, o Belo Absoluto, o Antropocentrismo, o Universalismo são novamente perseguidos, como partes constituintes da arte literária de todos os tempos. Os temas igualmente se voltam para imagens arrancadas da cultura e da história greco-latinas.

Os títulos de alguns poemas são significativo, nesse sentido: “A sesta de Nero “, “O sonho de Marco Antônio”, “O vaso grego”.

O exotismo e o orientalismo são dois aspectos fundamentais . A tendência à tematização de objetos antigos , como vasos , estátuas e quadros , bem como o apelo visual que esse tipo de tema implicava , permitem uma aproximação do Parnasianismo com as Artes Plásticas ( pintura , escultura, arquitetura , etc. ) .

Parnasianismo produziu uma poesia voltada para a forma dos objetos e dos lugares . Abandonando uma visão mais interiorizada , acabou por realizar uma poesia marcadamente descritiva . Através da descrição , buscava fornecer do objeto focalizado uma imagem exata e precisa .

Parnasianismo combate a subjetividade típica do Romantismo, em nome de uma objetividade que fornecesse do mundo uma representação desprovida de qualquer contaminação lacrimejante ou sentimental .

A necessidade de uma visão objetiva fazia com que o poeta preferisse uma posição de impassibilidade diante do assunto tratado . A intenção era realizar uma poesia mais cerebral e menos sentimental .

O Parnasianismo e o Realismo foram contemporâneas , apresentam comuns ( anti-romântico, racionalismo, formalismo, impassibilidade ), distanciam-se em um ponto fundamental: O Realismo propõe a tematização da sociedade dos problemas mundanos . Se a vertente naturalista do Realismo , por exemplo , caracterizou-se pela pintura de quadros da vida cotidiana dos pobres e miseráveis , a poesia parnasiana jamais de dedicaria como manifestação artística capaz de manter-se fora do contágio de marcas sociais .

Assim sendo , não se pode confundir Parnasianismo com Realismo !

Autores

Olavo Bilac
Alberto de Oliveira
Raimundo Correia
Vicente de Carvalho

Parnasianismo – Brasil

parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da “arte pela arte”.

Teve como sua primeira obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo):origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas.

Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente.

Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na “torre de marfim”, onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.

Contexto Histórico

Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros.

A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República.

A transição do séculoXIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso material.

Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo “Marechal de Ferro”, Floriano Peixoto.

Características

Arte pela arte: Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não teria nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal.

Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na decadência romana. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos elegantes.

Culto da forma: O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza.

E a beleza seria dada pela elaboração formal. Essa mitologia da perfeição formal e, simultaneamente, a impotência dos poetas em alcançá-la de maneira definitiva são o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado “Perfeição”.

Os parnasianos consideravam como forma a maneira do poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do poema.

Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

Metrificação rigorosa
Rimas ricas
Preferência pelo soneto
Objetividade e impassibilidade
Descritivismo

Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela “Deusa Forma”.

“Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, ilustra essa concepção formalista:

“Invejo ourives quando escrevo
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.(…)

Por isso, corre por servir-me
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel(…)

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim
(…)

Temática greco-romana: Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiram articular poemas sem conteúdos e foram obrigados a encontrar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas criações.

Escolheram a antigüidade clássica, sua historia e sua mitologia.Assistimos então a centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos lendários e até mesmo objetos. ”

A sesta de Nero”, de Olavo Bilac foi considerado, na época, um grande poema:

“Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.

Nero no trono ebúrneo estende-se indolente
Gemas em profusão no estágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.

Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia.”

Poetas do Parnasianismo

Olavo Bilac(1865-1918)

Nasceu no Rio de janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário Público, inspetor escolar, exerceu constantemente atividade nacionalista, realizando pregações cívicas em todo o país. Paralelamente, teve certas veleidades boêmias e foi coroado como “Príncipe dos poetas brasileiros”.

Obras: Poesia (l888); Tarde (1918).

A exemplo de quase todos os parnasianos, Olavo Bilac escreveu poesias com grande habilidade técnica sobre temas greco-romanos. Se jamais abandonou sua meticulosa precisão, acabou destruindo aquela impassibilidade, exigida pela estética parnasiana.

Fez numerosas descrições da natureza, ainda dentro do mito da objetividade absoluta, porém os seus melhores textos estão permeados por conotações subjetivas, indicando uma herança romântica.

Bilac tratou do amor a parti de dois ângulos distintos: um platônico e outro sensual. A quase totalidade de seus textos amorosos tendem celebração dos prazeres corpóreos.

“Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha, palpitante e viva (…)

Como uma vaga preguiçosa e lenta
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco
Sobe… Cinge-lhe a perna longamente;
Sobe … e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue

Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca (…)

E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios
Satânica … abre um curto sorriso de volúpia.”

Em alguns poemas, contudo, o erotismo perde essa vulgaridade, adquirindo força e beleza com em “In extremis”. Na hora de uma morte imaginária, o poeta lamenta a perda das coisas concretas e sensuais da existência.

Em um conjunto de sonetos intitulado Via-láctea, Bilac nos apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. O mais recitado desses sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro.

Identificado com o sistema, o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos dirigentes, oferecendo-lhes composições laudatórias. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e inventou um Brasil de heróis, transformando feroz bandeirante, como Fernão Dias, em apóstolo da nacionalidade.

O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica:

“Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada
Do outono, quando a terra, em sede requeimada,
Bebera longamente as águas da estação,
Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata,
À frente dos peões filhos da rude mata,
Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão.

Além disso, cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, a “última flor do Lácio”, as crianças, os soldados, a bandeira, os dias nacionais, etc.

Alberto de Oliveira (1857-1937)

Nasceu em Saquarema, Rio de Janeiro. Diploma-se em farmácia; inicia o curso de Medicina. Ao lado de Machado de Assis, faz parte ativa na Fundação da Academia de Letras. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Elegem-no “príncipe dos poetas brasileiros” num concurso promovido pela revista Fon-Fon, para substituir o lugar deixado por Olavo Bilac. Faleceu em Niterói, RJ, em 1937.

Obras principais: Canções Românticas(1878); Meridionais(1884); Sonetos e Poemas(1885); Versos e rimas(1895). Foi de todos os parnasianos o que mais permaneceu atado aos mais rigorosos padrões do movimento. Manipulava os procedimentos técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível.

Tinha como características principais da sua poesia a objetividade, a impassibilidade e correção técnica, a excessiva preocupação formal, sintaxe rebuscada e a fuga ao sentimental e ao piegas. Na poesia de Alberto de Oliveira, portanto, encontramos poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos descritivos. Uma poesia sobre coisas inanimadas.

Uma poesia tão morta como os objetos descritos, como vemos no poema Vaso Grego:

Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de os deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas há de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se de antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Raimundo Correia (1859-1911)

Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira.

Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia(1898).

De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à Europa, vindo a falecer em Paris.

Obras Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887) Aleluias(1891)A exemplo dos demais componentes da tríade, Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso, dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema.

Tinha como características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da transitoriedade da ilusão humana, profundo se das virtualidades vocabulares. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem.

Características do Parnasianismo

Objetividade e descritivismo:

Reagindo contra o sentimentalismo e o subjetivismo românticos, a poesia parnasiana era comedida, objetiva: fugiadas manifestações sentimentais.

Buscando esta impassibilidade( frieza), empenhava-se em descrever minúcias, na fixação de cenas, personagens históricos e figuras mitológicas.

Rigor formal: Opondo-se à simplicidade formal romântica, que de certa forma popularizou a poesia os parnasianos eram rigorosos quanto à métrica em rimas e também quanto à riqueza e raridade do vocabulário. É por isso que são freqüentes, nos textos parnasianos, os hipérbatos( ordem indireta), as palavras eruditas e difíceis, as rimas forçadas.

Retorno ao Classicismo: Abordando temas mitológicos e da antigüidade greco-latina, os poetas parnasianos valorizavam as normas e técnicas de composição e, regra geral, exploravam o soneto (poema de forma fixa).

Arte pela arte: Na busca da objetividade e da impassibilidade, o Parnasianismo foi uma época em que alguns poetas defendiam a “arte pela arte”. Esta expressão sugere que a poesia não tomava partido, que não se comprometia composições políticas.

Principais Autores

Olavo Bilac
Raimundo Correia
Alberto de Oliveira

Parnasianismo – Origem

O Parnasianismo foi um movimento literário que representou na poesia o espírito positivista e científico da época. Surgido na França no século XIX, em oposição ao romantismo.

Uma das maiores preocupações na composição poética dos parnasianos era a precisão das palavras. Esses poetas chegaram ao ponto de criar verdadeiras línguas artificiais para obter o vocabulário adequado ao tema de cada poema.

Movimento literário surgido na França em meados do século XIX, em oposição ao romantismo, o parnasianismo representou na poesia o espírito positivista e científico da época, correspondente ao realismo e ao naturalismo na prosa.

O termo parnasianismo deriva de uma antologia, Le Parnasse contemporain (O Parnaso contemporâneo), publicada em fascículos, de março a junho de 1860, com os versos dos poetas Théophile Gautier, Théodore de Banville, Leconte de Lisle, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé, François Coppée, o cubano de expressão francesa José Maria de Heredia e Catulle Mendès, editor da revista.

O Parnaso é um monte da Grécia central onde na antiguidade acreditava-se que habitariam o deus Apolo e as musas.

Antecedentes

A partir de 1830, alguns poetas românticos se agruparam em torno de certas idéias estéticas, entre as quais a da arte pela arte, originária daquele movimento.

Duas tendências se defrontavam: a intimista (subjetiva) e a pitoresca (objetiva). O romantismo triunfara em 1830, e de Victor Hugo provinham as grandes fontes poéticas, mas o lirismo intimista não mais atraía os jovens poetas e escritores, que buscavam outros objetos além do eu.

A doutrina da arte pela arte encontrou seu apóstolo em Gautier, que foi o pioneiro do parnasianismo.

Nos prefácios de dois livros, Poésies (1832) e Jeune France (1833; Jovem França), Gautier expôs o código de princípios segundo o qual a arte não existe para a humanidade, para a sociedade ou para a moral, mas para si mesma.

Ele aplicou essa teoria ao romance Mademoiselle de Maupin (1836), que provocou acirradas polêmicas nos círculos literários por desprezar a moral convencional e enfatizar a soberania da beleza. Mais tarde publicou Emaux et camées (1852; Esmaltes e camafeus), que serviu de ponto de partida para outros escritores de apurado senso estético, como Banville e Leconte.

Este último publicou, em 1852, os Poèmes antiques (Poemas antigos), livro em que reuniu todos os elementos formais e temáticos da nova escola. Ao lado de Poèmes barbares (1862; Poemas bárbaros), essa obra deu ao autor um imenso prestígio e a liderança do movimento, de 1865 a 1895. Em torno dele reuniram-se Mendès, Sully Prudhomme, Heredia, Verlaine e Coppée.

Outros precursores, como Banville e Baudelaire, pregaram o culto da arte da versificação e da perfeição clássica. À época, eram muito valorizados e vistos com curiosidade os estudos arqueológicos e filológicos, a mitologia, as religiões primitivas e as línguas mortas.

Os dois livros de Leconte iniciaram uma corrente pagã de poesia, inspirada nesses estudos orientais, místicos, primitivos, “bárbaros”, no sentido de estranhos ao helenismo, que ele procurava ressuscitar com traduções de Homero.

Características

O movimento estendeu-se por aproximadamente quatro décadas, sem que se possa indicar limite preciso entre ele e o romantismo, de um lado, e o simbolismo, do outro. Uma de suas linhas de força, o culto da beleza, uniu parnasianos e simbolistas.

No entanto, pode-se distinguir alguns traços peculiares a cada movimento: a poesia parnasiana é objetiva, impessoal, contida, e nisso se opõe à poesia romântica. Limita-se às descrições da natureza, de maneira estática e impassível, freqüentemente com elemento exótico, evocações históricas e arqueológicas, teorias filosóficas pessimistas e positivistas.

Seus princípios básicos resumem-se nos seguintes: o poeta não deve expor o próprio eu, nem fiar-se da inspiração; as liberdades técnicas são proibidas; o ritmo é da maior importância; a forma deve ser trabalhada com rigor; a antiguidade grega ou oriental fornece modelos de beleza impassível; a ciência, guiada pela razão, abre à imaginação um vasto campo, superior ao dos sentimentos; a poesia deve ser descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas, em forma clássica e perfeita.

Dessa maneira, o parnasianismo retomou as regras neoclássicas introduzidas por François de Malherbe, poeta e teórico francês que no início do século XVII preconizou a forma estrita e contida e acentuou o predomínio da técnica sobre a inspiração. Dessa forma, oparnasianismo foi herdeiro do neoclassicismo, do qual se fez imitador. Seu amor ao pitoresco, ao colorido, ao típico, estabelece a diferença entre os dois estilos e o torna um movimento representativo do século XIX.

A evolução da poesia parnasiana descreveu, resumidamente, um percurso que se iniciou no romantismo, em 1830, com Gautier; conquistou com Banville a inspiração antiga; atingiu a plenitude com Leconte de Lisle; e chegou à perfeição com Heredia em Les Trophées (1893; Os troféus).

Heredia, que chamou a França de “pátria de meu coração e mente”, foi um brilhante mestre do soneto e grande amigo de Leconte de Lisle. Ele reuniu as duas tendências principais do parnasianismo — a inspiração épica e o amor à arte– e procurou sintetizar quadros históricos em sonetos perfeitos, com rimas ricas e raras. Heredia foi a expressão derradeira do movimento, e sua importância é fundamental na história da poesia moderna.

parnasianismo foi substituído mas não destruído pelo simbolismo. A maioria dos poetas simbolistas na verdade começou fazendo versos parnasianos. Fato dos mais curiosos na história da poesia foi Le Parnasse contemporain ter servido de ponto de partida tanto do parnasianismo quanto do simbolismo, ao reunir poetas de ambas as escolas, como Gautier e Leconte, Baudelaire e Mallarmé.

Da França, o parnasianismo difundiu-se especialmente pelos países de línguas românicas. Em Portugal, seus expoentes foram Gonçalves Crespo, João Penha e Antônio Feijó. O movimento alcançou êxito principalmente na América espanhola, com o nicaragüense Rubén Darío, o argentino Leopoldo Lugones, o peruano Santos Chocano, o colombiano Guillermo Valencia e o uruguaio Herrera y Reissig.

Brasil

O movimento parnasiano teve grande importância no Brasil, não apenas pelo elevado número de poetas, mas também pela extensão de sua influência. Seus princípios doutrinários dominaram por muito tempo a vida literária do país. Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de uma poesia realista.

Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.

Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris.

O parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias).

parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas.

Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto.

Quanto ao assunto, caracteriza-se pelo realismo, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.

Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a trindade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Augusto de Lima e Luís Murat.

A partir de 1890, o simbolismo começou a superar o parnasianismo. O realismo classicizante do parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao simbolismo e mesmo ao modernismo.

O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o simbolismo, o parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia sincretista e de transição.

Parnasianismo – Escola

Escola literária que se desenvolve na poesia a partir de 1850. Nasce na França e precede em algumas décadas o Simbolismo. O nome do movimento vem de Parnaso, região mitológica grega onde moravam os poetas. O estilo caracteriza-se pelo respeito às regras de versificação, pela riqueza da rima e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos.

Valoriza a descrição objetiva, a escolha de palavras precisas e as frases invertidas. O emprego da linguagem figurada é reduzido e valorizam-se o exotismo e a mitologia. Os principais temas são os fatos históricos, os objetos e as paisagens.

O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao lirismo.

Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana.

Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com a arte moderna e inspirados pelo Dadá, estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Na pintura merecem destaque ainda Regina Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).

Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas. Mescla elementos realistas, cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que recebe influência do Expressionismo. Entre seus trabalhos importantes estão as telas Café e Os Retirantes.

Os autores mais importantes são Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais teóricos do movimento. Destacam-se ainda Menotti del Picchia e Graça Aranha (1868-1931). Oswald de Andrade várias vezes mescla poesia e prosa, como em Serafim Ponte Grande. Outra de suas grandes obras é Pau-Brasil.

O primeiro trabalho modernista de Mário de Andrade é o livro de poemas Paulicéia Desvairada. Sua obra-prima é o romance Macunaíma, que usa fragmentos de mitos de diferentes culturas para compor uma imagem de unidade nacional. Embora muito ligada ao simbolismo, a poesia de Manuel Bandeira também exibe traços modernistas, como em Libertinagem.

Heitor Villa-Lobos é o principal compositor no Brasil e consolida a linguagem musical nacionalista. Para dar às criações um caráter brasileiro, busca inspiração no folclore e incorpora elementos das melodias populares e indígenas. O canto de pássaros brasileiros aparece em Bachianas Nº 4 e Nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma maria-fumaça e, em Choros Nº 8, busca imitar o som de pessoas numa rua.

Nos anos 30 e 40, sua estética serve de modelo para compositores como Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernandez (1897-1948), Radamés Gnattali (1906-1988) e Camargo Guarnieri (1907-1993).

Ainda na década de 20 são fundadas as primeiras companhias de teatro no país, em torno de atores como Leopoldo Fróes (1882-1932), Procópio Ferreira (1898-1979), Dulcina de Moraes (1908-1996) e Jaime Costa (1897-1967). Defendem uma dicção brasileira para os atores, até então submetidos ao sotaque e à forma de falar de Portugal. Também inovam ao incluir textos estrangeiros com maior ousadia psicológica e visão mais complexa do ser humano.

Fonte:  www2.fcsh.unl.pt/www.escolavesper.com.br/Encyclopaedia Britannica do Brasil

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