Grandes Navegações

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Grandes Navegações – O que foram

Grandes navegações dos séculos XV e XVI que têm origem na necessidade de expansão econômica da Europa. A insuficiência da produção agrícola para alimentar toda a população, o declínio econômico da nobreza, o encarecimento dos produtos orientais e a falta de metais preciosos para a emissão de moeda impulsionam a procura por novos mercados fora dos domínios europeus.

A tentativa de encontrar rotas alternativas para o Oriente torna-se indispensável.

A empreitada é possível graças ao surgimento de uma burguesia mercantil, interessada em ampliar sua margem de lucro, e ao fortalecimento do Estado, com a centralização do poder monárquico.

Um forte ideal missionário, principalmente dos países ibéricos, para catequizar os povos infiéis das terras distantes funciona como justificativa ideológica para a expansão.

As nações ibéricas formam impérios ultramarinos entre os séculos XV e XVI, quando tem início a colonização da África, da Ásia e da América. Além de Portugal e Espanha, Inglaterra, França e Holanda (Países Baixos) também realizam grandes expedições.

Os motivos:

O motivo poderoso que fez alguns europeus desafiar o desconhecido, enfrentando medo, foi a necessidade de encontrar um novo caminho para se chegar às regiões produtoras de especiarias, de sedas, de porcelana, de ouro, enfim, da riqueza.

Outros fatores favoreceram a concretização desse objetivo:

Comerciantes e reis aliados já estavam se organizando para isso com capitais e estruturando o comércio internacional
A tecnologia necessária foi obtida com a divulgação de invenções chinesas, como a pólvora (que dava mais segurança para enfrentar o mundo desconhecido), a bússola, e o papel. A invenção da imprensa por Gutenberg popularizou os conhecimentos antes restritos aos conventos. E, finalmente, a construção de caravelas, que impulsionadas pelo vento dispensavam uma quantidade enorme de mão-de-obra para remar o barco como se fazia nas galeras nos mares da antiguidade, e era mais própria para enfrentar as imensas distâncias nos oceanos
Histórias como a de Marcopolo e Prestes João aguçavam a imaginação e o espírito de aventura
Até a Igreja Católica envolveu-se nessas viagens, interessada em garantir a catequese dos infiéis e pagãos, que substituiriam os fiéis perdidos para as Igrejas Protestantes.

Grandes Navegações – Os pioneiros

Grandes Navegações

Os dois primeiros países que possuíam essas condições favoráveis eram Portugal e Espanha.

Portugal, conhecedor de que as Índias (como genericamente era chamado o Oriente), ficava a Leste, decidiu navegar nessa direção, contornando os obstáculos que fossem surgindo. Optou pelo Ciclo Oriental.

Já a Espanha apostou no projeto trazido pelo genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na idéia da esfericidade da terra, e que bastaria navegar sempre em direção do ocidente para se contornar a terra e se atingir as Índias. Era o Ciclo Ocidental. E a disputa estava iniciada entre os dois países.

Grandes Navegações – Portugal

Para alcançar os mercados do Oriente e garantir o monopólio do comércio com as chamadas Índias, os portugueses assumem a vanguarda do expansionismo europeu, seguidos pelos espanhóis.

Revolucionam a arte da navegação ao aperfeiçoar instrumentos náuticos de origem árabe, como a bússola, modernizar a cartografia e inventar a caravela.

São pioneiros em calcular com precisão a circunferência da Terra e no comércio de escravos negros para a América.

Expedições portuguesas

A primeira expedição portuguesa, comandada pelo rei dom João I, termina com a conquista de Ceuta, em 21 de agosto de 1415. Um dos mais importantes portos africanos, ao norte do Marrocos, é o ponto de partida para as descobertas portuguesas na África Ocidental. O cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente, é contornado em 1487 por Bartolomeu Dias (1450-1500), abrindo caminho para o Oriente. A primeira ligação por mar entre Europa Ocidental e Índia é feita em 8 de julho de 1497 por Vasco da Gama (1469-1524). Ele parte da praia de Restelo, em Portugal, e em 1498 chega ao porto indiano de Calicute. Em 22 de abril de 1500, uma nova esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral chega à costa brasileira.

Conquistas portuguesas:

Partindo de Lisboa, após a benção do sacerdote e da despedida do povo, caravela após caravela deixava Portugal, voltando com notícias e lucros sempre crescentes.

Inicialmente contornando a África em:

1415 conquistaram Ceuta
Durante o século XV o litoral da África e Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e Cabo Bojador
1488 chegaram ao Sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança
1498 atingiram a Índia com Vasco da Gama. O objetivo fora atingido
1500 Pedro Álvares Cabral  22 de abril descobre o Brasil.

As Navegações de Portugal

A centralização do poder em Portugal se confunde com as guerras de reconquista de seu território contra os muçulmanos.

Em 1139, a Dinastia de Borgonha foi fundada por Afonso Henriques. Os reis dessa dinastia impuseram severas derrotas aos mouros e finalmente os expulsaram do Algarve em 1249.

Em 1383, ocorreu a Revolução de Avis, pela qual João I (mestre da ordem de Avis) fundou a Dinastia de Avis. Esse rei se aliou à burguesia comercial lusitana e promoveu o desenvolvimento marítimo português, preparando o caminho para a aventura portuguesa pelos novos mundos no século seguinte.

Os Portugueses foram os primeiros a se lançarem ao mar, e seu pioneirismo se deve a diversos fatores:

Situação geográfica privilegiada: Portugal situa-se na parte mais ocidental da Europa e detém um extenso litoral que serve de entreposto para as rotas de comércio que ligam Europa e África e o Mediterrâneo e Atlântico.
Conhecimentos técnicos: No século VIII os árabes invadiram o território português e trouxeram consigo muitas novidades técnicas do Oriente: astrolábio, bússola, pólvora.
Experiência de navegação: premidos pela necessidade, pois as terras não eram muitas e nem férteis, já na Baixa Idade Média os portugueses faziam pesca em alto mar.
Burguesia mercantil forte: O renascimento comercial do fim da Idade Média favoreceu o desenvolvimento de um rico comércio entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte, no qual Lisboa tinha um papel de importante entreposto.
Centralização Monárquica: Portugal foi o primeiro Estado a centralizar o poder com a Revolução de Avis no século XIV, quando ascendeu ao trono D. João de Avis favorável à burguesia e a seus interesses comerciais.

O Ciclo Oriental das Navegações ou Périplo Africano

Os portugueses buscaram em sua aventura marítima um caminho alternativo para as Índias. Esse caminho deveria contornar o continente africano para chegar às tão cobiçadas especiarias indianas.

Assim ao longo de todo o século XV, os navegantes portugueses conquistaram pouco a pouco o litoral africano até achar o tão almejado caminho das índias.

Resumo das Navegações Portuguesas

1415: Conquista de Ceuta no Norte da África.
1419: Ilha da Madeira
1431: Arquipélago dos Açores
1434: Gil Eanes atinge o Cabo Borjador
1482: Diogo Cão chega na região do Zaire.
1488: Bartolomeu Dias atinge o Cabo da Boa Esperança no extremo sul da África.
1498: Vasco da Gama atinge Calicute na Índia, concluindo o périplo africano.
1500: Em 22 de abril Cabral chegou ao Brasil.

Apesar de perigosa, a carreira da Índia auferiu lucros imensos para Portugal com o comércio das especiarias. O porto de Lisboa transformou-se num dos mais agitados da Europa.

No século XVI Portugal tornou-se um dos Estados mais poderosos da Europa e a corte portuguesa viveu seu período de maior esplendor.

Grandes Navegações – Espanha

Atrasados em relação a Portugal, os espanhóis patrocinam a viagem de Cristóvão Colombo ao Oriente em 1492. Acreditando que a Terra era redonda, Colombo supõe ter alcançado o Oriente navegando pelo Ocidente.

Na verdade, descobre outro continente: a América. Entre 1503 e 1513, o navegador florentino Américo Vespúcio (1451-1512) viaja ao continente a serviço da Espanha. Ainda com patrocínio espanhol, Fernão de Magalhães (1454-1521) começa em 1519 a primeira viagem de circunavegação da Terra. Parte de Cádiz, no litoral da Espanha, atravessa o Atlântico Sul e cruza o estreito que hoje tem seu nome.

Ruma para a Ásia, chegando às Filipinas em 1521. A tese sobre a forma esférica da Terra fica assim comprovada.

Conquistas espanholas:

A Espanha começou a navegar mais tarde, só após conseguir expulsar os árabes de seu território.

Mas em 1492, Cristóvão Colombo obteve do rei espanhol as três caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, com as quais deveria dar a volta ao mundo e chegar às Índias.

Após um mês de angústias e apreensões chegou a terra firme, pensando ter atingido seu destino. Retorna à Espanha, recebendo todas as glórias pelo seu feito.

Portugal apressou-se a garantir também para si as vantagens dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Espanha o famoso Tratado das Tordesilhas, que simplesmente dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes navegações. Foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 léguas de Cabo Verde.

As terras a Leste desta linha seriam portuguesas e as que ficavam a Oeste seriam espanholas. Foi assim que parte do Brasil ficou pertencendo a Portugal seis anos antes de Portugal aqui chegar.

Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois que ele não havia chegado às Índias, e “apenas” tinha descoberto um novo continente, que recebeu o nome de América, em homenagem a Américo Vespúcio que foi o navegador que constatou isso.

Colombo caiu em desgraça, morreu na miséria e a primeira viagem em torno da terra foi realizada em 1519 por Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano.

As navegações da Espanha

O Ciclo Ocidental das Navegações

A exemplo do que sucedeu com Portugal, a centralização do poder na Espanha também se deu paralelamente às lutas contra os muçulmanos em seu território.

Durante esse processo consolidaram-se os reinos de Aragão, Navarra, Leão e Castela.

Com a reconquista do território espanhol aos muçulmanos pelos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela em 1492, a Espanha finalmente conseguiu centralizar o poder e financiar a empresa marítima.

No mesmo ano da Reconquista o navegador genovês Cristóvão Colombo convenceu os reis espanhois a financiar lhe uma viagem às Índias pelo Ocidente.

A ideia de Colombo era tirar proveito da forma esférica da Terra para chegar ao oriente navegando sempre para o ocidente, ou seja, ele daria a volta ao mundo.

Não obstante, nos planos de Colombo não constava a possibilidade de haver uma barreira entre os dois pontos. Assim, em 12 de outubro de 1492 esse navegador simplesmente tropeçou na América pensando que estava chegando ao Oriente.

Anos depois o navegador florentino Américo Vespúcio observou que as terras descobertas por Colombo eram um novo continente, o qual descreveu em sua obra Mundus Novus.

O sucesso da obra de Vespúcio na Europa acabou por imprimir o seu nome às novas terras, enquanto Colombo morreu pobre e esquecido acreditando que de fato chegara às Índias.

Grandes Navegações – INGLATERRA, FRANÇA E PAÍSES BAIXOS

Iniciam sua expansão marítima mais tarde e, no princípio do século XVI, aportam em terras já ocupadas por portugueses e espanhóis.

Conquistam algumas áreas na América do Norte e na Ásia e desenvolvem ações de pirataria oficializadas por seus governos contra Portugal e Espanha. No começo do século XVII, ingleses, franceses e holandeses passam a produzir navios mais baratos, em maior quantidade e de melhor qualidade. Formam também sociedades credenciadas para exploração, comercialização e administração de terras longínquas, como a Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e a Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602).

Liderança inglesa

No século XVIII, com enorme poder naval, a Inglaterra lidera as expedições marítimas. As viagens, motivadas pela curiosidade científica e pela expectativa de obter maiores vantagens comerciais, são organizadas pelo governo e realizadas em navios de guerra comandados por oficiais da Marinha.

Os objetivos são a exploração do sul do Pacífico e a descoberta de um estreito, entre o nordeste da Ásia e noroeste da América, que leve ao Ártico: acabam por descobrir várias ilhas, como Sandwich do Sul, a sudeste da América do Sul. Também exploram a Nova Zelândia, a Austrália e toda a costa americana e asiática do Pacífico Norte.

A partilha das terras descobertas nas Grandes Navegações

A rivalidade entre Portugal e Espanha pela disputa das terras descobertas de origem a uma série de tratados de partilha. Em 1480, antes da fase mais intensa das navegações espanholas foi firmado o Tratado de Toledo, pelo qual Portugal cedia à Espanha as ilhas Canárias (Costa da África), recebendo em troca o monopólio do comercio e navegação do litoral africano ao sul da linha do Equador.

A descoberta da América serviu para aumentar a rivalidade entre os dois países e exigiu um novo tratado. Desta feita, o Papa Alexandre VI (cardeal aragonês) atuou como árbitro através da Bula Inter Coetera 1493.

Uma linha imaginária foi traçada a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras situadas a oeste da linha demarcatória ficariam para a Espanha, cabendo a Portugal as terras a leste, ou seja, o mar alto, o que gerou protestos de D. João II, o rei de Portugal.

Em função da reação portuguesa foi estabelecida uma nova demarcação que ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas (1494).

A linha imaginária passaria agora a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: a porção ocidental ficaria pertencendo à Espanha, cabendo a Portugal a porção oriental. Dessa forma, parte das terras do Brasil passavam a pertencer a Portugal. Contudo, a linha de Tordesilhas, que, provavelmente, passaria por Belém, ao norte, e por Laguna, no litoral catarinense, nunca foi concretamente demarcada.

A presença espanhola no Oriente, depois da viagem de Fernão de Magalhães, exigiu também a demarcação da parte oriental do planeta, através do Tratado ou Capitulação de Saragoça (1529). Por este acordo, uma linha imaginária dividiria o mundo oriental entre Espanha e Portugal, a partir das Ilhas Molucas.

A divisão do mundo entre portugueses e espanhóis desencadeou a reação da França, Inglaterra e Holanda, países marginalizados pelos tratados de partilha. Daí, a sucessão de ataques corsários e as invasões das possessões ibéricas na América, África e Ásia.

As conseqüências da expansão marítima

As Grandes Navegações e Descobrimentos modificaram de forma significativa o mundo até então conhecido.

Dentre as principais consequências da expansão europeia devem ser destacadas:

O deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico-Índico, com a ascensão dos países ibéricos e a consequente decadência das cidades mercantis italianas.
A consolidação do Estado Absolutista, típico da Época Moderna, que depois de patrocinar o movimento expansionista, passou agora a usufruir dos seus lucros.
Adoção da política econômica mercantilista, baseada no protecionismo do Estado e no regime de monopólios.
A formação do Sistema Colonial Tradicional vinculado à política econômica mercantilista e responsável pela colonização da América.
O renascimento da escravidão nas áreas colônias nos moldes do capitalismo moderno, com a utilização intensiva da força de trabalho indígena e africana.
O fortalecimento da burguesia mercantil nos países atlânticos.
Início do processo de europeização do mundo, especialmente, com a expansão do cristianismo.
A destruição das avançadas civilizações pré-colombianas existentes na América.
A expansão do comércio europeu (Revolução Comercial), dentro de uma nova noção de mercado, agora entendido em escala mundial.
Aceleração da acumulação primitiva de capital, realizada através da circulação de mercadorias.
Revolução dos Preços, provocada pelo crescente afluxo de metais preciosos provenientes da América.

Grandes Navegações – A Expansão Marítima Europeia

Em 1453 Constantinopla caía nas mãos dos turcos otomanos. Último grande entreposto comercial cristão no Oriente, a queda desta cidade favoreceu a busca de caminhos alternativos para a busca das tão lucrativas especiarias do Oriente.

Essa busca levou os europeus a mergulhar numa das maiores aventuras da história humana.

As grandes navegações colocaram em contato, pela primeira vez, todos os continentes habitados do Globo, iniciando o que podemos chamar de primeira globalização.

Causas da Expansão Marítima

Necessidades metalistas: o mercado europeu necessitava de maiores recursos em metais moedáveis para poder desenvolver as trocas comerciais.
Buscar rota alternativa para a India: era urgente abastecer a Europa das tão apreciadas e lucrativas especiarias da Índia (cravo, canela, nóz moscada, pimenta do reino, etc).
Necessidade de novos mercados: os europeus necessitavam trocar seus produtos manufaturados como outras regiões.
Novas técnicas: bússola, astrolábio, caravela, cartas marítimas, avanço da geografia, esfericidade terrestre, pólvora e armas de fogo.
Centralização monárquica: apenas Estados fortes poderiam levantar os grandes recursos necessários à empresa marítima.
Desenvolvimento da Burguesia: asse novo grupo social vislumbrava enormes lucros no comércio marítimo.
Espírito de aventura: A exploração colonial abria possibilidades de ascensão sócio-econômica fora da Europa.

AS GRANDES NAVEGAÇÕES E DESCOBRIMENTOS

Grandes Navegações ou Era dos Descobrimentos, um período de
grandes descobertas por parte dos navegadores europeus

O século XIV foi um século de crises na Europa. As duas principais foram a crise do comércio e a do feudalismo.

Nessa época o comércio europeu já se ligava à Ásia (Índias), sendo feito pelos árabes do Oriente a Constantinopla, pelos italianos no Mediterrâneo e pelos flamengos (holandeses) no Mar do Norte e no interior do continente.

No entanto a escassez de metais nobres, amoedáveis (ouro e prata), gera a crise, uma crise de crescimento. É necessário encontrar metais nobres em outros lugares, ou as especiarias ou, em último caso, se os metais ou as especiarias não forem encontrados, é necessário encontrar uma nova rota que ligue a Europa às Índias. Qualquer que seja a alternativa, navegar é preciso.

Todavia, a existência do particularismo político característico do feudalismo é o maior impedimento às navegações.

Para que se solucione essa crise econômica é necessário que se promova uma grande mudança política. Nesse caso, é fundamental que haja a Centralização do Poder Político.

Somente com a Monarquia Nacional, com o poder centralizado nas mãos do Rei, será possível reunir capitais e desenvolver novas técnicas de navegação que permitam ao comércio europeu superar a sua crise.

Para tanto, é necessária a aliança da burguesia com o Rei, derrotando a nobreza feudal. Sem essa condição política não há navegações, e sem as navegações não há como solucionar a crise.

Portugal foi o primeiro país europeu a formar a sua Monarquia Nacional, o que aconteceu graças à chamada Revolução de Avis (1383-85), por isso foi o primeiro país a navegar.

Durante o século XV os portugueses fizeram o périplo africano, navegando e comerciando na costa ocidental da África e descobrindo ilhas e arquipélagos, chegando em 1488 ao Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente. Até aí não havia nenhuma concorrência para os portugueses, pois ainda nenhum país havia alcançado plenamente a consolidação de suas respectivas monarquias nacionais.

A Espanha conclui a Reconquista em 1/1/1492, e no mesmo ano os Reis Católicos apoiaram a expedição do genovês Cristóvão Colombo, que pretendendo chegar ao Oriente navegando no rumo do Ocidente, descobriu a América em 12 de outubro.

Na disputa entre as duas nações ibéricas pelas novas terras, Portugal obtém o Tratado de Tordesilhas (1494), que afasta os espanhóis da costa africana e garante a primazia lusa na chegada às Índias com Vasco da Gama em 1498.

Dois anos depois a expedição de Cabral toma posse do Brasil, mas as incomparáveis vantagens comerciais oferecidas pelo Oriente, faz com que os portugueses se concentrem naquela atividade, deixando o Brasil em segundo plano durante os 30 anos seguintes.

Finalmente em 1530, devido à decadência do comércio com o Oriente e a intensa presença de piratas e corsários de outras nacionalidades na costa brasileira, D. João III organiza a expedição de Martin Afonso de Souza que dá início à colonização do Brasil.

As navegações da Inglaterra, Holanda e França

O pioneirismo português e Espanhol nas navegações deixaram países que ainda se viam com problemas internos como a Inglaterra, a França e a Holanda.

Esses países equacionaram seus respectivos processos de centralização apenas no século XVI. Assim esses novos Estados mercantilistas tinham uma grande necessidade de metais preciosos, mercados e matérias primas. Isso favoreceu uma forte disputa colonialista entre os Estados europeus no século XVII, o que provocou muitas guerras dentro e fora da Europa.

A França e a Inglaterra privilegiaram a exploração e colonização da América do Norte.

Esta última também deu grande apoia às práticas de pirataria no reinado de Elizabeth I o que originou grandes rivalidades com a Espanha, haja vista que o alvo princiapl dos corsários ingleses eram os galeões espanhóis invariavelmente carregados de ouro e prata. O Brasil foi, por diversas vezes, alvo das investidas de franceses (Rio de Janeiro) e holandeses (Bahia e Pernambuco). Esses chegaram a dominar regiões de interesse por vários anos no nordeste açucareiro. Não obstante, foram expulsos pelos portugueses passado algum tempo.

O Triângulo Comercial

Os europeus estruturaram uma grande estrutura de exploração colonial abrangendo um triângulo cujos vértices apontam para a Europa, África e América. Desse modo, a exploração se concentrou na África (escravos) e América (matérias primas) e o acúmulo de capital determinado pelos lucros exorbitantes do comércio triangular se concentrou no vértice europeu.

As manufaturas europeias (tecidos e armas) eram trocadas com grandes vantagens por escravos na África. Os africanos escravizados eram levados para a América onde eram permutados por matérias primas (ouro, prata, açúcar). Essas matérias primas eram levadas para a Europa onde alcançavam altíssimo preço.

De outro modo, os europeus também trocavam suas manufaturas diretamente na América por matérias primas, para então voltarem para a Europa.

Havia ainda a oportunidade não menos lucrativa de trocar as manufaturas por fumo, aguardente ou melado, que poderiam ser facilmente levados à África e trocados por escravos que seriam trocados na América por matérias primas que, na Europa, reverteriam em estrondoso lucro.

Qualquer que seja o sentido da triangulação mercantilista, os europeus auferiam sempre enormes lucros. Isso favoreceu o acúmulo de capital e o desenvolvimento comercial do capitalismo e da indústria na Europa.

A exploração colonial europeia se pautava por alguns princípios básicos:

Monopólio Comercial: A metrópole tinha total exclusividade no comércio com suas colônias
Complementariedade: A produção da colônia deveria ser complementar à da metrópole para permitir o lucrativo intercâmbio de mercadorias. Era vetado à colônia ter manufaturas.
Escravismo: Utilização sistemática de escravos africanos (Brasil e EUA) ou indígenas (América Espanhola).

Consequências das Navegações

Desenvolvimento do comércio Atlântico
Estados Nacionais fortalecidos
Ascensão capitalista e burguesa
Novos povos e culturas
Novos animais e plantas
Imposição cultural europeia
Imposição da religião cristã
Comércio de escravos
Desenvolvimento científico tecnológico
Desestruturação cultural dos indígenas

O atraso da Inglaterra, França e Holanda nas Grandes Navegações

Diversos fatores contribuíram para o retardamento da participação Inglesa francesa e holandesa na expansão mercantil, dentre eles a Instabilidade política e econômica, a inexistência de uma monarquia centralizada, aliada aos interesses das burguesias nacionais e às resistências feudais.

Inglaterra

Além do desgaste na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), travada contra a França, a Inglaterra sofreu os efeitos da Guerra das Duas Rosas (1455-85) retardando assim sua presença nas Grandes Navegações, que somente ocorreria a partir do reinado de Henrique VII (Tudor), estimulada pelo êxito ibérico: com a viagem dos italianos João e Sebastião Caboto (1497-98) foi atingido o Labrador, no Canadá; entre 1584 e 1587, Walter Raleigh fundou a colônia da Virgínia, o primeiro núcleo colonial inglês, além de tentar fundar colônias na Flórida. A partir daí, e até 1740, serão formadas as 13 colônias inglesas da América do Norte.

Um dos feitos mais importantes das navegações inglesas foi a segunda viagem de circunavegação, realizada por Francis Drake, entre 1587 e 1590.

França

Seu atraso deveu-se aos problemas que marcaram o processo de centralização monárquica, dificultado pela nobreza, e aos efeitos devastadores da Guerra dos Cem Anos.

As Grandes Navegações francesas começaram no século XVI, apoiadas pela dinastia Valois e com a participação de navegadores estrangeiros.

Em 1523, o italiano Verrazano atingiu o litoral do Canadá e o norte dos EUA. Em seguida, Jacques Cartier penetrou o rio São Lourenço, fundando em 1534 a colônia de Nova França, o primeiro estabelecimento francês na América. Em 1604, já sob o governo dos Bourbons, os franceses ocuparam a Guiana e em 1608 fundaram a colônia de Quebec, no Canadá. Ainda neste século, penetraram o rio Mississipi e fundaram os núcleos de Saint Louis e Nova Orleans, embrião da colônia da Louisiana.

Além disso, os franceses fizeram duas tentativas de colonização no Brasil: no Rio de Janeiro (1555-67), com a França Antártica, e no Maranhão (1612-15), com a França Equinocial, ambas de curta duração.

A penetração do Oriente começou no reinado de Luís XIV com a conquista de parte da Índia.

Holanda

Mesmo com uma sólida tradição mercantil, os holandeses eram dominados pela Espanha. Sua independência somente ocorreria em 1581, com o surgimento das Províncias Unidas dos Países Baixos do Norte (Holanda). A partir daí, foram criadas as Companhias de Comércio, das Índias Orientais (E.I.C.) e das Indias Ocidentais (W.I.C.), responsáveis pela penetração no bloco colonial ibérico.

Em 1626, os flamengos entraram para as Grandes Navegações e atingiram a América do Norte, onde fundaram a colônia de Nova Amsterdã, que depois de tomada pelos ingleses passou a se denominar Nova York.

Entre 1624 e 1654, a W.I.C. realizou duas invasões no Nordeste brasileiro, buscando o controle da produção açucareira e, ao mesmo tempo, incursões na África portuguesa, nas Antilhas espanholas e no Oriente.

Na América do Sul, em sua parte setentrional, criaram a Guiana holandesa, atual Suriname. No século XVII, os holandeses controlavam um grande império colonial, especialmente nas Índias Orientais.

Fonte: www.geocities.yahoo.com.br/historiapatos.wikispaces.com/www.ejurnews.com

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