Revolta Tenentista

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Revolta Tenentista – Movimento

Movimento Tenentista (1922) como o próprio nome diz, ocorreu entre o baixo e médio oficialato militar.

Representou o descontentamento destes grupos com a postura do governo federal. Este deve ser entendido também como um movimento circunscrito a setores de classe média das cidades. Não devemos, portanto, exigir dele uma ideologia popular.

Os Tenentistas busca vam alterar a estrutura política da república oligárquica através da força militar e não da participação democrática da sociedade. Criticavam duramente a corrupção, as fraudes eleitorais, a subserviência ao capital internacional e os baixos soldos a que estavam submetidos. Propunham o fim da república oligárquica, a valorização das Forças Armadas e uma ação nacionalista de recuperação da economia e da sociedade brasileira.

Como você deve ter percebido, parte bastante significativa do próprio poder do Estado, os militares, deixavam de falar a língua do presidente da república.

Movimento entre os militares contudo, não se inciou de maneira violenta. No período inicial (até 1922), ele nem sequer chegou a romper a hierarquia militar.A relutância da presidência da república em discutir o problema e muito menos tentar resolvê-lo, acabou acirrando as tensões.

Em 1922 no período pré-eleitoral, as tensões políticas se avolumaram.

A “troca de gentilezas” entre os dois candidatos provocou a primeira revolta: A Revolta do Forte de Copacabana.

Essas eleições se sucederam num clima bastante ruim politicamente. Um bloco oligárquico formado pelas elites dos estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e apoiado pelos militares, tentou romper a política do café-com-leite lançando a candidatura do ex-presidente Nilo Peçanha.

Com a publicação de uma carta falsamente atribuída ao candidato governista Artur Bernardes no jornal “O Correio da Manhã” agredindo violentamente os militares, e a posterior vitória do café-com-leite nas urnas(com visíveis fraudes eleitorais), precipitaram a revolta.

Apesar de rapidamente sufocada, a violência utilizada que culminou na morte de dezoito oficiais do exército “os dezoito do Forte de Copacabana” foram suficientes para produzir mártires, heróis e principalmente difundir os ideais tenentistas por muitos quartéis brasileiros.

Em 1924 as contradições políticas entre tenentistas e governo chegaram no seu limite. A revolta paulista e a revolta rio-grandense são os maiores exemplos. Delas surgiu a Coluna Prestes (1925-1927) que por dois anos manteve pelo interior de nosso país uma guerrilha armada comandada pelo capitão do exército Luís Carlos Prestes que exigia, entre outras coisas, o fim da república oligárquica.

Apesar do movimento tenentista ter envolvido apenas uma fração dos militares nas revoltas, suas reivindicações eram bem vistas pelo conjunto das Forças Armadas.Com o passar do tempo os ideais tenentistas se tornaram hegemônicos.

Os governantes oligárquicos cada vez menos tinham controle sobre as Forças Armadas, culminando posteriormente, em 1930, no apoio quase unânime dos militares ao golpe que derrubou definitivamente o café-com-leite do poder: A Revolução de 1930.

Revolta Tenentista – Os Tenentes

Epitácio Pessoa assumindo a presidência em 1919, o país passa por um momentâneo alivio, pois além de seu prestigio de chefe da Missão a Conferencia da Paz, estava fora do esquema café com leite (São Paulo e Minas Gerais), trazendo esperança de uma política pacífica e independente. Devido à decisão de empossar civis nas pastas militares, cresceu a confiança de todos.

Os militares ficam descontentes com relação a civis nas suas pastas, acreditando que neste governo existia um antimilitarismo. A câmara e a imprensa se unem e numa critica as ações do presidente.

Estes fatos serão acrescidos de outros, aumentando cada vez mais a oposição ao governo.

Foi neste contesto de turbulência na administração do país que surgiu um movimento de contestação ao governo e as oligarquias que comandavam o país denominado Tenentismo.

O movimento ficou conhecido assim porque teve como suas principais figuras oficiais de nível intermediário do Exército tenentes em primeiro lugar e capitães. O levante se deu de 1922 a 1927 e não arrastou a cúpula das Forças Armadas o alto comando militar manteve-se alheio a uma ruptura pelas armas.

Há uma história do Tenentismo antes e depois de 1930. Os dois períodos dividem-se por uma diferença essencial, antes de 1930, o tenentismo foi um movimento de rebeldia contra o governo da Republica, depois de 1930, os “tenentes” entram no governo e procuraram lhe dar um rumo que promovesse seus objetivos.

O primeiro ato de rebeldia foi à revolta do Forte de Copacabana ocorrida a 5 de julho de 1922.

O clima de ofensas ao Exercito e a repressão contra o Clube Militar levou os jovens Tenentes a se rebelar com um protesto destinado a “salvar a honra do Exercito”, Esta revolta ficou conhecida como os 18 do forte de Copacabana.

Dois anos depois, explodiu o chamado Segundo 5 de julho, em São Paulo. A data foi escolhida para homenagear o primeiro movimento, e o local pela importância do estado. A revolução de 1924 foi bem mais preparada, tendo como objetivo expresso derrubar o governo de Artur Bernardes.

Nos anos 20, Bernardes personificou o ódio que os “tenentes” tinham da oligarquia dominante.

Durante o ano de 1923, houve uma articulação de militares em torno de Nilo Peçanha, visto-como possível líder de um novo movimento rebelde. Porém Nilo morreu no começo de 1924 e os conspiradores voltaram-se para o nome do general reformado Isidoro Dias Lopes, um oficial gaúcho que se colocara ao lado dos tenentes.

Entre os oficiais mais atuantes encontram-se os irmãos Távora (Juarez e Joaquim), Eduardo Gomes, Estilac Leal, João Cabanas, Miguel Costa.

A presença de Miguel Costa oficial de prestígio da Força Publica Paulista trazia para os rebeldes o apoio de uma parte da milícia estadual.

Iniciado o movimento com a tomada de alguns quartéis, desenvolveu-se uma batalha pelo controle de São Paulo. Os choques foram marcados por uma grande desinformação de ambos os lados. A 9 de julho, quando os revolucionários se preparavam para abandonar a cidade, chegou a eles a notícia de que a sede do governo os Campos Elíseos estava vazia. De fato, o governador Carlos Campos, a conselho militar, saíra da cidade, instalando-se em seus arredores.

A presença dos Tenentes na capital paulista durou até o dia 27. No começo, a falta de gêneros alimentícios provocou vários saques de armazéns e do mercado municipal. Os “tenentes” entenderam-se com o prefeito e o presidente da Associação comercial, tentando assegurar o abastecimento e a normalidade da vida na cidade. Era difícil, entretanto alcançar este último objetivo, pois o governo empregou artilharia contra os rebeldes sem maior discriminação. Militares e civis foram atingidos e ocorreram sérios estragos materiais.

Afinal os revoltosos abandonaram a cidade a 27 de julho, deslocando-se pelo interior de São Paulo, em direção a Bauru. A manobra foi facilitada pela eclosão de revoltas tenentistas em cidades do interior.

Essa foi à chamada “coluna paulista”, que se fixou no oeste do Paraná, em um lugarejo próximo à Foz do Iguaçu. Aí as tropas vindas de São Paulo enfrentaram os legalistas, à espera de uma outra coluna proveniente do Rio Grande do Sul. Neste estado, estourara uma revolta tenentista em outubro de 1924~ na qual se destacaram os Tenentes João Alberto e o Capitão Luis Carlos Prestes.

Ela contava com o apoio da oposição gaúcha ao PRR, mesclando assim o tenentismo com as divergências da política estadual Depois de vários combates, os gaúchos se deslocaram em direção ao Paraná, indo ao encontro das forças paulistas. Eles se juntaram em abril de 1925, decidindo percorrer o Brasil para propagar a idéias de revolução e levantar a população contra as oligarquias.

Assim nasceu a Coluna Miguel Costa-Luís Carlos Prestes, que acabou ficando conhecida como Coluna Prestes. A coluna realizou uma incrível marcha pelo interior do país, percorrendo cerca de 20 mil quilômetros até fevereiro/março de 1927, quando seus remanescentes deram o movimento por terminado e se internaram na Bolívia e no Paraguai. Seus componentes nunca passaram de 1500 pessoas, oscilando muito com a entrada e saída de participantes transitórios.

A Coluna evitou entrar em choque com forças militares poderosas deslocando-se rapidamente de um ponto para outro. O apoio da população rural não passou de uma ilusão, e as possibilidades de êxito militar eram praticamente nulas. Entretanto, ela teve um efeito simbólico entre os setores da população urbana de insatisfeitos com a elite dirigente. Para esses setores, havia esperanças de mudar os destinos da República, como mostravam aqueles “heróis que corriam os riscos para salvar a nação”.

QUAIS ERAM OS OBJETIVOS DO TENENTISMO?

Para responder a essas questões devemos examinar o que passava no interior do Exército e da sociedade. Nesse sentido, a primeira constatação importante é o fato de que a formação dos oficiais mudou muito desde os primeiros tempos da República A Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada definitivamente em 1904 quando ocorreu sua última revolta e até 1911 o governo manteve apenas a Escola de Guerra de Porto Alegre. Nessa data criou-se no Rio de Janeiro a Escola Militar do Realengo.

O propósito da escola não era o de formarem soldados-cidadãos, com o pé no Exército e o outro na sociedade civil e na política. Agora, tratava-se de formar soldados profissionais.

O treinamento dos oficiais melhorou com a ida de três turmas à Alemanha, entre 1906 e 1910. Hermes da Fonseca era um entusiasta da organização militar alemã, tendo assistido às grandes manobras militares sob o comando do Chefe de Estado daquele país, em 1910. Anos depois em 1920, a renovação do Exército se ampliou com a vinda da missão francesa.

A Alemanha perdera a guerra e era inevitável a procura de outro modelo. Viviam a contradição entre a formação militar moderna e a rotina e o atraso do Exército de então.

O pretendido pelo governo com esta fachada de modernização e melhoramento profissional distanciá-los da política.

Uma das principais razões de queixa dos quadros intermediários do exército residia na estrutura da carreira, que dificultava a ascensão aos postos mais elevados.

Além disso, os “tenentes” tinham desprezo por personagens da cúpula militar que haviam se associado aos figurões da República. Por exemplo, em seu livro À Guisa do Depoimento, escrito provavelmente em 1927, o tenente Juarez Távora atacava o ministro da Guerra Setembrino de carvalho, acusando-o de exercer uma espécie de militarismo de encomenda “tacanho e porco”, explorando caprichos e fraquezas de Artur Bernardes. Desse modo os “tenentes” não queriam apenas purificar a sociedade, mas também a instituição de onde provinha.

Os tenentes agiram muito e falaram pouco. Os tenentes tinham a concepção de si mesmos como “salvadores da pátria”. De qualquer forma, a restrição de falar é um indício de que, nos anos 20, eles não tinham uma proposta clara de reformulação política. No fundo, pretendiam dotar o país de um poder centralizado, com o objetivo de educar o povo e seguir uma política vagamente nacionalista.

Tratava-se de reconstruir o Estado para construir a nação. O grande mal das oligarquias pensavam eles consistia na fragmentação do Brasil, na sua transformação “em vinte feudos” cujos senhores escolhidos pela política dominante faziam restrições às eleições diretas, ao sufrágio universal, insinuando a crença em urna via autoritária para a reforma do Estado e da sociedade.

Desejavam uma reforma política e eleitoral, mas não estavam dispostos a representar e organizar. Preferiam a violência armada dos quartéis para tomada do poder e realização de mudanças.

Os Tenentes tinham uma visão elitista com relação às massas: se preocupavam com sua situação, mas não acreditavam em sua força para mudá-Ia.

Incluíram no programa outros pontos: a centralização política (não dizendo respeito à classe média): a defesa da nação levou-os a proposta do tipo nacionalista, contra o capital estrangeiro, propondo a nacionalização de minas, ferrovias e até mesmo bancos.

Um grave problema estrutural era o fato das diferenças ideológicas entre os tenentes, nem mesmo o nacionalismo era consenso, não escapando de uma forte ambigüidade, muitas vezes confundida com um romântico patriotismo.

É muito comum ouvir-se falar de que os tenentes foram os representantes da classe média urbana. Ela é explicável pela aparente analogia entre setores intermediários da sociedade e do Exército e pelo inegável prestigio do “tenentismo” na população urbana até o fim da década de 20. Entretanto, considerar o “tenentismo um movimento de classe seria uma simplificação.

Também é verdade que muitos dos tenentes eram filhos de trabalhadores da classe media e de elites empobrecidas, motivo pelo qual aparece em sua pauta de questões como liberdade de imprensa e partidária.

Do ponto de vista da origem social, os “tenentes” provinham em sua maioria de famílias de militares e da ou de ramos empobrecidos de famílias de elite do nordeste.

Muito poucos eram os recrutados entre a população urbana do Rio ou de São Paulo. Acima de tudo, devemos lembrar que os “tenentes” eram tenentes, ou seja, integrante do exército. Sua visão de mundo formou-se, sobretudo por sua socialização no interior das Forças Armadas. Essa visão era específica deles, assim como as queixas contra a instituição de que faziam parte.

O seu universo ideológico é mais importante que sua origem de classe. As classes médias brasileiras nunca se organizaram em um poderoso movimento civil.

Os setores altos dessa classe estavam ligados à burocracia e ao Estado, através do emprego.

As camadas baixas dessa classe se confundiam com a plebe urbana participando de movimentos de oposição com o operariado que não tinha interesse em uma ação conjunta.

Descontados alguns apoios, os “tenentes” acabaram enfrentando o governo praticamente sozinho. Não conseguiram arrastar o Exército atrás de si nenhum setor ponderável da elite civil até 1930 mostrou-se disposto a jogar uma cartada tão radical.

Radical não por seu conteúdo, mas por seu método: a confrontação armada.

A Aliança Libera’ foi à única aliança sólida entre Tenentes e civis. Entraram como caudatários de uma oligarquia dissidente (os mesmos que combatiam). Seu principal líder, Luís Carlos Prestes não participou por ter se convertido ao marxismo. Ironicamente quando os tenentes chegaram ao poder, 1930 – 1933, o Tenentismo não existia mais enquanto movimento.

Revolta Tenentista – Forte de Copacabana

Rio de Janeiro, 1922. Soldados do Forte de Copacabana iniciam uma rebelião.

Depois de bombardeado por mar e por terra, um pequeno grupo de homens sai do forte e enfrenta as tropas do governo.

Sobrevivem dois: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

Este levante é o primeiro do movimento que fica conhecido como Tenentismo.

Forte Copacabana
Acervo Biblioteca Mário de Andrade – SP

Nas primeiras décadas do século XX, o Brasil vive um regime político dominado pelos grandes proprietários de terra de São Paulo e Minas Gerais. Com a industrialização e o crescimento das cidades, novos grupos sociais emergem.

Setores do operariado, da classe média, da burguesia industrial e de oligarquias não representados no governo, disputam um espaço no poder político.

No começo dos anos 20, cai o preço internacional do café. O governo arca com os prejuízos e compra os estoques dos cafeicultores.

A eleição de Artur Bernardes para a Presidência da República, em 1922, gera protestos entre os jovens oficiais das Forças Armadas, especialmente os tenentes. Bernardes é o candidato do governo.

Sua eleição significa a continuidade dos mesmos grupos no poder.

A oposição dos tenentes leva o governo a fechar o Clube Militar do Rio de Janeiro. Esta ação é o estopim que provoca o levante do Forte de Copacabana.

1924 – É em São Paulo que ocorre a mais violenta revolta tenentista dos anos 20. Os rebeldes ocupam a cidade durante quase um mês. Querem o fim do poder das oligarquias.

Reivindicam a moralização do governo, voto secreto e independência do poder legislativo, além da obrigatoriedade da educação primária e profissional. Parte da população adere à revolução.

Lojas são saqueadas e depredadas.

As forças federais atacam os revoltosos e bombardeiam São Paulo. Morrem mais de 500 pessoas e quase 5 mil ficam feridas. Os rebeldes batem em retirada e se refugiam no interior do Paraná.

Neste tempo, pipocam levantes tenentistas pelo Brasil. Amazonas, Pará, Sergipe, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Todos acabam vencidos pelas forças governistas.

No Rio Grande do Sul, três destacamentos comandados pelo tenente Luis Carlos Prestes rompem o cerco das tropas oficiais e avançam até o Paraná. Ali encontram os revoltosos de São Paulo e iniciam uma longa marcha pelo interior do Brasil.

Coluna Prestes, como fica conhecida, tem cerca de 1500 homens e vai percorrer mais de 25 mil quilômetros de sertões e florestas.

O seu objetivo é conseguir a adesão dos militares à sua ação contra o Governo Federal. Depois de dois anos de batalhas, a Coluna Prestes fica enfraquecida e reduzida a 650 soldados.

Seus líderes se refugiam na Bolívia.

Em 1927, as rebeliões foram controladas. Mas o movimento tenentista continua ativo e terá papel decisivo, três anos depois, na Revolução de 1930.

Os anos rebeldes do tenentismo

O movimento que agitou a cena política brasileira na década de 1920, defendendo transformações profundas no país, desembocou num programa político autoritário e elitista

Década de 1920. Novos ventos sopravam no Brasil. O ano de 1922, em especial, foi cenário de uma sucessão de acontecimentos que mudaram de forma significativa o panorama político e cultural do país.

A crise do pacto oligárquico era evidente diante da demanda por maior participação política dos setores urbanos, da insatisfação dos militares e do descontentamento crescente de diversos grupos dominantes.

Foi o ano de uma disputada sucessão presidencial, que explicitou divergências sérias entre as oligarquias. Foi também o ano da criação do Partido Comunista do Brasil, e do início do movimento tenentista, além da Semana de Arte Moderna e das comemorações do centenário da Independência.

Até então, a política dos governadores, ou política do café-com-leite acordo entre o presidente da República e governadores estaduais que assegurava o domínio político das oligarquias de Minas e São Paulo havia neutralizado as oposições, garantindo que as forças da situação fossem sempre vitoriosas. As eleições presidenciais não eram muito disputadas, com exceção das sucessões de 1910 e de 1919, quando Rui Barbosa, candidato de oposição, foi derrotado, respectivamente, pelo marechal Hermes da Fonseca e por Epitácio Pessoa. Em 1922 foi diferente. Pela primeira vez, o confronto entre os estados de primeira e segunda grandeza se apresentou claramente numa disputa pela presidência da República, revelando o acirramento dos problemas do federalismo desigual brasileiro.

O confronto assumiu sua forma plena com o movimento da Reação Republicana, que lançou a candidatura do fluminense Nilo Peçanha em oposição à candidatura oficial do mineiro Artur Bernardes.

Enquanto Bernardes contava com o apoio de Minas Gerais, São Paulo e de vários pequenos estados, em torno da Reação Republicana uniram-se Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia,

Pernambuco e Distrito Federal, que tentavam estabelecer um eixo alternativo de poder.

A plataforma da Reação Republicana defendia a regeneração dos princípios republicanos e a formação de partidos políticos nacionais. Ela criticava a forma como se desenvolvia o federalismo no Brasil, acusando-o de beneficiar apenas os grandes estados. Para enfrentar a ameaça permanente de derrota que rondava toda candidatura de oposição, a Reação Republicana desencadeou uma propaganda eleitoral, coisa pouco comum nas eleições da Primeira República. E, o que é importante, buscou apoio militar.

Apesar do clima de intensa agitação que marcou os primeiros meses de campanha política, as eleições se realizaram na data prevista: no dia 1º de março de 1922. Os resultados eleitorais, controlados pela máquina oficial, deram a vitória a Artur Bernardes, com 466 mil votos, contra 317 mil de Nilo Peçanha. Mais uma vez, o esquema eleitoral vigente na República funcionou para garantir a vitória do candidato da situação, embora o número de votos conseguido pela oposição materializasse a gravidade da disputa em curso.

Diferentemente das eleições anteriores, a oposição não aceitou a derrota. A Reação Republicana desencadeou uma campanha para manter a mobilização de seus aliados e alimentar a insatisfação militar.

A falta de prestígio e poder que os militares enfrentavam  praticamente desde a montagem do pacto oligárquico era responsável por essa insatisfação. A força que tiveram na primeira década republicana, de 1889 a 1899, havia decrescido consideravelmente. O fechamento da Escola Militar da Praia Vermelha, em 1904, e a posterior criação da Escola Militar do Realengo alteraram profundamente a formação da oficialidade do Exército.

O propósito da nova escola era formar soldados profissionais, afastados das questões políticas e dedicados ao fortalecimento da instituição militar.

Uma série de incidentes ocorridos no início dos anos 20 iria recolocar na ordem do dia a participação dos militares na política. O episódio das chamadas cartas falsas foi um deles. Em outubro de 1921, o jornal carioca Correio da Manhã publicou duas cartas que atribuíam a Bernardes críticas ao Exército e ao presidente do Clube Militar, o ex-presidente da República Hermes da Fonseca, criando uma indisposição completa entre o candidato da situação e segmentos militares.

Ainda que Bernardes tenha vencido a eleição, estava preparado o caminho para a eclosão da primeira revolta de tenentes, em julho de 1922. O incidente permitiu que dois movimentos de origens distintas a rebeldia militar e a Reação Republicana se articulassem para contestar as estruturas políticas da Primeira República.

O tenentismo foi um conjunto de movimentos militares que se desenvolveu ao longo da década de 1920, prosseguindo até meados dos anos 30. Liderados pela jovem oficialidade das forças armadas, os chamados tenentes tinham como principais bandeiras o fortalecimento da instituição militar, a moralização dos costumes políticos e a construção de um Estado centralizado que pudesse modernizar o país.

A primeira revolta tenentista, conhecida como o levante do Forte de Copacabana, foi derrotada, bem como as iniciativas de contestação eleitoral da Reação Republicana.

O movimento não obteve a adesão de segmentos militares expressivos, e as oligarquias dissidentes, que tanto haviam contribuído para acirrar os ânimos militares, não se dispuseram a um engajamento mais efetivo.

Epitácio pediu imediatamente a decretação do estado de sítio no Rio e no Distrito Federal, e grande número de deputados dissidentes votaram a favor da medida, demonstrando um recuo das oligarquias e a desarticulação completa da Reação Republicana. Em novembro de 1922, Bernardes tomou posse como presidente da República sob estado de sítio, desencadeando forte repressão contra todos aqueles que se haviam oposto à sua candidatura.

Os levantes tenentistas continuaram por algum tempo. Em julho de 1924, eclodiu uma segunda revolta em São Paulo. Os rebeldes ocuparam a capital por três semanas, e só depois de muita resistência a abandonaram, deslocando-se para o interior. Em abril de 1925, esse mesmo grupo uniu-se a outro contingente revolucionário, que havia sublevado unidades no Rio Grande do Sul.

Essa união foi a origem da Coluna Miguel Costa-Prestes, que percorreu a pé 13 estados e cerca de 30 mil quilômetros, com o objetivo de levar uma mensagem revolucionária a todo o país.

Expressão mais radical dos movimentos militares da década de 1920, a chamada Coluna Prestes foi combatida por diferentes adversários arregimentados pelo governo federal, conseguindo vencer grande parte dos combates.

Finalmente, em 1927, contando com poucos remanescentes, refugiou-se na Bolívia e depôs as armas.

A crítica ao governo e a divulgação de propostas políticas integravam o rol de objetivos da Coluna.

A peregrinação dos tenentes pelo território brasileiro tinha o propósito de divulgar o ideário que pregava: voto secreto; liberdade de imprensa; equilíbrio na divisão real de poder entre executivo, legislativo e judiciário; combate à fraude eleitoral e à corrupção. Este programa, embora não tenha provocado uma mobilização social relevante, conquistou a simpatia de parte da população urbana.

Três diferentes correntes tentam explicar o movimento tenentista. A primeira, mais tradicional e amplamente difundida, explica o tenentismo como um movimento que,  a partir de suas origens sociais nas camadas médias urbanas, representaria os anseios destes setores por uma maior participação na vida nacional e nas instituições políticas. A segunda corrente, formulada a partir de trabalhos produzidos nos anos 60 e 70, tenta contestar a absolutização da origem social na definição do conteúdo do tenentismo, privilegiando aspectos organizacionais do movimento, ou seja, entende este movimento como produto da instituição militar.

A terceira corrente defende uma análise mais global, levando em conta tanto a situação institucional dos tenentes como membros do aparelho militar, quanto a sua composição social como membros das camadas médias.

Em 1929, iniciou-se novo processo de sucessão presidencial.

Tudo indicava que as regras que norteavam o funcionamento da política até então seriam mais uma vez cumpridas: as forças da situação, por meio do presidente da República, indicariam um candidato oficial, que deveria ser apoiado por todos os grupos dominantes nos estados. Dessa vez, contudo, houve uma cisão no cerne do próprio grupo dominante. Washington Luís, resolvido a fazer seu sucessor, indicou como candidato oficial Júlio Prestes, paulista como ele e então presidente do estado. Com isso, rompia-se o acordo tácito com Minas, que esperava ocupar a presidência da República.

Essa divergência entre Minas e São Paulo abriu espaço para que outras disputas e pretensões, sufocadas no passado, pudessem ressurgir. Nesse contexto, em julho de 1929, com o apoio mineiro, foi lançada a candidatura de Getúlio Vargas, o presidente do estado do Rio Grande do Sul, tendo como vice o presidente da Paraíba, João Pessoa. Estava formada a Aliança Liberal, uma coligação de forças políticas e partidárias pró-Vargas. Sua plataforma estava voltada para conquistar a simpatia das classes médias e de setores operários, e seu programa propunha reformas políticas (voto secreto, justiça eleitoral e anistia aos presos políticos) e medidas de proteção ao trabalho (aplicação de lei de férias, regulamentação do trabalho do menor e da mulher).

A acirrada disputa eleitoral foi agravada pela profunda crise econômica mundial provocada pela quebra, em outubro de 1929, da bolsa de Nova York.

No final desse ano já havia centenas de fábricas falidas no Rio e em São Paulo, e mais de um milhão de desempregados em todo o país. A crise atingiu também as atividades agrícolas, especialmente a cafeicultura paulista, produzindo uma violenta queda dos preços do café e liqüidando o programa de estabilização do governo que vinha sendo implementado. As eleições se realizaram em março de 1930, e a vitória coube a Júlio Prestes, que recebeu cerca de um milhão de votos, contra 737 mil dados a Getúlio Vargas. Mas já estava em marcha um movimento conspiratório para depor Washington Luís, pela força das armas, e liqüidar o pacto oligárquico então vigente.

Um acontecimento inesperado deu força à conspiração revolucionária. Em 26 de julho de 1930, o candidato a vice da Aliança Liberal, João Pessoa, foi assassinado em Recife.

Embora as razões do crime tenham sido passionais e não políticas, ele foi transformado em mártir do movimento que se articulava. Nos meses seguintes, esse movimento cresceu, com a adesão de importantes quadros do Exército. A articulação entre os setores oligárquicos dissidentes e os tenentes avançou lentamente, principalmente porque a mais importante liderança tenentista Luís Carlos Prestes lançara no exílio, em maio de 1930, um manifesto no qual condenava o apoio às oligarquias.

A posição de Prestes encontrou fortes resistências junto a outras lideranças tenentistas, como Juarez Távora, que acreditava que a articulação com Aliança Liberal era uma possibilidade que devia ser considerada pelos tenentes o que de fato acabou se concretizando com o prosseguimento das atividades conspiratórias.

Um grupo advindo do movimento tenentista liderado por Távora participou ativamente do movimento revolucionário. A conspiração estourou em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, no dia 3 de outubro de 1930.

Em seguida, ela se alastrou para vários estados do Nordeste. Em todos esses locais, após algumas resistências, a situação pendeu para os revolucionários. Em 24 de outubro, o presidente Washington Luís foi deposto e os militares constituiram uma Junta Provisória de governo. Essa Junta tentou permanecer no poder, mas a pressão das forças revolucionárias vindas do Sul e das manifestações populares obrigaram-na a entregar o governo do país a Getúlio Vargas, empossado na presidência da República em 3 de novembro de 1930.

A chegada de Vargas ao poder deu início a uma nova fase da história política brasileira. O significado da Revolução de 1930 tem sido objeto de interesse de inúmeros estudiosos, que têm produzido diferentes interpretações. Para uns, em 1930 teria ocorrido uma revolução liderada por setores urbano-industriais. Para outros, o movimento foi conduzido pelos interesses da classe média, através da ação dos tenentes. Há os que afirmam que o que ocorreu foi apenas um golpe militar para deter o avanço das camadas populares. E há os que enfatizam a ação dos grupos oligárquicos dissidentes.

Mais recentemente, considera-se que o movimento não foi resultado da ação de nenhuma classe ou grupo social em particular, mas que combinou diferentes interesses de atores políticos insatisfeitos com a situação vigente.

Essa última interpretação, que vê os vitoriosos de 1930 como um grupo heterogêneo tanto do ponto de vista socioeconômico, quanto do ponto de vista político, vem se consolidando.

Mesmo entendendo que o movimento militar de 1930 não pode ser definido como uma revolução, no sentido de alterar profundamente as relações sociais existentes, admite-se que ele inaugurou uma nova fase na História do país, abrindo espaço para profundas transformações.

O tempo transformou o ideário inicial do tenentismo, e  o  programa político do grupo que aderiu à Revolução de 1930  passou a se caracterizar principalmente pelo estatismo, autoritarismo e elitismo.

A presença dos tenentes como interventores (substituindo os governadores) foi marcante  no cenário imediatamente posterior à Revolução. No entanto, as antigas oligarquias estaduais ofereceram resistências aos tenentes; e as várias tentativas de conciliação acabaram falhando.

Assim, nas eleições de 1933 os tenentes perderam espaços na política nacional, mas é certo que não se pode falar sobre mudanças políticas ocorridas a partir da década de 1920 sem  se propor a entender este movimento e  o seu significado para a  história política brasileira.

Revolta Tenentista – Resumo

Tenentismo, movimento político-militar e ideológico brasileiro ocorrido na década de 1920 e início da seguinte, sob a forma de inúmeros levantes militares, pode ser caracterizado pelas críticas de jovens militares às instituições republicanas e às condições da sociedade brasileira da época.

Defendia a modernização econômica do país e combatia a corrupção política.

O movimento foi apontado como uma das causas da Revolução de 1930, na qual teve uma atuação intensa, organizando o Clube Três de Outubro, que procurou dar maior consistência política às suas idéias.

Fonte: www.libertaria.pro.br/professorisaac.page.tl/www2.tvcultura.com.br/www.revistadehistoria.com.br

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