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República Velha – 1889-1930
O Brasil foi visitado pela primeira vez pelos portugueses em 1500 e inicialmente atraiu comerciantes temporários que trocavam mercadorias europeias com os índios por pau-brasil, que era usado como corante na Europa. Essa relação simétrica mudou quando os portugueses decidiram se estabelecer definitivamente nesse território americano. Esta decisão, inusitada na evolução da expansão imperial portuguesa, baseou-se na necessidade de se defender dos rivais europeus.
A possessão americana pouco desenvolvida de Portugal tornou-se uma base para ataques do norte da Europa às suas rotas comerciais asiáticas, que passavam pelo Atlântico Sul.
Tendo uma população pequena em relação às suas obrigações imperiais ultramarinas, Portugal preferiu estabelecer pequenos assentamentos comerciais, ou fábricas, e acompanhar fortes para dominar o comércio internacional, em vez de depender de colônias de colonos para sustentar seu sistema imperial. Mas, no caso do Brasil, teve que optar pela segunda alternativa e, usando um mecanismo feudal remanescente das guerras com a Espanha muçulmana, inicialmente dividiu sua colônia americana em capitanias que foram dadas a empresários privados.
Mas esse sistema acabou fracassando e o governo foi forçado a transformar o Brasil em uma colônia de colonos.
Como todos os colonizadores europeus do Novo Mundo que seguiram os espanhóis, os portugueses tiveram que obter um produto que fosse exportável para a Europa para sustentar o empreendimento colonial.
Sem metais preciosos, os portugueses só tiveram acesso à mão de obra escrava indiana e tiveram que desenvolver novos produtos aceitáveis para o mercado europeu.
A solução foi o estabelecimento de uma economia de plantação escravista produtora de cana-de-açúcar, produto que os portugueses já haviam desenvolvido em suas ilhas atlânticas no século XV.
Primeiro usando mão de obra escrava indígena capturada, em 1600 as plantações do Brasil já estavam sendo ocupadas por mão de obra escrava africana trazida por escravistas portugueses da África Ocidental.
Em meados do século XVI, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, e a indústria forneceu os fundos necessários para que os portugueses mantivessem sua posse continental no Novo Mundo.
República Velha – Regime Imperial
Com o fim da escravidão, setores que apoiavam o regime imperial passaram a pregar a República, proclamada um ano depois.
Sob a direção de Rui Barbosa, Ministro da Fazenda, foram promovidas mudanças na política econômica, visando incentivar a industrialização. Grandes emissões de numerário provocaram o Encilhamento, gerando uma crise financeira que acirrou as divergências entre “agraristas” e “industrialistas”.
A imprensa da época criticava as indústrias artificiais e o primado do “moderno”, da técnica acima de tudo, do progresso copiado dos países industrializados.
Essas críticas apareceram nas revistas de maior circulação, sob a forma de divertidas charges, revelando o conceito negativo que pairava sobre a atividade industrial.
Com o fim da escravidão o Governo intensificou a política de imigração de trabalhadores europeus, para atender as necessidades de mão de obra dos fazendeiros do café.
Grande parte dos imigrantes que aqui chegavam, não se adaptaram às difíceis condições de trabalho nas fazendas e se dirigiram para as cidades, onde se firmaram como operários especializados e pequenos empresários industriais. Aqueles que tinham algum capital próprio, prosperaram, destacando-se como capitães de indústria e lideranças de classe.
Durante a República Velha (1889-1930) a industrialização se expandiu, caracterizada pela produção de bens de consumo popular, pequenas empresas familiares, muitas delas de imigrantes.
O trabalho feminino se concentrava na indústria têxtil, mas registram-se casos de mulheres até mesmo na mineração. Em Minas, o Governador João Pinheiro promoveu o Congresso Agrícola, Industrial e Comercial, em 1903, onde se discutiram os rumos da economia mineira, numa tentativa de desenvolver harmonicamente todos os setores econômicos, sem privilegiar apenas a agricultura de exportação.
O papel dos imigrantes – italianos, portugueses, espanhóis e outros, foi marcante no processo brasileiro de industrialização. Eles trouxeram sua força de trabalho, seus conhecimentos, técnicas mais modernas, novas idéias políticas, além de usos e costumes que contribuíram para a formação da cultura brasileira, enriquecendo-a e conferindo-lhe um caráter mais cosmopolita.
A década de 1920, após a I Guerra Mundial, trouxe um surto de progresso industrial. Esse crescimento refletiu-se no aumento da população empregada na indústria, dando início à formação da classe operária.
Escolas de Aprendizes e Artífices foram criadas em várias cidades brasileiras, possibilitando o aperfeiçoamento da mão de obra.
Em 1920 o Rei Alberto da Bélgica visitou o país, e Arthur Bernardes, Presidente do Estado de Minas, solicita-lhe o apoio para a consolidação de uma indústria siderúrgica, fundada durante a I Guerra Mundial, na cidade mineira de Sabará. Essa união de mineiros e belgas irá constituir a Cia. Siderúrgica Belgo Mineira (1921), um dos mais importantes grupos siderúrgicos do país.
O crescimento do operariado urbano e a presença marcante dos imigrantes, faz crescer a organização dos trabalhadores e os movimentos reivindicatórios, por melhores salários e condições de trabalho. Inúmeras greves acontecem nas principais cidades brasileiras, com forte presença de anarquistas e comunistas.
República Velha – Fase
A Política do Café-com-Leite
Entre 1889 e 1930, período da Primeira República o país adotou uma constituição liberal que garantia a liberdade política, econômica e religiosa do cidadão.
O poder permaneceu com os grandes proprietários com a adesão de antigos monarquistas ao sistema republicano de governo. Apesar do liberalismo defendido pelas elites brasileiras, o Estado intervinha protegendo o setor exportador, principalmente os cafeicultores, quando o valor das exportações por alguma razão decrescia.
Na República Velha, dois estados tiveram a liderança política: São Paulo e Minas Gerais.
A população continuava sem amparo e seu direito à cidadania resume em comparecer as urnas e votar nos candidatos indicados pelas famílias poderosas. Nesse período, a indústria brasileira iniciou seus primeiros passos, sendo contudo considerada por muitos desnecessária ao país e até perigosa, ao criar um operariado.
A República Oligárquica
“O povo assistiu bestializado” à Proclamação da República, escrevia o republicano Aristides Lobo. No Rio de Janeiro onde ocorreu o golpe final contra a Monarquia, sua participação foi simbólica, acompanhando as tropas que regressavam aos quartéis. Na primeira fase do novo regime os militares Deodoro da Fonseca (1889-92) e Floriano Peixoto (1892-94) enfrentaram um período conturbado, com fechamento do Congresso Constituinte, Revolta da Armada, Revolta Federalista no sul do Brasil. Em 1891, a primeira Constituição republicana, inspirada na Constituição norte-americana estabelecia o federalismo e o presidencialismo como princípios norteadores do regime republicano.
A Igreja foi desvinculada do Estado e estabeleceram-se eleições diretas para os cargos públicos como presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais etc.
A República Velha foi dirigida principalmente pelas oligarquias paulista e mineira ligadas ao setor agro-exportador, representado pelos cafeicultores paulistas que constituía o setor mais dinâmico da economia brasileira.
Entre os primeiros compromissos do governo civil republicano estava garantir a cooperação dos credores estrangeiros, comprometendo o novo regime a pagar as dívidas contraídas pela monarquia.
O acordo da dívida externa – funding loan – foi pago com aumento de impostos, paralisação de obras públicas e abandono da idéia de incentivo à indústria nacional.
Esta política recessiva e impopular adotada por Campos Sales foi concretizada com o apoio dos governadores estaduais através de um compromisso pelo qual esses governadores receberiam recursos, cargos públicos e ainda a garantia do governo federal não apoiar os grupos oposicionistas estaduais. Estava inaugurada o pacto oligárquico conhecido como Política dos Governadores.
A Política do Café-com-Leite
O Presidente Campos Sales buscou em especial o apoio de Minas Gerais que possuía 37 deputados federais constituindo-se na maior bancada, devido a sua população. Em 1899, Silviano Brandão, governador de Minas Gerais, aceitou o pacto com São Paulo; era a oportunidade para Minas Gerais ocupar uma situação privilegiada, tirando vantagens políticas e econômicas para a elite mineira.
A Política do Café-com-Leite, como ficou conhecida essa aliança, permitiu a burguesia cafeeira paulista controlar no âmbito nacional, a política monetária e cambial, a negociação no exterior de empréstimos para a compra das sacas de café excedentes, enfim, uma política de intervenção que garantia aos cafeicultores lucros seguros.
Para Minas Gerais, o apoio a São Paulo garantia a nomeação dos membros da elite mineira para cargos na área federal e verbas para obras públicas, como a construção de ferrovias.
Os paulistas e os mineiros ocupavam os cargos de Presidente da República e os ministérios da Justiça, das Finanças, da Agricultura, Vice Presidência etc.
Nos Estados as famílias oligúrias ocupavam os cargos de Governador do Estado, e as Secretárias das Finanças, da Educação e Saúde, a Prefeitura da Capital, a Chefia de Polícia Estadual, a Diretoria da Imprensa Oficial, a presidência dos Bancos Estaduais e da Assembléia Legislativa. A Política dos Governadores consolidou o poder das famílias ricas dos Estados formando as oligarquias.
Em Minas as principais famílias eram representadas pelos: Cesário Alvim, Bias Fortes, Bueno Brandão, Afonso Pena, Francisco Sales, Artur Bernardes entre outras. Para integrar a oligarquia mineira contavam “os laços de família, educação e dinheiro” estando aberta aos indivíduos talentosos que formavam-se principalmente em Direito nas Universidades do Rio de Janeiro e São Paulo. De volta ao Estado, ele tornava-se promotor público, juiz, casava-se com moça da elite da cidade, podia tornar-se político elegendo-se vereador, prefeito e deputado.
A oligarquia mineira controlava o poder através do Partido Republicano Mineiro.
A lista dos candidatos era organizada pela Comissão Executiva do PRM que mandava os nomes para serem homologados pelo governador do Estado.
Para integrar esta lista o candidato tinha ser da confiança dos chefes políticos da região, os coronéis, ou indicados pelo governo devido ao talento e cultura.
Não havia lugar no Partido para os dissidentes que eram expulsos.
O Coronelismo
O controle político dos Estados pelas oligarquias contava com a participação importante dos “coronéis” geralmente um grande latifundiário. O título era originado da antiga Guarda Nacional, sendo o coronel o mandão do município ou da região. A importância dos coronéis estava no fato de que na época das eleições eles controlavam o eleitor para votar nos candidatos indicados pelo Partido Republicano.
Era o chamado voto de cabresto onde o eleitor do interior, que dependia dos coronéis, votava no nome que lhe era indicado antes das eleições. Para o eleitor o voto rendia a “estima do patrão” e a desobediência podia resultar em punição muitas vezes violenta.
Ao serviço do coronel estavam o doutor advogado ou médico que cuidava dos discursos do alistamento e da apuração das eleições.
Aos doutores somavam-se os cabras que davam proteção contra algum rival político e intimidavam os eleitores. O coronel poderoso em sua região nunca fazia oposição ao governo estadual, pois, dependia de verbas para obras no município, empregos para os correligionários e parentes.
O pacto oligárquico anulava na prática a liberdade de voto, e as eleições eram manipuladas pelas oligarquias que através do coronelismo impunham sua vontade à população pobre e analfabeta, estimada em 1920, em 64% da população. A política continuou sendo “um bem em si mesma” onde o político conseguia para amigos e parentes privilégios, e sinecuras, numa longa rede de fidelidade pessoal conhecida como clientelismo.
O eleitor, principalmente da área rural, ao votar cumpria apenas uma formalidade votando nos candidatos indicados. Na realidade, como afirma Cid Rebelo Horta, “não eram eleições, mas, praticamente nomeações, com resultados certos e fatais, pré-estabelecidos. Faziam-se menos nas urnas que nas atas. Porisso, alguns políticos mais prática costumavam fazê-la apenas nas atas, poupando trabalho e dinheiro”.
As fraudes como: voto de defuntos e ausentes, assinaturas falsas, o bico de pena completavam a pratica eleitoral dirigida pela oligarquia.
Se estes recursos não bastassem e ocorressem resultados que não atendiam às elites da República, estas contavam com a “comissão de verificação de poderes” que resolvia as “dúvidas” cassando o mandato dos indesejáveis dissidentes e opositores.
O fundamento do pacto oligárquico, envolvendo presidente da República, governadores estaduais, deputados, senadores e outros cargos públicos, era a troca de favores. O coronel manda no município, nomea, arranja empregos para seus aliados; o governador não sofre oposição na Assembléia Legislativa, assim como o Presidente que tem todas suas iniciativas aprovadas pelo Congresso Nacional.
A Política dos Governadores ocorreu em três níveis: no federal, o Presidente conta com o apoio dos deputados federais sendo ocasional a oposição; na esfera estadual, o governador, representante do sistema oligárquico estadual, atua sem oposição nas assembléias legislativas; e no plano municipal, o domínio é do coronel, o mandão local.
República Velha ou Primeira República
A República Velha ou Primeira República foi o período da história do Brasil que vai da proclamação da República, em 1889, até a Revolução de 1930.
Com a proclamação da República, o Brasil mudou sua forma de governo. A República Velha, segundo alguns, pode ser dividida em dois períodos, denominados República da Espada e República Oligárquica.
Proclamação
Na República Velha, desde sua proclamação houve revoluções, golpes e contra-golpes. Em seu início, não houve nem tiros nem violência, o que houve foi um desfile militar com seiscentos soldados do primeiro e do terceiro Regimentos de Cavalaria, além do nono Batalhão. Os soldados não sabiam ao certo o verdadeiro motivo de sua marcha.
Este foi o fim de um ciclo, a Monarquia se fora.
Segundo alguns relatos históricos, no momento da derrubada do primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto no Campo de Santana, Deodoro da Fonseca impediu o brado de Viva a República e leu um manifesto contra o governo do primeiro-ministro que foi preso.
Consta que ele não dirigiu crítica ao Imperador e que vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estratégia para evitar um derramamento de sangue.
Sabia-se que Deodoro da Fonseca estava com o Tenente-coronel Benjamin Constant ao seu lado e que não havia civis naquele momento. A classe dominante, descontente com o Império que incentivou o golpe, não foi para vê-lo consumado.
Nota-se que a própria proclamação da República não alterou as estruturas socioeconômicas do Brasil imperial. A riqueza nacional continuou concentrada em poucas famílias elitistas, enquanto na economia predominava o sistema agrícola de exportação, baseado na monocultura e no latifúndio.
Se houve alguma mudança com a proclamação da República foi uma mudança na classe social que passou a dominar a política brasileira: os grandes cafeicultores paulistas, que tiraram o poder das antigas elites cariocas e nordestinas.
À noite, na casa de Deodoro, os golpistas reuniram-se e proclamaram a República “provisória”.
Um provisório de 104 anos
Na reunião, foi decidido que seria feito um referendum popular, sendo que este foi de fato convocado com um pequeno atraso de 104 anos. Para saber se o brasileiro queria a República, o referendum popular foi feito em 1993. E então, a República ficou provisória desde a sua proclamação.
Governo provisório
Marechal Deodoro da Fonseca
Com a vitória do movimento republicano liderado pelos oficiais do exércitos, foi estabelecido um governo provisório chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Durante o governo provisório, foi decretada a separação entre Estado e Igreja; a concessão de nacionalidade a todos os imigrantes residentes no Brasil; a nomeação de governadores para as províncias que se transformaram em estados; e a criação da bandeira nacional com o lema positivista, “ordem e progresso”.
O governo provisório promulgou, em novembro de 1891, a primeira constituição republicana do Brasil, inspirada no modelo federalista norte-americano.
Consagrou a existência de apenas três poderes (executivo, legislativo, judiciário) e a instituição do voto descoberto e universal. Ficaram, no entanto, excluídos do direito de voto, os analfabetos, as mulheres, os praças,religiosos sujeitos à obediência eclesiástica e os mendigos.
Surgem os símbolos da República
A Bandeira brasileira, que foi adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, tendo por base um retângulo verde, sobre este, um losango amarelo com um círculo azul em seu centro contendo estrelas que representavam os estados e territórios brasileiros além faixa branca com a inscrição “ORDEM E PROGRESSO” em cor verde.
Após a Proclamação da República em 1889, um concurso foi realizado para escolher um novo Hino Nacional. A música vencedora, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Deodoro da Fonseca.
Esta composição (“Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!…”) seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música original, de Francisco Manuel da Silva, continuou como hino oficial. Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909, que foi oficializado por Decreto do presidente Epitácio Pessoa em 1922 e permanece até hoje.
A lei de imprensa: Em 23 de Dezembro de 1889, é decretada a primeira Lei de Imprensa, onde uma junta militar poderia processar e julgar sumariamente abusos da manifestação do pensamento; esta lei ganhou o apelido de decreto rolha.
A nova Constituição
No início de 1890, iniciaram-se as discussões para a promulgação da nova constituição, após um ano de negociações com os poderes que realmente comandavam o Brasil. A promulgação da Constituição Brasileira de 1891 aconteceu em 24 de Fevereiro de 1891.
Em 1891, quando foi aprovada a Constituição republicana, definiu-se a divisão do governo brasileiro em três poderes independentes: Legislativo, Executivo e Judiciário; o antigo poder Moderador, símbolo do poder monárquico, fora abolido. Os membros dos poderes Legislativo e Executivo seriam eleitos pelo voto popular, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na vida política nacional.
Preâmbulo da Constituição de 1891
Enquanto às regras eleitorais, a Constituição de 1891 decidiu que o voto no Brasil não seria mais secreto: a assinatura da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória. Além disso, reservou-se ao Congresso Nacional a regulamentação das regras eleitorais para as eleições de cargos políticos federais, e às assembléias estaduais a regulamentação do sistema para as eleições estaduais e municipais.
Definiu-se, também, a separação entre a igreja e o Estado (as eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas), e a manutenção do sistema de voto distrital, com a eleição de três deputados para cada distrito eleitoral do país.
A eleição de Deodoro e a demissão do seu ministério: Em 25 de Fevereiro de 1891, Deodoro é eleito presidente do Brasil pelo colégio eleitoral, porém em janeiro do mesmo ano todo o seu ministério havia-se demitido.
O fechamento do Congresso
Eleito pelo Congresso Nacional (indiretamente), Deodoro iniciou seu mandato sob forte tensão política. Tinha a oposição do Congresso e da população devido à crise econômica.
Entre agosto e novembro de 1891, o Congresso tentou aprovar a Lei de Responsabilidades, que reduzia os poderes do presidente, mas Deodoro contra-ataca a decisão do Congresso: em 3 de novembro de 1891, Deodoro decreta a dissolução do Congresso, lançando um “Manifesto à Nação”, para explicar as razões do seu ato.
Tropas militares cercaram os prédios do Legislativo e prenderam líderes oposicionistas, a imprensa do Distrito Federal foi posta sob censura total, assim, decretando estado de sítio no país.
As revoltas da Armada
Foram duas as Revoltas da Armada:
A primeira ocorreu no dia 23 de Novembro de 1891, quando o Almirante Custódio de Melo, acionado por Floriano Peixoto, a bordo do Encouraçado Riachuelo, ameaçou bombardear o Rio de Janeiro.
O Marechal Deodoro, então, renunciou ao cargo de presidente da República.
A segunda Revolta da Armada foi em 1893, desta vez contra o presidente marechal Floriano Peixoto. Esta também foi Chefiada pelo almirante Custódio de Melo, depois substituído pelo almirante Saldanha da Gama. Floriano não cedeu às ameaças, assim, o Almirante ordena o bombardeio da capital brasileira.
O movimento desencadeado pela Marinha de Guerra no Rio de Janeiro terminou em 1894, com a fuga dos revoltosos para Buenos Aires.
Floriano Peixoto: Em 1890, Floriano Peixoto era ministro da Guerra de Deodoro da Fonseca, no lugar de Benjamin Constant. No dia 20 de Janeiro de 1891, demitiu-se, juntamente a todo o ministério do Presidente.
A eleição do vice-presidente
Em 25 de fevereiro de 1891, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca pelo colégio eleitoral. O governo de Deodoro nesta fase foi de fevereiro a novembro de 1891.
Havia um conflito entre os militares da linha dura e a elite civil, esta aspirava a um governo descentralizado e federalista, aqueles aspiravam a uma centralização absoluta e a concentração do poder.
Os republicanos de São Paulo apoiavam Floriano Peixoto, apesar das tendências centralizadoras deste. Devido ao apoio os militares ficaram divididos, isto veio mais tarde a provocar a queda de Deodoro.
Entre o final de 1891 e novembro de 1894 o governo de Floriano Peixoto foi inconstitucional, pois era a presidência da República sendo exercida pelo vice-presidente.
Marechal Floriano Peixoto
O restabelecimento do Congresso: Ao assumir, em 23 de Novembro de 1891, Floriano Peixoto anulou o decreto de dissolução do Congresso e suspendeu o estado de sítio. Entre novembro de 1891 e março de 1892, afastou os governadores que haviam apoiado o golpe de Deodoro, substituindo-os por aliados.
Governo inconstitucional: Apesar da Constituição versar no artigo 4 novas eleições quando o presidente renunciasse antes de dois anos, Floriano permaneceu em seu cargo, alegando que a própria constituição abria uma exceção, ao determinar que a exigência só se aplicava a presidentes eleitos diretamente pelo povo, assim, assumindo o papel de consolidador da República.
Início da ditadura: Consta que Floriano Peixoto lançou uma ditadura de salvação nacional. Seu governo era de orientação nacionalista e centralizadora. Demitiu todos os governadores que apoiaram Deodoro da Fonseca. Na chamada Segunda Revolta da Armada agiu de forma positiva e contundente vencendo-a de maneira implacável, ao contrário de Deodoro.
O Marechal de Ferro: Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, em seus três anos de governo como vice-presidente, enfrentou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, iniciada em fevereiro de 1893. Ao enfrentá-la, apoiou Júlio Prates de Castilhos.
A República Oligárquica
Com a saída de Floriano Peixoto, começou a República Oligárquica, dominada pelas oligarquias paulistas e mineiras.
Uma característica peculiar da política brasileira durante a República Oligárquica foi a “política dos governadores”, instituída no governo de Prudente de Morais (a partir de 1894). De acordo com esse arranjo, o poder federal passou a apoiar os candidatos dos governadores estaduais (elites regionais) nas eleições subnacionais brasileiras, e, em troca, os governadores passaram a dar apoio e suporte garantido ao governo federal, colaborando com a eleição de determinados candidatos para o Senado e para a Câmara dos Deputados, mediante combinações entre os governos. Tais acordos significaram, na verdade, a execução da oposição na política brasileira, uma vez que os representantes populares eram escolhidos mediante pactos entre o governo federal e as elites estaduais, legitimadas por eleições fraudulentas, sem espaço para candidatos independentes. Nesse período, até mesmo a Comissão de Verificação de Poderes do Congresso, órgão encarregado de fiscalizar o sistema eleitoral brasileiro, se mostrava ineficiente, uma vez que era controlada pelas políticas de alianças.
Durante este período ocorreram grandes revoltas no país, como a Guerra dos Canudos, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, Guerra do Contestado, Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, Movimento Tenentista e finalmente a Revolução de 1930, que colocaria este regime abaixo.
No campo da economia, foi um período de modernização, com grandes surtos de industrialização, como o ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial, porém, a economia continuaria dominada pela cultura do café, até a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929.
Ocorreram também as primeiras greves, e o crescimento de movimentos anarquistas e comunistas nos grandes centros urbanos do país.
O ciclo da Borracha
A partir da segunda revolução industrial, no século XIX, encabeçada pelos EUA, com o uso do petróleo e da energia elétrica, o desenvolvimento do aço e dos automóveis, gerou-se um alto consumo de automóveis, consequentemente houve um aumento no consumo de borracha. A partir daí, a borracha vegetal brasileira, retirada da seringueira, passou a ser procurada e valorizada.
Esse interesse pela borracha levou o Brasil a comprar o Acre, região antes pertencente à Bolívia.
O Acre é um dos estados com a maior produção de borracha do país. Quem negociou o Acre foi o barão de Rio Branco, por esse motivo, foi dado esse nome à cidade que viria a ser a capital do estado.
O Brasil pagou a Bolívia um milhão de dólares e construiu a estrada de ferro Madeira Mamoré, que facilitaria o escoamento da borracha do Acre e de produtos da Bolívia, que não tem saída para o mar(ver Tratado de Petrópolis). Alguns trechos dessa ferrovia funcionam até hoje. O ciclo da borracha trouxe progresso à região amazônica, especialmente a Belém e Manaus, que se tornou um dos principais pólos econômicos do Brasil. Uma prova disso foi a construção de um dos teatros mais ricos do país, o Teatro de Manaus.
A borracha chegou a ocupar o segundo posto de nossas exportações, perdendo apenas para o café. Com o aumento da importância da borracha do cenário internacional, os ingleses “roubam” sementes de seringueira no Brasil e plantam na Malásia uma floresta artificial. A estrutura dessa floresta facilita o recolhimento e escoamento do látex.
Essa técnica de plantio permite que a Malásia tenha uma borracha de qualidade superior à brasileira. A Malásia toma o mercado do Brasil. É aí que ocorre a decadência da borracha no Brasil.
Revolução de 1930: As eleições presidenciais de 1930 foram vencidas, de forma fraudulenta, pelo candidato oligárquico Júlio Prestes; revoltados, os candidatos derrotados a presidente, Getúlio Vargas, e o vice, João Pessoa, iniciaram a Revolução de 1930, que daria fim a República Velha.
Fonte: www.hystoria.hpg.ig.com.br/www.conhecimentosgerais.com.br/www2.fiemg.com.br
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