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O conceito de “violência simbólica” fora criado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu que entende que a instituição escolar, ao desconsiderar os saberes das classes de menor capital cultural e privilegiar a cultura dominante não só reproduz as desigualdades sociais como também legitima toda uma estrutura de dominação de classe que permite a perpetuação da ideologia que melhor condiz aos interesses da classe dominante. A instituição escolar comete a violência simbólica de diversos modos:
– Seleção e organização curricular: os conteúdos eleitos para o ensino são os representantes da cultura dominante. Desse modo, toda a ação pedagógica passa a ser delineada de modo a garantir que tais conteúdos, e não outros, sejam transmitidos e assimilados a contento pelos alunos. Nesse sentido, a instituição escolar acaba por operar com códigos culturais familiares à classe média e distantes, quando não completamente adversos, aos códigos culturais conhecidos e dominados pelos membros das classes de menor capital cultural. Não raro, os próprios alunos percebem que alguns temas de seu universo vivencial não estão presentes nos conteúdos curriculares. A sensação é que sua cultura não tem valor, não merece respeito por parte do Estado. A consequência disso é que a classe trabalhadora acaba por não se reconhecer como parte desse universo escolar, já que seus valores, saberes e cultura não são dignos de serem tratados com o rigor científico.
– Exigência de saberes prévios específicos: Toda criança ou adolescente chega à escola portando diversos saberes. Todavia, a escola exige dos alunos uma gama de saberes prévios muito específicos que naturalmente só existe naqueles que foram socializados, desde a infância, com a cultura considerada legítima, a da classe dominante, ao passo que os das classes dominadas se sentem impotentes por, ainda que estejam num mesmo espaço, perceberem claramente a situação de desvantagem na qual se encontram em que precisam se readequar, assimilar novos saberes para poder se enquadrar no arbitrário cultural imposto pela escola e assim aumentar suas chances de obter sucesso e minimizar seu fracasso escolar anunciado.
– Controle comportamental: exige-se a atenção, o foco, o desempenho, a capacidade de trabalhar em grupos. Tudo isso é até natural a qualquer processo de ensino e aprendizagem. O problema é quando os métodos utilizados para se conseguir tais fins são escusos, repletos de atos ofensivos, repressivos, totalitários com a finalidade de domesticar corpos e consciências e assim possibilitar a inculcação dos valores próprios da cultura dominante.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
SOUZA, Liliane P. de. A violência simbólica na escola: contribuições de sociólogos franceses ao fenômeno da violência escolar brasileira. Revista Labor, n7, v1, 2012.
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