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Revolta dos Malês – O que foi
Esta revolta ocorreu em Salvador na Bahia, e foi um movimento de escravos que professavam a fé muçulmana e tinham um grau de cultura muito elevado, sabiam ler e escrever em árabe, muitos até mais instruídos do que seus próprios donos.
E eles desenvolveram uma técnica de luta chamada capoeira, vinda talvez da própria África.
Era uma forma de se defender visto que não tinham armas.
Estes escravos muçulmanos chamados de malês atacaram a polícia em Salvador e depois até algumas fazendas próximas da cidade, libertando os escravos das senzalas.
Revolta dos Malês
Mas o poder das armas era maior e os líderes do movimento acabaram sendo presos e executados.
Revolta dos Malês – Rebelião
A Revolta dos Malê foi uma das muitas revoltas de escravos no Brasil entre 1807 e 1835. Foi talvez a mais significativa rebelião de escravos da história do Brasil.
A revolta dos Malês contou com escravos negros que eram em sua maioria Hausa, Kanuri e Yoruba da atual Nigéria e libertos tentando usurpar os poderes das autoridades brancas da província brasileira da Bahia e estabelecer um assentamento dominado por libertos e islamistas.
Revolta dos Malês
Na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, escravos e libertos de origem africana na cidade nordestina de Salvador da Bahia realizaram uma rebelião com o objetivo de se libertar da escravidão e criar uma pátria islâmica. A revolta dos malês, um termo brasileiro do século XIX para os muçulmanos, envolveu cerca de seiscentos iorubás e hauçás da atual Nigéria. Após horas de batalha armada pelo controle da cidade, forças militares e policiais derrotaram os rebeldes e deixaram cerca de setenta africanos mortos. Embora de curta duração, a rebelião de 1835 permanece como uma das mais significativas revoltas urbanas de escravos nas Américas.
Antecedentes
A Rebelião Malês foi uma de uma série de revoltas de escravos entre 1807 e 1835 na província da Bahia.
Os historiadores atribuem essa onda insurrecional a um influxo de importações de escravos da Baía de Benin que trouxe uma forte concentração de hauçás e iorubás, também conhecidos como nagô, para a Bahia em poucas décadas. Inimigos na África, os dois grupos superaram as diferenças religiosas e étnicas para formar alianças que acabariam se revelando perigosas para os senhores.
A maioria dessas rebeliões eclodiu no Recôncavo, a fértil área açucareira ao redor da Baía de Todos os Santos e lar dos proprietários de escravos mais ricos do Brasil. A revolta de 1835 diferiu das revoltas anteriores em que os rebeldes da cidade e do campo trabalharam para coordenar sua resistência.
A estrutura do sistema escravista urbano do Brasil proporcionou oportunidades para os conspiradores planejarem seu ataque. Para que a escravidão urbana funcionasse, os escravos precisavam de um certo grau de autonomia para circular pelas ruas da cidade. Muitos hauçás e iorubás trabalhavam como ganhadores, escravos de aluguel que vendiam seu trabalho nas ruas de Salvador.
Alguns mantinham suas próprias residências e viam seus senhores apenas semanalmente, enquanto outros entregavam seus salários todas as noites.
Os Ganhadores transportavam mercadorias de e para o porto ou carregavam liteiras que os baianos chamavam como táxis. Outros trabalhavam como alfaiates, pedreiros ou carpinteiros.
O liberto hausa Caetano Ribeiro viajou à cidade para vender fumo e outros bens que comprava no Recôncavo. Os registros do julgamento indicam que as vendedoras de rua também participaram da conspiração.
O clérigo muçulmano Dandará, que ganhava a vida negociando fumo no mercado local, foi um dos vários homens santos envolvidos no movimento. Através da instrução no Alcorão, os clérigos conquistaram convertidos ao Islã e persuadiram os seguidores a se juntarem ao movimento. Escravos e libertos planejaram assim seu movimento em meio ao próspero sistema escravista urbano da Bahia.
A revolta
Revolta dos Malês
Os conspiradores muçulmanos planejaram seu ataque para coordenar com a celebração de Nossa Senhora do Bonfim, um feriado católico comemorado em uma igreja localizada a 13 quilômetros do centro da cidade.
A rebelião também correspondeu ao fim do feriado muçulmano do Ramadã. A rebelião estava marcada para começar em 25 de janeiro às 5h, hora em que os africanos buscavam água em fontes públicas. Seus planos, no entanto, foram traídos. Duas libertas africanas, Guilhermina Rosa de Souza e Sabina da Cruz, esposa de um líder nagô, juntaram detalhes da conspiração. Na noite de 24 de janeiro, Guilhermina contou a um vizinho branco sobre os planos dos rebeldes. Ao saber da trama, o presidente da província, Francisco de Souza Martins, ordenou que as forças policiais vasculhassem as casas dos africanos que Sabina da Cruz havia identificado como centrais para a conspiração. Em duas horas, forças comandadas pelo chefe de polícia Francisco Gonçalves Martins entraram em combate com rebeldes africanos nas ruas da cidade alta, em meio aos prédios do governo, teatro e igrejas frequentadas pela elite escravista branca.
Por várias horas os rebeldes muçulmanos se engajaram na resistência armada em um esforço determinado para derrubar a sociedade escravista branca da Bahia e substituí-la por uma pátria islâmica. Aproximadamente às 3h do dia 25 de janeiro, as forças de Gonçalves Martins encontraram os rebeldes africanos no que seria a batalha final do levante – em Água de Meninos, localizada ao norte do porto central de Salvador ao longo da Baía de Todos os Santos. Cerca de duzentos africanos lutaram nesta última batalha pelo controle da cidade, mas foram as forças policiais da Bahia que saíram vitoriosas depois de matar dezenove africanos e ferir outros treze. Durante toda a revolta, mais de setenta africanos perderam a vida.
Repressão
Os insurgentes Malês mataram nove baianos brancos e mestiços, mas o pânico que tomou conta da cidade superou em muito essas baixas. Rumores de insurreição contínua circularam por semanas. Aterrorizadas, algumas famílias brancas deixaram suas casas para dormir em canoas no mar. O presidente provincial Martins despachou autoridades militares e policiais para despistar possíveis conspiradores. Nos dois dias seguintes à insurreição, a polícia prendeu pelo menos quarenta e cinco escravos e cinquenta libertos. As invasões continuaram por meses; centenas de africanos acabaram sob custódia policial.
Os julgamentos resultaram em punições severas: morte, prisão, açoitamento e deportação. As sentenças proferidas estavam de acordo com os interesses de propriedade dos senhores.
Os escravos não enfrentavam penas de prisão, mas eram submetidos a trabalhos forçados e açoitamento, garantindo que os proprietários não perdessem o valor monetário que o trabalho escravo proporcionava.
Os libertos, por outro lado, viram-se condenados a penas de prisão e, mais comumente, deportação para a costa africana. As chicotadas variaram de cinquenta a mil e duzentas chicotadas.
O tribunal condenou Pácifico Lucitan a mil chicotadas, apesar de ele estar preso quando a rebelião começou. Entre os condenados à morte estavam Belchoir e Gaspar da Silva Cunha, que haviam sediado reuniões onde conspiradores planejaram seu ataque.
Nos meses que se seguiram aos julgamentos, muitos senhores venderam escravos nagôs para fora da província – mesmo que não houvesse provas de que estivessem envolvidos na conspiração – para não correrem o risco de violência futura.
Os legisladores nacionais responderam à revolta dos Malês aprovando uma lei excepcional de pena de morte que determinava a morte sem recurso ordinário para apelar a qualquer escravo que matasse ou feriu gravemente seu mestre, o feitor ou um membro da família de qualquer um.
A repressão generalizada da expressão cultural e religiosa africana e as restrições mais rígidas aos escravos urbanos garantiram que a rebelião de 1835 fosse a última grande insurreição escrava da Bahia.
Fonte: Frederico Czar (Professor de História)/www.encyclopedia.com
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