PUBLICIDADE
Dentre os chamados filósofos Pré-Socráticos, cumpre destacar com grande importância os discípulos de Pitágoras de Samos, intitulados pitagóricos. Essa escola tinha, segundo Reale e Antiseri, algumas características peculiares que a diferenciava das demais escolas do período e até mesmo de algumas das posteriores ao pitagorismo.
Características do Pitagorismo
Dentre as características, os historiadores em questão apontam: o fato de a escola ter nascido “como uma espécie de fraternidade ou ordem religiosa, organizada com base em regras precisas de convivência e de comportamento” ou ainda o caráter confidencial das doutrinas fazendo com que somente os adeptos pudessem tomar conhecimento e sendo a difusão implacavelmente proibida fora da escola, o que, de alguma forma, assemelha a escola aos princípios de uma seita sem, contudo, ser uma.
Além dessas duas características, notamos no pitagorismo uma clara mudança de perspectiva pois, se comparada com as teorias dos filósofos naturalistas anteriores, os pitagóricos se desprendem de alternativas naturais como: água, fogo, ar, terra, para propor como arché constituidora de toda a realidade existente os números e seus componentes – elevando-os à categoria de constitutivos primários, essenciais, ulteriores da realidade existente.
Os Números na Realidade Cotidiana
Para entender o porque de tal mudança de perspectiva é importante não apenas revisitar os Pré-Socráticos anteriores como também analisar empiricamente a realidade existente ao nosso redor. Essa segunda é muito mais simples, pois basta nos atentarmos ao nosso redor e certamente encontraremos expressões numéricas, realidades marcadas pelos componentes dos números.
O computador,que hoje quase todo mundo possui, é uma dentre as inúmeras coisas existentes que só funcionam graças à existência dos números. Com ele podemos executar com precisão e agilidade tarefas das mais diversas que, sem dúvida, hoje não mais conseguimos viver sem. Seu funcionamento seria inviável sem a existência dos números.
Tudo no computador é formado por sequências numéricas de zero e um.
Embora os computadores possam desempenhar um universo quase infinito de funções, para a máquina o texto que você lê nela ou as teclas alfanuméricas bem como os infinitos recursos visualizados em sua tela não passam de sequência de 0-1. Nesse sentido, o computador consegue desempenhar todas as suas funções sem saber o que é letra, sem saber o alfabeto (embora possa escrever), sem saber o que é cor (embora possa mostra-las e criar arco-íris), sem saber o que é som (embora possa executá-los desde simples avisos de erro a execução de músicas clássicas).
O pensamento dos pitagóricos foi muito bem sintetizado pelo filósofo grego Aristóteles, nos seguintes termos: “Primeiro, os pitagóricos se dedicaram à matemática e a fizeram progredir. Nutridos por ela, acreditaram que os seus princípios fossem os princípios de todas as coisas que existem […]; e, ademais, como viam que as notas e os acordes musicais consistiam em números; e, por fim, como todas as outras coisas, em toda a realidade, pareciam-lhe que fossem feitas à imagem dos números […], pensaram que os elementos do número fossem elementos de todas as coisas e que todo o universo fosse harmonia e número” (apud Reale e Antiseri p. 40-41).
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni. História da Filosofia (vol. I). 8. ed. São Paulo: Paulus, 2007.
Redes Sociais