PUBLICIDADE
Teoria de Gaia – O que é
A Teoria de Gaia, também conhecida como Hipótese de Gaia, é uma tese que afirma que o planeta Terra é um ser vivo.
De acordo com esta teoria, nosso planeta possui a capacidade de auto-sustentação, ou seja é capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais.
A Teoria de Gaia foi criada pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, no ano de 1969.
Contou com os estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis. O nome da teoria é uma homenagem a deusa Gaia, divindade que representava a Terra na mitologia grega.
Quando foi lançada, esta teoria não conseguiu agradar a comunidade de cientistas tradicionais.
Foi, primeiramente, aceita por ambientalistas e defensores da ecologia. Porém, atualmente, com o problema do aquecimento global, esta teoria está sendo revista e muitos cientistas tradicionais já aceitam algumas idéias da Teoria de Gaia.
Hipótese de Gaia
A Hipótese de Gaia, proposta primeiramente por James Lovelock como hipótese da resposta da Terra, propõe que a Terra pode e deve ser considerado um organismo e que cria condições para sua existência. Gaia, na mitologia grega, é a deusa que personifica a Terra, por isso o nome sugerido para a hipótese. Se aceitar-mos essa teoria poderia-mos dizer que os oceanos, por exemplo, são os pulmões do planeta vivo ou que os rios são os vasos sanguíneos.
Mas para que serve essa teoria?
Simples, serve para olhar-mos o nosso planeta de outra perspectiva e ainda mais, olhar para nós mesmos, os seres viventes, de outra forma.
Daqui para frente escolha o que você quer ser: um parasita ou uma célula de defesa do organismo Terra.
Hipótese de Gaia
A melhor maneira de compreender a fragilidade da biosfera talvez seja através da Hipótese de Gaia e do texto elaborado pelo Greenpeace que nos faz pensar sobre o comportamento da espécie Homo sapiens.
O termo Gaia foi usado pela primeira vez no século XVII pelo médico inglês William Gilbert referindo-se a Mãe Terra e popularizado pelo norte-americano James Lovelock quando formulou a hipótese de Gaia: a Terra seria um superorganismo, de certa forma frágil, mas com capacidade de auto-recuperação.
Na Terra, como no metabolismo de um organismo vivo, cada parte influencia e depende de outras partes, ao perturbar uma só dessas partes da vida pode afetar o todo. Mais recentemente, essa hipótese foi comungada por Jonathan Weiner, mas com uma certa preocupação. Segundo Weiner os agentes destrutivos hoje são artificiais e provocam desgaste em quase todo o planeta, ao mesmo tempo.
A constituição de Gaia seria tão vigorosa a ponto de reparar naturalmente o desgaste e manter o planeta saudável? Poderá Gaia nos salvar?
A Terra tem 4,6 bilhões de anos, se condensarmos esse espaço de tempo num conceito compreensível, poderíamos comparar a Terra a uma pessoa que neste momento estaria completando 46 anos. Nada sabemos dos 7 primeiros anos de vida dessa pessoa e mínimas são as informações sobre o longo período de sua juventude e maturação.
Sabemos, no entanto, que foi aos 42 anos que a terra começou a florescer. Os dinossauros e os grandes répteis surgiram há um ano, quando o planeta tinha 45 anos.
Os mamíferos apareceram há apenas oito meses e na semana passada os primeiros hominídeos aprenderam a caminhar eretos.
No fim dessa semana a Terra ficou coberta com uma camada de gelo, mas abrigou em seu seio as sementes da vida.
O homem moderno tem apenas quatro horas de existência e faz uma hora que descobriu a agricultura. A Revolução Industrial iniciou há um minuto. Durante esses sessenta segundos da imensidão do tempo geológico, o homem fez do paraíso um depósito de lixo.
Multiplicou-se como praga, causou a extinção de inúmeras espécies, saqueou o planeta para obter combustíveis; armou-se até os dentes para travar, com suas armas nucleares inteligentes, a última de todas as guerras, que destruirá definitivamente o único oásis da vida no sistema solar.
A evolução natural de 4,6 bilhões de anos seria anulada num segundo pela ação do animal inteligente que inventou o conhecer.
Será esse o nosso destino: Texto do Greenpeace.
Gaia – O PLANETA VIVO
Entenda melhor a hipótese de James Lovelock
Teoria de Gaia
O que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra, declarou, em 1855, o chefe indígena Seattle ao presidente norte-americano Franklin Pierce, numa carta que respondia à proposta da compra da terra dos índios pelos brancos. Nesse texto, que acabou se tornando um manifesto ambientalista, Seattle, líder dos Duwamish, nativos do atual Estado de Washington, dá a entender que a Terra é uma entidade viva, onde todos os seus componentes os seres vivos, as rochas, as águas e a atmosfera interagem em harmonia, conferindo vida ao planeta. O Homem não tece a teia da vida, afirma Seattle, ele é apenas um fio dessa teia. Essa percepção, embora adquirida apenas por meio da sensibilidade do chefe duwamish, está incrivelmente imbuída de uma noção que a ciência começa a adotar apenas agora. Quase cem anos depois, um cientista propõe uma visão do planeta que comprova as palavras do chefe indígena.
James Lovelock, um dos mais prestigiados cientistas britânicos da atualidade, sugere uma abordagem bastante abrangente para entender nosso planeta e as alterações pelas quais ele está passando. Lovelock, que trabalhou na NASA e é autor de diversas invenções, entre elas o ECD, sigla inglesa para detector de captura de elétrons, (um aparelho que permite mensurar o acúmulo global de pesticidas e a poluição pelos fluocarbonos, produtos químicos responsáveis pelo buraco na camada de ozônio), entende a Terra como um sistema fisiológico único, uma entidade viva. E como todo ser vivo, a Terra seria capaz de auto-regular seus processos químicos e sua temperatura.
Lovelock lançou sua ideia pela primeira vez no final da década de 1960 num artigo publicado no periódico Ícaro, editado pelo lendário Carl Sagan. A vida, ou a biosfera, regula ou mantém o clima e a composição atmosférica em um nível ótimo para si mesma, propôs ele na revista.
Essa visão analítica da Terra como um sistema único, que Lovelock batizou de Gaia, o nome que os antigos gregos davam à deusa Terra, é essencialmente fisiológica, considerando o planeta como um organismo onde seus componentes interagem de forma a sustentar a vida. A Terra funcionaria como um sistema interligado e jamais separado em biosfera, atmosfera, litosfera e hidrosfera, como os cientistas fazem. Essas divisões não são divisões reais da Terra, mas esferas de influência habitadas por cientistas e acadêmicos, diz Lovelock.
De fato, na medida em que desenvolveu a Hipótese Gaia, Lovelock percebeu que não é apenas a vida, ou seja, a biosfera, que regula o sistema Gaia, mas todos os seus componentes.
A evolução dos organismos está intimamente ligada à evolução do ambiente físico e químico. Sua ação conjunta constitui um processo auto-regulador. Da mesma forma como o clima, a composição das rochas, que formam a litosfera, o ar, os rios e os oceanos são determinantes na evolução dos seres vivos de um ambiente. As espécies animais e vegetais também transformam e recriam os ambientes ao seu redor.
Mais que isso, além de se modificar mutuamente, o conjunto dessas relações confere uma outra percepção do conceito de vida, em âmbito planetário.
A definição mais adequada de vida ainda é debatida intensamente no meio científico. Há diferentes formas de se entender o significado dessa palavra.
A definição mais tradicional a coloca como a propriedade das plantas e dos animais que lhes permite ingerir alimentos, extrair energia, crescer de acordo com suas instruções genéticas e se reproduzir.
Uma outra definição considera que todos os sistemas vivos têm fronteiras as paredes das células, as membranas, ou a pele, têm capacidade de manter um meio interno constante, precisam de um fluxo constante de energia para preservar sua integridade e excretam produtos residuais.
Lovelock observa que Gaia apresenta muitas dessas características. A Terra é, por exemplo, limitada no exterior pelo espaço, com o qual troca irradiação de energia a luz solar entrando, e a radiação térmica saindo.
O planeta utiliza energia solar e rege uma espécie de metabolismo em escala planetária. A Terra absorve energia de alta qualidade, como a luz solar, e excreta energia de baixa qualidade, como raios infravermelhos, para o espaço. É também um sistema que se auto-regula. O clima permaneceu satisfatório para a vida durante 3,8 bilhões de anos, mesmo tendo havido um aumento de 25% de produção solar.
O clima certamente não foi mantido por uma casualidade feliz, argumenta Lovelock.
As mais fortes objeções à Hipótese Gaia atacam o fato de a Terra não poder se reproduzir. Se ela não se reproduz, não pode estar viva. Na verdade, Gaia pertenceria a uma categoria distinta de vida, a mesma a qual pertencem os recifes de coral e as colméias, ou seja, sistemas auto-reguladores que sustentam vida, crescem e evoluem com ela.
A visão proposta pela Hipótese Gaia é importante porque traz uma perspectiva nova na maneira de entender o planeta e a vida, da qual somos parte. Há, porém, uma implicação maior no fato de o planeta ser um organismo vivo, capaz de se auto-regular e de resolver problemas que ameacem seus processos. Qualquer espécie que afete adversamente o meio ambiente, tornando-o menos favorável para a progênie de Gaia, acabará sendo banida, exatamente como acontece com os membros mais fracos de uma espécie que não conseguem passar pelo teste de aptidão evolutiva, sustenta Lovelock. Dessa forma, Gaia tenderia a buscar sua sobrevivência, mesmo que para isso tivesse de eliminar a espécie mais inteligente que produziu.
A julgar pelas mudanças climáticas e por suas drásticas consequências que estamos começando a testemunhar, Lovelock está com a razão.
Os órgãos de Gaia
James Lovelock sustenta que, como todo organismo vivo, o planeta possui órgãos, que seriam os ecossistemas.
Os ecossistemas se espalham por toda a superfície da Terra: desde o Ártico até os desertos, das Florestas temperadas e tropicais aos campos e pântanos, do litoral ao Fundo dos oceanos.
Esses ecossistemas são sustentados por outros, invisíveis. Trata-se dos ecossistemas bacterianos fotossintetizadores e consumidores, que ficam na superfície do solo e do mar, e os fermentadores e anaeróbicos, que vivem no subterrâneo. Lovelock diz que os ecossistemas podem ser vistos como superorganismos que possuem algumas características das entidades vivas, isto é, auto-regulação, homeostase (tendência que o organismo tem de se estabilizar) e metabolismo. São também os órgãos de Gaia, propõe o cientista britânico. Embora estejam ligados a todos os outros ecossistemas, cada um deles tem uma identidade distinta e desempenha um papel de importância vital em todo o organismo, aponta Lovelock.
Uma nova Ciência
A geofisiologia é uma nova ciência proposta por James Lovelock que estuda a vida a partir de uma perspectiva mais abrangente. A geofisiologia é a ciência dos grandes sistemas vivos, como a Terra, explica o cientista britânico. Ela se ocupa da maneira como a Terra viva funciona. A geofisiologia ignora as divisões tradicionais entre as ciências da Terra, como geologia, por exemplo, e as da vida, como a biologia, que concebem a evolução das rochas e a da vida como duas áreas científicas separadas. Em lugar disso, a geofisiologia trata os dois processos como uma única ciência evolutiva que pode explicar detalhadamente a história do planeta.
GAIA – O PLANETA VIVO
Teoria de Gaia
Novas evidências científicas mostram, a cada dia, que de fato a Terra é um superorganismo, dotado de auto-regulação. Como partes desses sistemas, porém, temos responsabilidade individual em mantê-la viva e saudável para as futuras gerações.
A idéia de que a Terra é viva pode ser tão velha quanto a humanidade. Os antigos gregos deram-lhe o poderoso nome de Gaia e tinham-na por deusa. Antes do século 19, até mesmo os cientistas sentiam-se confortáveis com a noção de uma Terra viva. Segundo o historiador D. B. McIntyre (1963), James Hutton, normalmente conhecido como o pai da geologia, disse numa palestra para a Sociedade Real de Edimburgo na década de 1790 que considerava a Terra um superorganismo e que seu estudo apropriado seria através da fisiologia.
Hutton foi mais adiante e fez a analogia entre a circulação do sangue, descoberta por Harvey, e a circulação dos elementos nutrientes da Terra, e a forma como o sol destila água dos oceanos para que torne a cair como chuva e refresque a terra.
Essa visão holística de nosso planeta não persistiu no século seguinte. A ciência estava se desenvolvendo rapidamente e logo se fragmentou numa coletânea de profissões quase independentes.
Tornou-se província do especialista, e pouco de bom se podia dizer acerca do raciocínio interdisciplinar. Não se podia fugir de tal introspecção. Havia tanta informação a ser coletada e selecionada!
Compreender o mundo era tarefa tão difícil quanto montar um quebra-cabeça do tamanho do planeta. Era difícil demais perder a noção da figura enquanto se procurava e separava as peças.
Quando, há alguns anos, vimos as fotografias da Terra tiradas do espaço, tivemos um vislumbre do que estávamos tentando modelar. Aquela visão de estonteante beleza; aquela esfera salpicada de azul e branco mexeu com todos nós, não importa que agora seja apenas um clichê visual.
A noção de realidade de compararmos a imagem mental que temos do mundo com aquela que percebemos através de nossos sentidos. É por isso que a visão que os astronautas tiveram da Terra foi tão perturbadora.
Mostrou-nos a que distância estávamos afastados da realidade.
A Terra também foi vista do espaço pelos olhos mais discernentes dos instrumentos, e foi esta ótica que confirmou a visão que James Hutton teve de um planeta vivo. Vista à luz infravermelha, a Terra é uma anomalia estranha e maravilhosa entre os outros planetas do Sistema Solar. Nossa atmosfera, o ar que respiramos mostrou-se escandalosamente fora de equilíbrio, quimicamente falando.
É como a mistura de gases que penetra no coletor de um motor de combustão interna, ou seja, hidrocarbonetos e oxigênio misturados, enquanto nossos parceiros mortos Marte e Vênus têm atmosferas de gases exauridos por combustão.
A composição inortodoxa da atmosfera emite um sinal tão forte na faixa infravermelha que poderá ser reconhecido por uma espaçonave a grande distância do Sistema Solar.
As informações que ele transporta são evidência à primeira vista da presença da vida. Porém, mais do que isso, se a atmosfera instável da Terra foi capaz de persistir e não se tratava de um evento casual, então isto significaria que o planeta está vivo – pelo menos até o ponto em que compartilha com outros organismos vivos a maravilhosa propriedade da homeostase, a capacidade de controlar sua composição química e se manter bem quando o ambiente externo está mudando.
Quando, baseado nessa evidência, eu trouxe novamente à baila a visão de que nos encontrávamos sobre um superorganismo – e não uma mera bola de pedra -, o argumento não foi bem recebido.
Muitos cientistas o ignoraram ou criticaram sobre a base de que não era necessário explicar os fatos da Terra.
Conforme disse o geólogo H. D. Holland: “Vivemos numa Terra que é o melhor dos mundos somente para aqueles que estão bem adaptados ao seu estado vigente”. O biólogo Ford Doolittle (1981) disse que para manter a Terra em estado constante favorável à vida precisaríamos prever e planejar, e que nenhum estado desse tipo conseguiria evoluir através da seleção natural. Em suma, disseram os cientistas, a idéia era teleológica e intestável. Dois cientistas, entretanto, pensaram de forma diferente; um deles foi a eminente bióloga Lynn Margulis e o outro o geoquímico Lars Sillen.
Lynn Margulis foi minha primeira colaboradora (Margulis e Lovelock, 1974). Lars Sillen morreu antes que houvesse uma oportunidade. Foi o romancista William Golding (comunicação pessoal, 1970) quem sugeriu usar o poderoso nome Gaia para a hipótese que supunha estar viva a Terra.
Nos últimos 10 anos, tais críticas foram rebatidas – por um lado devido a novas evidências e por outro devido a um simples modelo matemático chamado Daisy World. Nele, o crescimento competitivo de plantas de coloração clara e outras de coloração escura em um mundo mágico mostra-se mantenedor do clima planetário constante e confortável face à grande mudança na emissão de calor da estrela do planeta.
O modelo é bastante homeostático e pode resistir a grandes perturbações não apenas na emissão de calor como também na população vegetal. Ele se comporta como um organismo vivo, mas não são necessárias previsões ou planejamentos para sua operação.
As teorias científicas não são julgadas tanto por estarem certas ou erradas quanto o são pelo valor de suas previsões.
A teoria de Gaia já se mostrou tão frutífera nestes termos que por ora pouco importaria se estivesse errada. Um exemplo, tirado dentre tantas previsões, foi a sugestão de que o composto sulfeto de dimetilo seria sintetizado por organismos marinhos em larga escala para servir de portador natural de enxofre do oceano para a terra.
Sabia-se na época que alguns elementos essenciais à vida, como o enxofre, eram abundantes nos oceanos, mas encontravam-se em processo de exaustão em pontos da superfície da Terra. Segundo a teoria de Gaia, seria necessário um portador natural, e foi previsto o sulfeto de dimetilo. Agora sabemos que este composto é de fato o portador natural do enxofre, mas, na ocasião em que a previsão foi feita, buscar um composto tão incomum assim no ar e no mar teria ido de encontro à sabedoria convencional. É improvável que tivessem ido buscar sua presença não fosse pelo estímulo da teoria de Gaia.
A teoria de Gaia vê a biota e as rochas, o ar e os oceanos como existência de uma entidade fortemente conjugada. Sua evolução é um processo único, e não vários processos separados estudados em diferentes prédios de universidades. Ela tem um significado profundo para a biologia. Afeta até a grande visão de Darwin, pois talvez não seja mais suficiente dizer que os indivíduos que deixarem a maior prole terão êxito. Será necessário acrescentar a cláusula de que podem conseguir contanto que não afetam adversamente o meio ambiente.
A teoria de Gaia também amplia a ecologia teórica. Colocando-se as espécies e o meio ambiente juntos, algo que nenhum ecologista teórico fez, a instabilidade matemática clássica de modelos de biologia populacional está curada.
Pela primeira vez temos, a partir desses modelos novos, modelos geofisiológicos, uma justificativa teórica para a diversidade, para a riqueza rousseauniana de uma floresta tropical úmida, para o emaranhado banco darwiniano. Esses novos modelos ecológicos demonstram que, à medida que aumenta a diversidade, também aumentam a estabilidade e a resiliência.
Agora podemos racionalizar a repugnância que sentimos pelos excessos dos negócios agrícolas.
Finalmente temos uma razão para nossa ira contra a eliminação insensata de espécies e uma resposta para aqueles que dizem tratar-se de um mero sentimentalismo.
Não precisamos mais justificar a existência de florestas tropicais úmidas sobre as bases precárias de que elas podem conter plantas com drogas capazes de curar doenças humanas.
A teoria de Gaia nos força a ver que elas oferecem muito mais que isso. Dada sua capacidade de evapotranspirar enormes volumes de vapor d’água, elas servem para refrescar o planeta propiciando-lhe a proteção solar de nuvens brancas refletoras. Sua substituição por lavoura poderia precipitar um desastre em escala global.
Um sistema geofisiológico sempre começa com a ação de um organismo individual. Se esta ação for localmente benéfica para o meio ambiente, ela então poderá se difundir até que acabe resultando um altruísmo global.
Gaia sempre opera assim para atingir seu altruísmo. Não há previsão ou planejamento envolvido. O inverso também é verdadeiro, e qualquer espécie que afete o meio ambiente desfavoravelmente está sentenciada, mas a vida continua. Será que isto se aplica aos seres humanos agora.
Estaremos fadados a precipitar uma mudança do atual estado confortável da Terra para um quase certamente desfavorável para nós porém confortável para a biosfera de nossos sucessores?
Por sermos conscientes, há alternativas, tanto boas quanto más. Por certos caminhos, o pior destino que nos aguarda é sermos alistados como os médicos e as enfermeiras de um planeta geriátrico com a infindável e intangível tarefa de buscar eternamente tecnologias capazes de mantê-lo adequado ao nosso tipo de vida – algo que até bem pouco tempo atrás recebíamos gratuitamente por sermos uma parte de Gaia.
A filosofia de Gaia não é humanista. Mas, sendo avô de oito netos, eu preciso ser otimista. Vejo o mundo como um organismo vivo do qual somos parte; não os donos, não os inquilinos, sequer os passageiros.
Explorar esse mundo na escala que fazemos seria tão tolo quanto considerar supremo o cérebro e dispensáveis as células de minerar nosso fígado em busca de nutrientes para algum benefício de curta duração?
Por sermos habitantes de cidades, ficamos obcecados pelos problemas humanos.
Até mesmo os ambientalistas parecem mais preocupados com a perda de um ano de expectativa de vida devido ao câncer do que com a degradação do mundo natural através do desmatamento ou dos gases do efeito estufa – algo que poderia causar a morte de nossos netos.
Estamos tão alienados do mundo da natureza que poucos somos os que conhecemos os nomes das flores e dos insetos selvagens das localidades onde vivemos ou percebemos a rapidez de sua extinção.
Gaia funciona a partir do ato de um organismo individual que se desenvolve até o altruísmo global. Envolve ação em nível pessoal.
Você bem pode perguntar: “E o que posso fazer?”
Quando procuro agir pessoalmente em favor de Gaia através da moderação, acho útil pensar em três elementos mortais: combustão, gado e motoserra. Devem existir muitos outros.
Uma coisa que você pode fazer, e isto não passa de um exemplo, é comer menos carne de boi. Agindo assim, e se os médicos estiverem certos, você poderá estar fazendo um bem a si próprio; ao mesmo tempo, poderá estar reduzindo as pressões sobre as florestas dos trópicos úmidos. Ser egoísta é humano e natural.
Mas se preferirmos ser egoístas no caminho correto, então a vida pode ser rica e ainda assim consistente com um mundo adequado para os nossos netos, bem como para os netos de nossos parceiros em Gaia.
Fonte: www.wiltonoliveira.com/www.hidro.ufcg.edu.br/desconstruindo.com.br/www.ufpa.br(James E. Lovelock)
Redes Sociais