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Contexto Histórico
O Positivismo, surge num ambiente cientificista em que a ciência e a técnica são apresentadas como redentoras capazes de potencializar a existência humana para além dos limites orgânicos, resultado do deslumbramento humano diante dos avanços infindáveis provindos da Revolução Industrial que trouxe não apenas um novo modo de produzir energia, mas mostrou aos homens as potencialidades da ciência e da técnica.
Outro fator de extrema relevância para o surgimento da doutrina filosófica intitulada Positivismo foram as transformações advindas da Revolução Francesa que lançaram luzes para o progresso social possibilitando ao filósofo francês Auguste Comte pensar, munido dos resultados dessas duas grandes contribuições históricas (Revolução Industrial e Francesa), o progresso ilimitado da ciência rumo ao estado de bem-estar social.
Positivismo
Uma corrente filosófica francesa que dará início à Sociologia. Dentre os teóricos do positivismo, cabe ressaltar: Condorcet, Stuart Mill e Auguste Comte. Esse, fora o fundador dessa doutrina e é também com ele que ela ganha corpotornando-se umadoutrina filosófica.
O positivismo, enquanto doutrina filosófica, irá fazer uma defesa quase que cega da ciência. E é exatamente por este motivo que, pejorativamente, o positivismo tem sido, com frequência, relacionado ao conceito de cientificismo.
Para os positivistas, a ciência é quase que a guardiã do portal do conhecimento. O positivismo vê na ciência a redentora da humanidade e a única capaz de proporcionar o conhecimento seguro e verdadeiro. O problema, é que em nome dessa confiança irrefreável no progresso científico e em seu método os positivistas renegam toda e qualquer outra forma de conhecimento: mítico-mágico, religioso, filosófico, senso comum etc. E é justamente por isso que o positivismo recebeu uma série de críticas de diversos filósofos como Karl Popper e Nietzsche.
Crítica ao Positivismo
Popper ressalta a impossibilidade da neutralidade científica haja vista ela ser uma atividade eminentemente humana e por consequência política, movida por interesses, desejos e paixões. Ao passo que Nietzsche ressalta o perspectivismo dos fatos que impossibilita uma única leitura da realidade ainda que orientada pelo rigor metodológico das ciências naturais. Com isso, esses dois filósofos teceram profundas críticas ao positivismo e sua leitura ingênua da ciência.
Positivismo no Brasil
É importante frisar a relevância do positivismo no pensamento latino-americano. Especificamente no Brasil, essa influência é notada até os dias atuais quer seja pela presença das Igrejas e Apostolados Positivistas ou pela bandeira nacional onde lemos o dístico “Ordem e Progresso”. Esse lema, resumo do projeto positivista, entende que o desenvolvimento social viria com um Estado forte (ordem) + a crença ilimitada no desenvolvimento científico e tecnológico (progresso).
Lei dos Três Estágios
Pensando na marcha rumo ao progresso da humanidade, o filósofo Comte elaborou a lei fundamental que chamou de “Lei dos Três Estágios” segundo o qual a humanidade, em seu decorrer existencial, teria passado por três estágios (estados) históricos: o teológico, o metafísico e o positivo.
Estado Teológico: Esse seria o primeiro estágio do desenvolvimento humano. Para o filósofo, corresponderia à infância da humanidade que, ainda imatura, incapaz de fazer o pleno uso de sua razão, apela aos agentes sobrenaturais para explicar os fenômenos da realidade. Nessa fase, é bastante comum a crença em fantasmas, monstros, assombrações etc.
Estado Metafísico: Também chamado de abstrato, o estágio metafísico é, antes de tudo, uma fase transitória entre o primeiro e segundo estágios. Nessa fase, que corresponderia à juventude social, os agentes sobrenaturais são aqui substituídos por forças abstratas, personificadas, capazes de direcionar e mover os fenômenos. Nessa fase, é bastante comum a crença entidades transcendentais, por exemplo, deus. E aqui, é bem provável que você esteja se perguntando se não há contradição em considerar a fé em deus algo imaturo e existir religião positivista como falamos mais acima. E aqui é importante ressaltar que o que chamamos de religião positivista não se enquadra no que costumeiramente chamamos de “religião” onde há forte apelo à divindade de algum ente transcendente. Nos templos positivistas, as imagens de santos são substituídas por bustos de célebres nomes da ciência; o amor e devoção a um ser transcendente é substituído pela fé na humanidade e seu poder de transformação pelo conhecimento. Enfim, a religião positivista transcende ao que costumeiramente designamos como religião.
Estado Positivo: Também chamado de estágio científico, o estado positivo corresponderia à idade adulta da humanidade que, em pleno uso de sua razão e com fé irrefreável nos avanços da ciência e da tecnologia abandonam as crenças imaturas nos agentes sobrenaturais e nas forças abstratas para dar lugar de destaque para a ciência.
Dica Cultural
Para compreender melhor o Positivismo sugiro assistir ao Documentário: A Última Religião que aborda de forma fantástica o Positivismo no Brasil.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva. Primeira Lição. Trad. José A. Giannotti. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os Pensadores).
MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. MG: Pax Editora e Distribuidora, p. 319-333, 2014.
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